Sentada sobre a mesa da biblioteca,
Ela olha a neve caindo lá fora,
Sente uma ponta de saudade que fere a alma,
Trazendo-lhe um brilho de dor ao seu olhar,
Uma lagrima teimosa insiste em lembrar,
De quem partiu para longe de quem jurou amar,
Eventualmente, durante suas noites insones,
Ela ainda sente um arrepio percorrer a pele,
Ele não esta mais ao seu lado,
Mesmo que ela anseie tanto por sua presença,
A ponto de ver sua imagem refletida na janela,
Por tempo suficiente para que ela toque o vidro gélido,
E tão logo se forma, desaparece,
Sentia-se fragil demais para esquecer,
Como se aqueles labios contivessem veneno,
Do tipo que se prova uma vez e dura para sempre,
Permanece vivo em cada batimento do seu peito,
Como se a percoresse por dentro,
Preechendo cada espaço, cada vazio,
Fazendo com que seu sonho se recusase ao silêncio gélido,
Em que a cidade toda dormia,
Tremula temente a neve que caia,
Cada vez que cruzava com seus olhos castanhos,
Era como se um exército marchasse em sua direção,
Fazendo -a prisioneira daquele tempo que há muito se foi,
Mas que ela ainda guardava vivo em sua memória,
Ela balança a cabeça como se assim pudesse esquece-lo,
Solitaria realidade, ela o ama com toda a alma,
Levanta a mão esquerda onde repousa seu anel,
Toca a vidro como se sentisse a neve cair,
O anel que ela se deu de presente
No dia em que comemoriam seu aniversario de amor,
Na luz tenue da tarde de inverno,
Ela pensou que ele pudesse ser como aquele rubi falso
Que tão lindamente adornava seu dedo fragil e fino,
Apesar de possuir um brilho significativo,
Como seus olhos tinham sempre que a via,
Guardava dentro de si uma alma impura,
Que a qualquer atrito poderia se estilhaçar,
E feri-la de morte, da mesma forma que a carícia
Que ele usou para conquista-la,
Penetrando-a paulatinamente, até faze-la sua,
Suave veneno para almas despreparadas,
Sobre o qual ela assumia o risco,
Mantendo-o preso entre os vãos dos seus dedos,
Um lampejo de amor tocou sua paixão,
Logo que ela percebeu que diante da claridade, mesmo que da neve,
Seu rudi se escurecia, como se desejasse se esconder,
Trazendo a sua lembrança o quão integro e inteligente ele era,
Jamais se permitiria feri-la, de forma alguma,
Assim, se permitiu acreditar que pudesse estar errada,
Foi aí que percebeu que a neve que gelava lá fora,
Não a tocava, ao contrário, parecia, de certa forma protegê-lá.
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