Ora, ele se sobrepunha aos corações abatidos,
Jurou nunca quedar ao amor sem sentido,
Aquela que adentrasse no seu coração,
Teria a chave com a qual libertaria sua paixão,
Andava pelas ruas cumprimentava a todos,
Sem medo do que lhe aguardava o destino,
E por que temeria, apenas por não ter se entregado?
Se a todos lhe incumbem um coração,
O dele haveria de vir a seguir no seu caminho,
A passos certos certeiro em sua emoção,
Adiante, teve quem pode vê-lo ajoelhado,
Consternado sob as rédeas de cruel paixão,
Houve quem contemplasse suas lágrimas sem fazer nada,
Assim, como teve também quem chorasse sua chaga,
Lembranças transitavam a passos largos a sua alma,
Ai de quem quisesse deletá-las, não conseguiria,
Eis que o passado não se apaga, apenas troca as vestes,
Muda o rosto, muda os lábios e até as palavras,
Mas o roteiro uma vez escrito permanecesse na alma,
É coisa bem estranha; no momento em que mais quer esquecer
É quando mais se lembra? Mais quer ver-se distante
E é quando mais se chama? Voltaria ele a amar?
É voltar bem de longe; Saber mudar-se o bastante;
Bem sabemos o que dele rói sua emoção até esvaí-la,
A saudade, triste roupagem de quem amou em demasia,
Esvai-se em lágrimas, em pranto que não quer calar,
Chora a dor mais sofrida que se possa falar,
Troca a saudade por um beijo e uma recordação,
Mãos hábeis tocam o seu corpo e corroem a emoção,
De que adianta provar novos lábios se não são os que se
quer?
Veem-se os beijos vai-se a vontade de estar perto,
Fecha-se os olhos tentando manter segredo,
E a boca que beija? Esta, apaixonada, chama por outra,
As mãos que procuram tocar buscam outra superfície,
Toca-se a pele mas quer-se quem está longe,
No fundo da alma onde se busca, mas não vê nada,
Ele passa a mão em desespero pelo pescoço e a nuca,
Chega aos cabelos e puxa sem jeito, quer estar vivo,
Mas não tem certeza de como se encontra,
Sente um nó na garganta que desenlaça-se e chama,
O nome por quem ele implora não o ouve ou nota,
A sabedoria não está em buscar mudar o outro,
Quer-se respeitar as diferenças, mas e quando se trata de si
mesmo?
Sabe que o amor não interessa mais que uma promoção,
Conquista o que se quer, usa até enjoar e ponto final,
Claro que nesta história existe um ponto ou outro de
exclamação,
Em que ficaria preso aquele que amou e agora se vê sozinho?
Ele recordava de se julgar culto e experiente no assunto,
Mas quando suas pernas bambearam e os lábios estremeceram,
Só soube calar e aceitar o que era lhe posto,
Sal frágil coragem foi sequestrada, sua autossuficiência
furtada,
Agora a cabeça que pedia para pensar era a mesma que traia,
Engolia em seco a saudade, debulhava em prantos as
lembranças,
Pensava nela as escondidas apenas para procurar a culpa,
Há que se achar que em toda a história bonita houve um erro,
Existirá os que discordem; Ele ficou nu em público,
Assim que uma mão lhe foi estendida e o alcançou,
Naquele primeiro instante a saudade sumiu do seu lado.
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