Eu estava bêbado demais para achar estranho,
Foram garrafas de uísque com gelo,
Ela havia surgido com seu jeito manso,
Usava um vestido bonito, tinha gestos delicados,
De longe parecia a miragem de alguém que eu tinha perdido,
De perto alguém que me pareceu interessante ter ao lado,
A conversa transcorreu de forma convidativa,
Aumentamos a dose da bebida,
Gostei da forma como ela derramou-a nos lábios,
E depois tracejou o caminho da bebida com um dedo,
Depositando-o na boca depois, com um sorriso
E um brilho enigmático nos olhos, eu sorri daquilo,
Depois ela, de forma descuidada derramou no vestido
A bebida, que eu gentilmente, ajudei-a a limpa-lo,
Em altas horas da madrugada, no calor da lua,
Decidi que deveria voltar para a casa,
A moça me pediu uma carona,
Achei deselegante não conduzi-la,
Ao estacionar, ela me envolveu com um beijo mordiscado,
O efeito da bebida, o sabor dos seus lábios, aquele algo em
mim
Que parecia clamar por uma sensação diferente,
Me fez envolve-la em meus braços e beija-la sôfrego e
prestamente,
Ela foi tirando a roupa, me tocando, parecia exigir-me algo,
Que eu nem pensei se estaria ou não preparado,
Me deixei envolver pela delicia dos seus lábios,
E aquela sensação de quem está distante mesmo estando perto,
Suas mãos eram como faíscas sobre a minha pele,
Naquele instante senti que não teria forças para resistir,
Me entreguei a ela, sem medidas, sem pensar, na verdade,
Minutos depois, vestimos as roupas com um beijo no rosto de
despedida,
E cada um rumou para a sua casa, mesmo trôpego pelo efeito
da bebida,
Eu não tinha dificuldade alguma para seguir meu caminho,
No entanto, desejei ir para um lugar mais tranquilo,
Em que pudesse reavivar meus pensamentos,
Quem sabe até acreditar em sonhos,
Neste ínterim, parei nas margens da praia, queria ver o mar,
Sai para fora do carro, me encostei no capo e fiquei a
contemplar,
O sol em instantes iria afastar as estrelas, e brilhar,
Mesmo a escuridão profunda do mar seria afastada,
Feito a nuvem de areia que a brisa da manhã levantou,
Tão logo desanuviasse dos meus olhos, também faria com o meu
redor,
Iluminando com a
clareza de quem conhece todos os segredos,
Desejei que este momento me tocasse,
Que reavivasse cada um dos meus sonhos,
Feito as fagulhas que vi no olhar daquela moça,
Que de alguma forma, mexeram comigo,
E reacenderam em mim algo que eu não esqueceria,
Com um gosto diferente, talvez nunca provado,
O sol me pegou acordado, mais uma vez,
Mas desta vez, meu sorriso estava mais resplandecente,
Eu senti um arrepio que me envolvia liquefeito,
Fazendo meu coração acelerar descompassado,
Naquele instante, o frio do mar tornou-se fogo,
Como se sua superfície refletisse meus sentimentos,
Senti muita vontade de toca-la, pés descalços
Molhei a ponta dos dedos, e caminhei um pouco,
Eu era apenas um homem simples desejando despertar,
Desejando viver algo além do que eu conhecia,
Algumas horas depois dirigi para a minha casa,
Consegui chegar no quarto, cair na cama
E permiti-me dormir até as 10 horas,
Acordei com o sol a bater na janela, convite silencioso para
acordar,
O dia estava lindo e iluminado, o sol parecia sorrir em
todos os cantos,
Nem uma nuvem ousava encabular o céu azulado,
Olhei para o celular, desejei ouvir uma voz a muito tempo
esquecida,
Queria dizer que a amava e que nunca a deixaria,
Porém, havíamos perdido contato, nos desligado um do outro,
Mas em minha boca podia sentir a lembrança do seu beijo,
No entanto, mesmo com meus lábios entorpecidos,
Eu sentia que havia acontecido algo que mexia comigo,
Algo que eu poderia definir como bom, que talvez eu quisesse
de novo?
Não saberia responder, minha cabeça latejava,
Poderia apostar que nem ao menos meu cérebro funcionava,
Esperei em vão pelo toque do telefone,
Tudo estava silencioso, como de costume,
Dias se passaram, e o telefone me chamou a atenção,
A moça que havia conhecido naquela noite fatídica,
Me transmitiu uma notícia de assaltar o coração,
Estava grávida, fruto da nossa noite de aventura,
Isso mudava um pouco as coisas não mudava?
Eu não havia ligado a ela nenhuma vez,
Mas, havia pensado nisso, na verdade...