terça-feira, 21 de outubro de 2025

A Dona

“filha, você tem que trabalhar “.
Disse meu pai,
Me abraçando pelos ombros
Em pé ao meu lado,
Enquanto eu estava sentada
Sobre um toco caído de madeira.
“Por que pai?”
Eu indaguei,
Me sentindo perplexa
Ante a ideia.
Eu olhei para a frente
Do terreiro,
Estava sujo de palha
De triar milho
Na triadeira,
Eu vi ali sentados
Alguns amigos
Que nunca trabalharam
Oi trabalhariam,
Eles sobreviviam
Bem melhor que nós,
Roubando os outros
E matando provas de seus roubos.
Enquanto nós precisávamos
Varrer aquele chão,
Cuidar do seu redor,
E plantar uma roça.
Então, meu pai me conduziu
Até a beira do rio
E disse:
“Porque aqui é meu,
E lá, o rio e este porto
Tão bonito,
Também é meu”.
Eu olhei para o porto
Cheio de pedras da água,
Uma água limpa,
Um rio enorme
Onde peixes pulavam
E o ar era tão puro
E pensei:
“So isso?
Dono de um rio
Que em sete dias de cheia
Da água
Tudo se inundaria
E as próprias pedras
Seriam levadas.”
“Aí, toda a beleza se perde”
Eu disse a ele.
Ele olhou naquela direção
Para onde eu olhava
Para ter este pensando
E disse:
“Mas é seu”.
Nisto, o prefeito
Para o qual ele fez campanha
Se elegeu democraticamente,
E agora, ele estava sobre o pneu
Da patrola limpando as estradas
E as refazendo.
Nisto, meu pai veio
Cumprir sua promessa
De campanha e passou
A ajuntar as pedras da via pública,
As da beira da calçada
E retira-las de lá.
Com isto, ele evitou represálias
Contra o novo prefeito
Que seria ofendido
Por sua escolha
Em optar por iniciar
Os trabalhos no município
Neste local ou em outro.
Sempre havia
Quem reclamava,
Os que provaram
Que determinada estrada
Tinha mais urgência
E outras coisas.
Com isto,
Ele criou um novo emprego
E proporcionou oferta de trabalho
Aos munícipes,
Hoje, todos os municípios
Tem pessoas especializadas
Pela limpeza das vias,
E com o decorrer dos anos
Foram seguindo para adiante,
Até chegar às grandes avenidas.
O rio deixou de ganhar dejetos,
E outros tipos de lixo,
E meu pai não precisa
Trabalhar tanto
Para manter uma terra
Da própria família
Limpa e em seu poderio.
Outros, abriram suas terras
E venderam em partes
Para estranhos
A preço de mercado
Ou alcançado...
Hoje eles possuem
Um prédio na cidade
E algum dinheiro
No banco para gastar,
Mas, meu pai prefere
Cultivar a terra
E evitar que de dona
Eu seja a andarilha
Que rouba para sobreviver.

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