Em uma noite, feita das estrelas de novembro,
Três suaves batidas soam a porta,
Sem mensagem de chegada ou aviso,
Apenas com um buquê de flores coloridas...
Ela estava deitada, vestia sua melhor camisola,
Sentia-se bem, dali a algumas horas
Logo, de madrugada, seu marido chegaria,
Pouco antes da lua esconder-se por detrás da neblina
E ir parar em algum lugar longe dali,
Ela levanta, abre a porta, para sua surpresa seu marido a espera,
Nao bastasse o buque de flores, estava com aquele seu sorriso distinto,
Suado, havia saido do trabalho mais cedo,
Usava aquele seu uniforme negro que ela tanto amava limpar,
E seu distintivo, merito proprio, que ele conquistou com muito estudo,
Naquele momento, a lua se curvou, pequena diante de sua beleza,
Escondeu-se por trás de uma nuvem, destacando ainda mais
Sua beleza mascula, realçando seus cabelos escuros,
Dando um brilho intrigante aos seus olhos castanhos,
Era apaixonante, sempre era como a primeira vez,
O amava, o esperava, torcia por cada conquista sua,
Seus olhos encheram-se de lagrimas, a tres dias nao o via,
Ele havia sido escalado para uma operação especial,
E a cada hora, ela rezou para que ele retornasse
Protegido, com aquele seu jeito adorável que apenas
A ela, ele demonstrava, sorriu aliviada ao vê-lo de colete,
Arma no coldre, braços fortes com flores engatilhadas para ela,
Ela era especial, não sentia dúvida alguma quanto a isso,
Se jogou em seus braços fortes onde só ela cabia,
Beijou-o, colocando toda a sua saudade, toda a doçura
Que havia na sua alma, onde ele sempre estaria abrigado,
Protegido de tudo aquilo...
Sonho de toda mulher apaixonada:
Ver seu homem lutar como um guerreiro em busca de uma vida
Mais digna para o que ele orgulhava-se de denominar; família humana,
Mesmo que sob o risco de partir para nunca mais voltar,
Enfrentando a mira de algum bandido, entregando sua alma
Por estranhos que nem sempre sabiam valorizar,
So mesmo alguem com coracao e alma nobre se arriscaria dessa forma,
Ela o amava, o amava, o amava de corpo e alma
E mais um pouco, e este pouco logo estaria abrigado
Em sua barriga, sob a forma de um filho,
O filho do cavaleiro escarlate, do homem de ferro,
Do homem que apenas se entregava a justiça e a ela,
Ele a abriga em seu peito musculoso, seca suas lagrimas
Com beijos de amor, passando uma rosa em seu rosto,
Em seguida possui sua boca com sofreguidão, doçura
E um toque de urgência que os deixa trêmulos,
Entre beijos e abraços, eles juram um ao outro amor eterno,
Frases soltas sobre saudade, preocupação e um que de pressa,
Ele entra com ela ainda no colo para dentro de casa,
Segura-a no braço em que mantêm as flores e tranca a porta,
Abandonando para a escuridão da noite a saudade, a preocupação e a pressa,
Para que se perdam e nunca mais sejam encontradas,
Ali dentro só restava os dois, e horas que se estenderiam em um amor enérgico,
Um amor servido derramado entre beijos, abraços e carinhos,
Ele que marchava feito um general em direção a guerra,
Com sua pistola metálica como extenção do seu braço,
Se derramava sobre ela entre carinhos e juras de amor correspondido,
Lá fora, sempre preferia a escuridão, se sentia mais seguro camuflado,
Claro que o fato de seus olhos possuirem o reflexo da lua,
Servia como um filete de luz a iluminar seu caminho,
Seu colete nada tinha de abrigo comparado a sua inteligência,
Mas ali dentro, entregue aos seus carinhos,
Ele se despia de tudo isso para ser somente dela,
Ali preferia ficar a meia luz para contempla-la com mais nitidez,
Conhecia cada gesto dela, cada toque que ela gostava,
Até seus pensamentos ele possuía a liberdade de ler,
É certo que o fato de ele ser irresistivelmente lindo o ajudava
A escolher a luz em que seria visto,
Ele era perfeito, encantador, e a tocava de uma forma macia,
Que a deixava frágil, apaixonada, ela adorava ver sua armadura
Cair ao chão revelando o homem que tanto amava,
Ela era sortuda, sabia disso, mas quando estava com ele,
Sentia que era maior que tudo,
Mil carinhos se distribuiam entre suas juras de amor,
Seus lábios percorriam um destino único aos dois,
Suas mãos traçavam um mapa em seus corpos,
Em busca de um tesouro secreto, só a ambos revelados,
Como são felizes os que amam, sabiam disso
E renovavam suas juras a cada olhar apaixonado,
O homem que marchava com pulsos de ferro,
Ao seu lado se entregava a um amor jamais vivido,
Um amor permitido a poucos, sem reservas, sem medos,
Ambos não eram mais do que dois amantes em busca de abrigo,
Essa era a palavra repetida, escolhida mil vezes: abrigo,
Abrigo de tudo aquilo que ele deixava no serviço,
Ao que ele se entregava de corpo e alma,
Mas que abandonava por inteiro para ser somente dela,
Resguardo de tudo que exigiam dele
Por tão pouco reconhecimento,
Ali, ela nao exigia nada, apenas se entregava,
Era dele, toda dele, para sempre dele,
Ele repousou as flores sobre a cômoda,
Deitaram-se abraçados na cama,
A vida se resumia em amarem-se, sem medida,
Sem reservas, a paixão que os tomava
Os despia de qualquer segredo, qualquer reserva,
Excluindo qualquer resquício de solidão
Que possa ter assombrado o coração
De qualquer deles, algum dia,
Eis que cai por terra toda a saudade,
E é consumida pelo amor que os domina,
Queima-se sob o calor dos seus carinhos,
Ate resumir-se em cinzas de algo distante,
De uma forma que palavra alguma descreveria,
Felicidade talvez pudesse descreve-los, algum dia,
Porém, transcorridos cinco anos de casamento,
Ainda sentiam, um pelo outro, algo muito maior,
Escondida em algum lugar, ambos sabiam
Que poderiam encontrar alguma palavra
Que pudesse expressar o amor entre eles,
Porém, neste momento só restava se apegar ao para sempre.
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