sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Sem Distância A Separar-nos

 


Confesso que sempre acreditei que a luz do sol queimava,

Até o dia em que fui tocada pela fagulha da luz do seu olhar,

De lá onde eu estava isso foi suficiente para me despertar,

Sentada sob a sombra, cabeça baixa, logo o senti se aproximar,

Engoli as lágrimas, senti-as emudecidas feito um nó na garganta,

Outrora perdida a vagar por entre as calçadas escorregadias,

 

Senti o nó se desamarrar como se fosse um laço de fita de seda,

Não precisei mais do que o seu olhar para afrouxar as amarras,

Embora parecesse arriscado era o suficiente para aquela hora,

Entregar minha alma e sonhos servidos em uma bandeja bastaria,

É certo que nunca fui dada a segredos, mas pela primeira vez,

Parecia que algo havia valido a pena, todo os sonhos entregues,

 

Tudo em que havia acreditado até então parecia ter encontrado razão,

Algo forte tomava minha emoção com uma força que ganhava o coração,

Acho que fagulha seria uma palavra amena para tudo que via em seu olhar,

Acreditei nisso assim que o vi se aproximar com seu porte másculo e sóbrio,

Sabe aquele tipo de homem autocrata que parece ter domínio sobre o que faz?

Bem diferente do tipo manipulador que te deixa vulnerável para se sobrepor,

 

Ele era mais daqueles que marcham ao seu encontro, de olhos abertos,

Diferente daqueles que usam os seus segredos para artimanhas de conquistas,

Era mais para o tipo de homem que você deseja integrar ao seu mundo,

Que você deseja dividir muito mais que uma noite, mas uma vida inteira,

Quando meu olhar encontrou o dele o brilho em seus olhos embora intenso,

Não fazia jus para todo o encanto que ele possuía, entre sua nobreza e beleza,

 

O sorriso que invadia a sua boca poderia ser definido como tentador,

Comparada a doçura da sua alma que refletia em seu semblante convidativo,

Altivo, inteligente, tão transparente que a ausência de cabelos não era notada,

Fazia parte do seu charme dava um toque sutil as suas formas fartas,

Naquela hora me senti demasiada humana, lábios trêmulos e inseguros,

Ele havia me percebido por entre tantas pessoas e vinha para o meu lado,

 

Seus braços fortes jogados ao lado do corpo de forma enfática,

Cada gesto seu parecia calculado, a cena transcorria tão perfeita,

Que só faltava ele ter consigo uma jaqueta para me alcançar,

Uma onda de calor se aproximava conforme ele vinha, eu sorria,

Tudo ao redor parecia tão brilhante que o mais parecia se apagar,

Eu sentia que mesmo a dor mais sombria não resistiria ao seu olhar,

 

Sabe aquele rapaz que transforma o seu redor, com batidas frenéticas,

Como se ele houvesse ensaiado cada pulsar do meu peito apaixonado,

Encolhi os ombros, ele sorriu em resposta parecia conhecer minha pergunta,

Aquela que por impulso eu senti brilhar feito um relâmpago entre nós,

Percebi que aquela coisa de para sempre sozinha seria mandada embora,

Mesmo antes de sua mão se estender para mim em cumprimento,

 

Mão suada e convidativa, grande e suave, eu parecia conhece-la,

Minha mão tremula ficou pequena e frágil parecia gostar disso,

Eu já não seria mais aquela garota independente que vagava sozinha,

Meu mundo de aparências havia se dissipado diante dos meus olhos,

E ele parecia o homem ideal para eu ter para sempre em minha vida,

O amor chegou naquele primeiro instante, para mim, pelo menos,

 

O sorriso dele contornava seus traços fortes de forma suave,

Meu coração pulsava em alerta, aquela mão estendida me arrepiava a pele,

Ele falou e sua voz era rouca e macia, soava em mim com efeito de carícia,

Eu toquei sua mão da mesma forma que ele havia tocado em meu coração,

Segura, profunda e convidativa, olhei para o fundo do seu olhar, tremula,

Desejei que ele interpretasse o que eu sentia e que sentisse a sofreguidão

 

Pulsante em cada parte minha, - tão lindo - , pensei comigo indistinta,

Tive certeza que meu semblante denunciava minha emoção irrefreada,

Tentei não me incomodar com o fato, quando a emoção é tamanha

Não há mesmo nenhuma forma de escondê-la, mordisquei minha boca,

Sentindo sua mão apertar a minha, desejei um instante do seu abraço,

Ao me colocar em pé, me esforcei para uma tentativa inusitada,

 

Puxei sua mão, mas ele parecia estar preparado para o ato arriscado,

Continuou imóvel e ereto, apenas um sorriso brilhou em seus lábios,

Trouxe sua mão para junto do meu peito, o que eu sentia não era segredo,

Ele pareceu assustado com o movimento, mas não repeliu a atitude,

Ao contrário, vi seu semblante se suavizar e irradiar algo diferente,

Me aproximei com o coração aos saltos, eu tinha certeza que ele o ouvia,

 

Mais que isso, poderia vê-lo pulsar sobre minha blusa vermelha,

Com um passo em sua direção encurtei a distância entre nós,

Até não restar nada que impedisse o beijo sedento que eu desejava,

Podia sentir o cheiro do seu hálito, o calor que percorria seu corpo,

Me recostei até senti-lo por inteiro percorrendo minha pele fria,

Ansiei pelo seu toque, agora não havia outra distância entre nós,

 

Nada que impedisse nossas bocas de encontrarem-se uma na outra.

Ferida Aberta


Eu o amei com toda a minha alma,

No entanto, não precisei mais de um segundo

Para esquecer cada carícia provada,

Um segundo a vagar por seus sentimentos

E percebi o quanto era vazio tudo em que acreditava,

Assim que me vi presa em seu abraço apertado,

 

Desejei esvair-me até fugir na escuridão lá embaixo,

A escuridão onde outrora eu acreditei haver amor,

Tentei procurar em seu olhar algo em que pudesse acreditar,

Mas não havia nada, nem uma das promessas em que me apegar,

A cada beijo em que ele sugava minha boca com ferocidade,

Sentia esvair o ar que havia em mim e voltar-se contra a minha face,

 

Nele não havia coração algum apenas um vazio profundo,

Que parecia me tragar para aquele espaço sombrio e gélido,

Me fazendo vagar de olhos fechados, entende meu pânico?

Agarrei-me ao que restava de sentimento em minha alma,

Desejei salva-lo daquele egoísmo no qual tragava a todos,

Até que em um pequeno deslize seu, eu pudesse me soltar,

E fugir para algum lugar em que pudesse me livrar dos seus olhos,

 

Naquele instante em que me agarrou com toda a sua força,

Não foi ele quem chorou ou gritou, ao contrário disso,

Ainda posso ouvir seu riso a ecoar entre minhas lembranças,

Nada além de uma sensação de prepotência tomou seu rosto,

Orgulho restabelecido, enquanto eu ficava imóvel naquela cama,

Mesmo a minha fala, pranto ou gestos nada parecia afetá-lo,

 

Ele estava distante abrigado em uma confiança que eu não entendia,

Poderia definir como força bruta, afinal eu não passava de sua presa,

Tive a impressão de que o mundo me via sofrer e fechava as vistas,

Parecia que me faltariam lágrimas para expressar dor tão profunda,

Me vi sangrar em um submundo em que nunca pensei ser ferida,

A sujeira de uma vida esvaiu e vinha embebida em sangue no olhar,

 

Fechei meus olhos queria sumir daquele lugar, mas estava exposta,

Presa indefesa, ferida e afugentada nem minhas lágrimas bastariam,

Contive-as a todo custo, não queria demonstrar tudo que havia acontecido,

Mas meu coração gritava alto demais para ser contido,

Um cheiro diferente exalava em minha pele, eu não era mais a mesma,

Talvez algum dia parasse de doer, mas quando pareceu parar de sangrar,

 

Assim que eu estendi minha mão para afagar seu rosto pétreo,

Buscando me aproximar, qualquer coisa que me livrasse daquilo,

Ele me inundou com sua esperança submersa,

E eu que estava absorta cheia de tudo aquilo que me afogava,

Me vi em chaga aberta, me senti afastar de mim mesma,

Senti que algo escorria me deixando de pernas bambas,

 

Trôpega até aquela hora, vazia a partir de agora,

Tentava conter a vergonha, os sonhos que escorriam na cara,

Jogados contra mim de uma forma que eu não esqueceria,

Tomados em doses comprimidas em promessas vazias,

Tudo isso em menos de um segundo,

Nesse meio tempo eu tentava ignorar a dor,

 

O desejo de um corpo sem alma agora virava remédio,

Não importava o que eu sentia ou pensava sobre aquilo,

Para as promessas de quem procurava o amor,

Pequenas doses de culpa engolidas até o fundo da garganta,

De forma que se espalhassem por todo o corpo,

Até tocar o coração e escorrer por meio das minhas veias,

 

Deus quisesse que evitassem minha alma, eu quis acreditar,

Ingenuidade minha, ela havia sido a primeira a cair na armadilha,

Eu não me pertencia mais, não passava de marionete em suas ideias,

Senti que a fagulha do amor se partia mais depressa que imaginei algum dia,

As nuvens tomavam a lua, escondiam meus sonhos, agora tudo era noite escura,

Minhas palavras não tinham mais valia, parecia não restar nada mais em que acreditar,

 

Um sinal de alarme ressoava em todo o meu redor, eu estava exposta,

Vítima de tudo que acreditava e pelo qual havia querido lutar,

Eu desejei levantar o rosto e ver meu reflexo no espelho retrovisor do carro,

Esperei um pouco, tive medo do que poderia encontrar refletido,

No banco do carona, não passava de uma passageira em minha própria vida,

Não me habilitei a dirigir, já não acreditava mais em mim mesma,

 

Desejei que o sol se escondesse depressa, preferi a noite escura,

Lá eu poderia evitar me olhar, evitar ver no que havia me transformado,

Em um segundo de descuido e eu poderia querer visitar minha alma,

Escondida em algum vazio do meu olhar, temia avistar meu espírito,

Sabe aquele instante em que você rejeita a si própria?

Quando até mesmo o seu semblante foge para outro destino?

 

Embora não sangrasse feito uma ferida, eu sentia doer na alma,

Algo escorria de dentro para fora, mas eu não tinha nada para falar,

Aguentava calada, não sentia dor alguma - repetia para mim mesma - ,

Mesmo vendo minha dor sangrar feito ferida aberta, esvaída das juras,

O que outrora era natural agora eu mesma repelia, rejeitava a rejeitada,

Desta vez, não haveria remédio que trouxesse cura para a minha alma,

Evitava a todo custo olhar para cima, tinha medo do que poderia encontrar,

E se alguém me visse sangrar? Rejeitei a ideia - Não sinto dor alguma.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Olhos Altivos, Sinceros, Atentos... e Opostos


Ela passou ambas as mãos por entre os cabelos em atitude dramática,

Olhos encharcados de lágrimas, coração cambaleante,

Pernas bambas, sôfrega, ela sofria e não sabia mais disfarçar,

Tentava de todas as formas se esquivar, seguir adiante,

Mas era como se sempre algo se colocasse em seu caminho,

Um sujeito que se definia homem, ele tinha um nome,

Mas ela preferia defini-lo por um número, seria o último...

 

Sabe aquele soldado que marcha na contramão dos seus sentimentos,

Aquele que acha que pode ferir com uma mão e acariciar com a outra?

Pois bem, ela havia cansado desse sentimento falso,

Agora havia baixado a guarda e empunhado uma espada,

Suas mãos cansadas pelo trabalho árduo,

Agora haviam tirado as luvas, o tocaria no rosto com suas mãos nuas,

Porém, ele nunca mais voltaria a ser o mesmo,

 

Se ele feria usando a força ela o feriria da mesma forma, porém com carícias,

Quem foi que disse que uma mulher precisa se despir da feminilidade

Para alcançar os fins que deseja para si mesma?

Principalmente quando este fim imediato é a sua própria segurança?

Quem foi que disse que sua voz precisa ecoar em espaços vazios

Entre prantos e angústia para que ela finalmente seja ouvida?

Usaria o cérebro, calçaria um salto alto, seguiria ereta por seu caminho,

 

Se entre os vãos do destino fosse necessário descalçar o salto,

Que não fosse por muito tempo, apenas pelo suficiente

Para furar o pneu do carro dele, quebrar o espelho em que via-se refletido,

Aquela imagem que ele criou e que só existia para si mesmo,

Perfurar o vidro do carro para com um sopro fazê-lo em estilhaços,

Mas um pouco antes disso, ou no espaço por entre esses atos,

Crava-lo em meio a sua testa, abandonando-o naquele banco: ferido,

 

Talvez, fugisse de lá descalça, acreditaria que ao final de tudo isso,

Já teria ocupado os dois saltos e talvez os teria estragado,

Um ficaria cravado nele, um pouco acima de onde a feria,

O outro, entre as quebraduras do carro, em meio aos estilhaços,

Quando tudo estoura dentro de um ser humano,

A gente se sente bem pondo o sentimento para fora,

Ela sentia-se ferida, de alma nua havia se entregado,

Mesmo assim, ousou machuca-la, abusar do que sentia,

 

Ela que procurava manter-se o melhor que podia,

Agora via-se diminuída e insegura,

De olhos baixos buscando conter as lágrimas,

Dor a qual ele não sentia, muito menos entenderia,

Apegava-se a desculpas vazias para esvazia-la de si mesma,

Sua dor parecia preencher seu ego machista,

Ela exasperava a voz, aos prantos: não era ouvida,

 

Na frente dela ele fingia assentir com a cabeça,

Apenas em gestos para que não houvessem testemunhas,

Como se temesse ser ouvido e com isso estar comprometido,

Mas seus olhos, sempre estava muito distantes dela,

Em algum lugar muito alto onde nunca poderia alcançar,

Como se acreditasse ser dono do destino dela, o forjando,

Ele fingia uma seriedade sobre os assuntos que ela falava,

Porém, não reagia em acordo ao que ela dizia e sentia,

 

A aproximava de uma forma, a rejeitava de outras,

Como se ela não tivesse vida, fosse uma boneca de pano,

A qual se cansa de decorar a casa e passa a secar o suor do rosto,

Jogada na lama, diminuída até sentir-se um nada,

Sem direito a contar com um nome ou uma boa honra,

Não passava de: a usada da forma que lhe convinha,

Ela suspirava, sem saber como reagir a tudo que via,

Erguia a cabeça e o encarava, procurava-o no fundo da alma,

 

Que diferença faria isso agora? Agora que ela havia perdido as respostas,

Agora que se sentia feito a cachorrinha que a dondoca se cansou

E jogou para fora, exposta a tudo que viesse contra ela,

Sozinha, sem direito a uma fala que fosse ouvida,

Chorosa, por entre os cantos das sobras em que foi colocada,

Testa franzida pelo tempo que passou tão depressa,

Ou pela ausência do sorriso tão encantador de outrora?

 

Tentava se apegar a algo, precisava raciocinar, manter as ideias no lugar,

Talvez precisasse pedir ajuda, mas quem poderia abriga-la, justo agora?

Ele descontava nela as ausências de si mesmo,

Era vazio, mas apenas por isso precisava esvazia-la?

Ela não entendia muito sobre muita coisa,

Mas acreditava que merecia mais que isso,

Promessas em falso não sustentam corações apaixonados,

 

Ele ofereceu amizade, ela precisava disso, então aceitou,

Mas em nenhum instante no caminho ele deixou de olhar para o lado,

Mesmo junto a ela, o seu redor sempre pareceu mais importante,

Principalmente no que tange as moças que passavam na calçada,

Se ela era melhor que as outras, isso ele nunca soube demonstrar,

Ao contrário, sempre a fez acreditar que ela era pequena demais,

No entanto, ela forjou um sorriso largo e estendeu a mão,

Se ele desejava sua amizade, ela aceitaria, por que não?

 

Não sabia ela, em que enrascada estava se colocando,

Mas talvez, sabendo, não tivesse escolha, a intenção dele era outra,

Sempre foi, diminuí-la com atitudes infundadas, até não restar nada dela,

Ela tentou se esquivar, se colocar de lado, com um sorriso torto,

Ele fingiu não a entender, recusou-se a cuidar dela, a protege-la,

Mas nunca se cansou de feri-la de todas as formas que encontrou no caminho,

Não tivesse a força de uma pedra nos punhos a apedrejaria,

 

Mas, como de fato o tinha, não levou mais que uma mão aberta em sua cara,

E com a ajuda de alguns vizinhos, ele fingiu não poder evitar o resto,

Ele podia ter todas as intenções com relação a ela, mas nenhuma era amar,

Os dedos que se prendiam entre os dela, agora estavam estampados em seu rosto,

A força que a fez aceitar sua aproximação jurando proteção,

Agora feriam-na, rasgavam sua emoção até afugentá-la do próprio coração,

Havia um código secreto vagando pelos cantos daquela cidade,

Feri-la até que ele viesse em seu cavalo branco resplandecente,

 

Ela deveria espera-lo? Em uma tentativa inútil de indagação,

Ele recusou ajuda, dizendo-lhe expressamente que não,

“Você pode cuidar disso sozinha mocinha, você é esperta,

Eu tenho outras ideias, em nenhuma você se encaixa”,

Então, havia alguma ideia pairando naquela cabeça vazia?

Os olhos dela se colocaram fixos na direção do destino,

Olhos altivos, sinceros e atentos... e opostos.

Um Dia de Salto Alto, Ou 2

De olhos fechados para o amor e abertos para o futuro,

Parecia ser a atitude ideal para seguir seus objetivos,

Desenhar um destino diferente daquele desajeitado,

Aquele qual, alguns seguem e ao final arrependem-se,

Pondo a culpa em desígnios ocultos e erros indesejados,

Olhos fechados para um plano que foque em um futuro planejado,

 

Vivem apenas o hoje como se não houvesse um dia após o outro,

Uma pessoa pode passar a vida toda vivendo de qualquer forma,

Sem refletir sobre o destino em que acredita para si mesma,

Acreditar estar feliz sem colocar medida para as consequências,

E ao final, venha o que vier tem a pesar sobre si duas alternativas,

A primeira é ser feliz com o que alcançou, está é a mais adequada,

 

O problema circunda a segunda: martirizar-se pelo caminho escolhido,

Acreditar que os frutos do vizinho são melhores ou mais saborosos,

Que o destino foi mais benéfico com relação aos planos do outro,

Essa é uma coisa temida sobre a qual deveria ser repensada,

Cravar uma estaca sobre o peito funciona bem nos filmes românticos,

Estagnar o amor como se ele não existisse e viver a esmo

 

É a alternativa mais adequada para aqueles filmes com final feliz,

Aquele em que o mocinho sempre salva a princesa a qualquer custo,

Aquele em que o rapaz não engravida a mocinha e a abandona,

Não à força a viver uma vida indesejada a fazer nada que não queira,

Aquele em que eles se olham à primeira vista e passam o filme inteiro

A conquistar o amor um do outro, uma espécie de competição

 

Para ver quem é mais capaz de conquistar o cobiçado coração,

Lá a mocinha nunca é feia e o rapaz nunca é o conquistado,

Apenas ao homem é dado o direito de se apaixonar ao primeiro olhar,

Para depois seguir todo o roteiro com destino ao amor do primeiro capítulo,

A moça sempre se faz de difícil, mas não trata-se de um joguinho,

É o roteiro escrito desde os primórdios e que funciona até hoje nas telas,

 

O homem sempre enfrenta os maiores problemas, sempre é o mais bonito,

Sempre precisa cumprir com o rigor de masculinidade forjada,

O definem como dominador, o bom atirador, o bom nos punhos,

O bom em o que for, nunca pode ser a moça a conquistar,

A morrer no fim da trama, é como se toda a textura discorrida

Valesse chegar ao final para ganhar o cobiçado beijo da moça,

 

Nunca nenhum apaixonado desiste no percurso,

Ou desvia-se para o lado definido como malfeitor,

Nem mesmo a moça decide nunca ser conquistada,

Mas alguém realmente acha que é possível viver sem amor?

Ela encolheu os ombros, ergueu os olhos e seguiu o caminho,

Tinha algumas esquinas a percorrer até chegar ao trabalho,

 

Gostava de caminhar um pouco para ver o tráfego,

Por isso, deixou o carro um pouco antes do destino desejado,

Havia comprado saltos novos, sentia vontade de mostra-los,

Se tem uma coisa a qual foi feita para a mulher forte,

É o salto alto vermelho, o que cai bem com a minissaia preta,

Aquele que apenas as chefes podem usar sem serem recriminadas,

 

Com o qual poucas conseguem se estabilizar em um caminho longo,

Ou posicionar sobre os pedais de um carro esportivo,

Seguir a passos bem definidos, segura por seu corpo esbelto,

Consciente de ser alvo de todos os olhares cobiçosos,

Segura por desejar algo maior de que ser apenas mais um corpo,

Dizem que um diploma pendurado na parede não faz diferença,

 

Mas para ela sempre fez, a colocou no status que ela desejava,

A fez alcançar o emprego que desejou para si mesma,

A líder de si mesma e de muitas pessoas ao seu redor,

Não se considerava uma pessoa que seguia padrões definidos,

Embora, não fugisse deles por completo, não estava arredia do mundo,

Pequenos percalços na calçada mal feita riscavam o salto,

 

Mas ela os ignorava e seguia seu rumo,

Gostava de sentir o vento sobre os seus cabelos lisos,

De perceber por si própria que mesmo tendo passado longe dos trinta,

Ainda era tão encantadora aos olhos de todos como outrora,

Conquanto não desejava ser alvo de cobiça, também não o repelia,

Apenas preferia reagir de forma distinta, mantendo a cautela,

 

Um sorriso, um olhar ou um gesto educado era o que alcançavam dela,

E quem desejasse ser algo mais teria que esforçar-se,

Apesar de manter certa distância ela não fugia de ser romântica,

Apenas não se considerava uma pessoa fácil de ser conquistada,

Mas, com um sorriso resplandecente ao sol da manhã de outono,

Dispersa sob a brisa do frescor dos frutos a conquistar seu olfato,

 

Uma fisgada na barriga a levou para baixo, com uma dor aguda,

Dois dias, nesta mesma hora, ela usava uma minissaia branca,

Logo que seu cabelo cobriu o rosto na metade do caminho,

Um vestígio de sangue molhou a saia, estava menstruada,

Sentiu um rubor tomar a face, e três gotas de suor percorrer o rosto,

Levantou os olhos, colocou o cabelo atrás da orelha,

 

Mordeu o lábio, viu que um rapaz a olhava um pouco a frente, no caminho,

Respondeu com um sorriso tímido, o rapaz enrubesceu mais que ela,

Reconheceu o problema, com um aceno pediu que ela ficasse onde estava,

Ele resolveria o problema, ela permitiu ao cabelo cair sobre o rosto,

Sentiu alguns fios grudarem nos lábios molhados, enrubesceu distraída,

Realmente há momentos em que o destino nos põe em uma encruzilhada,

 

Se ela havia se colocado em uma encrenca por esquecer o absorvente,

Imagina a situação em que se colocaria o rapaz por ir compra-lo,

Logo, os homens que sempre se colocam em posição prepotente,

Pensou ela, com um sorriso entre o inseguro e o comovido,

Imaginou em sua cabeça a cena se construindo a sua frente,

O rapaz entrando na farmácia escolhendo algo sem conhecer,

 

Sem nem ao menos saber qual era a sua preferência,

Ela baixou o olhar para a minissaia branca,

Tentava imaginar o que se desenrolaria,

Uma gargalhada solta saiu da sua boca... algo mudou dentro dela.





 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Prazer, A Imperdoável

 


Sentei-me na grama, apenas desejava refletir um pouco,

Apesar de ser dia as nuvens colocaram o sol nas sombras,

Não havia nenhuma abertura em que pudesse escapar,

Mas, eu sabia que em alguma hora ele sairia para fora,

Eu havia tentado de todas as formas enganar o passado,

Mas as lembranças ousavam me tocar a todo momento,

 

Me pegando desprevenida, me jogando no inseguro,

Pudesse eu, teria fugido naquele momento,

Evitado a todo o custo os erros do passado,

Ergui os joelhos e abaixei a cabeça sobre eles,

Queria pôr as ideias em ordem para seguir adiante,

Meu coração sentia comigo toda a dor que havia em mim,

 

E pulsava forte como se quisesse gritar a dor intolerável,

Seriam os demais isentos de erros a ponto de julgar-me?

A imperdoável, a eterna condenada por erros cometidos,

Por qualquer um e por todos, haveria isenção quanto a isso?

Sendo os erros, embora errôneos, compreensivos,

Por que, então eu deveria me apegar tanto?

 

Seria eu a imperdoável por que agora as coisas mudavam de prisma?

Me prenderia as mesmas algemas mesmo sabendo que haviam apodrecido,

E embora não fossem tão fortes para me conter, permitiria a ferrugem me corroer?

Seria mesmo tão tola a ponto de me permitir ferir devido às lembranças?

Acreditaria então, que agora, por estar madura poderia condena-las ao esquecimento?

O vento de outrora ainda batia na minha porta, não haveria como escapar,

 

Mesmo aqui fora ainda presa a esta falsa liberdade de aprisionar a mim mesma,

Estaria, dessa forma, agindo da maneira mais adequada?

A imperdoável, a que nunca muda de ideia, aquela que não tolera erros,

Por acaso o perfeccionismo de hoje me faz maior do que eu de outros tempos?

A dominadora que treme de medo de dominar a si mesma,

Estremece a ideia de perder a chave das algemas com as quais se aprisiona,

 

Nem ousa possuir uma cópia das chaves por medo de cair em mãos erradas,

Seria eu, então, a pessoa tão certa? Teriam encontrado todas as respostas,

Então, algum dia me permiti cair em contradição,

Se encontrei as respostas foi porque um dia também estive em dúvida,

Não sendo a detentora de todo o conhecimento por que não poderia errar, então?

Colocar uma máscara para cobrir minhas feridas me isenta da dor outrora sentida?

 

Ferir-me a cada dia apenas para me ver sangrar me faz mais merecedora?

Apegar-me ao passado para afugentar-se de viver me faz o quê?

Prazer a imperdoável, aquela que nem é capaz de perdoar a si mesma,

Aquela que condena a si e aos outros por medo de errar outra vez,

Então, não vivo, não cometo erros,

Sou a distância entre o que acredito e o que vivi em meu passado,

 

A mulher acorrentada as lembranças,

Eu sorrio como se tudo estivesse condenado lá atrás,

Mas, então, ninguém vê a bagagem que carrego comigo?

Os músculos fortalecidos em meus braços não denunciam o peso que carrego?

Minhas pernas torneadas não entregam todo o caminho percorrido?

Os calos que me ferem e assolam não denunciam os passos dados?

 

Viver presa no chão em que piso não entrega o vazio que tento encobrir?

Este sorriso vago em meu rosto não denuncia minha dor ao sorrir?

Que dor? Aquela que carrego comigo pelo prazer de estar acorrentada?

Ferida por minhas próprias ideias, presa a crenças alheias de inferioridade falsa,

Aquela em que me coloco menor que os outros por medo da condena,

Se estou a condenar a mim mesma, então, não estou a errar até o tempo de agora?

 

Caída no vazio do qual tentava fugir a todo custo,

Presa aos erros que tentava esconder e que não eram diferentes dos de ninguém,

Desejar voltar atrás, repensar meus passos, só para depois puxar-me de volta?

Não seria mais sábio refletir sobre os passos que me levariam adiante?

Sem portar minha cara de culpa, como se fosse a detentora de todos os erros,

Se meus erros eram diferentes ou não, por que eu deveria me apegar a eles?

 

Seria eu tão incapaz de traçar um caminho diferente?

Tão volúvel a ponto de me permitir cair sempre que os outros desejassem?

Seria estupidez perder a vida presa em qualquer vazio que fosse,

Mas se eu já não tinha nada em que me apegar, como reagiria?

Claro, havendo algemado a mim mesma que escapatória eu teria?

Já era difícil ver minhas incertezas estampadas no sol diurno,

 

Deveria, então, vagar ereta presa a erros condenados a insignificância?

É certo que permitir as minhas pernas bambearem não me fazia melhor,

Mas me tornava humana a ponto de soltar as algemas e me permitir andar.


O Vento E Uma Lembrança


O vento soprou contra o meu rosto,

Fechei os olhos tentando manter o foco,

Mas um sorriso ganhou meus lábios secos,

Passei a língua desejei a todo custo apagar o gosto,

Mas, algo me fez embaçar meu pensamento,

Não consegui conter as lembranças de outrora,

Abaixei a cabeça para dentro de mim mesma,

Um coração pulsou forte nesta hora, era o meu,

 

Meu coração batia incessante, quisera gritar algo,

Esboçar o que sentia escapar por entre meus dedos,

A memória dos seus cabelos negros encaracolados,

A maciez que ainda se presenciava em cada afago,

Um calor percorria a estremecer meu corpo,

Uma lembrança me tomava de mim e levava para outro lugar,

Outra história, outros tempos, esquecido para os outros,

Mas jamais apagado dentro de tudo que eu sentia,

 

Algo me guiava ao meu primeiro encontro,

Um beijo tocava meus lábios vagaroso e fugaz,

Do tipo que te intimida e te faz desejar nunca mais repetir,

Até que certo dia, certos olhos te despertam outra vez,

Desta vez mais intenso e mais ousado, com aquele quê de não resistir,

O amor que parecia tão intimidador, agora estava predatório,

Do tipo que rasga a roupagem da alma, deixando-a nua,

Faz cair em ruínas todo aquele medo do inseguro,

 

Quebra as muralhas nas carícias em que desliza até a alma,

De repente o foco já não está em si mesma, mas no outro,

Neste instante não há falhas nem limites, tudo é permitido,

Fiquei em pé, em silêncio tentei abafar a reides do vento,

Eu não queria me permitir viajar no tempo e traguear as lembranças,

Sabe quando um amor já começa errado, quando só o que se quer é esquecer,

Evitar a todo custo, embora no meu caso não tenha sido dessa forma,

Eu não tinha todas as respostas comigo naquele instante,

 

Nesta hora, pensei em tantas coisas das quais não tinha conhecimento,

As quais, de fato, nunca me importei tanto, mas agora pareciam vir à tona,

Tomar-me pela mão até me afastar dos meus próprios sentimentos,

Não era a primeira vez que as lembranças vinham me tocar,

Mesmo nunca tendo tentado afastá-las, não significava que não sofria,

Por dentro me sentia sangrar, esvair até ver-me escorada em uma muralha,

Uma muralha de pedra que eu mesma erguia ao meu redor,

Aquilo não me fazia maior, talvez até mesmo não me ajudasse em nada,

 

Mas me feria em desmedida, até levar-me a ausência das lágrimas,

Atingir aquele ponto em que você já acha não ter mais o que chorar,

Não que tenha perdido seus sentimentos, mas vê-se vaga e incerta,

Mas sempre que o vento acaricia o meu rosto eu ainda posso sentir o seu carinho,

Os afagos que um dia foram meus e que sua ausência ao invés de libertar,

Apenas me aprisiona em mim mesma, a despeito de não me esvaziar do amor,

Neste instante, outra pessoa vinha em minha memória,

E eu via-me arrisca entre o que sentia e o que me feria por dentro,

 

Duas forças pesavam dentro de mim me deixando trôpega,

Era difícil decidir que passos poderia dar naquele momento,

Tudo o que eu sentia pesava em mim e naquela hora eu era tudo, menos fria,

O silêncio estendeu-se por um tempo, enquanto o vento seguia seu caminho,

Eu continuava estagnada no mesmo lugar a contar os passos,

Tudo de repente havia ganhado um peso demasiado para carregar sozinha,

Continuasse a viver de lembranças como poderia seguir o destino?

A abertura que o vento fez em minhas lembranças soavam a insegurança,

 

Remexiam em um passado que embora distante insistia em me alcançar,

Será que eu teria mesmo que me prender a tudo que existiu um dia?

Será que foi tão bom a ponto de me fazer jogar uma âncora entre aquelas águas,

E mergulhar fundo sem ter ideia ou medida do que estaria a fazer agora?

Eu pude ser qualquer coisa na minha vida, mas jamais fui fria feito uma pedra,

Então por que me permitia estagnar sempre que as lembranças vinham?

Embora não necessite condenar ao esquecimento por que me permitir prender ainda?

Fui menos do que sou porque ousei amar um dia?

 

Errar por amor faz do meu erro algo maior do que errar por ganância?

Entre o passional e o interesseiro o que deverá prevalecer sobre a razão?

Posso estar errada, mas se a ideia for da alma então prefiro usar o coração,

Então, errar por amor torna tudo mais aceitável ou torna a ideia intragável?

Ser traída por quem jura em falso com certeza parece mais intolerável,

Com isso devo entender que é melhor afastar-me do amor

Por medo do que poderá vir depois? Apegar-me a frieza para resistir ao coração ferido?

Aquela velha história do você me feriu, mas também saiu magoado?

 

Qual é o maior erro: o que entrega a alma ou o que jura ignorância?

Ah, eu feri por amor, porém, condeno-me a nunca ser perdoado,

Para todo o sempre o imperdoável, aquele que fez o que podia,

Mas sempre decide retornar ao passado e achar que poderia muda-lo?

Estando você na mesma história, tempo e ideias, por que teria sido melhor agora?

Caro viajante do tempo, que tal se localizar no agora?

Sentei-me naquele chão de grama e decidi pôr as ideias no lugar,

Pensar um pouco, não o bastante para me julgar fria,

 

Nem tão pouco para me considerar frívola,

Encontrando-me bem localizada, não perderia a cabeça: agiria.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

O Abraço do Amor


Nos entreolhamos por segundos distantes demais para o que sentíamos,

A coisa que eu mais queria perder naquele momento era a distância entre nós,

Ganhar um minuto ao menos em seu abraço era o que eu mais esperava,

A distância é sempre longa para quem deseja amar por toda a vida,

Os segundos pareciam pesados e escorregadios, escapavam entre os dedos,

Fechei a mão em punho, não que quisera prender o tempo naquele horário,

 

Esperava segurar a mão dela em meio a minha, aproximá-la sem deixar escapar,

Não que eu sempre tivesse todas as respostas, mas desejei fazê-la minha,

Li no seu olhar que ela também me desejava da mesma forma,

Com tamanha intensidade que me deixou seguro sobre tudo o que sentia,

Tentei falar sobre o quanto a queria, ela entendeu e concordou comigo,

Eu cantei alto, a faria segura em meus braços de onde nunca a deixaria sair,

 

Ela demonstrou um amor tão intenso do tipo que eu ainda não havia provado,

Sabe aquele amor em que você ama sem esperar nada em troca?

Aquela troca de energia que te fortalece e te faz seguir mais seguro?

Então, ela foi muito mais que isso, me amou com toda a alma à primeira vista,

Sem se deixar impressionar por detalhes ou se abater por imagens,

Olhei-a e vi em seus lábios macios e cheinhos o gostinho do para sempre,

 

Desejei prova-los, mesmo sendo forjado a metal não consegui resistir,

Tentei me manter distante apenas para silenciar o que sentia,

Queria que partisse dela o primeiro passo em direção a mim,

Me parecera que seria o certo mas meus punhos de metal se abriram,

Tal como o luar dissolve a noite mesmo antes do sol entrar,

Eu não consegui resistir a intensidade do amor que me consumia,

 

A cada passo que eu dava em direção a ela, a noite vagava para longe,

Mesmo as estrelas ficavam pequenas, eu nunca havia desafiado o destino,

Nem ao menos imaginara que chegaria a mim este instante,

Mas o sorriso dela fazia de qualquer obstáculo algo pequeno,

Insignificante demais para me manter distante do seu caminho,

Sendo ela, tão linda e desejada, eu me senti no mínimo privilegiado,

 

Era o homem com quem ela desejara passar a vida inteira,

Era, dentre tantos, o único que ela havia escolhido para amar,

Seu olhar independente era desafiador, não havia como resistir,

Quisera ser seu protetor, iria ama-la com todo o carinho até o fim,

Diante de tudo que via em seu olhar tudo o mais perdia-se na insignificância,

Mesmo as estrelas tão distantes colocavam-se próximas,

 

Eu poderia tocá-las, mas ela era muito mais que isso, mais intensa,

Ela era única, eu a faria minha, eu a amava com toda a alma,

Movi um sorriso em minha boca sem nunca desviar meu olhar,

Eu não queria nem por um instante sequer perde-la de vista,

Tudo o mais fora abandonado a poeira, deixado para trás,

Sem que houvesse um único vestígio para o arrependimento,

Teria como fechar os olhos diante do valor que ela possuía?

Seria eu tolo o suficiente para encontrar o amor apenas para perde-lo?

 

Não, nunca o permitiria escapar por meus dedos,

Que agora suavam frio, como se ansiassem por seu calor,

Havia nela algo tão especial que me conquistava sem margem para dúvidas,

O relógio parara naquele segundo, eu podia sentir seu cheiro tragar minhas expectativas,

Aquelas bobas em que eu imaginara ficar para sempre sozinho,

Apegado as palavras, mas apagado demais para os seus atos,

 

Um desmerecedor eu havia castigado a denominar a mim mesmo,

Um solitário sem nada capaz de conquistar nenhum dos meus afagos,

Mas os olhos dela tinham um tom castanho meigo e profundo,

Logo, eu a traria para o meu abraço, nesse instante estaria completo,

Amava-a em cada detalhe, até mesmo os defeitos que só ela percebia,

Um estranho parado a sua frente, o cavalheiro que ela escolhera amar,

 

Aquele que não sentia medo em assumi-la para o mundo,

O qual sentia orgulho dela desde a sua pele ressecada até a sua alma macia,

O que a amava intensamente, sem rodeios ou medidas,

Que a protegeria de tudo enfrentando qualquer risco,

Pois a partir do instante em que cruzei por seu caminho,

O único risco capaz de tocá-la seria o traço quente do meu dedo sobre o seu corpo,

 

Mesmo que ela se recusasse ao meu amor, eu seria para sempre dela,

Mas o castanho dos olhos dela falavam alto demais para serem ignorados,

Ela me amava eu podia sentir isso a acariciar minha pele mesmo à distância,

Nossos caminhos haviam se cruzado graças as mãos do destino,


Não haveriam meios, nem queríamos resistir a esse sentimento acarinhado,

Resistir a este amor que promovia o encontro do nosso olhar,

Unindo nossas vidas com tamanha ânsia deixando as ruínas a resistência,

Era impossível ante a intensidade de tudo que nos tomava,

 

O abraço do destino nos tomou de caminhos distintos,

E agora nos colocava frente a frente, feito um sonho perfeito,

Sem estar previsto, sem que fosse esperado, sem nada preparado,

Apenas permitira ao amor falar alto o suficiente para ser ouvido,

Fossemos de rocha sólida nem assim teríamos resistido um ao outro,


Fossemos vazios a ressoar palavras sem sentimentos,

Agora víamos um no outro, destino certeiro, fez do amor - nosso abrigo -,

Unindo-nos naqueles segundos arrastados, não os permitiria leva-la de mim,

Andei um passo ao seu encontro, abri os braços, ainda esboçando meu sorriso: a protegi.

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...