quinta-feira, 3 de março de 2022

Puxou-a Para Si

 

Em vez de falar algo,

Apenas aproximou-se e tocou seu rosto,

Chegou até a distância dos seus lábios,

Mas, conteve o beijo,


Olhou para baixo com o rosto tenso,

O maxilar endurecido – esforço-,

Ele permaneceu neutro,

Parecia não saber o que queria- incerto-,


Amava-o e sabia o quanto,

Mas, não o bastante para render-se ao desejo,

Acaso uma mulher merece relacionamento de momentos?

Um beijo, um adeus e talvez outro dia a vejo?


Ela não saberia responder se estava preparada para isso,

Esperar não era de todo errado,

Claro que não, mas a incerteza seria ferina em cada segundo,

Fechou o zíper da jaqueta quase até o pescoço,


Teria saído pelo corredor escuro,

Se ele não a contivesse segurando seu braço,

Com a mão fechada sobre a sua pele macia,

Toque sutil, mas, o bastante para descompassá-la,


O coração foi a mil, a alma saiu dela e foi para outra órbita,

Chegou no olhar dele e chamou-a,

Tempo perdido, já não se pertencia,

Naquele instante teria aceitado qualquer coisa,


Mas o que se seguiu foi melhor que esperado,

Puxou-a, com gesto firme até o seu peito másculo,

Segurou-a ali como se dissesse para si mesmo: minha,

Passou o outro braço por sua cintura,


A manteve parada, ela baixou o olhar,

E recostou-se no seu peito, sentiu seu cheiro,

Sorveu-o como se necessitasse deste gesto,

Como se a distância percorrida valesse a pena,


Como se todos os erros recebessem o perdão,

Mas, uma lágrima tocou seu cabelo quente e tristonha,

E o coração acelerou e respondeu-a: não,

Precisava mais do que isso:

Então, levantou o olhar e procurou seus lábios.


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