A saudade perde a importância
E se torna desnecessária,
Ante a insistência da lembrança,
O que dê 'falta estar ao meu lado',
É abandonado para trás,
Importa apenas os momentos vividos,
Os sonhos que ainda brilham no olhar,
E os planos de reencontrar o amor,
E viver sem estar perto deixa de ser o fim do mundo,
Preferir traçar um caminho solitário,
A esperar o retorno do beijo demorado,
Daquele abraçar que parecia ensaiado,
É o que possui mais importância de todo o resto,
O fato é que é o fim da nostalgia da saudade,
Não possui em nada o acariciar da lágrima
A percorrer o rubor da face,
Somente os momentos vívidos na memória,
A alegria de um dia ter encontrado o amor,
Estava a um soluço,
Agora abandonou isto ao passado,
O amor produz esses sentimentos,
A capacidade de focar no que é de mais importante,
Disso a saudade não entende,
Se torna fútil discutir com a lembrança,
Querer fazer do que houve o presente,
As vezes, perde a vantagem:
A de ter simplesmente existido,
Ah, justo é o céu,
Que possui as nuvens para encanto,
E as estrelas para ofuscar seu pranto,
O amor ainda pode gabar-se de ter existido,
Fosse apenas a saudade a buscar,
Não precisaria ter havido o amor,
Nada disso, bastaria apenas a história,
Outras coisas também pedem para retornar,
Mas, quando é amor, é diferente,
O Sol é bom e seu calor aquece,
Não como o abraço de quem se ama,
Nem tão pouco quanto o simples viver,
O amor fidedigno permanece,
A alma, o coração, a razão todas o chamam,
Ele faz do viver algo com integridade,
Faz tudo tão único que outro não corresponde,
E permanece bem mais que a saudade,
A saudade só faz lembrar,
Existe apenas para aquele desalento,
De: vivi, mas não o tenho mais comigo!
O amor a contrário, diz:
Que bom, poder viver e ainda senti-lo,
Quando a saudade vem ao encontro?
Todos sabem: a boca fala,
O abraço procura, o coração lamenta,
Quando é o amor quem vem?
Ninguém dúvida, pois quando é amor,
Não há distância, ele chega e faz moradia,
Não cobra por sentir,
Sua existência é indiferente ao repetir,
Esvaem-se os dias da saudade feito fumaça,
Chegam ao céu e formam nuvens densas,
O olhar de quem procura no horizonte
Queima em brasa viva,
Já o amor é semelhante à relva,
Está próximo, e nunca se afasta,
Diferente da nuvem que acompanha o vento,
E quando se dá por conta,
Nem é capaz de medir o que houve,
Simplesmente cavalga sobre a memória fresca,
Segue o clarão de sonhos servis,
Incapaz de se sustentar por muito tempo,
Precisa se repetir para saber: existi!
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