No mesmo instante os meus lábios ficaram calorosos,
Mas, neste segundo não fui ganha por lembranças,
Fui tomada por um abraço seguido de um beijo,
Tentei afastar todas as barreiras criadas
E aceitas com pouco crivo de reflexão,
O beijo soou como um sopro de vida sobre a minha boca,
Atingiu em cheio e não seria de outra forma o coração,
É certo que inventar um ideal de pessoa para amar,
Não é mais que obra do próprio ego,
É negar o outro e sua própria capacidade de entrega,
Viver de lembranças por medo de ficar ao lado
É um ato de egoísmo que fere dois universos,
O beijo que ganhava a minha alma não era qualquer um não,
Ressoava mágico sobre a minha pele enquanto me percorria,
Despertava uma emoção irrefreada – pura paixão,
Desejei, talvez, por uma fração de segundo olhar para trás,
Mas as mãos que envolviam minha cintura me pediam mais,
Não desejei me apegar a erros e fortalecer a distância,
Tentei esconder a facilidade que tenho em fechar meus olhos,
E fingir que nada aconteceu e que tudo ficou em algum lugar,
Guardado sem nunca ser esquecido,
Mas, incerto para ser recordado ou quem sabe revivido,
"Por quê você fica dias sem falar comigo e jura me amar",
Teria respondido se visse a pergunta em seu olhar,
A verdade é que todo o amor precisa de distância,
"Querido, você sabe a quantos quilômetros estamos?
Então, preciso transmitir isso ao meu coração.",
Fosse um telefonema teria desligado naquele segundo,
Mas não era, nova tentativa de afastar-me em vão,
"Querida, tudo que quero saber é porque temos que nos
distanciar
Se o que mais desejamos é estar perto como estamos agora,
A ideia de ter você é tudo que me conforta",
Eu parecia ler isso em sua boca em cada beijo que provava,
Ele me conteve sem esforço, abri meus olhos e fitei-o,
Não vi indagação alguma em cada atitude sua,
E nas minhas? Eu não sabia, não me ouvia ou sentia,
-Olha querido, eu o amo, mas veja como ama o amor,
Se eu o amasse assim, acha que o amaria mais um pouco?-,
O indaguei, eu acho, talvez tenha feito algum gesto...
-Então querida, me responda: como ama o amor?-,
Ele me indagou com sofreguidão a mão em concha sobre o meu
rosto,
Apalpei-a com força: - se fosse em amor, o manteria comigo-,
Aquele carinho soou de todo especial,
Penso que nunca o utilizei até aquela ocasião,
Nunca houve outra pessoa a quem eu amasse tanto,
Era instintivo e vinha de dentro de mim e falava alto,
-Acho que agora me soaria em falso o amor,
Se ele viesse, mesmo que em sussurro e dissesse ao ouvido:
“sinta medo e não confie”, dê um passo para trás agora
mesmo-,
Olhei-o com os olhos lacrimejantes e sonhadores,
-Eu te amo e preciso que você fique comigo.-,
Ergui-me na ponta dos pés e beijei seus lábios por um longo tempo,
Não lembro o quanto, mas sempre que recordo disso,
Tomo a mesma atitude. Me levantei de onde estava,
Cheguei por trás do sofá e o abracei apertado,
Beijei-o primeiro no rosto, depois na boca que tanto amo.
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