sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Para Coração

 

A razão lhe dizia aos prantos: proteste,

Mas o coração respondia em cada pulsar

Eu o amo em cada centímetro da minha pele,

E buscava mais lembranças para atormentar,

 

Não bastava amar por uma vida inteira,

Tinha que recordar a cada hora,

E ainda embeber em lágrimas a tardinha

Que caia vagarosa lá fora,

 

Deixa disso coração, por favor esquece,

Como irei lhe dar ouvidos, se você insiste

Em querer reviver este seu amor não correspondido?

As vezes, lhe juro: gostaria de poder ignora-lo,

 

Só por causa de um beijo molhado,

Decidiu entregar-se a um amor inacabado,

Do tipo que quanto mais se vive,

Mais quer tê-lo para todo o sempre?

 

Me recuso a lembrar desses momentos

Que você recorda com a mesma intensidade

A cada instante, como se viver fosse isso,

Estou certo em me recusar a viver de metades,

 

Aquele café da tarde vivido a meses atrás,

Lógico que foi lindo, isso ninguém iria negar,

Mas precisava você querer se apaixonar?

E agora, ainda decide com uma lógica que é só sua,

 

A reviver de momento a momento,

Como se assim a trouxesse para perto,

Esqueça, você não se sente capaz?

Amar quem não te gosta no mínimo é indelicado,

Vai permitir que isso estrague sua vida?

 

Você me ofende, por acaso não percebe isso?

Me recuso a sofrer por um amor não correspondido,

Se esta é sua lógica, saiba que está repreendida,

A razão não lhe assiste a seguir por este caminho,

 

Eu sei que posso estar errado, não o culpo,

Mas procure ser um pouco mais sensato,

Por acaso deve amar alguém mais que a si próprio?

A palavra amor me divide ao meio,

 

E então você pulsa, insensato, insatisfeito,

Mesmo sabendo que ela possa nunca ser sua,

Insiste nesse amor não correspondido?

Suas lágrimas rasgam minha alma,

 

Vertem sangue nos meus atos,

Ouvi-lo me inunda em profunda tristeza,

Que amor é esse que só sabe cobrar sem haver entrega?

Isso não te deixa vazio? Não é por isso que você bate inseguro?

 

Onde há tantas cobranças, buscas, não há amor,

Ela parece competir com você,

Com o único objetivo de extorqui-lo,

Ela usa o calor que vem de você

 

Para se sentir melhor, faz da sua fraqueza

O alicerce para os seus atos,

Precisa de ti para brilhar por não possuir luz própria,

Não percebe que ela está a usá-lo?

 

Você soa feito um menino na busca por este amor

Que só deseja explorá-lo, abusar de você,

Até quando irá permitir isso?

Eu lembro de quando você batia com felicidade,

 

Agora temo ao te ver definhando,

Veja, estou a perder o fôlego,

Minha razão apenas grita: esqueça disso,

Por que você teima em competir comigo?

 

Eu e você não fazemos parte da mesma pessoa?

Por que se dissocia tanto do que eu te digo?

Acha que não o amo, então quem o amaria?

Busca o que te falta em mim e vamos tentar nos fazer completos,

 

Tudo é uma questão de tempo,

Vamos buscar ser felizes juntos?

Não me ignore dessa forma,

Eu o amo e sinto dor a cada vez que chora,

 

Onde há competição, meu amigo,

Você há de convir que, no mínimo,

Algo peque por falta de amor,

E se não é amor porque você insiste nisso?

Neve Lá Fora

 

Sentada sobre a mesa da biblioteca, 

Ela olha a neve caindo lá fora,

Sente uma ponta de saudade que fere a alma,

Trazendo-lhe um brilho de dor ao seu olhar,


Uma lagrima teimosa insiste em lembrar,

De quem partiu para longe de quem jurou amar,

Eventualmente, durante suas noites insones,

Ela ainda sente um arrepio percorrer a pele,


Ele não esta mais ao seu lado,

Mesmo que ela anseie tanto por sua presença, 

A ponto de ver sua imagem refletida na janela,

Por tempo suficiente para que ela toque o vidro gélido, 


E tão logo se forma, desaparece,

Sentia-se fragil demais para esquecer,

Como se aqueles labios contivessem veneno,

Do tipo que se prova uma vez e dura para sempre,


Permanece vivo em cada batimento do seu peito,

Como se a percoresse por dentro,

Preechendo cada espaço, cada vazio,

Fazendo com que seu sonho se recusase ao silêncio gélido, 


Em que a cidade toda dormia,

Tremula temente a neve que caia,

Cada vez que cruzava com seus olhos castanhos,

Era como se um exército marchasse em sua direção, 


Fazendo -a prisioneira daquele tempo que há muito se foi,

Mas que ela ainda guardava vivo em sua memória, 

Ela balança a cabeça como se assim pudesse esquece-lo,

Solitaria realidade, ela o ama com toda a alma,


Levanta a mão esquerda onde repousa seu anel,

Toca a vidro como se sentisse a neve cair,

O anel que ela se deu de presente

No dia em que comemoriam seu aniversario de amor,


Na luz tenue da tarde de inverno,

Ela pensou que ele pudesse ser como aquele rubi falso

Que tão lindamente adornava seu dedo fragil e fino,

Apesar de possuir um brilho significativo,


Como seus olhos tinham sempre que a via,

Guardava dentro de si uma alma impura,

Que a qualquer atrito poderia se estilhaçar,

E feri-la de morte, da mesma forma que a carícia 


Que ele usou para conquista-la,

Penetrando-a paulatinamente, até faze-la sua,

Suave veneno para almas despreparadas, 

Sobre o qual ela assumia o risco,

Mantendo-o preso entre os vãos dos seus dedos,


Um lampejo de amor tocou sua paixão, 

Logo que ela percebeu que diante da claridade, mesmo que da neve,

Seu rudi se escurecia, como se desejasse se esconder,

Trazendo a sua lembrança o quão integro e inteligente ele era,


Jamais se permitiria feri-la, de forma alguma,

Assim, se permitiu acreditar que pudesse estar errada,

Foi aí que percebeu que a neve que gelava lá fora,

Não a tocava, ao contrário, parecia, de certa forma protegê-lá.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Chão Frio

 

O sol se punha sempre no mesmo horário,

Por vários meses, levando consigo suas lembranças,

Era o que ele preferia acreditar,

Porém, a cada cair da tardinha um rosto

 

Parecia se desenhar naquele céu colorido e imenso,

Como se pusesse tudo o que viveram a salvo,

Seguro dentro daquele sonho que sentia,

Mas no frio da primavera de novembro,

 

Uma música há muito esquecida toca no rádio,

Ele para, por um segundo, deseja ouvi-la,

E uma lágrima brota em seu olhar,

Mas se recusa a tocar seu rosto,

 

Apenas fica ali, a espera de que algo aconteça,

Ou quem sabe, desejo profundo dos que amam,

Deseja que aquele sonho de amor ganhe vida,

E ela possa retornar ao seu abraço, a sua alma,

 

De onde, diga-se de passagem,

Ele acreditava com todo o carinho do mundo,

Que ela nunca deveria ter saído,

Aquela sua fuga para bem longe,

 

Nunca pareceu ter sentido em seu peito,

Parecia um pensamento tolo: mas ele a amava e muito,

Por que precisava acabar? Era tudo que ele desejava perguntar,

Sentiu, dentro de si, sua pulsação se acelerar,

 

A cada pulsar seu, uma lágrima, teimosa,

Criava vida dentro do seu olhar e desejava

Traçar um caminho por seu rosto

Até chegar a garganta e ali, calar sua voz,

 

A mesma voz que jurou mil eu te amo,

Agora jazia sem vida implorando por amor,

Ele desejou, afrouxar a gravata,

Mas sentiu as mãos trêmulas,

 

Como se recusassem a seguir ordens,

Até porque, não era isso que estava em sua mente,

Tudo o que ele queria, na verdade, era ela de volta,

Era pedir demais desejar a presença de quem se ama?

 

Sempre soube que algum dia seria julgado por seus pecados,

Mas se amar fosse um erro, ele se recusaria a ser perdoado,

Afastou sua cadeira da mesa do escritório,

Abriu os braços com um grito silencioso,

 

E caiu de joelhos no chão frio: sofrimento,

Foi tudo que sentiu, fechou os olhos,

Não suportava a dor de viver uma vida em falso,

Sem amor, condenada ao fracasso,

 

Como ela pode se recusar a ama-lo?

Simplesmente, sair por aquela porta e nunca mais voltar?

Eles haviam se amado, ou aquilo tudo foi falso?

Nem mesmo suas mensagens ela desejou retornar,

 

Ainda lembrava de quando ela olhou para trás,

Com aquele sorriso que sempre guardava uma certeza,

Retirou a aliança, símbolo de tudo que sentiam,

E a jogou naquele chão frio e escorregadio,

 

E ele caiu, permaneceu imóvel, jogado

Não bastasse dizer que não o amava,

Ainda jogava na cara que nem amizade queria,

Por Deus que o amor não poderia ser tão traiçoeiro,

 

Dizer que amava apenas para prender em seus braços

Fazê-lo prisioneiro de um sentimento sempre sonhado,

E com o sussurro que o conquistou dizer: Não, eu não te quero,

Não ouse sentir nada, porque Eu, Eu não o amo!

 

Que culpa tinha ele de não ter preenchido suas expectativas?

Ele se esforçou, mas não foi o bastante,

Eu me sinto violada, disse ela,

Basta, se afaste, não o amo como antes!

 

Com lágrimas a molhar a face borrada,

Para ser sincera, eu nunca o amei – disse ela,

Com o sol da tardinha de novembro a ilumina-la,

Saiu, bateu a porta e nunca mais quis voltar,

 

Ele pensou em argumentar,

Mas sentiu que não havia o que falar,

O amor não é amor quando se ama sozinho,

Lá onde apenas os lobos eram ouvidos,

 

Ele percebeu que é o amor quem guia seus escolhidos,

Ele sabia que deveria se levantar,

Mas preferiu provar um pouco mais daquele frio acolhedor,

Assim como, também, soube: que apenas o choro poderia aliviar.

Caso de Família

Estava em seu segundo plantão,

Mais um caso dificil de ser resolvido,

Sente um desconforto no coração,

Apesar de entregar-se por completo,

 

As coisas nao conseguem se resolver,

Olha para a pilha de papéis diante de si,

De repente, lembra-se do café que iria beber,

Tentativa futil de aplacar o sono,

 

Sorve um gole, buscando aplacar a fome,

O café já esta frio e enjoativo,

Ignora o fato e o bebe sem esforço,

O ar condicionado faz frio, o ar torna-se pesado,

 

Olha para os seus sapatos disfarçadamente desgastados,

As roupas já estão amarratodas,

Ainda eram quatorze horas denunciava o relógio,

Verificou que havia uma chamada nao atendida no celular,

 

Instante em que, constatou assustado já serem 3 horas da madrugada,

Fazia portanto, três dias que não se alimentava ou dormia,

Na chamada estava expresso família,

Na pilha de papeis a serem resolvidos,

 

Descrevia-se, humanidade,

No aglomerado de leis juntadas ao seu lado,

Descrevia-se: decifra-me se for capaz,

Ou seja, decida-se entre razão e consciência,

 

Aquele aglomerado não passava de papeis em branco,

Onde poucos decidiam o que valeria para muitos,

O papel satisfeito ou não , nada pode dizer sobre isso,

Assim, como a pilha de papeis (Casos) a sua frente,

 

Descritas pela mesma mão humana,

Haviam letras que denunciavam questões sobre pessoas

Que não passariam de letras mortas,

Condenadas aos becos da ignorancia,

 

Caso aquele emaranhado de leis nao fosse reconhecido,

Identificado e posto em efetividade,

Pelas mesmas mãos humanas que o manuseavam,

Identificando seu dever para com a sociedade,

 

Dever moral por ter sido criado em sua condição de humano,

Dever jurídico por ter escolhido sua profissão,

Nunca precisou de uma roupa que o identificasse,

Manuseava a espada do direito porque sentia isso em si mesmo,

 

Caráter o definiria muito mais que a tantos outros,

Regidos por salário, ou mero dever de ofício,

Mesmo sem ter o reconhecimento que merecia,

Manuseava como poucos a balança da justiça,

 

Naquele momento o cansaço o dominava,

Sem saber como, dirigiu-se para a casa,

Ao chegar lá, avistou sua porta arrombada,

Invadiu com um ímpeto e achou sua filha jogada,

 

No chão, rosto pálido: violada!

Perdeu suas forças, lagrimas corriam desajustadas,

Jogou-se nela, carregando-a no colo,

Gritando ao vento: eu a amo, eu a amo,

 

Não se sabe se pela rapidez do vento,

Ou se pela urgencia de suas lagrimas,

Ou por simples merito proprio,

Mas Deus ouviu suas súplicas,

 

E fez a vida retornar ao corpo de sua filha,

Que o abraçou com o pouco de força que tinha

-tentei te ligar pai, você não me ouviste?

-meu Deus, me perdoe, estava no trabalho, absorto!

 

- invadiram nossa casa, feriram o cachorro,

Levaram tudo e ameacaram matar-te caso siga tão justo,

Com este seu comportamento assim tão íntegro!

Ele secou o pranto dos olhos da filha,

 

Foi até a escrivaninha e sacou sua arma,

Aquela que jurou a menina: nunca usaria,

Mas a filha precisava de cuidados,

O restante da família estava em risco,

 

Não poderia agir com descuido,

De forma premeditada, ele amava a todos,

Diante disso, colocou-os, onde imaginou ser melhor:

Estariam a salvos de todo o perigo,

 

Juntou nome a nome, fez sua lista,

Haviam desonrado o nome da família,

Roubado seus bens mais preciosos,

Nao sentiram piedade alguma,

 

Entao, ele também não teria,

Sempre se considerou um homem bom e justo,

Não seria com relação a sua família

Que deixaria de ser, lutou com toda a garra,

 

Morreria pelo que mais presava: fazer o bem,

-Assunto de polícia, pensou com voz trêmula,

Confiar em quem nessa hora de angústia?

Qualquer passo em falso e estaria trucidado,

Sem contar a ninguém,

Ele decide por descumprir a lei,

Uma unica vez,

Sem ainda ter certeza de como proceder,

 

A lista de nomes começa a crescer,

Um caminho de crime se personifica a sua frente,

Descrito naquele papel que jurara proteger,

Mas agora, na virada da 4 noite,

 

Tudo tomava outra forma,

A tinta tem um estranho cheiro de terra,

E o café se escurece feito esgoto,

Sente-se sujo, precisa fazer algo meticuloso,

 

Em seus ouvidos, ainda lembra o choro da sua menina,

Uma recordação paira em sua mente,

Sua mulher encontrada imovel e sem vida,

Por culpa daquele injustificado acidente,

 

O medo faz o suor descer pelo rosto,

Misturando-se com as lágrimas,

Um homem que protegesse a honra da família

Poderia ser perdoado, não poderia?

 

Certamente sua atitude seria comprrendida,

Em razão de um bem maior,

Que seria livrar a sociedade de pessoas,

Mesquinhas, corruptas, e educadas

 

A serem indiferentes, a agirem dentro e conforme a lei,

Mas para que a lei havia sido feita senão para proteger?

A indiferença não seria considerada um crime moral?

Entre a razão, a lei e o discurso o que deveria prevalescer?

 

Olhou para a foto da família guardada na carteira,

Dirigiu -se para o primeiro nome,

Silencioso, sorrateiro: primeiro tiro disparado,

Um corpo sem vida cai por terra,

 

Suas mãos nunca mais estariam limpas,

Estavam sujas de pólvora,

As mãos que dantes cheiraram a tinta,

Agora faziam sua família respirar aliviada,

Naquele instante o cheiro do sangue percorria seu corpo,

E parecia sussurrar aos seus ouvidos: Proximo passo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Carta de Amor

 

Ele larga a caneta de tinta preta,

Decide selar a carta com seu timbre,

Naquela instante, nada mais importa,

Apenas quer vê-la, abraça-la, beija-la...

 

Abre sua agenda, mês de julho, declara suavemente,

A razão me assiste ao direito a férias,

Entao, empurra-a para o final da mesa de madeira,

Forma simbólica de dar exclusividade a quem ama,

 

Pega a carta, uma lágrima borra a letra,

Mas nao chega a ferir suas palavras,

Elas se mantém intactas, firmes, resistentes,

Tal qual o amor que sente,

 

Recolhe uma flor do seu arranjo predileto,

E a repousa dentro da carta,

Com um beijo imaginário para lembra-la,

De que, ainda a ama e sente sua falta,

 

Uma vela esta acesa ao seu lado direito,

Fagulha de amor mal resolvido,

Pensa que o papel descrito encontra-se

Demasiadamente branco,

 

Dando a aparência de um amor recente,

Diante disso, passa a carta na chama,

Dando a ela a chance única de desaparecer,

De consumir suas palavras,

O fogo entende isso e se agita,

 

Como se sentisse o mesmo desejo de devorar,

E se esforçasse ao máximo para isso, sem êxito,

Agora a carta encontra-se escurecida,

Com aparência envelhecida,

 

Ofertando o amor que a anos guarda consigo,

Sem encontrar forma para demonstrar,

Fez-se silêncio em seu coração,

Feito um tigre que prepara-se para atacar

 

Traz a carta para mais perto,

Embebendo suas palavras em seu perfume,

Aquele que ele usou para ela a alguns anos,

Sera que ela lembraria de seu amor?

 

Sentia, com todo o seu carinho,

Que seu gesto derreteria qualquer mágoa,

Ou má lembrança que possa ter tentado aplacar

O amor que, ele sabia, os unia no decorrer do tempo,

 

O que mais poderia fazer?

Desejava com toda a alma, ama-la para sempre,

O amor em seu peito gritava faminto,

Sentia necessidade dos seus olhos escuros,

Do carinho do seu toque aveludado,

 

Do sabor dos seus beijos, sedentos em seus lábios,

De sentir aquele abraço apertado onde se sentia restabelecido,

É fim de tarde, não quer voltar para a casa sem te-la,

Passa por um café, sente-se entediado: ele entra,

 

A carta ainda esta no bolso do paletó,

Pediu duas xícaras, olhou para o lado,

Desejou com um piscar de olhos,

Que ela estivesse ali, deitada em seu ombro,

 

Tomou um café, depois o outro,

Em seu coração ainda vê seu rosto,

Linda, sorridente, tranquila, feliz,

Sua paixão responde a esta memória,

 

De um geito que não havia entendido antes,

Precisava ir até ela, estavam separados pela distância

De apenas uma cidade,

Pegou as chaves do carro e guiou-se até lá,

 

Chegou sem aviso, bateu a porta

Chamando seu nome, como sempre sonhou fazer,

Nao esperou mais que minutos,

E ela apareceu linda e alvorocada,

 

-Você? Nossa, como senti sua falta!

Disse ela, em um rompante de felicidade desmedida,

No mesmo instante em que se jogou em seus braços,

Fechando os olhos para receber o beijo de amor.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Amor Sem Medida

 


Em uma noite, feita das estrelas de novembro,

Três suaves batidas soam a porta,

Sem mensagem de chegada ou aviso,

Apenas com um buquê de flores coloridas...

 

Ela estava deitada, vestia sua melhor camisola,

Sentia-se bem, dali a algumas horas

Logo, de madrugada, seu marido chegaria,

Pouco antes da lua esconder-se por detrás da neblina

 

E ir parar em algum lugar longe dali,

Ela levanta, abre a porta, para sua surpresa seu marido a espera,

Nao bastasse o buque de flores, estava com aquele seu sorriso distinto,

Suado, havia saido do trabalho mais cedo,

 

Usava aquele seu uniforme negro que ela tanto amava limpar,

E seu distintivo, merito proprio, que ele conquistou com muito estudo,

Naquele momento, a lua se curvou, pequena diante de sua beleza,

Escondeu-se por trás de uma nuvem, destacando ainda mais

 

Sua beleza mascula, realçando seus cabelos escuros,

Dando um brilho intrigante aos seus olhos castanhos,

Era apaixonante, sempre era como a primeira vez,

O amava, o esperava, torcia por cada conquista sua,

 

Seus olhos encheram-se de lagrimas, a tres dias nao o via,

Ele havia sido escalado para uma operação especial,

E a cada hora, ela rezou para que ele retornasse

Protegido, com aquele seu jeito adorável que apenas

A ela, ele demonstrava, sorriu aliviada ao vê-lo de colete,

 

Arma no coldre, braços fortes com flores engatilhadas para ela,

Ela era especial, não sentia dúvida alguma quanto a isso,

Se jogou em seus braços fortes onde só ela cabia,

Beijou-o, colocando toda a sua saudade, toda a doçura

 

Que havia na sua alma, onde ele sempre estaria abrigado,

Protegido de tudo aquilo...

Sonho de toda mulher apaixonada:

Ver seu homem lutar como um guerreiro em busca de uma vida

Mais digna para o que ele orgulhava-se de denominar; família humana,

 

Mesmo que sob o risco de partir para nunca mais voltar,

Enfrentando a mira de algum bandido, entregando sua alma

Por estranhos que nem sempre sabiam valorizar,

So mesmo alguem com coracao e alma nobre se arriscaria dessa forma,

 

Ela o amava, o amava, o amava de corpo e alma

E mais um pouco, e este pouco logo estaria abrigado

Em sua barriga, sob a forma de um filho,

O filho do cavaleiro escarlate, do homem de ferro,

 

Do homem que apenas se entregava a justiça e a ela,

Ele a abriga em seu peito musculoso, seca suas lagrimas

Com beijos de amor, passando uma rosa em seu rosto,

Em seguida possui sua boca com sofreguidão, doçura

E um toque de urgência que os deixa trêmulos,

 

Entre beijos e abraços, eles juram um ao outro amor eterno,

Frases soltas sobre saudade, preocupação e um que de pressa,

Ele entra com ela ainda no colo para dentro de casa,

Segura-a no braço em que mantêm as flores e tranca a porta,

 

Abandonando para a escuridão da noite a saudade, a preocupação e a pressa,

Para que se perdam e nunca mais sejam encontradas,

Ali dentro só restava os dois, e horas que se estenderiam em um amor enérgico,

Um amor servido derramado entre beijos, abraços e carinhos,

 

Ele que marchava feito um general em direção a guerra,

Com sua pistola metálica como extenção do seu braço,

Se derramava sobre ela entre carinhos e juras de amor correspondido,

Lá fora, sempre preferia a escuridão, se sentia mais seguro camuflado,

 

Claro que o fato de seus olhos possuirem o reflexo da lua,

Servia como um filete de luz a iluminar seu caminho,

Seu colete nada tinha de abrigo comparado a sua inteligência,

Mas ali dentro, entregue aos seus carinhos,

 

Ele se despia de tudo isso para ser somente dela,

Ali preferia ficar a meia luz para contempla-la com mais nitidez,

Conhecia cada gesto dela, cada toque que ela gostava,

Até seus pensamentos ele possuía a liberdade de ler,

É certo que o fato de ele ser irresistivelmente lindo o ajudava

 

A escolher a luz em que seria visto,

Ele era perfeito, encantador, e a tocava de uma forma macia,

Que a deixava frágil, apaixonada, ela adorava ver sua armadura

Cair ao chão revelando o homem que tanto amava,

 

Ela era sortuda, sabia disso, mas quando estava com ele,

Sentia que era maior que tudo,

Mil carinhos se distribuiam entre suas juras de amor,

Seus lábios percorriam um destino único aos dois,

 

Suas mãos traçavam um mapa em seus corpos,

Em busca de um tesouro secreto, só a ambos revelados,

Como são felizes os que amam, sabiam disso

E renovavam suas juras a cada olhar apaixonado,

 

O homem que marchava com pulsos de ferro,

Ao seu lado se entregava a um amor jamais vivido,

Um amor permitido a poucos, sem reservas, sem medos,

Ambos não eram mais do que dois amantes em busca de abrigo,

 

Essa era a palavra repetida, escolhida mil vezes: abrigo,

Abrigo de tudo aquilo que ele deixava no serviço,

Ao que ele se entregava de corpo e alma,

Mas que abandonava por inteiro para ser somente dela,

 

Resguardo de tudo que exigiam dele

Por tão pouco reconhecimento,

Ali, ela nao exigia nada, apenas se entregava,

Era dele, toda dele, para sempre dele,

 

Ele repousou as flores sobre a cômoda,

Deitaram-se abraçados na cama,

A vida se resumia em amarem-se, sem medida,

Sem reservas, a paixão que os tomava

 

Os despia de qualquer segredo, qualquer reserva,

Excluindo qualquer resquício de solidão

Que possa ter assombrado o coração

De qualquer deles, algum dia,

 

Eis que cai por terra toda a saudade,

E é consumida pelo amor que os domina,

Queima-se sob o calor dos seus carinhos,

Ate resumir-se em cinzas de algo distante,

 

De uma forma que palavra alguma descreveria,

Felicidade talvez pudesse descreve-los, algum dia,

Porém, transcorridos cinco anos de casamento,

Ainda sentiam, um pelo outro, algo muito maior,

 

Escondida em algum lugar, ambos sabiam

Que poderiam encontrar alguma palavra

Que pudesse expressar o amor entre eles,

Porém, neste momento só restava se apegar ao para sempre.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...