domingo, 20 de março de 2022

Beijo Bom

A figura com aquela flor na mão

Me parecia distante de mim, um pouco,

Dez passos a distanciar-me do seu coração,

Porém, seus pensamentos divagavam para outro lugar,


Repare, apenas por um instante, como eu,

Ele tocava colhia a rosa vermelha com a mão direita,

Sorvia seu cheiro e com a esquerda parecia afaga-la,

Seu olhar brilhava pensava alguma coisa,


Seu semblante brilhava ao sol de forma diferente,

Se você o conhecesse perceberia desde logo,

Ali não estava o homem que eu beijei a pouco,

Seus olhos embora contemplassem o vermelho da flor


Desviavam dali e por reflexo viam o horizonte,

O vento trouxe uma folha sobre o seu rosto,

Ele não se moveu a deixou ali sobre o casaco bege,

Fosse o que fosse que tomava os seus pensamentos


Deveria ter alguma importância, eu soube disso,

Você saberia assim que contemplasse aqueles olhos,

Olhos fortes e seguros como aqueles não se perdiam,

Ele puxou a flor do nariz para o lábio inferior, beijou-a,


Eu levei minha mão a boca, pedi em nome de Deus,

E todo o amor que sentia, não quisesse ele apagar-me,

Por Deus o beijei com tanta paixão que não sei o que faria,

Meus joelhos bambearam, mas os dele estavam imóveis,


Ele sabia o que queria, como sempre soube,

Era algo importante, eu não duvidei disso um só instante,

Meu vestido balançou ao vento e levou a ele o meu cheiro,

Eu sorri e o esperei se virar para me ver,


Porém, ele não o fez, apenas levantou o rosto,

Um sorriso quis brincar nos seus lábios, mas não o fez,

Ao contrário escondeu-se creio que em seus olhos,

Dali onde eu estava eu não poderia ou não queria ver,


Em vez do vestido que eu usava quando o beijei,

Quis por desígnio de Deus, vestir outro, acho que errei,

Se houvesse problemas, agora, eu teria que resolver,

Pedi a Deus por um sinal e uma nuvem enublou o sol,


Não sei se ficou melhor ou pior,

Mas foi tudo que tive, aceitei isso da melhor forma,

Meu peito arfou forte como a minutos atrás,

Não como no instante do nosso beijo, não mais,


Agora eu estava insegura por outro motivo,

Temia ser esquecida, ou, evitasse Deus: ser deixada,

Pode ser que eu tenha falado algo, não lembro,

Mas pisei em uma madeira e ela e folhas secas fizeram barulho,


Eu estremeci de novo, notei um sorriso no rosto dele,

Se ele ousasse me deixar, eu choraria, temia não ser forte,

Talvez eu corresse para dentro, e abandonaste a veste de lamento,

Olhei para trás, sim, ousei me virar - ele não,


Permaneceu como estava, seguro da mesma forma,

Não sei porque motivo mas eu aprovava a sua reação,

Então, me voltei a ele e me aproximei,

Sabia que poderia ser rejeitada, acho que todos sabem,


Enfrentei o medo e decidi brincar com a sorte,

Abracei-o por trás e o indaguei: querido, o que está a pensar?

Ele sorriu, tocou minhas duas mãos e repousou a flor,

-Querida, pensava no seu beijo e era bom.


Eu estremeci diante disso- resposta inesperada,

- querido, pensar em nós é bom, isso?

Me virei a ele aos poucos e sem soltá-lo,

-Querida, esperei tanto por seu beijo que pareço sonhar,


Me perdoa se ainda não acreditei que estás comigo?

Não sei se ele tinha mais a dizer e foi interrompido,

O que sei é que de um salto eu me pus em seus braços

E jurei a mim mesma: dali não sairia por nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Ap...