Troquei a cor do batom vil vezes em minha boca,
Mas nada conseguia apagar o seu gosto amargo dela,
Por mais que inventasse um sorriso em meu rosto,
Não sei se eram as lágrimas ou outro algo qualquer,
Contudo, alguém sempre parecia reconhecer a dor,
Talvez, fossem as fissuras que denunciavam seu nome,
Não sei, fiz dos lábios que enlaçaram nossas promessas,
O rompimento sobre o qual nunca mais voltaria a falar,
A sepultura de nós dois, recordo tentar apagar os vestígios,
Viveria por tudo o mais, se com isso nunca regressasse ao
passado,
Se cada um dos nossos sonhos não compusesse mais que letra
morta
Condenada ao vazio daqueles que tentaram amar, sem êxito
final,
Os lábios que tremularam amor, agora regurgitam seus beijos
- o ódio,
Pedaços de sonhos que você empurrou em mim com seus afagos,
Estilhaçados em efeito sangue derramado, a isca mudou o
pensamento,
Não servirei mais de cobaia para os seus experimentos –
caçada a esmo,
Ponteiro de relógio para servir de transgressão ao tempo
desejado ou
O beijo em que você projeta o ideal que você busca em outro
rosto?
A diferença entre a mulher fatal objeto que fui e a que está
reescrevendo,
Falo de mim ou de você mesmo? Fui tão sua quanto você me
definiu,
Hoje já não machuco meus dedos a tentar manter o amor que se
partiu,
De passatempo a veneno? Amor, de mim só recebeu o sabor que
me ofertou,
Aquele que não tinha certeza do seu redor acreditava em
nosso amor?
Eu entendo que quando me encontrou meu coração já não estava
inteiro,
Mas, em que você se apoiou para abusar do que restava dos
meus escombros?
Você é aquele que faz promessas sobre um futuro bom, mas
nunca realiza seus sonhos,
Querido, nós não habitamos o mesmo mundo, as estrelas que
brilham no seu universo,
Já estão mortas quando as avisto com os meus olhos daqui de
onde estou,
Eu sozinha e tão apegada ao brilho e você com elas ao seu
dispor?
Querido, desculpa, mas eu não faço o tipo: mulher objeto!
Querido quando suas estrelas sofrem e você está em seu sono
profundo,
Eu vejo a névoa cair sobre os meus olhos, me inundo em sua
dor e sofro junto,
Quando até as promessas apaixonadas começam a dilacerar o
peito,
Resta algo em que se apegar para manter-se juntos? Verdade e
desafio em meu corpo,
Prepare-se para o impacto eu posso aprender a recusar seus
beijos,
Acreditei em suas promessas falseadas, querido, comigo não
tem fingimento,
Quando eu digo que amo, é porque sinto, mas quando meus
olhos ardem em ódio,
Querido, não busque em mim nada além disso, a menininha se
perdeu no caminho,
Aquela garota que você vencia com qualquer carícia e uma
jura ao ouvido,
Quedou ao sono profundo e a que acordou aprendeu a jogar o
seu jogo,
Mas ao invés de cuspir mentiras sobre o seu rosto, disse
adeus e foi embora,
Nem as verdades você mereceu ouvir, se as de outrora não
bastaram, nem as de agora...
A que está adormecida sobre os lençóis macios que você nunca
ajudou a comprar,
Levou para o túmulo todas as mentiras com as quais
conquistou o carinho dela,
Ela acreditou em tudo que ouviu e sentiu até vós destituí-la
de si mesma,
Por esperança ou ingenuidade a chave com que trancou a porta,
Ela lhe fez uma cópia, a mesma que ela usou para trancar-se
e jogou fora,
Você nunca pôs nada dentro dela com o que valer-se para acha-la,
morta agora,
Você teve a vítima perfeita, agora ela é a protagonista da
própria história,
O desperdício de promessas falsas, fez dos sonhos seu
agasalho além-túmulo,
Apesar do custo dela em tentar esconder a dor, ela está em
chagas,
Seu rosto e o que você fez com ela está espelhado nos
estilhaços do seu rosto,
Autoria delitiva comprovada em cada passo do seu caminho,
que fará com ela?
Tentará apagar os vestígios como fez em cada vez que fingiu
ama-la?
Para alguém que falou tanto em destino, você se desviou nos
momentos certos,
Porém, não contava que me perderia ou já cria nisso desde o
início?
Para compensar o fato de você nunca ter sido verdadeiro ela
chora, e agora?
Se gritasse minha dor em cada rua isso o comoveria? Teve tudo
que quis, não se satisfez,
Você saboreia o resultado de suas mentiras, isso te faz mais
homem que antes?
Esse seu amor deixou os meus lábios embebidos em lágrimas,
ácido foi o sabor do beijo,
Eu te odeio, eu poderia ter dito ao invés de fugir em
silêncio,
Que alternativa restava para aquela que não foi mais que sua
escrava?
A serva dos seus desejos se esquivou dos seus comandos e
caprichos,
Não esperou ouvir da sua boca a frase que já estava pronta:
nunca a amei na vida,
A lua feita de mel foi derretida, azeda o bastante para me afastar de você,
Doce e profunda o suficiente para me fazer nunca desejar
voltar atrás,
Esquecido foi aquele que esqueceu de si mesmo, abandonado
foi o que abusou,
Tivesse posto qualquer outra coisa em meus lábios teria sido
melhor que seu sabor,
O beijo com que me conquistou escorre pelos cantos da boca feito
veneno,
Começou com o afagar e a promessinha, terminou pondo um
final a história,
Aquela que começou errônea e não tinha como ter outro
resultado,
As desculpas eram tão frequentes que no final ficaram
ausentes, a meu exemplo,
Absolvição ao pecado de abandonar a esmo um traidor,
Deve haver alguma diferença que separa o que mente daquela
que acredita,
Uma que pelo menos dê justificativa a alguns pontos desta
história de desamor,
Ela já engoliu palavras cortantes, seria fácil mastigar as
promessas,
Sem direito a perdão ou regressão para eu, você ou o que
definiu: nosso amor,
Ele me feriu de morte, nem ao menos conseguiu disfarçar,
Acho que reagi bem aos estímulos, soube reconhecer a
verdade do falso,
Destruiu eu e a outras, nunca houve uma preferida,
Quem iria desejar ser a sua especial? Poderia explicar o porquê
dos sonhos,
A dimensão e o esforço em empenhar as promessas? Me esforço, mas não
entendo,
A porta em que você foi convidado está selada, você não
conseguiria abri-la,
Como nunca sentiu nada por mim, mesmo que procurasse: não me encontraria.