terça-feira, 19 de outubro de 2021

Roupagem da Saudade


Ora, ele se sobrepunha aos corações abatidos,

Jurou nunca quedar ao amor sem sentido,

Aquela que adentrasse no seu coração,

Teria a chave com a qual libertaria sua paixão,


Andava pelas ruas cumprimentava a todos,

Sem medo do que lhe aguardava o destino,

E por que temeria, apenas por não ter se entregado?

Se a todos lhe incumbem um coração,


O dele haveria de vir a seguir no seu caminho,

A passos certos certeiro em sua emoção,

Adiante, teve quem pode vê-lo ajoelhado,

Consternado sob as rédeas de cruel paixão,


Houve quem contemplasse suas lágrimas sem fazer nada,

Assim, como teve também quem chorasse sua chaga,

Lembranças transitavam a passos largos a sua alma,

Ai de quem quisesse deletá-las, não conseguiria,


Eis que o passado não se apaga, apenas troca as vestes,

Muda o rosto, muda os lábios e até as palavras,

Mas o roteiro uma vez escrito permanecesse na alma,

É coisa bem estranha; no momento em que mais quer esquecer


É quando mais se lembra? Mais quer ver-se distante

E é quando mais se chama? Voltaria ele a amar?

É voltar bem de longe; Saber mudar-se o bastante;

Bem sabemos o que dele rói sua emoção até esvaí-la,


A saudade, triste roupagem de quem amou em demasia,

Esvai-se em lágrimas, em pranto que não quer calar,

Chora a dor mais sofrida que se possa falar,

Troca a saudade por um beijo e uma recordação,


Mãos hábeis tocam o seu corpo e corroem a emoção,

De que adianta provar novos lábios se não são os que se quer?

Veem-se os beijos vai-se a vontade de estar perto,

Fecha-se os olhos tentando manter segredo,


E a boca que beija? Esta, apaixonada, chama por outra,

As mãos que procuram tocar buscam outra superfície,

Toca-se a pele mas quer-se quem está longe,

No fundo da alma onde se busca, mas não vê nada,


Ele passa a mão em desespero pelo pescoço e a nuca,

Chega aos cabelos e puxa sem jeito, quer estar vivo,

Mas não tem certeza de como se encontra,

Sente um nó na garganta que desenlaça-se e chama,


O nome por quem ele implora não o ouve ou nota,

A sabedoria não está em buscar mudar o outro,

Quer-se respeitar as diferenças, mas e quando se trata de si mesmo?

Sabe que o amor não interessa mais que uma promoção,


Conquista o que se quer, usa até enjoar e ponto final,

Claro que nesta história existe um ponto ou outro de exclamação,

Em que ficaria preso aquele que amou e agora se vê sozinho?

Ele recordava de se julgar culto e experiente no assunto,


Mas quando suas pernas bambearam e os lábios estremeceram,

Só soube calar e aceitar o que era lhe posto,

Sal frágil coragem foi sequestrada, sua autossuficiência furtada,

Agora a cabeça que pedia para pensar era a mesma que traia,


Engolia em seco a saudade, debulhava em prantos as lembranças,

Pensava nela as escondidas apenas para procurar a culpa,

Há que se achar que em toda a história bonita houve um erro,

Existirá os que discordem; Ele ficou nu em público,


Assim que uma mão lhe foi estendida e o alcançou,

Naquele primeiro instante a saudade sumiu do seu lado.

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