Claro, se tudo se encaminhasse bem,
E no dia seguinte, logo ao amanhecer,
O sol decidisse por conta própria brilhar,
E que as nuvens, estas nem outra coisa,
Não fizessem nada que pudesse impedir...
Saí do quarto, tranquei a porta atrás de mim,
Não precisei olhar para ela,
Apenas a puxei sem ruído e a fechei assim,
Certo foi que ao final saiu um estalo,
Deixei a chave aonde estava,
Não me pertencia esconder nada,
Ao contrário, não queria mais que falar,
Desci as escadas de uma a uma,
Não me sentia apressada,
Nem estava tão desatenta,
O vaso com a flor estava fora do lugar,
Ela cheirava a rosas mas era outra coisa,
Há um sentimento que nunca se cala,
Este é mais forte que tudo de que se acredita,
Talvez, se chame amor,
O que sei é que o que vivemos não será abalado,
Quando os sinos baladam os vazios em meu peito,
Sim, não afirmo nunca que sou perfeita,
Até mesmo aí, este amor eleva a voz,
E eu o ouço, mesmo que permaneça em silêncio,
Ainda assim posso ouvi-lo,
Com o decurso do tempo, da distância e todo o resto,
O ouço, e o sinto, confesso;
Se houvesse algo que me impedisse,
Poderia jurar que agora derreteria,
E por mais esforço que fizesse,
Em nada me abalaria,
Este algo que sinto dá fim as guerras,
Aquelas internas que se sente e as vezes, se silencia,
Da minha boca, à minha voz até a alma,
Ele põe fim a toda evidência em falso criada,
Quebra o arco e despedaça a lança,
Do que me põe em dúvida,
Depois deste instante de reflexão,
Não sobrou nada,
É certo que a lembrança de tudo que vivemos me chama,
E eu não tenho um motivo para resistir a ela,
Doce amor, que destrói os escudos com o fogo,
Se ergui minha armadura me despi dela a muito tempo,
Antes ainda que chegasse a me tocar,
Pouco depois de cruzar com o seu olhar...
Paro agora e respiro, não estou a lutar,
Do que sinto, não me nego a nada,
Chega de impor distância que nunca chegou a te apagar,
Se vivemos, sei que sim, que o amo,
Admito enfim e não quero mais calar,
Saibam que eu o amo,
Confesso que arfei o peito para gritar,
Mas, ali onde eu estava ninguém ouviria,
Se é que um amor é capaz de passar despercebido,
Espalharei o que sinto entre as nações até toda a terra,
Se eu o amo e tenho certeza quanto a isso,
Não irei mais negar por nenhum segundo que for,
O Senhor dos exércitos caminha comigo,
Ele conhece tudo que sinto
E agora, deseja que todos o saibam,
O abraço de quem eu amo e nenhum outro lugar
É minha herança segura,
É no seu abraço que me erguerei,
E direi que o amo como evitei até esta hora...
Sem outra pausa me guio e o vejo a minha espera.