Deitei no sofá e chorei, não como antes,
Feito uma pessoa sozinha que não sabe o que fazer,
Aquela que não tem as respostas nem perguntas,
Aquela que chora apenas porque sente,
A lua estava serena brilhava no horizonte,
Um pouco distante de onde eu podia vê-la,
Um espaço de escuridão me abraçou,
Os contornos da minha vida não eram claros,
Meus ideais estavam encobertos por algo,
Uma névoa de dor e medo, eu sofria e muito,
Nem um abraço que me fizesse parar,
Nem uma palavra de consolo naquela hora,
Há instantes em que cada um se fecha em seu mundo
E sofre sua dor sem olhar para o lado,
Eu solucei e sem gritar muito alto ousei olhar,
Queria te-lo visto comigo mas não vi nada,
Queria ao menos poder dar um abraço,
Não sei se poderia, me sentia fraca e frágil,
Mas teria usado toda a minha força para abraçar,
Então, esquecendo a dor que me consumia,
O disse: eu te amo, você vai embora?
Sem resposta eu indaguei outra vez,
Eu te amo você vai embora? O silêncio doía,
Soava feito uma faca em meu peito,
Ele me disse: meu amor, agora eu sinto medo...
A voz calou em minha garganta o que eu poderia dizer?
Que não sentia? Que seria forte o bastante por nós?
Que tudo isso que estávamos vivendo
Me fazia voltar a lapsos de um passado ferido,
Que ficava a espreita com as garras afiadas,
Pronto, apenas pronto...
Apenas queria poder acariciar seus cabelos e sussurrar:
pronto,
Não o pronto de quem volta atrás e traz a dor de volta,
Não o pronto que vem dentro da bagagem,
Devia eu me despir de tudo e voltar nua para cá?
Como poderia? Como despir-me de tudo que vivi e senti?
Não possuo um botão formatar,
Sou humana e sinto, então lhe disse: amor, preciso ser
amada,
Ele disse: meu amor, me perdoa, senti medo...
Mas antes um pouco do choro, antes da dor,
Eu fui capaz de fazer o que não teria feito,
Fiz por nós dois, por tudo que vivemos e acreditamos,
Há um espasmo de medo meu e o silêncio dele,
Uma aranha veio ao nosso encontro e não resistiu,
Enfrentei todo o pavor e dei a ela um fim,
Me pareceu inverso, eu tomava a atitude e ele calava,
Então, chorei e sofri, não entendi tudo isso,
Sempre sonhei em amar a ponto de salvar e proteger,
Mas quando a oportunidade surgiu eu falhei após,
Esmoreci no chão, coloquei os braços sobre o joelho e
chorei,
O pavor me fazia vê-la percorrendo o meu corpo,
Meu amor sentiu medo, eu não entendi na hora,
Tive que tomar uma atitude que não era minha,
Não estava preparada, nem ele para o que vinha,
-Peço a ti perdão meu amor, estarei sempre aqui agora!
Eu não distinguia o medo da realidade a minha volta,
Disse o que não pensava, você ouviu o que não merecia...
Mas, querido amor, tão doce sempre, se vira e me perdoa...