sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Sem a Próxima

 


Eu balanço a cabeça e pisco os olhos algumas vezes,

Embora estivesse voltado de onde estava antes,

Nada ao meu redor estava no lugar certo,

Lá onde eu havia me escondido não havia nada,


Não é como estar presa em um lugar escuro,

Como se o sol estivesse sido roubado pelas sombras,

Lá havia apenas a ausência de tudo,

Senti como se a lua estivesse distante e perdida,


Enquanto o sol se punha e adormecia absorto,

As estrelas, nesta hora eram pequenas demais para brilhar,

A terra havia se movido, em seu lugar havia o vazio,

Não posso dizer que eu caia, mas que não me movia,


As forças se esvaiam dos meus punhos cerrados,

Nada para confiar ou o quê buscar,

Era maior que eu e menor que o silêncio,

Um coração estava calado, o que o traria de volta?


A lua tênue despedaçada parecia se retornar aos poucos,

Conforme fui me recuperando percebi que ela se restabelecia,

Como se de tudo que foi não restasse mais que retalhos,

Brilhava em metade e a outra se pontilhava nas horas,


Então o vi, parado como se não soubesse o que fazer,

Desejei tocá-lo, sentir suas mãos provar seus afagos,

Mas todo o esforço que fiz não foi suficiente,

Não consegui me mover nem ao menos dizer algo,


Me faltou o fôlego ele estava ou não onde parecia estar?

Parecia se mover na direção do vento,

Então, eu não importava o bastante para ele se aproximar?

Conforme minhas vistas se afirmavam ele parecia outro,


Será que não queria estar onde estava?

Sua imagem não era mais que um tremeluzir incerto,

Ao longe, num sussurro ouvia ele falar algo para alguém,

Sua voz parecia tão distante quanto uma miragem,


Engoli algumas vezes em seco e sem lágrimas,

Uma voz feminina lhe chamava a atenção, ele gostava,

Estou bem aqui, tentei dizer sem saber porque faria,

Naquela hora, eu não importava ou bastava,


Havia a possibilidade e ele gostava da aventura,

Eu já pertencia ao conquistado, sem o sabor da novidade,

Minha voz entendeu o recado se recusou a emergir,

Há pouco ele havia me beijado, agora eu perdia a tenacidade,


Cada detalhe gravado em mim,

Se algum dia alguém esquece uma traição eu não iria,

Fechei os olhos, confesso, por pouco tempo,

O bastante para ouvir tudo o que não queria,


O suficiente para ver o que meus olhos se recusaram,

Senti um pulsar um pouco mais forte e des-ritmado,

Jurei que nunca iria perdoar em caixa alta,

Assim que algo dentro de mim virou não mais que estilhaços,


Meu coração foi jogado contra uma parede fria,

Vi as poucas promessas que fiz se romperem aos pedaços,

Desejei seu abraço, apenas esta vez e não outra.

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