Seus olhos refletiam o sol do fim da tarde,
Apesar da tentativa inútil de esquecer,
Ele soube, nunca estaria ao seu alcance,
O vento sul soprou suave, a arrepiar a pele,
Não aceitava admitir, mas em sua mente
Ecoava de forma tímida a insistente saudade,
Ele já havia amado, mas quando pensava nesta moça,
Algo diferente parecia abraça-lo, em um enlace
Que parecia que nunca iria desistir de chamar seu nome,
Isso tinha nome: amor, era o que repetia o sol a sua frente,
Embora tenha dado de ombros para este sentimento,
Nunca pensou que ficaria preso a ele devido a um beijo,
Já havia sido traído de inúmeras maneiras,
Mas encontra-la camuflada em um beijo sedento,
Nunca havia passado por seus sonhos ou pensamentos,
Soubesse de antemão, teria evitado tal momento,
A todo custo, mesmo que a custo do próprio destino,
Teria mudado a direção, traçado outro caminho,
De que valia tanto amor se não tinha a quem entrega-lo?
Embora, à tardinha lhe permitisse deixar o coração sereno,
Seus olhos estavam sempre atentos a qualquer movimento,
Ele jurava a si mesmo, tratar-se de mero desalinho,
Mas seus olhos sempre sonharam com seu retorno,
Às vezes, seus braços se abriam como se quisesse parar o
tempo,
Dar outra direção ao vento, mas na verdade, fechava seus
olhos
Com um pedido do coração, abraça-la, envolve-la em seus
carinhos,
Ainda usava o mesmo perfume que ela havia lhe presenteado,
Quem sabe, o abraçar do vento a levaria seu cheiro,
Como lembrete ou testemunho do quão forte era seu amor,
Esperava que ela ainda se importasse e mais que isso,
Que o esperasse, ansiasse pelo abrigo do seu abraço
desvelador,
Aquele em que ele ainda a mantinha guardado para si mesmo,
Sonhos são estímulos para passos apaixonados, mesmo os
fadigados,
Aqueles que costumasse definir, sofridos pela dor de quem se
foi,
Sobre os quais espera-se, de alguma forma convicta: seu
retorno,
Estou preso a um beijo e uma carícia no lado direito do
rosto,
Que seria de mim caso ela me abrigasse em seu corpo,
Me permitindo ama-la sem medida, a entregar-me por inteiro?
Será que uma única noite seria o bastante para demonstrar o
quanto a amo?
Será que o que senti de forma tão profunda para mim,
Também a tocou com o mesmo carinho que vi refletir no escuro
dos seus olhos?
De fato sobre isso ela não disse nada, apenas me sorriu
Isso foi o bastante para que eu a guardasse com todo o amor
do mundo,
Palavras não definiriam todo o prazer que senti naquele
momento,
De repente, pude entender o seu silêncio...
Seus olhos encantadores, possuíam um brilho quase felino,
Do tipo que sabe a hora de acariciar sem perder a graça e
seus desvelos,
Mesmo de longe, senti como se ela me penetrasse a alma,
Cruzando nosso destino, ignorando providencia divina,
Ou qualquer outra coisa que tentasse se opor,
Com certeza, jamais sentiria todo aquele sentimento,
Os olhos dele lacrimejaram diante das lembranças,
Admirou-se por cada uma delas, pois traziam fragmentos de
sua amada,
Através dos quais, poderia reaviva-la nos seus braços a cada
hora,
Mesmo não a tendo consigo, ainda poderia recordar,
Essa era sua forma de mantê-la ao seu lado, mesmo que ninguém
soubesse,
Ainda a amaria o suficiente para não admitir desprende-la de
sua memória,
Se ela escolheu outro lugar para viver, ele iria respeitar,
Mas quanto ao que viveram a ninguém seria permitido
encabular,
Se no caminho em que se vive, deixa-se suas próprias marcas,
Por que é que em seu coração deveria apagar quem se ama?
De dentro do seu peito seu coração sorriu moldando seus
lábios,
Trazendo um brilho doce e meigo para dentro dos seus olhos,
O homem apaixonado que foi capaz de viver momentos plenos,
Não se renderia a opiniões desfavoráveis de quem nunca, nem
ao menos,
Provou o gosto de uma carícia dengosa em seu próprio rosto,
Ou foi brindado com a oportunidade de um beijo amoroso,
O sol estava baixando, um risco de luz aguçava o outro lado,
Do lado de cá, um homem descortinava seus olhos inebriados,
Cantarolava baixinho algo somente para os seus ouvidos,
Com um sorriso gentil que libertava todo o sentimento
Que sentia no coração, sempre soube que seria capaz de amar,
Agora, permitia-se dar vazão a esta emoção que o arrebatava
Ganhando vida nos seus gestos, na sua forma de ver a vida,
No seu agir do dia-a-dia, como se tudo que guardou escapasse
E mesmo sem asas: voasse, e em sussurros dissesse seu nome,
Tentou se preparar para o que o futuro lhe reservaria,
Mas desta vez, teria sempre seu melhor sorriso para ofertar,
Do lugar em que ela pudesse estar, ele tinha certeza,
Ela o reconheceria e de lá o retribuiria, pois assim é com
quem se ama,
Sentia-se vivo, nunca mais se permitiria conter o que sentiria.
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