quarta-feira, 13 de abril de 2022

Por Pouco, Muito Pouco


 

Por pouco a esqueço,

Por segundos de lembranças eu a renego,

Não fosse aquele pássaro revoar ao meu lado,

Aquela flor desabrochando no caminho,


Ou o casal de namorados ao longe

Fazendo promessas de algo sobre o destino,

Acelero o carro, sigo com lágrimas nos olhos,

Nunca pensei que demoraria tanto para assumir,


Para afirmar para mim mesmo que amo,

Também, não cogitei retornar a um caminho abandonado,

Um que a tempos eu não pensei fazer o retorno,

Mas, o beijo, o carinho, a voz ao ouvido, o sorriso,


Tudo que vejo me chama de volta a ela,

Por onde passo eu recordo,

Mesmo quando beijo outra boca ou desejo outra,

Ainda assim, lá no fundo de mim, algo a busca,


A cada acordar do sol me pego sozinho,

Mesmo se tenho ao meu lado outra companhia,

Me vejo não sentir nada,

Dou qualquer desculpa e penso em outra coisa,


Mas, no fundo de mim ela ainda está lá,

Da mesma forma que a deixei a tempos atrás,

Quando chego em frente a sua casa,

Sinto que ela me espera,


É noite e a luz está acesa,

Me encaminho até o portão e a busco através da janela,

Mas, ela não passa, deve estar fazendo outra coisa,

Depois de tanto tempo não seria ali que me esperaria,


Bato palmas, toco a campainha,

Toco uma vez e aguardo, então toco outra e nada,

Ela não vem a porta e nem dá resposta,

Então, toco de novo, reafirmo meu amor e não desisto,


Olho para os meus dedos frios do outono gélido,

A neblina já está cobrindo o lugar e ela não veio,

Estremeço, penso que poderia ter trazido flores,

Ou que poderia ter ligado antes,


Quem sabe enviado um bilhete de aviso,

Ou um alguém para recordá-la de nós dois,

Tanto tempo se passou e ela pode ter me esquecido,

Os dias passam e com eles vão-se as lembranças,


Então, um vulto me faz para de pensar,

Meu coração acelera e depois para de bater,

Quase sufoco, e alguém vem em direção a porta,

Não consigo reconhecer,


Me esforço mais um pouco e vejo que é um homem,

Recordo de que ela reside ali sozinha,

Então, estremeço e não contenho a dor,

Ante o agudo no peito choro ali parado,


Dou um passo para trás,

Me escondo na neblina, ali estou seguro,

Penso em atraí-lo e ver quem é,

Tenho curiosidade ou quem sabe ciúme,


Mas me contenho,

Ele sai entremeio a porta, o vejo,

Ele não me vê e retorna a ela,

Eu fico um pouco parado,


Depois entro no carro,

Acendo um cigarro, tragueio e jogo o que sobra fora,

Antes do amanhecer, um pouco antes da neblina partir

Eu decido ir embora,


Ela não me vê por um único segundo,

Mas em meados da madrugada eu consigo vê-la,

Instante em que me arrependo muito de ter demorado,

Choro descompassivamente por tê-la deixado,


Mas vou embora, sei que sobrevivo

E tenho certeza de que ela ficará bem.

terça-feira, 12 de abril de 2022

A Porta Trancada

 

Havia algo as quatro da tarde,

Algo pelo qual não dormiu a noite,

Olhou o relógio neste dia mil vezes,

Agora faltavam apenas poucos instantes,


Se é que minutos podem ser assim definidos.

Ao todo: quinze minutos nada menos,

E jurou a si mesma que conseguiria,

Há sempre um lugar onde a saudade ocupa,


Queira Deus que a saudade dele a pertencesse,

Ou que ao menos quisesse ceder passagem,

Um instante ao seu lado já seria o bastante,

Será que quando se ama momentos são suficientes?


Para lembrar sim, mas para permanecer?!

Fosse como fosse ela gostaria de saber;

Um ruído seguiu-se na rua em frente a casa,

Um motor se desligava lento e desavisado,


Soubesse ele o quanto ela o queria perto,

Talvez tivesse feito mais esforço, ou o tenha feito,

E ela desatenta não soube precisar,

Com as mãos tremulas e suando frio,


Como é que se pode pensar com clareza?

Tocou a porta antes de ser tocada a campainha,

Era ele, ela reconhecia o cheiro e a forma de chegar,

A porta estava destina a perturbá-la,


Decidiu por emperrar, fizesse o esforço que fizesse: não abria,

Puxou o trinco, bateu de leve sobre ela três vezes,

Empertigou-se, e recostou o corpo com força,

Quase aos prantos com o olhar cegado de lágrimas,


Deixou-se escorregar o corpo, desolada,

Mas, então deteve-se: ela poderia falar, então, falaria,

Saberia que era ele e o pediria ajuda,

Tão simples quanto qualquer outra coisa,


Mas a voz dele não era ouvida, e o tempo passava,

Nem ouvia a campainha ou batidas na porta,

Nada, absolutamente nada,

Será que ele teria errado a casa,


Ou evitasse Deus desistido da ideia de vê-la?

Nem ao menos um último olhar,

Um jogar-se em seus braços desesperada,

Sobre um último beijo ela já dispensava,


Mas um último olhar, como poderia desistir de tudo que mais esperava?

Dois minutos do horário se deram por vencidos

E percorreram sem que ela desejasse o relógio,

A cinco ela tentava abrir a porta sem êxito algum,


Implorava por ouvi-lo, sentir seu cheiro ou qualquer coisa,

A coisa toda não soava estranho,

Pois havia um cheiro diferente no ar,

Alguém parecia estar a espera mas estava mudado,


Chegava a ver um semblante frio do outro lado,

Quase sentia uma voz sóbria e desafiadora lhe dizendo não,

Três minutos escorregaram e ela ali estagnada,

Grudada na porta como se ambas fossem a mesma coisa,


Alguém batia a porta de um carro,

Acho que a fechava, talvez logo houvesse uma partida,

Não seria a porta da casa dela, pois esta não se abria ou cedia,

Como ela havia ansiado por este dia,


Como contou com a sorte hora após hora,

Quando a voz dele lhe ressoava ao ouvido pela saudade,

Ela sabia que tudo que mais queria era ele,

Soando como se estivesse ao seu lado,


Chegou a acreditar que havia amor entre ambos,

Voltou-se, desgrudou da porta sem saber como,

Ficou de frente, esforçou-se e nada,

Havia um lugar, uma pessoa e um carro,


Fora isso, havia muito sentimento envolvido,

Era a segunda vez que iriam se ver, nada além disso,

De quantas vezes se precisa para que o amor se dê por vencido

E deseje adentrar em um coração aflito?


E se for em dois corações de uma única vez

É necessário percorrer tempo em dobro?

O carro estava parado mas que diferença fazia isso?

Não, ele não se movia, devia estar lá dentro pensando,


Ou quem sabe, desistindo...

Às vezes, os homens são assim fogem sem razão,

Você vive uma paixão, ardente e febril,

Mas, vem o sol do outro dia e o calor se torna vão,

Quando o beijou, o imaginou ao menos pelo mês de abril...

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Caminho Em Busca De Quem Amo

 

Claro, se tudo se encaminhasse bem,

E no dia seguinte, logo ao amanhecer,

O sol decidisse por conta própria brilhar,

E que as nuvens, estas nem outra coisa,


Não fizessem nada que pudesse impedir...

Saí do quarto, tranquei a porta atrás de mim,

Não precisei olhar para ela,

Apenas a puxei sem ruído e a fechei assim,


Certo foi que ao final saiu um estalo,

Deixei a chave aonde estava,

Não me pertencia esconder nada,

Ao contrário, não queria mais que falar,


Desci as escadas de uma a uma,

Não me sentia apressada,

Nem estava tão desatenta,

O vaso com a flor estava fora do lugar,


Ela cheirava a rosas mas era outra coisa,

Há um sentimento que nunca se cala,

Este é mais forte que tudo de que se acredita,

Talvez, se chame amor,


O que sei é que o que vivemos não será abalado,

Quando os sinos baladam os vazios em meu peito,

Sim, não afirmo nunca que sou perfeita,

Até mesmo aí, este amor eleva a voz,


E eu o ouço, mesmo que permaneça em silêncio,

Ainda assim posso ouvi-lo,

Com o decurso do tempo, da distância e todo o resto,

O ouço, e o sinto, confesso;


Se houvesse algo que me impedisse,

Poderia jurar que agora derreteria,

E por mais esforço que fizesse,

Em nada me abalaria,


Este algo que sinto dá fim as guerras,

Aquelas internas que se sente e as vezes, se silencia,

Da minha boca, à minha voz até a alma,

Ele põe fim a toda evidência em falso criada,


Quebra o arco e despedaça a lança,

Do que me põe em dúvida,

Depois deste instante de reflexão,

Não sobrou nada,


É certo que a lembrança de tudo que vivemos me chama,

E eu não tenho um motivo para resistir a ela,

Doce amor, que destrói os escudos com o fogo,

Se ergui minha armadura me despi dela a muito tempo,


Antes ainda que chegasse a me tocar,

Pouco depois de cruzar com o seu olhar...

Paro agora e respiro, não estou a lutar,

Do que sinto, não me nego a nada,


Chega de impor distância que nunca chegou a te apagar,

Se vivemos, sei que sim, que o amo,

Admito enfim e não quero mais calar,

Saibam que eu o amo,


Confesso que arfei o peito para gritar,

Mas, ali onde eu estava ninguém ouviria,

Se é que um amor é capaz de passar despercebido,

Espalharei o que sinto entre as nações até toda a terra,


Se eu o amo e tenho certeza quanto a isso,

Não irei mais negar por nenhum segundo que for,

O Senhor dos exércitos caminha comigo,

Ele conhece tudo que sinto


E agora, deseja que todos o saibam,

O abraço de quem eu amo e nenhum outro lugar

É minha herança segura,

É no seu abraço que me erguerei,

E direi que o amo como evitei até esta hora...

Sem outra pausa me guio e o vejo a minha espera.

domingo, 3 de abril de 2022

A Primeira Estrela da Noite

 

Se pudesse contar com a sorte,

Não contaria com aquele beijo,

Não daquele jeito e naquele instante,

Mas queira Deus, voltaria para busca-lo,


Sim, queria ao menos uma outra vez,

Senti-lo terno e soturno sobre os lábios,

Quem dera pudesse descer até o pescoço,

E para ali a dizer que me ama ou algo parecido,


Num sussurro insuficiente para chegar ao ouvido,

Mas potente o bastante para não passar despercebido,

Então, e apenas dessa forma,

Eu baixaria a cabeça ao seu encontro,


E nesta hora o ouviria em silêncio ou não,

Sentiria a vibração de cada palavra por minha orelha,

Até sentir a verdade que estava sob o olhar,

Olhar este que eu não pude dar,


Mas que ainda hoje me faz indagar,

Por quê motivo fechei os olhos para beijar?

Com tantas perguntas naquela hora eu preferi silenciar,

Mas, apenas quando estamos longe me vem elas,


Eu aqui, poderia jurar, quando estava em seus braços,

Não quis outra coisa que não fosse estar lá,

E sentir cada músculo seu ao meu encontro,

Cada movimento, cada, talvez, pudesse dizer, sentimento,


Saio da grama, removo a toalha do chão,

A dobro de forma metódica, aspiro o ar com ousadia,

Com aquela audácia de quem duvida de algo,

Ou pega ímpeto para buscar o que não poderia,


Prossigo até a minha casa,

No caminho recolho uma flor,

Penso em trazê-la para perto mas me recuso,

Contemplo-a, da distância em que a deixo


Posso sentir seu cheiro e ver cada nuance sua,

Haveria um pôr-do-sol dali a pouco,

Já caia para as cinco e eu guardo a sensação

De quem não fez nada o dia todo,


Não me indago sobre quanto tempo permaneci aonde estou,

Mas, talvez, chego a pensar se poderia ter feito outra coisa,

Aquela estrela do outro dia chegaria a tempo?

Confesso ter achado estranho o dia em que a notei,


Fazia sol de um lado e do outro estava a lua,

E como se não fosse o bastante lá, também, estava ela,

Se pedidos as estrelas se realizam,

Dali a instantes eu iria descobrir, assim que a confessasse,


Neste momento não é como a anos atrás,

Em que se pede as estrelas e sonha em acontecer,

Mas, é o instante em que simplesmente se pede,

Um ruído se segue sobre a grama viçosa,


Um esquilo foge dali a brincar por entre as árvores,

Desvio um pouco o olhar e quando procuro o horizonte,

Lá está ela, e parece estar feliz,

Eu não discordaria se dissessem que ela já sabia de antemão,


Mas, com a mesma expectativa que tinha antes,

A pedi sobre ele, e confesso, ainda agora, espero a resposta,

Já quase se aproxima a manhã,

Levanto, abro a janela,

Será que você pode imaginar o que ela me disse agora?

sábado, 2 de abril de 2022

Nosso Beijo

 


E, então com o olhar fixo no dele,

Eu me aproximei consciente,

Pela primeira vez,

De mim mesma e do que sentia,


Talvez, fossem desnecessárias as palavras,

Talvez eu pudesse fazer qualquer outra coisa,

Me pôr na ponta dos pés e beijá-lo,

De forma a não deixar dúvidas sobre o que vejo,


O amo e não desejo nenhum outro,

Mas, meus passos não foram mais rápidos

E o abraço decidiu por si próprio o que fazer,

Não posso dizer que tal atitude foi de todo inesperada,


É certo que o amor existe mas nem sempre espera,

O medo veio quando eu abri meus olhos,

Sim, por um único momento eu fechei meu olhar,

Momento intenso o suficiente para sentir cada parte,


Para perceber por mim mesma que tudo era real,

Sorri, um tanto sem jeito,

Notei que esqueci o cumprimento,

Confesso que ao chegar perto,


Não quis outra coisa senão me enlaçar no seu pescoço,

Sim, quis algo, assim que meu peito acelerou um pouco,

Quis beijá-lo com um carinho que não posso contar,

Quis toma-lo para mim como se toma um segredo


Que a ninguém mais se desejará dividir,

Poderia admitir que não me senti segura assim nunca,

Mas, antes disso eu suguei o doce dos seus lábios,

Abri a sua boca com a língua de forma felina,


Não, não desejei feri-lo,

Apenas quis que ficasse disponível por todo o tempo,

Quanto tempo?

O suficiente;


Com a certeza de que nunca mais me sentiria segura assim,

Eu me enlacei nele,

Eu o puxei de encontro ao meu corpo,

Com um pedido silencioso de que não fosse sair,


Agora, eu era uma apaixonada,

E implorava por ser correspondida,

Se eu senti medo?

Sim, até o instante em que toquei seu rosto,


Apenas no momento enquanto estávamos longe,

Se eu pedi se podia beijá-lo?

Não, mas me arrisquei o bastante,

Senti um vento frio soprar as minhas costas,


Muito tempo se passou e nós não nos movemos,

Enlaçados, como dois namorados,

As gaivotas voavam e o sol percorria a tardinha,

O céu se coloria e o chão ia aos poucos escurecendo,


Mas, eu confesso e nunca iria mentir,

Eu nunca me senti como me sentia,

E ao vê-lo abrigado no meu corpo pude concluir,

Que nosso beijo não era como a tarde que caia,


As luzes se acendiam ao nosso redor,

Enquanto as estrelas sonhavam em aparecer,

E a lua, eu não sei em que lugar estaria,

Se eu pensei que faltou alguma coisa?


Sim, uma única coisa,

- Amor, me leva para casa?


quarta-feira, 30 de março de 2022

Seu Olhar

 

Vejo em seu olhar o meu refúgio,

Em seu abraço a minha fortaleza,

Auxílio para os dias nebulosos,

Confesso não ter buscado por nós,


Mas quis o destino ser melhor que eu,

Te encontrou e o colocou no meu caminho,

Eu fixo os meus olhos em seu olhar,

Sinto medo, estremeço e tento desapegar,


Não que eu sinta que não seja bom,

Mas, a um passo de distância de senti-lo,

Já vejo minhas defesas cair até a base,

Feito encalços em busca de me manter distante,


Pequenos fragmentos silenciosos e indefesos,

A espera de que eu perca a calma ou as certezas,

Buscam apenas uma possibilidade de distanciar,

Jogados no meu caminho não fazem mais que ferir,


Feito vazios em que tento a todo custo me esquivar,

Nunca pensei que o que criei para me abrigar

Findariam ao chão apenas para vir de encontro,

Bem, mas tiro os olhos da calçada,


Fixo-os em outro lugar,

Um ponto em que possa me sentir segura,

E antes de mais nada e depois de todo o resto,

Vejo você e seu olhar seguro,


-Ora, querido, o que há em seu olhar?

Ainda que tremam os montes do meu redor,

Já não vejo mais nada,

Mesmo que meu coração afundasse no mar,


Ou que cada vazio em falso fosse preenchido por lágrimas,

Que chorei por uma vida até encontrá-lo,

Eu nunca poderia negar, então não me prendo,

Me deixo conduzir pelas suas certezas,


Mesmo que estas lágrimas tenham sido turbulentas,

Que todas as minhas certezas sejam postas em dúvidas,

Estou presa em seu olhar, segura em nós dois,

Vejo os vazios serem sacudidos por algo,


Não sei definir o que os tocam,

Mas, agora eles sentem meu medo,

O medo que me fez parar agora se coloca a favor,

Não busco olhar para trás,


No caminho em que o procuro, eu deixo as incertezas,

Estou no seu abraço, me vejo sua,

Há um lugar onde as incertezas são jogadas fora,

Este lugar chama o seu abraço percebo agora.

terça-feira, 29 de março de 2022

Até Outro Dia


Mas dessa vez foi muito intenso,

É certo que cada beijo era perfeito,

Porém, o de hoje tinha um outro gosto,

Não posso dizer que escapo de apaixonar-me,


Neste caso, o fim é um pouco diferenciado,

Quando fui calçar o calçado, nem olha para os meus pés,

Logo, no alcance da porta,

Foi que notei estar com os seus sapatos,


Até agora ainda posso jurar,

De forma alguma eu desejei criar uma situação,

Mas se eu pudesse, se por um instante

Pudesse estar ao meu alcance,


Ah, eu não resistiria a um outro beijo,

Juro que não oscilaria por um único segundo,

Se eu pudesse, ao menos por um pouco,

Ficar por um instante a mais ao seu lado,


Nesta ocasião ele estava mais carinhoso,

A distância me tornou mais acessível, admito,

Mas os seus carinhos ao percorrer o meu corpo,

Foram o fator definitivo,


Disso resultou a lágrima no olhar ao me pôr para fora,

Aquela ânsia louca de olhar para trás,

O acelerar do meu coração me pedindo para ficar,

Desta vez, o amor percorreu minha pele de forma pura,


O vi derramado por cada centímetro de mim,

E colhido por afagos que nunca serei capaz de expressar,

Cada jura de amor sussurrada por lábios trêmulos

Sobre a minha pele macia em forma de carícias,


Olhei para os seus braços fortes e seguros,

E em cada instante eu desejei mais um pouco,

As estrelas deveriam estar a cintilar lá fora,

Ao fundo havia uma música natural do encanto noturno,


Em mil gemidos e suspiros descontrolados,

Eu o pedia que ficasse, que o que havia ali: durasse,

Minha pele arrepiada soava carinhos nunca pensados,

Disse ao meu coração que parasse o descompasso,


Daquela forma eu já não controlava o desenrolar,

Mas, ele não me ouvia, nem minhas mãos cediam,

Se precisasse de ajuda de mim mesma,

Se daquela forma eu me perdesse para sempre,


Eu sabia: jamais seria encontrada,

Me vi desamparada ante as suas carícias,

Não queria de nenhuma forma estar fora delas,

Os seus lábios trêmulos sobre os meus:


Para sempre eu iria me lembrar disso,

E agora, sobre o meu corpo aquela necessidade o chamava,

E eu correspondia com tudo de mim e mais um pouco,

De repente, me imaginei deixando a casa,


Ele dormindo sossegado sobre os travesseiros,

Sereno como o luar da noite,

E percebi que eu não queria deixa-lo,

Tão terno e meigo como só ele,


Eu não poderia perde-lo, a ideia de deixa-lo,

Pelo tempo que fosse, me feria de morte,

Só não caí desfalecida com o pensamento

No mesmo instante, porque isso significaria perdê-lo,


Tinha que confessar o que sentia,

Talvez, isso bastasse para que ele me entendesse,

- Amor, eu te amo, não quero ir embora,

Me vi gritar sem perceber,


Mas, a esta hora eu já tinha ido embora,

E quem sabe, ele não me ouviria: eu estava longe.


A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...