Quando o amor cruza o nosso destino,
Não há pedra que permaneça no caminho,
Ou forma de desviar daquele calor nos olhos,
Aquele algo que nos leva aos seus passos,
Se você nunca caiu nas garras do amor,
Acredite cedo ou tarde isso tende a acontecer,
Mesmo que você não o procure ou até evite,
É assim com todo mundo, e comigo não foi diferente,
A declaração não contém sentença absoluta,
Porém, retrata a mais perfeita verdade,
A última vez que conheci o amor, digo: a primeira,
Ele chegou ao meu ouvido com um tom de neutralidade,
Quisera eu ter fugido na primeira alternativa,
Mas seu tom adocicado possuía algo de profundo,
Em que dos meus fios de cabelos a pele que cobre o meu
corpo,
Senti arrepios me percorrendo como se me penetrassem,
Me senti nua de qualquer dúvida que fosse,
Toquei em seu braço sem me virar para ele,
Era a nossa chance de apegar-se a algo pintado em tons
diferentes,
Naquele momento, eu não desejei fugir com toda a pressa,
Me apegar a qualquer outra coisa, evitar encarar seu olhar,
Mas mesmo assim, permaneci de costas,
Seu toque possuía um calor que me deixava desperta,
Desejei a segurança do seu corpo em mim, envolta,
Algo nos esperava mais adiante e eu queria chegar lá,
Fechei os olhos por um instante, com um pedido em minha
alma,
Roguei a Deus que ele sentisse o mesmo por mim, eu o queria,
Mesmo sem ver seu rosto, sem analisar beleza, nem nada,
Sabe quando há aquele sentimento que nos chama
Sem que haja meios de se evitar o contato? Foi dessa
maneira,
Por quê, em primeiro lugar, ele esperava tanto? Será que
oscilava?
Um segundo a mais sem contato visual e eu estava insegura,
Já havia levado tantos foras pela vida afora,
Que parecia que este era o destino que as estrelas haviam me
reservado,
A rejeitada, era assim que me sentia naquele lugar ou fora,
Aquela que nunca atinge as expectativas, que está sempre
fora de contato,
Mas, naquele instante, alguém havia me tocado,
Embora eu não entendesse ao certo, me senti vulnerável,
Teria, ele, se aproximado de mim tão sorrateiro com a única
intenção de ferir?
Uma lágrima brilhou em meu pensamento e acelerou meu peito,
Mordi a boca por dentro quis sentir o gosto do sangue me
invadir,
Se a intenção era machucar, pois bem, havia conseguido...
Olhei para o lado esquerdo, em um ponto obscuro a minha frente,
Com certeza ele soltaria meu braço, com sorte eu nem veria a
sua face,
Suspirei insatisfeita, com um chacoalhar de ombros quis me
desvencilhar,
Não me sentia bem daquela forma, mas mesmo assim não olhei
para trás,
Haveria nisso algo de muito assustador para ser evitado?
Algo que fizesse com que eu ficasse ainda pior do que já
estava?
Seja como for, me frustrava, era assim tão duro o amor?
Ele continuou a me segurar com uma firmeza medida,
Se aproximou um pouco mais de mim e falou, agora em tom
rouco,
Aqueles segundos meus de impaciência foram recompensados,
Sentir seu hálito quente sobre os meus cabelos soava como um
afago,
Seu calor era másculo e arrepiava minha nuca, estava numa
enrascada,
Havia evitado o amor até aquela hora, mas agora meu relógio biológico
chamava,
Com um tic tac ensurdecedor e louco tilintava dizendo que
era a hora,
Hora de mudar um pouco, de dar uma chance para mim mesma,
A voz dele chegava feito um afago não conseguia ouvir ao
certo o que dizia,
Com um grunhido rompi seu discurso reclamando do barulho
alto do lugar,
Agora eu sentia
pressa, desejara ser beijava, desejei avistar o seu olhar,
Queria a surpresa de viver um amor sem apegar-me a forma
física,
Algo que os apaixonados definem provir da alma, a minha
embriagada,
Deveria estar a gargalhadas dentro de mim, mas não dizia
nada,
Depois de procurar em mim uma saída daquela situação
desajeitada,
Ele me virou com um único movimento curto e sincronizado,
Com um gesto perfeito que parecia ensaiado, minha
preocupação se esvaiu na hora,
Ele era muito mais perfeito que imaginei, seu olhar tinha um
brilho...
Mais intenso que a minha imaginação foi capaz de inventar,
Mais iluminado que o sol do dia depois de semanas chuvosas,
A centímetros do seu corpo, podia sentir cada músculo,
Senti que poderia prever cada um dos seus movimentos,
Ele me olhou profundamente e eu esperei seu sorriso se
derreter
Em um beijo penetrante daqueles que nunca se esquece,
Ele não o fez, sorriu de forma mais intensa enquanto movia a
cabeça,
Inclinou-se sobre mim, e parou como se respirasse meu ar,
O ar que ele inspirava era meu agora, o meu o pertencia,
O beijo que se seguiu foi o mais inesquecível em nossas
bocas,
O mais perfeito, o mais verdadeiro, ainda posso senti-lo,
Nos entreolhamos, recuamos um pouco, recuperamos o ar,
E repetimos por mil vezes seguidas, seguros um nos braços do outro.