Parados na estação de ônibus,
Destinos cruzados pelo acaso,
Um beijo aconteceu sob a luz do ocaso,
Ao ritmo em que o sol se escondia no poente,
Eu me despedia de quem amaria para sempre,
Restou um beijo em um acenar, então apenas um olhar,
Segui meu caminho com o coração apertado,
Encontrei o amor em um acaso e em instantes
Me vi longe, distante, coração desesperado,
Não me permitiria chorar por tão pequeno entrave,
Estaria a apenas doze horas de distância,
Poderia voltar e encontra-la à minha espera,
Pensei nisso por duas horas seguidas,
De forma insistente, como se o amor pulsasse
Seu beijo e seu abraço em minha alma,
Com batidas insistentes em minha mente,
Sentia seu cheiro sobre minha camisa,
Seu olhar ainda me tocava a arrepiar a tez,
Naquele momento fui tomado por uma certeza,
Nada faria com que eu a pudesse esquecer,
Me permiti olhar para trás, apenas um piscar de olhos,
Sabia com alguma certeza que não entendia por que,
Que ela me retribuía da mesma forma, com o mesmo ardor,
Seria fácil retornar, seria bom toma-la em meu abraço,
Porém, algo me sugeria para seguir adiante,
Um doce sopro ao meu ouvido, pedia: siga,
Com um sorriso eu assenti e disse: me espere,
Minha mãe sempre me disse que o amor sabia
Retribuir a todos que provavam o seu gosto,
Tive certeza disso logo que cruzei com seus olhos,
Embora também soubesse, toda ação retrata uma reação,
Com um dar de ombros e um falso ignorar,
Eu senti que as lágrimas molhavam seu rosto,
Apenas uma ou outra, mas sabia que podia tê-la magoado,
Talvez, devesse fazer o retorno, por que teria que ir
embora?
Tinha uma vida lá fora, uma vida que conheci antes dela,
Contudo seu beijo mudou minha forma de ver a vida,
Senti minhas certezas estremecerem ante a luz do seu olhar,
Tudo estava estrategicamente pragmático,
Tinha uma carreira, um trabalho a ser feito,
Deveria mudar tudo apenas por um amor romântico?
Sequei uma lágrima do meu rosto, surpreso,
O ônibus parou em uma estação, seria este o momento
Em que se larga tudo para viver um sonho?
Não conseguia pensar direito, ante a imagem dos seus olhos,
Quem iria conseguir? Sentia aquele amor me sufocar,
Seria saudade este sentimento que a procura por todos os
lados?
Precisava resistir se eu quisesse seguir com a vida que
tinha,
Se existisse mesmo amor, ela me esperaria pelo tempo
Que fosse necessário até que as coisas pudessem se ajeitar,
Se eu pudesse evitar a dor da partida, é certo que evitaria,
Ou estaria a fugir deste sentimento por medo do
desconhecido?
Não saberia responder, quando senti que me pediria para
ficar
Eu, simplesmente, baixei os olhos e os levantei para o
infinito,
O ônibus deu partida, e eu senti que ela ainda estava lá,
Poderia jurar que estava a vê-la, ainda a me esperar,
Confesso que estranhei a convicção dela quanto a este
sentimento,
Não queria admitir, mas também senti o mesmo,
No céu pontilhavam-se as estrelas, o luar havia fugido,
Deveria estar lá, ao seu lado, a ilumina-la,
Odiaria imagina-la sozinha, entregue ao acaso,
Eu possuía uma vida antes daquele beijo,
Precisava dar seguimento a ela, por que me contrapor?
Não seria um amor de verão que mudaria meu destino,
Tudo estava planejado, por que deveria negar-me a isso?
Mas algo dentro de mim soluçava, aos prantos,
Aquele verão ficaria marcado para sempre em minha vida,
E eu apenas pedia para que o universo
Também nos mantivesse juntos nas lembranças dela,
Não fosse o tempo ter dado prosseguimento aos seus segundos,
Eu ainda estaria lá, segurando-a apertado em meus braços,
...Enlaçamos nossas mãos, feito dois jovens enamorados,
Resisti com toda a força ao impulso de nunca a soltar,
Foi com lástima que vi nossos dedos a se desenlaçar,
Seu calor permaneceu, seu cheiro... ainda o sinto...
Levei a mão aos meus lábios a beijei com certa dor,
Senti como se ela ainda estivesse em meu íntimo,
E sabia que do meu peito nunca sairia,
Se nossos caminhos se desencontraram, seria por pouco tempo,
Eu voltaria, não lhe prometi isso com palavras,
Mas nossos gestos bastariam para mantermo-nos unidos,
O menino realista que nunca se entregou ao amor,
Permitia-se admitir, estava apaixonado pela menina que
deixou a espera-lo,
O homem decidido de outrora, havia entrado naquele ônibus,
Sem porta alguma para bater, sentou-se e cruzou os braços,
Tentando levar consigo a lembrança daquela que amou tanto.