Está claro que me apaixonei,
Como poderia negar,
Se aqui estou a esperar feito louca,
A repensar mil vezes o beijo,
A abraçar-me como se o tivesse comigo,
Não, não seria capaz de esquecer,
E, também, que ele não o seja,
Sinto um rubor percorrer a pele,
Um calor feito o afago com que me acaricia,
Olhar com ternura para a guilhotina,
Pareceria ilusão dizer outra coisa,
Mas, a segundos do seu abraço e perdi a cabeça.
Sem razão, alma ou coração,
Apenas o senti como jamais acreditei que faria,
Sorvi cada beijo com sofreguidão desmedida,
Entregue ao sentimento que me consumia,
Já não me posso definir -
minha,
A tão pouco tempo e tão dele,
Já me vejo a colher flores no caminho
E imaginá-lo em cada horizonte,
Nem mesmo os dias são tão belos,
Há sempre uma falta,
E quando a busco, vejo: ele!
Vontade de virar o rosto para todo o resto,
Sinto como se não contemplasse mais ninguém,
Em cada rosto pelo caminho,
Em cada passo que percorro,
O vejo, o busco, o quero – nenhum outro,
Como me sinto tola e tão feliz,
Não teria como definir como me sinto,
Mas, as vezes, me indago: será que pensa em mim?
Me pego a busca-lo, de novo,
Logo eu, que nem parei de procura-lo...
Nem um só rosto escapa de imaginá-lo,
Basta respirar o ar que me acorda a cada dia
Para busca-lo,
Amo-o tanto, que beira ao insensato,
Óh, século de amar, seu desatinado,
Não pensa em mim como penso em seu beijo...
As vezes, quero que passe o tempo
Como quando estou ao seu lado,
Mas não, longe dele o tempo corre para trás,
Nuvens escuras e espessas veem e vão,
E meu coração que não pulsa,
Apenas o busca em cada rosto da multidão,
Fogo vai adiante do tempo e a tudo devora,
Devorasse a distância como faz com a palha,
Levasse embora o tempo,
Como faz com este lampejo de vento,
Mas não, não o faz,
Só sabe me deixar a esperar,
Relâmpagos iluminam o mundo,
Mas, dentro de mim tudo está claro,
A terra os vê e estremece,
Em mim nada muda esta saudade,
Os montes arrepiam e se derretem,
Em mim nada, nem lágrimas ou preces,
Diante do que é soberano não resta nada,
Nem ao menos dúvidas,
A luz que nasce sobre os justos
Também nasce sobre o rosto dos ímpios,
Cá estou a contar o tempo e ver as horas,
A luz é semeada,
O amor é algo pelo qual se espera...
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