segunda-feira, 21 de março de 2022

O Lado Obscuro da Lua

 

Mas enquanto eu o observava,

Pude ver muita coisa,

Posso dizer que nem tudo que vi gostei,

Então, antes que eu pudesse concluir,


Ele voltou-se, pôs a rosa em uma das mãos,

Veio com quatro passadas na minha direção,

Seguiu, como se não me visse,

Não sei se estava desatento ou o quê,


Chego a cogitar que estivesse indiferente,

Seguiu rumo a escuridão das sombras de uma árvore,

Ali a lua não brilhava, nem sequer o alcançava,

Imensa escuridão se apossou de quem eu amava,


Fiquei inerte, o que deveria fazer naquela hora?

Talvez, se você estivesse no meu lugar faria diferente,

Talvez, com um pouco de reflexão encontraria a resposta,

Eu não, apenas levantei os olhos para o luar,


Tive sonhos que entreguei a lua e outros que pedi de volta,

O homem que eu amava fora tragado para algum lugar,

Aquele que esteve a instantes em meus braços,

Agora, eu já não sabia aonde estava,


Amor em meus lábios substituído pelo sereno arredio,

Gelava como um cubo a percorrer minha boca,

Derretia ali em algum lugar e poderia ter escorrido,

Não fosse eu passar a língua e sentir seu gosto,


Abençoado o instante em que provei o gosto daquela boca,

Agora, penetrando para algum lugar da minha alma,

O escuro a minha volta crescia,

Percebi desatenta o transcorrer das horas,


O escuro apagava todo o meu redor,

Mas não consumia o medo que eu sentia,

Sentia que ali naquele escuro e incerto eu iria cair,

E para onde eu iria eu poderia não ser encontrada,


Confesso que é difícil o instante em que se apaixona

E após sofre esta espécie de queda,

Em que o rapaz simplesmente não corresponde,

Por um momento cheguei a me sentir ofegante,


Não o bastante para me mover, virar para trás ou correr,

Nem mesmo o suficiente para chamar seu nome,

Acima de mim, a lua estava inerte a tudo que acontecia,

Atrás de mim, perdido em algum lugar, estava aquele que eu amava,


Passavam-se agora os minutos, sim, eu poderia conta-los,

As horas se apressavam e davam importância aos segundos,

Ele poderia vir ao meu encontro quando quisesse,

Que situação difícil a minha de não saber aonde ele estava,


Meu coração estava sendo embebido pelo sereno frio,

Aquele que derreteu escorreu para dentro,

Dilacerava as palavras belas e consumia com elas os momentos,

Poderia dizer que afogava o meu amor,


Mas, aquele que eu amava ainda não, eu sentia,

Este estava a salvo, apenas eu e ninguém mais era o alvo,

Fosse a minha língua como a pena de um escritor,

A de poucas horas atrás que escrevia eu te amo em cada beijo,


Talvez, eu tivesse o que dizer sobre o meu amor,

E a lua não se afastasse de mim tão depressa me fazendo cair no nada,

O sereno agora formava uma fumaça densa e palpável,

Eu a sentia, a via, mas não conseguia tocar nela,


Se quisesse pegá-la ou conter não seria possível,

Assim foi com aquele que entreguei meu beijo a poucas horas.

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