segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Um Olhar E Um Cheiro

 


Uma voz que soava a brisa fria do inverno,

Mas que, de alguma forma, suava acolhedora...

Ele soltou um suspiro de prazer intenso,

Ora, mas que astucioso, sorria ainda mais bonito,


Um sorriso sincero nos lábios e no rosto a seriedade,

Havia um quê de mistério que eu gostava nele,

Olhei-o da forma mais discreta que pude,

Eu o desejava e isso se desenhava em minha face,


Que sorte tenho eu em encontrar alguém que me entende,

Eu lhe disse: meu amor, entende porém, não acostume,

Não pretendo ser para sempre da forma que sou agora,

Pelo menos, minha vida, me esforço para não sufocar,


Me refiro ao que sinto, meu amor – e ele me olha em tom acusador,

Me refiro ainda ao que sou e ao que você refreia,

Ele faz um meneio vigoroso com a cabeça mas cala a voz,

Faço o que posso para que seja você mesmo e isso é bom,


Se houver alguma essência de lavanda, usa-a em minha dignidade,

Gosto de chamar a atenção ao que me orgulha,

Querido, não te esqueces de quem caminha ao meu lado – você;

Por vezes, penso que não sabes o quanto você envaidece


A mulher que há em mim, ela se apaixona por você sempre,

Porque em cada dia te reconhece mais um pouco e mais o quer,

Há algum erro em achar alguém perfeito?

Querido, te confesso dois temores: amar muito e o de perde-lo,


Já tentou se colocar em pé com a dignidade ferida?

Meu amor, isso não acontece com alguém que tem você,

Você é uma espécie de troféu, quem já teve não quer perder,

Me insinuo um pouco, a voz soa tremula e oscilante


Conforme faço caras e bocas brincando com o sorvete,

O vento ainda sopra contra o sol que arde na pele,

Tento desanuviar o pensamento, e peço um beijo,

Minhas pálpebras se pesam, me vejo divagar em devaneios,


Seu tom continua sincero, olhos certos e boca tremula,

Parece não perceber que sua postura dificulta um pouco,

Eu continuo em silêncio. Vejo que não sei o que faço,

Aperto os dedos uns contra os outros, luto emudecida,


Sou o que ele quer que eu seja mas me vejo mais que isso,

Ou então, não entendo muito o que ele pensa,

Por trás daquela fachada de quem sabe muito bem o que quer,

Ele tenta me fazer imaginar insegurança, eu duvido dela,


Há sempre uma voz ao lado dele da qual eu discordo,

Penso em tudo que fui e fiz, repenso muita coisa,

O sorriso feliz se desfaz como que por encanto,

Me distraio, puxo outro assunto em silêncio, sem dizer nada,


Há sempre algo de belicoso em mim e eu mordo o lábio,

Fossem veneno as minhas palavras o que fariam agora?

Chego mais perto dele, encaro olho a olho,

Meu queixo está ereto, meu semblante altivo, a boca tremula,


Cheiro seu queixo, chego aos seus lábios e me afasto,

Não imagine que não cogitei diversas possibilidades,

Mas havia algo importante por trás, melhor repensar um pouco,

O gosto dele estava esmorecendo na lembrança,


O nó se desatava na garganta, algo nele o deteve,

O homem que julguei tão forte tinha um ponto fraco e caia,

Não desejei saber mais sobre ele, me afastei um pouco mais,

Olhei para o colo dele, na altura do seu peito,


Havia uma mulher lá, não era eu, joguei o cabelo para o lado,

E me afastei mais ainda, a ponto de não vê-lo,

Nem sempre vale a pena olhar muito para os lados...

domingo, 24 de outubro de 2021

Saudade


Lá parte o dia escuro e arredio,

Logo ali chega a lua entre estrelas e uma melancolia,

Eu estou na área, sentada no chão

Com os pés para fora esperando a chuva,


Meu rosto é acariciado pelo vento,

O nariz agraciado com um cheiro bom,

Por trás daquelas nuvens se exalta o céu,

Entre o indeciso e o exasperado pela falta da lua,


De quando em quando ela ressurge com uma estrela ao lado,

Não sei se quer trazer esperança ou brincar com as sombras,

A árvore a minha frente treme, eu de vestido tremo com ela,

Mas ainda não tenho como pensar nele sem o risco de lágrimas,


Por mais que raios e trovões ganhem o horizonte,

Mesmo que o sol fuja estremecido por densas nuvens,

Porém, me esforço para enganar o que sinto,

Juro acreditar no meio sorriso que esboço em meu rosto,


Desenho até uma coloração nos lábios e reflito o olhar baixo,

Procuro não olhar fixo para não demonstrar nada,

Nada abala a minha serenidade,

Mesmo a árvore que rompe-se para ganhar o chão,


Por que tenho que ser um reflexo do que sou por dentro?

Preciso ser mais que um espelho que entrega o conteúdo,

Soar como uma espécie de lago que apenas reflete a superfície,

Esconder no fundo de mim tudo que sinto e, talvez, penso;


Algumas árvores se sacodem ao vento,

Ressoam uma espécie de música gutural e agitada,

Ao longe algumas gotas de chuva açoitam-nas mais ainda,

Não sei se o tempo sofre e eu sofro junto,


Ou tudo não passa de invenção minha,

Meu vestido faz desenhos no ar, parece que brinca,

Me vejo nua em aparência e sentimentos,

Desnuda do seu abraço, sou a mesma folha solta ao vento;


Um esquilo percorre um tronco de árvore depois pula alto,

Eu não, eu fico onde estou a contemplar o meu redor,

Procuro não sentir muito, estagnada em minha dor,

A saudade quando aperta forte tenta desatar laços,


Se esforça e não consegue romper nosso amor,

Aqui em meu peito ainda há o seu lugar, seu cheiro

E algo além desta saudade;

No momento procuro não pensar muito nisso,


Nem traduzir esta saudade para evitar o choro presunçoso,

Aquele que sempre achava que iria te comover,

Que acreditava no poder de trazê-lo a qualquer custo,

Acomodo a cabeça no alicerce da área, ilesa e ferida por dentro,


Eu te amo, digo em voz alta, sem esperança de que ouça,

Testo meus reflexos, procuro ver como me sinto,

O amo do mesmo jeito que não tivesse ido,

O esquilo me olha de um jeito inocente eu desvio,


Não quero a intimidade de contar o quanto o amo,

Ouço, um tanto ao longe, o latido de um cachorro,

Parece assustado com algo, não desejo saber o motivo,

Logo poderia admitir que também me sinto assustada,


Ele havia partido a horas e dias e eu o amava da mesma forma,

A casa parece ranger diante do que vem,

Eu ainda não me movo, o céu parece perder a lua,

Algo desaba lá de cima e não são estrelas,


Mas, mesmo de onde estou posso ver que é a chuva,

Meu vestido se enlaça em minhas pernas,

Parecem carícias para esta que sofre de amor,

Ao meu lado, a solidão do escuro tudo envolve,


Mas a potência raivosa da tempestade duradoura se enfraquece,

Logo que o meu gato vem procurar abrigo em meu colo,

O Zé Raio, nome que escolhemos juntos,

Fruto de um amor que foi vivido a dois,

A chuva chega até onde estou e me permito chorar nosso amor.


sábado, 23 de outubro de 2021

Eu Te Amo Meu Amor

 

Olha bem meu amor, eu acredito em sonhos,

Mas sempre que contemplo seus olhos,

Lhe juro que vejo algo diferente,

É como se fosse pouco o para sempre,


Sinto que a terra sob os meus pés foge para longe,

Sonhar já não é mais o bastante,

Então, seus braços se estendem na minha direção,

Me falta o ar, me vejo pegar em sua mão,


Só então, um tapete verde e florado se estende,

Volta para mim o chão, encontro a base,

Mas em ti já não estou na superfície,

Me vejo além do contemplar a face,


Me sinto dentro como você está em mim,

Arraigado a minha alma e ao meu sentir,

Sem ti, querido amor, parece que não há por vir,

Contigo sou algo além do mero querer existir,


Ao ouvir sua voz, quase caio das pernas,

Um tombo alto para quem ganha os céus no teu olhar,

Minha mente se torna um trevo de indagações,

Diversos caminhos se estendem nenhum longe de nós,


Acima dos escombros das minhas divagações,

Olho nos olhos que me resgata de tudo isso e digo:

Ora, querido, eu te amo e você sabe disso;

Por mais que repita mil vezes, meu amor não se torna repetitivo,


Essa confissão diz poucas frases mas revela a alma,

Com meus olhos cerrados me vejo verter lágrimas,

A felicidade em mim toma a forma de um abraço seu,

Sorrio e choro, estou acolhida em seus braços agora,


Cairia de joelhos nesta grama a verter o amor que sinto

Não fosse a sua mão me agarrar ao abrigo que você é,

Paro, estagnada em seu peito, ali vejo tudo que quero,

Não trata-se de que sonhar seja pouco apenas não basta,


Ora, meu amor, veja bem de que bastam os seus lábios longe dos meus?

Se fui capaz de conquistar seus beijos uma única vez,

Querido amor, apenas desejo que, também, o seja para sempre,

Começo a soluçar, molho sua camisa preta, digo repetidamente:


Amor, eu te amo seja agora mais meu que ontem,

A força volta as minhas pernas e sobem para as mãos de forma suave,

Aperto-o junto a mim, desejo que não seja uma miragem,

O vento o toca com a suavidade de uma brisa,


Acaricio a sua face removo o que houver de dúvida,

Querido amor, espero que queira perdoar o meu temor,

Tento ser melhor do que fui, mas você sabe, sou quedada a erros,

Nem o afago da brisa ou o tilintar da chuva nas folhas


São notórios a ponto de me fazer parar - apenas seu abraço -,

Meu amor, mesmo a chuva na flor mais linda ou o seu desabrochar,

Me fariam te querer menos ou desviar única vez dos seus olhos,

Não é pouco o meu esforço em agradar,


Querido, me entenda, eu te amo e por nós eu vou tentar,

O tomo eu meus braços, sugo seus beijos para dentro de mim,

Embebida em seus lábios, afago seus cabelos ali mesmo, no jardim,

Carinhos e mais afagos se divagam em seu corpo,


Querido talvez eu não faça tanto, mas me entrego ao máximo,

As dúvidas, se eu as senti, acabo de dividi-las em mil pedaços,

Se se jogam mil caminhos ao dispor,

Não restaria um único incapaz de me levar a outro que não seja meu amor,


Meu amor, tome cuidado, não se embriague das dúvidas em meu beijo,

Eu te disse, achei que as senti um momento atrás,

É certo que foi um instante antes de você me beijar,

Mas se as dividi, também não duvido que as transferi,


Nos beijos em que me entrego, querido amor, vou inteira para ti,

Parte da minha dúvida soluça, acreditou existir,

Parte dela nega a si própria, penso que se contradiz.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Querido, Você É Perfeito

 

A função da minha alma depois de te ver partir,

Foi regar meus olhos com lágrimas de saudade,

Viver para mim mesma passou a ser vazio de sentir,

Antes que vivia para ti havia sorrisos em minha face,


Hoje, me vejo e penso: por Deus que será de mim

Se de onde repousaram nossos beijos nada mais há de vir?

Palavra nenhuma mais sai dos meus lábios trêmulos,

Sorriso nenhum mais brilha em meu rosto ingênuo,


Engasgo no pensamento esbravejo contra mim mesma,

Se era tão pouco o momento porque tive que me apaixonar?

Enquanto eu faço uma viagem ao nosso passado,

Lembranças atravessam o presente e pedem um futuro,


Que será de mim se quando me vejo derrotada,

Penso que em nós dois não há mais possibilidade?

Querido, estou sobre os meus joelhos caída no assoalho,

Minhas mãos estão soltas ao meu lado, nem escondo a face,


Esta camiseta que uso está molhada e não é suor,

Um fluxo de vento remexe os meus cabelos soltos,

Me vejo vencida, cá estou eu, querido, abatida de tanta dor,

Seus beijos e promessas ainda ecoam em minha memória,


Querido, dou um passo a frente, lhe juro: eu tento esquecer,

Mas sua fala parece que ressoa ao ouvido e me busca,

Lá fora o sol parte no horizonte diz que encerrou o dia,

Eu nem me importo mais se é noite de lua, estou sozinha,


E porque este vento sopra se ninguém sabe seu paradeiro?

Ousa acariciar meus cabelos revoltos de saudade sua,

Aqueles que estão como deixastes, do mesmo jeito,

A espera de que volte a acariciar da mesma maneira que fazia,


Querido, hei eu de procurar outra pessoa sabendo que era perfeito?

Sai o vento sem direção, a caminhar por destino incerto,

Pensar não deve fazer parte do ponteiro de seu relógio,

Às vezes, ele parece que zomba de mim, estilhaça o silêncio,


Faz uma carícia ao ouvido e depois some sem roteiro,

Pudesse ao menos trazer seu cheiro mas vejo nele tudo,

Pássaros, flores e até folhas, mas querido, nada de você,

Mas soprando ao meu ouvido ele te busca indeciso,


É quando eu duvido da sua certeza quanto a não darmos certo,

Antes deste abuso de você achar que tem razão sobre o adeus,

Eu brincava com estes episódios, ria de tudo que via,

Com lágrimas no rosto ou não, eu juro, até me divertia,


Mas, agora que o tempo do adeus distancia a sua volta,

Querido, tudo perdeu a graça, me contraio aqui em nada,

Tentando me recompor, lembrei-me do seu abraço,

Elevei um pouco o tom de voz e pronunciei seu nome alto,


Este amor que sinto não está previsto nas histórias da rua,

Há quem resista tanto tempo amando como o amo,

Sem fazer nada que possa trazê-lo de volta para a casa?

Eu, que sempre fora forte, agradável, estou em desalinho,


Confesso pela primeira vez libertei-me das aparências

E fiz xixi nas calças, pus a mão na roupa e chorei outra vez,

Querido, o efeito não é de bebida mas é devastador assim mesmo,

Sua falta, tem um nome e minha alma gosta de chama-la,


Saudade, diz ela e se não diz ela entra sem cerimônia,

Não adianta trancar a porta, cá esta ela com suas lembranças,

Muitos dos meus sentimentos livres estão em desespero,

É paixão, angústia, descontento tudo misturado em mim,


Mas raramente eles me deixam assim tão triste como estou,

Acho que eles têm um pacto com a saudade

Onde se comprometem de não deixa-la sozinha comigo,

Penso que temam que eu possa esquecer,


Imagina, eu e a saudade nesta sala de mãos dadas...

Bem, mas junto dela sempre há uma lágrima ou um sorriso,

Pensando bem, ela nunca vem sozinha mesmo e você?


quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Te Amo Meu Esposo

 


O véu do dia se abateu no horizonte,

Marcando o infinito num fogo reluzente,

Depois disso, eu o vi sobre mim me fitando,

Não desejei mais ver nada ao meu entorno,


Somente os braços dele que se mantinham fixos,

Em distância segura para se recostar em meu peito,

Meu corpo agora continha o peso de amar,

Era sereno, feito a brisa que vinha trazer o luar,


Era intenso como o véu de estrelas ao seu redor,

Quando ele me beijou meu teto deixou as alturas

E caiu suavemente em seus lábios macios e grossos,

Franzi as sobrancelhas indecisa quanto a amar tanto,


Então beijar era assim mesmo, tocar o firmamento,

Com a ponta dos dedos sabendo que seu mundo

Agora estava sobre você e lhe beijava com brandura,

Sentia meus lábios desenhando-se entre os dele,


Meu corpo pedia abrigo no seu e o mantinha,

Ergui meu dedo como se quisesse tocar a montanha

Atrás de nós, num piscar de olhos tudo mudou,

Ao senti-lo no meu peito, vi a terra ficar plana,


O tapete que eu tinha sob meus pés foi removido

Pelo doce suave em sua boca macia,

Eu pedia a ele e o mundo nos respondia no espaço de um beijo,

Agora meu corpo era mantido por ele e suas carícias,


O horizonte se jogava aos meus pés, desorientado,

Nunca antes havia presenciado algo como nós dois,

Tudo o que eu desejava estava ao meu alcance, seu corpo,

Fechado entre o meu corpo e o infinito ao nosso dispor,


Neste instante, acariciei seu rosto e enchi-me de orgulho,

O negro do infinito se manchava num dourado tênue,

Mas nada comparava-se ao azul límpido do seu olhar,

Nem mesmo o rio de águas cristalinas que fazia sua curva,


Esqueci o encanto anterior e não medi esforços,

Beijei sua boca o mais que pude, ouvia disparos ao longe,

Já não me assustava com isso, era meu coração falando,

Mas rouco de desejo não podia-se ouvir tanto dele,


Ao menos, naquela hora não foi nossa prioridade,

Foram-se duas vidas e ficaram dois corpos sedentos,

Entregues ao desejo incontido que corroía seus medos,

Entre estímulos e sussurros ao ouvido,


Carícias percorriam soltas caminho outrora proibidos,

Buscando e entregando um amor desconhecido,

Entre os suspiros soltos no ar da noite enluarada,

Quem nos contemplasse ao longe diria: seria um apenas?


Ora, teimaria o outro: são dois amando-se em plena noite,

Tivesse um terceiro duvidaria, tal era a intensidade dos beijos,

Que ao longe, não distinguia-se mais que um vulto,

Estava as portas do ápice de um amor pleno,


Querido, por favor, lhe rogo: não me abandone,

Disse eu oportuna entre uma carícia proibida e um beijo,

Denunciava que sua alma estava saturada de uma pretensão,

Que quanto mais entregava mais sentia – a pura redenção,


Mostrava minha face apaixonada, aquela desconhecida,

As horas foram passando mais depressa que as carícias,

Chegou o clarão do sol colocando um véu alaranjado no céu da lua,

Pedia a ela para dormir que agora vinha o dia,


Solicitava que se afastasse até o ponto de ver as estrelas,

Pois ali, sozinha, ela não poderia ficar,

Antes dos primeiros raios de sol os pardais acordaram,

Fizeram uma sinfonia, acordaram o orvalho,


Que escorreu por entre as folhas até cair em nossos rostos,

Pingou na face esquerda dele e percorreu-a até se achegar em mim,

Nossos corpos suados não distinguiam tanto assim,

Parecia-me que era um carinho e não outra coisa,


Esquecidos do nosso amor, os pássaros voavam ao amanhecer,

Pensei comigo que estava amando e não queria parar,

O beija-flor, tocou uma flor ao meu lado,

Nós ainda nos beijávamos,


Beijar sua boca esplêndida: meu privilégio e armadilha,

Se pensava sair ilesa depois dos seus afagos me enganei,

Apaixonei-me e não desejava outra coisa senão sua boca,

O sol se aconchegava ao dia enquanto a lua se despedia.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Depois do Quinto Beijo


Cinco é o número que repito comigo,

Cinco beijos ele me deu nem um a menos,

Usou de seus lábios como um escudo contra o que eu dizia,

A cada instante freava minhas palavras com sua boca,


Castigo aviltante agora me espera – sua ausência-,

Mal soube que aquele seria nosso último selo,

- Amor, espera, tenho algo a dizer-lhe, é que...-,

Palavras entrecortadas por lábios macios


Que se desenharam de encontro aos meus e por fim,

Refrearam-se sobre a minha face, calavam-me,

Um ponto antes do final que se iniciava e eu não sabia,

Ora, um homem sempre metódico com os outros


Como poderia agir consigo mesmo?

Ele deve ter me avisado, em algum instante, ele deve,

Agora em quê isso importa se não o tenho comigo?

O carinho dos seus dedos penetrava-me a pele,


E alcançava um lugar profundo em mim, entre meus seios,

No lugar vago entre eles, lá mesmo onde havia um vazio,

Esteve repleto este vazio, repleto dele, agora apenas ressoa,

A pulsar em desespero algo que meu coração tateia,


E que as lágrimas buscam acalmar quando minha visão se desfoca,

Carinhos que estão destinados ao fogo,

Lá será sempre sua morada - em mim, eu digo, em meu peito-,

Não seria de outro modo que o guardaria em busca de encontra-lo,


Em que se presta um endereço quando se guarda alguém na memória,

No lugar mais escondido da alma, e mais fluente,

Cada um que passa pode contemplar em mim uma parte dele,

Seja seu nome em erro ou uma parte do que vivemos,


Não faço da minha boca o santuário de uma única palavra

Que não possa contê-lo, é um pacto comigo mesma,

Não posso fugir disso, o amo e não escondo,

Alma, coração, um vazio cheio dele e as lembranças,


Tudo isso misturado estão a escrever os meus dias,

Penso em escrever uma nova história, mas já são cinco horas,

Dias depois, um nome voa ao sabor do vento e atinge minha boca,

Feito um beijo repousa no pé do ouvido, o seu nome em cheio,


Chegou a minha alma ali mesmo, no meio da rua,

Sem pedir licença ele entrou e o encontrou dentro de mim,

Sua morada, por entre as lembranças e mais alguma coisa,

Saudade uns diziam, amor eu teimava sem me importar,


O que eu senti naquela hora, veja bem, não era ainda cinco,

Mas perdi o fôlego atordoada, outro alguém o chamava?

Se seus beijos eram selos nossas cartas não estão lacradas,

Permanecem guardadas para que todos possam contemplá-las,


Juro agora, como jurei em outras horas: o amo, como nunca...-,

Mas antes que eu terminasse a frase que dizia para mim mesma,

Uma mão amiga repousa em meu ombro e me chama,

Paro um momento, suspiro aquele cheiro bom,


Suspiro porque não parece real, eu conheço demais esse gosto,

Digo gosto, porque já está entre os meus lábios,

Antes de estar entre os meus braços, no abraço que guardava,

Uma promessa selada não pode ser esquecida,


O beijo que não tinha sido dado agora vinha à tona,

Fazia estremecer meus lábios a suspirarem sem falar nada,

Havia uma poça de água rasa na minha frente,

Parei antes de desviar dela, em mim nada era raso,


O que eu sentia era tão profundo que poderia me perder

Dentro de mim mesma se não soubesse como mantê-lo,

Uma das promessas que repito sobre o homem que sigo

Faz referência a alguma coisa que esqueci entre seus beijos,


Ora, veja bem, sua mão no primeiro momento

Agiu feito uma lâmina presa em minha garganta,

Segurou-a com força segura, enquanto me puxava para perto,

Depois repousou seus lábios nos meus atônitos,


Estou com dois dedos sobre os lábios trêmulos

Então, mãos seguras abaixam-se para os meus braços

E me puxam para si, vejo-me de encontro ao seu peito,

E o beijo que selava estava ali, a postos, -me aguardava eu espero...-,

Iniciei a frase como de costume visando não chegar ao fim.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Roupagem da Saudade


Ora, ele se sobrepunha aos corações abatidos,

Jurou nunca quedar ao amor sem sentido,

Aquela que adentrasse no seu coração,

Teria a chave com a qual libertaria sua paixão,


Andava pelas ruas cumprimentava a todos,

Sem medo do que lhe aguardava o destino,

E por que temeria, apenas por não ter se entregado?

Se a todos lhe incumbem um coração,


O dele haveria de vir a seguir no seu caminho,

A passos certos certeiro em sua emoção,

Adiante, teve quem pode vê-lo ajoelhado,

Consternado sob as rédeas de cruel paixão,


Houve quem contemplasse suas lágrimas sem fazer nada,

Assim, como teve também quem chorasse sua chaga,

Lembranças transitavam a passos largos a sua alma,

Ai de quem quisesse deletá-las, não conseguiria,


Eis que o passado não se apaga, apenas troca as vestes,

Muda o rosto, muda os lábios e até as palavras,

Mas o roteiro uma vez escrito permanecesse na alma,

É coisa bem estranha; no momento em que mais quer esquecer


É quando mais se lembra? Mais quer ver-se distante

E é quando mais se chama? Voltaria ele a amar?

É voltar bem de longe; Saber mudar-se o bastante;

Bem sabemos o que dele rói sua emoção até esvaí-la,


A saudade, triste roupagem de quem amou em demasia,

Esvai-se em lágrimas, em pranto que não quer calar,

Chora a dor mais sofrida que se possa falar,

Troca a saudade por um beijo e uma recordação,


Mãos hábeis tocam o seu corpo e corroem a emoção,

De que adianta provar novos lábios se não são os que se quer?

Veem-se os beijos vai-se a vontade de estar perto,

Fecha-se os olhos tentando manter segredo,


E a boca que beija? Esta, apaixonada, chama por outra,

As mãos que procuram tocar buscam outra superfície,

Toca-se a pele mas quer-se quem está longe,

No fundo da alma onde se busca, mas não vê nada,


Ele passa a mão em desespero pelo pescoço e a nuca,

Chega aos cabelos e puxa sem jeito, quer estar vivo,

Mas não tem certeza de como se encontra,

Sente um nó na garganta que desenlaça-se e chama,


O nome por quem ele implora não o ouve ou nota,

A sabedoria não está em buscar mudar o outro,

Quer-se respeitar as diferenças, mas e quando se trata de si mesmo?

Sabe que o amor não interessa mais que uma promoção,


Conquista o que se quer, usa até enjoar e ponto final,

Claro que nesta história existe um ponto ou outro de exclamação,

Em que ficaria preso aquele que amou e agora se vê sozinho?

Ele recordava de se julgar culto e experiente no assunto,


Mas quando suas pernas bambearam e os lábios estremeceram,

Só soube calar e aceitar o que era lhe posto,

Sal frágil coragem foi sequestrada, sua autossuficiência furtada,

Agora a cabeça que pedia para pensar era a mesma que traia,


Engolia em seco a saudade, debulhava em prantos as lembranças,

Pensava nela as escondidas apenas para procurar a culpa,

Há que se achar que em toda a história bonita houve um erro,

Existirá os que discordem; Ele ficou nu em público,


Assim que uma mão lhe foi estendida e o alcançou,

Naquele primeiro instante a saudade sumiu do seu lado.

Eu Sou Uma Danada

Sem o troféu “A melhor” Nem a miss mundo, Ou a garota modinha, Simplesmente, Datada “a perfeita” Intitulada “A grande g...