Sentei-me na grama, apenas desejava refletir um pouco,
Apesar de ser dia as nuvens colocaram o sol nas sombras,
Não havia nenhuma abertura em que pudesse escapar,
Mas, eu sabia que em alguma hora ele sairia para fora,
Eu havia tentado de todas as formas enganar o passado,
Mas as lembranças ousavam me tocar a todo momento,
Me pegando desprevenida, me jogando no inseguro,
Pudesse eu, teria fugido naquele momento,
Evitado a todo o custo os erros do passado,
Ergui os joelhos e abaixei a cabeça sobre eles,
Queria pôr as ideias em ordem para seguir adiante,
Meu coração sentia comigo toda a dor que havia em mim,
E pulsava forte como se quisesse gritar a dor intolerável,
Seriam os demais isentos de erros a ponto de julgar-me?
A imperdoável, a eterna condenada por erros cometidos,
Por qualquer um e por todos, haveria isenção quanto a isso?
Sendo os erros, embora errôneos, compreensivos,
Por que, então eu deveria me apegar tanto?
Seria eu a imperdoável por que agora as coisas mudavam de
prisma?
Me prenderia as mesmas algemas mesmo sabendo que haviam
apodrecido,
E embora não fossem tão fortes para me conter, permitiria a
ferrugem me corroer?
Seria mesmo tão tola a ponto de me permitir ferir devido às
lembranças?
Acreditaria então, que agora, por estar madura poderia
condena-las ao esquecimento?
O vento de outrora ainda batia na minha porta, não haveria
como escapar,
Mesmo aqui fora ainda presa a esta falsa liberdade de
aprisionar a mim mesma,
Estaria, dessa forma, agindo da maneira mais adequada?
A imperdoável, a que nunca muda de ideia, aquela que não
tolera erros,
Por acaso o perfeccionismo de hoje me faz maior do que eu de
outros tempos?
A dominadora que treme de medo de dominar a si mesma,
Estremece a ideia de perder a chave das algemas com as quais
se aprisiona,
Nem ousa possuir uma cópia das chaves por medo de cair em
mãos erradas,
Seria eu, então, a pessoa tão certa? Teriam encontrado todas
as respostas,
Então, algum dia me permiti cair em contradição,
Se encontrei as respostas foi porque um dia também estive em
dúvida,
Não sendo a detentora de todo o conhecimento por que não
poderia errar, então?
Colocar uma máscara para cobrir minhas feridas me isenta da
dor outrora sentida?
Ferir-me a cada dia apenas para me ver sangrar me faz mais
merecedora?
Apegar-me ao passado para afugentar-se de viver me faz o
quê?
Prazer a imperdoável, aquela que nem é capaz de perdoar a si
mesma,
Aquela que condena a si e aos outros por medo de errar outra
vez,
Então, não vivo, não cometo erros,
Sou a distância entre o que acredito e o que vivi em meu
passado,
A mulher acorrentada as lembranças,
Eu sorrio como se tudo estivesse condenado lá atrás,
Mas, então, ninguém vê a bagagem que carrego comigo?
Os músculos fortalecidos em meus braços não denunciam o peso
que carrego?
Minhas pernas torneadas não entregam todo o caminho
percorrido?
Os calos que me ferem e assolam não denunciam os passos
dados?
Viver presa no chão em que piso não entrega o vazio que
tento encobrir?
Este sorriso vago em meu rosto não denuncia minha dor ao
sorrir?
Que dor? Aquela que carrego comigo pelo prazer de estar
acorrentada?
Ferida por minhas próprias ideias, presa a crenças alheias
de inferioridade falsa,
Aquela em que me coloco menor que os outros por medo da
condena,
Se estou a condenar a mim mesma, então, não estou a errar
até o tempo de agora?
Caída no vazio do qual tentava fugir a todo custo,
Presa aos erros que tentava esconder e que não eram
diferentes dos de ninguém,
Desejar voltar atrás, repensar meus passos, só para depois
puxar-me de volta?
Não seria mais sábio refletir sobre os passos que me
levariam adiante?
Sem portar minha cara de culpa, como se fosse a detentora de
todos os erros,
Se meus erros eram diferentes ou não, por que eu deveria me
apegar a eles?
Seria eu tão incapaz de traçar um caminho diferente?
Tão volúvel a ponto de me permitir cair sempre que os outros
desejassem?
Seria estupidez perder a vida presa em qualquer vazio que
fosse,
Mas se eu já não tinha nada em que me apegar, como reagiria?
Claro, havendo algemado a mim mesma que escapatória eu
teria?
Já era difícil ver minhas incertezas estampadas no sol
diurno,
Deveria, então, vagar ereta presa a erros condenados a insignificância?
É certo que permitir as minhas pernas bambearem não me fazia
melhor,
Mas me tornava humana a ponto de soltar as algemas e me
permitir andar.
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