sexta-feira, 4 de julho de 2025

Feliz 36 Anos

Um dia antes
A gente tenta
Não pensar
Que fará aniversário.
Procura imaginar
Que fez tudo perfeito,
Que não poderia
Ter feito melhor
Tudo que fez
Em cada ano que passou.
Vê a casa em ordem,
Os filhos bonitos
E bem cuidados,
Os negócios sendo organizado,
O marido a esperar
Um convite seu
Para um local qualquer,
Ou um desejo
De que você tenha vontade...
Bem,
São 36 anos.
Você já tem maturidade,
Já imagina que estar
Ao lado de quem você ama
É tudo de que precisa.
Você busca segurança,
Quer encontrar a família unida,
 É isto,
Dentro do seu peito
Você tem a certeza
De que possui tudo que deseja
Sempre que encontra seu esposo
A te esperar,
Os filhos limpos e amados,
A casa conforme você quer,
É isto!
36 anos
É esta completude
Que você encontra
No aconchego do lar,
No abraço que aquece a noite,
No cobertor sempre mais confortante.
Tenho tudo de que preciso,
Por me entregar
A um bom esposo,
Tenho muito mais que isso,
Confesso, dirigir o carro
Ir até uma loja,
Parar em frente a vitrine
E tentar buscar um algo
Que eu talvez desejasse,
Mas, percebo que tenho tudo.
Mais que desejei,
Tenho todos os mimos,
Tenho o orgulho
De ver os olhos dos filhos
Brilhar de satisfação
Em cada instante
Em que me veem,
Meu esposo sempre
Me buscando,
Onde quer que se encontre.
Se me esquivo,
Eles não se escondem,
Se tenho medo,
Eles enfrentam,
Se o dia tá ruim,
Eles melhoram tudo por mim,
Eu sou completa,
E uma pessoa completa
Tem tudo de que precisa,
Então, neste dia dos 36,
Escolho sair até o pomar
Que nos esforçamos
Para criar durante o ano,
E os próximos...
Colhemos frutas,
Retornamos para dentro de casa,
Eu escolho a receita,
Nós fazemos juntos
Nosso próprio bolo
E eu já não quero buscar lá fora,
Seja um bom café,
Um lindo bolo,
Ou qualquer presente,
Eu tenho tudo,
E olho para nossa família
E vemos que nós temos tudo,
Isto é a graça,
Isto é o encanto,
Lá fora nada me atrai
Mais que o que temos entre nós.
Feliz 36 anos
Sem medo de todos os receios
De que já ouvi falar.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Primeira Noite

Ninguém duvidaria
Que conhecer uma garota
Dentro de um casamento
É o maior erro da vida,
Exceto eu,
Que encontrei a madrinha
Em maus bocados.
Foi desta forma,
Eu me servi da décima taça
De champanhe,
Me cansei dos risos moderados,
Comentários sérios,
Peguei uma garrafa e saí.
-Adeus, Anderson.
Feliz casamento!
Gritei na saída,
A uma distância singela
Do noivo que sorriu
Um tanto ruborizado,
A festa pelo visto seguiria...
A caminho do meu carro,
Em meados da calçada
Do jardim,
Uma mão enluvada sai
De uma moita de flores
E pega em meu pé.
Eu teria caído,
Contudo, estava com
Uma garrafa em mãos,
Tropecei,
Olhei para o chão
E a vi.
- uau, garota.
Você bebeu um pouco?
Indaguei.
Ela levantou o rosto
Que babava de tão alcoolizado,
Avermelhado e desejoso.
- me ajuda.
Me perdi da festa.
Me respondeu.
Eu ri alto.
- se perdeu bem distante.
Informei me acocorando,
Coloquei a mão no seu rosto,
Ela tomou a garrafa
Assim que me olhou nos olhos,
Sorveu um gole intenso.
- estou com muita sede.
Me disse.
Parecia ser uma das madrinhas,
Estava deslumbrante
Em um vestido lilás de seda
Colado ao corpo cheio.
A ajudei a ficar sentada,
Olhei para trás,
Vi que nada tinha para fazer,
Me sentei ao seu lado,
Lhe tomei a garrafa,
Bebemos juntos
Recostados naquela flor.
Ao final da garrafa,
Transcorreu horas,
Veio o sereno da noite,
Um véu de nuvens sobre o céu
Estrelado
E enfim, Miríades sobre meu peito.
Nos abraçamos
Empolgados,
Embriagados
Totalmente distantes
De quem sabe o que faz.
Logo, ouvimos burburinhos,
Nos escondemos mais
Para o meio do jardim,
E fizemos amor em pleno gramado,
Nus próximos a todos
Os convidados,
Suficientemente escondidos.
Ela era a irmã da noiva,
Trazia com ela
O anel de noivado
Que foi removido
E trocado pelas alianças,
Dado a ideia engraçada,
Eu não resisti em pedir
Para ver.
Ao ver,
Me encantei mais
Com o olhar de Miríades,
O anel estava já em sua mão,
Merecia estar naqueles dedos,
Era incrivelmente perfeito.
-Miriades, casa-se comigo?
Sou Lucir.
Indaguei.
Ela sorriu,
Se encaixou em meu pescoço,
Eu coloquei o anel em seu dedo,
Foi tudo tão rápido,
Encantador.
Meu peito acelerou,
Eu percebi que a traria
Por toda a vida
Junto comigo
E que não havia nada
Mais que eu quisesse.
A abracei,
Segurei firme suas costas,
Beijei seu rosto,
Sua orelha.
Fizemos amor,
Outra vez,
Sem conter o desejo,
Sem conter os gemidos,
Lá no fim,
Com ela sobre meu corpo
Eu não resisti:
- vou gozar,
Gostaria que fosse
Dentro de você!
Ela baixou o rosto
Para meu peito,
Beijou-me até os lábios
Então disse : “sim”.
Sei lá,
Acho que estamos grávidos.
Ela agora dorme serena
Sobre meu peito,
Eu espero as estrelas,
E se não vierem não importa,
O que há de mais perfeito
Já houve:
O amor!
- “sim.
Eu te amo”.
Falei em seu ouvido.
Ela ressonava
Segura em meus braços,
Mexeu a cabeça
Em confirmação.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Sim

Celio estava dirigindo
Compassivo o seu Vectra branco,
Escolheu aquele carro
Para levá-lo
Ao seu próprio casamento,
No instante em que pôs
Os olhos nele
Pareceu o mais apropriado,
Contudo, vendo seu reflexo
No espelho,
Vestido num terno branco
E sapatos na mesma cor,
Duvidou um pouco.
Todavia, feito o sol que descia
No horizonte,
Lucrécia lhe deu liberdade
Para escolher a própria roupa,
Ela preferiu a moda antiga
Casa qual escolhe sua roupa
E só permitido ver um ao outro
Vestidos nela
No próprio instante,
Caso contrário,
Dava azar.
Seria uma linda surpresa,
Ele pensou e sorriu feliz.
Neste instante,
Um carro escuro
Que seguia a sua frente,
Fez uma manobra arriscada
E o obrigou a frear com força
Sobre a pista.
Seu pneu estourou
E ele fixou-se em único
Pensamento
Ao ver o carro suspender,
Pender para o lado
E virar para cima
Rolando sobre a pista
Até cair no barranco.
Seu pensamento era Lucrécia,
Seu rosto lindo,
Seu sorriso
E seus olhos escuros
O esperando para seu beijo,
Vestida de branco
Ou talvez em outro tom
O esperando para o sonhado “sim”.
Dentro do carro capotado,
Com dois pneus virados
Para cima,
Os outros enterrados no solo
E seu corpo contraído
Sob a pressão do banco,
E do volante contra ele,
Ele lembrou de dizer em voz alta
“sim”.
Depois fechou os olhos
E desmaiou.
A dor foi intensa demais
Para que ele conseguisse suportar.
Ninguém o ajudou,
Passados algum tempo,
Ele acordou,
Abriu os olhos e sentiu
A nuvem de lágrimas
Descer sobre seu rosto.
Arfou de dor,
Tentou remover o cinto
De segurança
Que o mantinha preso
Contra o banco do carro.
Com esforço,
Conseguiu.
Saiu do carro.
Colocando uma mão
Na lateral da porta
E se puxando para fora.
Lembrou de pegar o celular
De sobre o painel do carro,
Ao conseguir sair,
Se puxou para fora,
Caiu sobre um gramado
E sujeira intensa.
Sua primeira reação
Foi ligar para a noiva.
A informou com voz
Murmuriosa e amedrontada
O que ocorreu no trajeto
Que o levava ao local
Do casamento.
Ela arfou de medo,
Dobrou o corpo até o chão,
Segurando o celular.
- sinto dor.
Preciso de você agora.
Ele disse.
- meu amor,
Jamais desistiria de você.
Eu o amo!
Respondeu Lucrécia.
- estou sujo.
Ele respondeu,
Com o rosto colado no chão,
Imaginando o estado
Em que estariam as suas roupas,
De sujeira e, talvez, sangue.
- me diga aonde você está.
Irei te buscar.
Ela gritou a chorar
Desesperada.
Célio passou a localização,
Através do aplicativo.
Depois se puxou para fora
Do carro totalmente.
Colocando-se em pé,
Viu o terno branco sujo,
Sua perna estava manca,
A barriga estava cortada
E sangrava.
Atordoado,
Ele soltou o peso do corpo
Para trás,
Se recostando no carro
Em prantos.
Olhou para a estrada geral
E não viu ninguém,
O homem que causou o acidente
Fugiu sem ajudar.
Não havia ninguém na estrada,
Estava tudo deserto.
Contudo, Lucrécia
Estava decidida de seu amor,
Buscou um helicóptero,
Carregou de rosas,
E foi ao encontro de Célio.
Ao avista-lo,
Saiu na porta,
De lá de cima
Gritou o quanto o amava,
Jogou flores sobre ele,
Jogou todas as que trouxe,
Pois de tão nervosa,
Pegou até mesmo o buquê
E despetalou.
Então, sobrou as hastes apenas.
Segura de si,
Jogou uma escada de corda
Para ele,
Ele subiu alguns degraus,
Depois fez sinal para seguir.
O helicóptero seguiu,
Célio continuou dolorido
No início da escada,
Lucrécia desceu até ele,
Ao encontrarem-se se beijaram
E se abraçaram forte,
Sem se soltar,
Até chegarem na praia
Onde se casariam.
Em pé na areia da praia,
Seguiram de mãos dadas
Até o altar,
Não se importaram com a roupa
Ou a ausência do buquê,
Chegaram e todos os convidados
Já haviam chegado,
Então, todos se levantaram
Para recebê-los,
Eles olharam um para o outro
E disseram “sim” juntos.
Haviam carreiras de cadeiras
Do lado direito
E do lado esquerdo,
Pessoas sentadas,
Logo, em frente
Estava o altar sobre o final da areia
Próximo ao mar,
A água chegava,
Tocava em seus pés
E retornava.
Lá estava o juiz
Com o documento que
Formalizava a união,
Os pais dos noivos
E os padrinhos em pé.
Todos ficaram assustados
Ao vê-los esbaforidos,
E Célio parecia sujo,
No entanto, ele disfarçou a dor,
E ninguém notou que ele
Estava com o terno sujo.
Tudo foi tão perfeito
No instante em que ambos
Se beijaram
Que nada pareceu
Estar discordando da cerimônia.

Alvo Localizado

Quem encontrar o Corsa
Rosa bordô no final
Do morro em que ele caiu,
Vendo o estado em que ficou,
Jamais imaginara o que houve.
O fato de ele,
Ter escolhido cair,
Exatamente,
Dentro daquele cemitério,
Diante das ruínas
Que causou auxilia
No finalismo da história,
“Ninguem saber a razão
De ele se encontrar
Onde se encontra.”
O rosto deformado
Do condutor
Nada acrescentará
Para que busquem a razão
Do que será considerado
Puro acidente.
O fato de ter cavado
A própria cova
Ao cair justamente
Dentro do cemitério
Destruindo jazidas, túmulos
E espalhado ossos
Para todo o lado,
Auxilia em muito
No rumor que irá circundar
O fim daquele condutor:
“desvairado, destruidor
De memórias familiares”.
Patrick, olhou da beira
Do asfalto,
Logo antes da vala
Cujo gramado foi arrancado
Quando o carro caiu,
Deixando um rastro
De terra e barro a mostra,
E bateu palmas.
No fim de onde sua vista
Conseguia perfeitamente ver
Estava o Corsa,
Mergulhado dentro de um túmulo.
Ele riu consigo mesmo,
Nunca foi tão perfeito.
Pegou no volante de sua moto,
Subiu nela,
Colocou o capacete
E saiu feroz,
Fazendo curvas sobre o asfalto,
Suado de geada do inverno,
Que ainda derretia.
Deu uma última olhada
Pelo retrovisor,
Não havia nada,
Testemunha nenhuma
Que retrataria o que houve.
Ele fez a curva
Que o desviava de poder ver
O local onde planejou tudo
E executou,
Uma última vista
Lhe permitiu ver
O morro de árvores e pedras
Onde se escondeu
Para esperar e encerrar este caso.
Logo as seis da manhã,
Chegou ao local escolhido
Para executar sua intenção:
A curva logo acima do cemitério
Da cidadezinha simples
Do Sul do Brasil.
Próximo ao final do asfalto,
Desceu da motocicleta,
Olhou para o ponto previsto,
Encontrando pedras para
Proteger seu corpo
E árvores para camufla-lo,
Subiu.
Segurou firme
No volante da moto,
E a empurrou usando
A força dos seus braços.
Chegado na metade do caminho,
Retirou um facão
De dentro de uma caixa preta,
Cortou alguns ramos,
A escorou numa árvore,
E pôs os ramos sobre ela.
Vendo-a totalmente escondida,
Retirou a caixa preta
Que estava amarrada nela,
Subiu mais para cima,
Encontrou a pedra,
O chão úmido de inverno,
As árvores postas
Conforme sempre foram,
Se ajoelhou no chão,
Retirou a arma de dentro da caixa,
E se colocou de bruços.
Ali a visão era perfeita
Para o asfalto,
Límpido e a derreter a geada,
Logo o Corsa bordô
Que desejava passaria
Calmamente por ela,
E Elton nunca estaria mais
Pronto que estava agora.
Arma em punho,
Olho no alvo,
Elton observava o tráfego,
O sol da manhã batia
Contra o para-brisa
Dando um instante de cegueira
Ao condutor do veículo,
Seria o instante mais preciso.
Elton beijou delicadamente
A coronha do rifle
Que segurava com as mãos firmes,
Sentiu o cheiro do metal
Subir de suas mãos até a narina,
Tão frios a congelar os dedos,
E o calor da coronha
Que o roçava a face,
Como se fosse uma carícia
De tão quente
E convidativa.
Há muitos anos
Que a arma foi escolhida
Como a melhor amiga,
Embora ele não falasse
Sobre o assunto,
Sabia que não a substituiria.
Silenciosa, precisa e finalista,
A tudo ela resolve,
“Da seu jeito”.
Companheira inseparável.
Sorrindo,
Mordendo a coronha
Do rifle,
Ele avistou Leocir
Iniciando a curva
Onde ele se encontrava,
Tão próximo
A poucos metros sobre o asfalto.
Ele desviou milímetros
O rifle para frente,
Afastando-o de sua boca,
Provando o gosto
Que o desfecho lhe provocava,
Sentimento de liberdade,
E finitude.
Então, pôs o dedo
Sobre o gatilho,
Puxou o gatilho com um click
E o soltou no mesmo instante:
“ tra”.
Fez a bala quando
Estourou o para-brisa de Leocir,
E encontrou seu crânio.
Sangue voou para o vidro,
Um leve espasmo
De dor e medo
Ganhou o rosto dele,
E retirou suas mãos
Do volante.
O carro desviou no mesmo
Instante de sua rota,
E alcançou o fim da rodovia,
Passou pelo gramado
Como se derrapasse,
Entrou para o relevo de terra
Que havia,
Correu um pouco mais
E alcançou o cemitério.
Derrubando casas de mortos,
Carregando consigo jazigos
E encontrando um para si próprio,
Onde afundou e ficou preso.
Com uma roda totalmente dentro,
E outras duas balançando
Ao vento,
Enquanto a quarta tocava
O chão e uma sepultura.
Ossos se espalharam
Por toda parte,
Elton sorriu,
Guardou o rifle na caixa preta,
Se levantou,
Limpou a roupa que usava,
Pegou a motocicleta
Logo a frente,
E pôs-se sobre o asfalto.
Não havia barulho
Exceto o do carro que
Mantinha os faróis acesos,
E despertava o alarme.
Não havia testemunha,
Apenas ele, a moto, o rifle
E Leocir dentro da cova.

Depois do Fim

Marta piscou algumas vezes, Tentou entender O que houve, Se viu dentro do carro Esmagada contra o chão. Estava imprensada ...