sábado, 10 de setembro de 2022

Moça Saudosa

 

Mas o primeiro beijo que houve,

Não bastou,

Os motivos, eu posso enumerar,

Mas, quer a verdade?


Paixão, amor, sei lá,

Chame-o como quiser,

Deixo a seu critério a definição,

Mas, após o primeiro,


Eu quis outro e mais outro,

Só que, um tanto, com mais paixão,

Olhei nos olhos dele e sonhei,

Foi o que houve.


Data alguns anos que não o vejo, porém.

Deve, necessariamente, tratar-se da quantidade,

Foi pouco, entendo bem,

Não se pode improvisar uma vida em segundos,


Entendi este fato com ele,

Se colocarmos do ponto de vista: o amei!

Sim, aquele que vivemos foi o bastante,

Mas, falar-se de uma vida inteira...


Deixo-os guardados, comigo,

Quanto a ele me amar,

Creio que com o que digo fica bem entendido,

Foi sem reservas,


Sim, dentro de mim, foi muito mais que revolução,

Devastou pontos de vista criados,

Foi por terra tudo que não era afeição,

Quais as qualidades de viver em perigo?


Ganhei com isso, um bom sonho vivido,

Se me arrependo? Nem tanto,

Se o procuro ainda?

Bem, não ando às cegas, admito.


Ele tinha os olhos de um revolucionário,

Os meus estavam mais para um visionário,

Ele acreditava e eu mais ainda.

Participamos juntos de uma revolução interna,


Só que a minha mexeu com as estruturas,

As deles, foram mais à deriva;

Se o amor se originou dentro de mim, apenas?

Pode ser, até me convém que seja...


Que eu tenha colocado as mãos nele...

Sim, ambiciono que minha marca tenha ficado,

Viver de momentos sem deixar vestígios,

É superficial demais para mim,


Que eu tenha me comprometido com algo,

Também dentro dele,

E que isto tenha ficado ilustrado nele,

Dentro de nós dois, também.


Que sorte tenho em saber manejar

Da espada, ao machado, facão, foice...

Saber manejar o coração é o que dá valia.

Quais as qualidades de amar?


Ser aceita, respeitada, desejada: não ser esquecida!

Ele deve ser racional com o que houve,

Creio eu que até hoje.

Negar-me ou rejeitar-me não convém aos fatos.


Isto é ser revolucionária até à distância,

Causar comoção, mexer com sentimentos antigos,

E após o adeus ainda ser amada,

A vida deve compor-se de passado e histórias...


Que vale daquele que não tem o que contar?

Mas, quanto ao beijo?

Ah, o beijo verdadeiro deve ser aceito...

E desejado, profunda e apaixonadamente.


Deve ser composto de futuro e um tanto de...

De... bom, simpatia, posso dizer.

Diz o escritor consagrado:

Casais assemelham-se às figueiras da índia,


Em que cada ramo que curva-se,

Recusa-se a morte e torna-se nova planta,

Porque amor não morre,

Cada ramo é nova dinastia,


Nova chance ao amor que houve,

De que há de viver o homem senão em amor?

Miserável é aquele que não entende.



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