Seus cabelos caíram em seus olhos enquanto andava,
O vento soprava absorto ao seu redor, tocava-a,
Com um movimento ela retirara os cabelos do olhar,
O vento insistira em importunar, agora levando-os a boca,
Ela parara de caminhar, com o semblante frustrado o
retirara,
Instante em que esbarrara nele, - me desculpa, não o vi na
rua -,
Ela disse, embasbacada ao percebê-lo tão bonito e sereno,
Ele lhe dirigiu um sorriso, se desculpando com ela,
Ela sentira que estava fora do mundo até encontra-lo,
Era como se todo o seu passado fosse um vazio desumano,
Que poderia ser preenchido por aqueles braços seguros,
Dando um sentido diferente para o caminhar do seu futuro,
Uma ardência na garganta dela implorara por um beijo,
A boca seca sentia dificuldades para expressar as palavras,
Era como se a sua alma estivesse fugido, parando em seu olhar,
Não houve outro pensamento senão aplacar o seu desejo,
O vento soprava o cheiro dele em sua pele, ela podia
senti-lo,
Mesmo que tivesse forças não poderia controlar o que sentia,
Precisava dele, sem pensar no porquê, apenas o amava,
O cheiro penetrava a sua pele percorria em seu sangue,
Nada a faria mudar de ideia, necessitava provar a sua boca,
Mesmo que por uma única vez, ou até a eternidade,
A centímetros do seu contato, nada poderia alterar os fatos,
- Como você é bonito -, ela balbuciara com voz rouca de
porcelana,
Aquele tipo de voz que corta as defesas e o obriga a
aproximar-se,
Ele manteve aquele sorriso educado e meigo nos lábios
vermelhos,
O sangue pulsava em suas veias, ela sentia-o e gostava
disso,
Por um segundo esquecera de tudo a sua volta, até de que
existia,
Tudo o mais perdia a importância, menos o vermelho da sua
boca,
Era difícil controlar o impulso de agarra-lo, prova-la, mesmo que a força,
Os olhos dele eram provocativos, pareciam estar brincando
com ela,
O sorriso em seus lábios era um convite, sua necessitada
avançava,
Algo desenfreado dentro dela o queria, seu corpo respondia a
rigor,
Levaria menos de três segundos, e poderia provar seus lábios
Pelo tempo que fosse preciso, e um pouco mais que isso,
O sangue na boca pulsava quente e ardente naquele sorriso sóbrio,
Podia aplacar a ardência em sua garganta, saciar a sede da
sua boca,
Ele estava tão perto, a olhava com um olhar encantador
de advertência,
Uma prova dos seus lábios e seria amor por toda a vida,
Como uma fonte a jorrar da qual nunca se farta, sempre mais a desejar,
E ela sabia que morreria se tentasse controlar a garota que
o queria,
A garota que esteve presa dentro dela e agora não conseguia
mais resistir,
A agonia em sua boca dava a impressão de que não poderia dar
um fim,
Precisaria estar em seus braços o mais depressa possível,
Sem o intuito de acabar, sem tempo para terminar,
Uma dor intensa acelerara o seu coração, soltara um gemido
sem querer,
Ele a segurara pelos braços, ela tentara se mexer, sem
querer se esquivar,
Esforçando-se para provar os seus lábios, erguera-se na ponta
dos pés,
Lábios entreabertos, pronta para o momento mais esperado: o
beijo,
Era como se as mãos dele fossem pétreas removendo-a do chão,
Não haveria chances de se abster, precisava provar seus
lábios,
Naquele exato segundo, era o que denunciava sua respiração,
Seus gestos confusos, sua busca por ele todo, alimento para
o coração,
Cravara os dedos em seu peito, ele resistia ao beijo,
provocava a paixão,
Segurara-se nele com força, sentia cada parte dele em seu
corpo,
Ele estava dentro dela sem ter feito um único movimento,
Ereto conduzia a situação conforme queria, ela gostava
disso,
Mesmo sabendo que parecia uma tola, buscava-o sedenta,
O sorriso na boca dele não desmanchava, ele fugia e a
buscava,
Expressão bondosa e calma, parecia ama-la da mesma forma,
- Me beije, por favor -, a frase saíra balbuciada em tom de
súplica,
Fazendo contato com a boca dele que cedera um pouco,
O calor dela tocou-a embasbacada, um beijo fora entregue sem contato,
Eu a quero, parecia dizer-lhe, mas resistia por algum
motivo,
Ela fitara a garota dentro dela, desejando com veemência
Que soubesse o que fazer, que tomasse uma atitude certeira,
Seus dedos cravavam-se nele, inúteis e frágeis, ela o
chamava,
Não suportava mais a ardência, não aceitava a distância,
Procurara um nome em seus lábios para chamar,
Percebera que não havia pedido a ele para se identificar,
Amor fora o mais adequado, mas, ainda assim ele relutava,
Seu calor bailava sobre a boca dela, em uma dança que não
cedia,
Descompasso ao seu coração, desajuste da sua emoção,
Soltara o seu peito e agarrara a sua camisa, desejara rasga-la,
Qualquer coisa que o fizesse beijá-la, naquela mesma hora,
Aquele sorriso era certeiro demais para permanecer na boca,
Precisava dissipá-lo, beijá-lo de forma sôfrega e profunda,
Suas tentativas vãs não surtiram o efeito desejado, ele
sorria,
Ela tentava se debater, lutar contra o desafio de tê-lo tão perto
Sem poder sentir sua boca, mergulhar em seus lábios
carnudos,
- Me beije agora -, ela murmurou tentando descontrolá-lo,
Ela podia ver uma veia pulsando em seu pescoço,
Seu sangue ardia, ela respondia, ele se esquivava de novo,
Uma vez mais ela o buscava, dessa vez obteve êxito, sugou os seus lábios.