quarta-feira, 5 de maio de 2021

A Um Dos Meus Exs

 


Ao meu querido, Henrique e a outros que neste instante,

Resistirei a revelar seus nomes, sim eu usei o plural, não nego,

Henrique leu o próprio fim de ser considerado como homem,

Com aquele seu sorriso seguro nos lábios e olhar atento,

A razão do descompasso é que com o passar dos anos,

Ele ganhou o hábito de conquistar corações e abandoná-los,

 

Nada encorajador para quem deveria honrar sua dignidade,

Ao procurar conquistar a todas, descuidou-se de sua mente,

Ocorre, que os anos foram passando e com eles sua juventude,

Sua fama de conquistador foi decaindo pelas esquinas da cidade,

28 dias antes do Natal, ele buscava um presente para si mesmo,

Abria a porta do carro com relutância, fechava com uma batida,

 

Queria impedir que ficasse aberta, temia a escolha de ser sozinho,

Fazia tudo com gestos mecânicos, não se considerava um ser humano,

Era como se todas as promessas que quebrou em sua vida,

Estivessem se voltando contra ele, ferindo-o por onde passava,

Buscava um sorriso em um rosto amigo, mas não via mais nada,

Fechara-se tanto em si mesmo, que ninguém mais o entendia,

 

Temia as miragens que andavam a sua volta,

Era como se tudo que fez um dia voltasse contra sua cara,

Talvez, ainda pudesse se prostrar e pedir perdão por seus erros,

Mas agarrara-se tanto ao transitório que o orgulho que o guiava,

Era tão intenso que o impedia de tomar uma atitude compassiva,

Ferira tantos corações que não sabia a quem se referir naquele momento,

 

Via-se arrastado para o suplício do fogo, no entanto, não podia evita-lo,

Funesto se apresentava o seu destino, feito uma névoa que acoberta,

Algo que o impedia de desculpar-se e o mantinha firme em seu caminho,

Sentara-se no banco, puxara o sinto de segurança e ligara o carro,

Ao conquistar a vantagem da velocidade sentiu-se satisfeito,

- Não se exalte – ouviu uma voz feminina lhe brindar com um sorriso,

 

Manteve-o gelado em seu rosto no mesmo instante em que uma arma

Apontava contra a sua nuca, movida por uma voz rouca e calma,

Continuara na mesma marcha, sem poder fazer um único sinal de ajuda,

Viu carros se afastarem e ultrapassarem, tudo continuava normal,

Menos sua cabeça que explodia buscando uma meio de fuga,

Qualquer um que não terminasse com ele morto em uma vala,

 

Mil nomes cruzaram a sua alma, sim, naquele momento ele a tinha,

Mas, de todos os rostos nenhum lhe chamara a atenção o bastante,

- A menos de um mês para o Natal, imagino que seu namorado a espera,

Eu estava a caminho de uma loja para adquirir um presente,

Uma moça com esta voz linda, não merece andar por aí sozinha;

Ele juntou as mãos no volante e continuara em linha reta,

 

Não ouviu voz de retorno, não buscou se mover, ereto e silencioso,

A efeito da arma contra si mesmo, buscou uma prece na qual nunca acreditou,

Não buscou juntar suas mãos, não acreditava nestas coisas insensatas,

Havia errado o bastante neste mundo e em outros que houvessem,

Se existia um lugar para ele, era no banco de trás com a moça sobre suas pernas,

Suas mãos presas entre os cabelos dela, desfrutando do seu prazer,

 

Mulher não era feita para portar arma e possuir voz altiva,

Ele as preferia submissa, com alma e corpo desnudos ao seu dispor,

Dentre todas as que fez sofrer, esta com voz meticulosa não estava presente,

De uma arma entre mãos femininas previa a própria morte,

Fosse dos seus lábios já teria revertido a situação que se estendia,

Apenas sussurros inaudíveis saiam da sua boca que ele a sentia: rosada,

 

No banco de trás, ela tentou esconder o semblante triste,

As palavras engasgavam em sua boca feriam sua garganta ofegante,

Sua paciência se esgotava com as palavras que não ganhavam o teor do ar,

Morriam em algum lugar dentro dela, implorando para tomar forma,

Sentia a carta em seu bolso, lá ela havia escrito tudo que queria dizer,

Mas, de repente, a entregar perdeu a necessidade tanto quanto transcrever,

 

Ao amor submetida, pelo amor agora estava disposta a ferir,

Mesmo sob o risco de morte ou de esgotar o seu sentir,

Aquela promessa de amor ficara para trás assim que o carro ganhou velocidade,

Ao amor, o que ele merecia: o traidor sob sua mira logo a sua frente,

Recordara de tê-lo visto com outra um dia antes da celebração do casamento,

Por 5 anos noiva, abandonada um dia antes de realizar o seu sonho,

 

Um novo sonho, logo após lhe foi revelado, um ano depois disso:

O encontra imóvel sobre o sofá do apartamento, morto sem motivo;

Nada estava fora do lugar, apenas a carteira sumira,

Vasculhou até encontrar alguma pista, chegou até o carro do seu ex-noivo,

Ela olhou para onde sabia que estava a carteira que ela conhecia,

Agora que estava com tudo esclarecido, temia realizar o ato,

 

Repousou a carta sobre o colo e direcionou-se até a carteira,

Ele vira seu rosto, mas sob a mira, manteve-se ereto com seu sorriso petrificado,

Recuperou a calma, a reconhecera, esticara suas pernas equilibrando-as,

Sentiu o corpo em brasa, a perdera a um ano e dois meses atrás por um erro,

O erro resolvido e tudo voltaria ao seu lugar costumeiro,

Sabia da sua influência sobre as mulheres e do quanto a dominara,

 

Precisara de muito pouco para conquista-la, ela não o teria esquecido,

Uma mulher quando ama, não precisa de mais que uma jura

Para ser dominada pelo sentimento que jurou sentir em algum momento,

Junto com suas lágrimas sempre existem os sonhos, elas gostam disso,

- E quando uma mulher não aprecia uma carteira? Divirta-se, guardo as alianças aí dentro...

Ela não esperou o fim da frase, repousou a carta ao lado e disparou a arma contra ele,

 

O carro perdeu a direção e saiu da rodovia, sua visão ficou turva, talvez, por lágrimas,

Quando aceitou as promessas, não recusou ser marcada pelo amor,

Mas, existem marcas que não perfuram o corpo e ferem a alma,

Existem aqueles que amam, que não precisam ferir para juntar os pedaços,

Ao coração o que for de mais bonito, não apenas palavras soltas em ruínas,

Onde tudo parece ruir ao seu entorno, sem receber nem ao menos o eco delas de volta,

Em um sentir-se sozinho estando junto alguém termina por sair ferido(a).

terça-feira, 4 de maio de 2021

Uma Rosa Sangra

Quem troca o amor por um olhar na rua, se desvia,

Iniciam a escolha pelos meios e depois seguem-se as desculpas,

Com a flor que ela deixou sobre a sua mesa da sala de escritório,

Ela esperava encontrar um meio de fazê-lo retroceder,

Ele poderia ter deixado uma promessa em um verso,

Mas a verdade se tornou descarada de forma evidente,

 

Quando ela passava pelo escritório era motivo de piadas,

Qualquer um que a amasse não a rebaixaria dessa forma,

Ela se pacientou e procurou seguir as ordens da sua alma,

Mas o amor que tem poder sobre tudo, a pediu para sair,

Ainda assim, ela buscou mais uma forma de recuperar,

Pagou preço caro, por ter acreditado sem refletir,

 

Tais foram seus anseios, que as provas de sua dor escoaram

Por entre os seus dedos, através de sangue entre suas pernas,

A traição foi evidente por meio de um e-mail com fotos,

Em que ele beijava outra em uma viagem que seria a negócios,

O medo que não se apoderou dele investiu contra ela,

Com tamanha força que a fez desvanecer por sobre o sofá,

 

A notícia cuja qual ele nem ao menos tinha conhecimento,

Acabava de sujar o sofá e perder-se no ralo do banheiro,

Ela foi rápida em chamar o médico que não teve o que fazer,

Viu o assinar de um atestado alegando uma desculpa médica qualquer,

O dinheiro consegue escrever o que se desejar numa folha,

Bastava a assinatura necessária e um filho nunca veria a luz do dia,

 

Não adiantava chorar, partir-se ao meio em dor profunda,

Os que prometem, nem sempre cumprem, assim é a vida,

Haverá alguém mais perverso que aquele que jura amor

E depois, fere a alma em destino traiçoeiro sem culpa

Ou piedade daquela que acreditou e o amou como nunca,

Jurar amor para depois impedir que o amor se faça?

 

Não cabia julgamento ou condena, destino selado,

Agora nem uma de suas pílulas de felicidade falsa

Trariam aos seus braços o amor que nunca conheceria,

Um rosto sem face ainda sangrou a mesma dor que ela,

Os que procedem dessa forma deveriam temer o amor,

Provar o sabor do próprio veneno, embriagados em cruel destino,

 

Sua recompensa será o opróbrio neste mundo

E o suplício de se ver sozinho no outro,

Sabendo que a Deus pertence do nascer ao pôr-do-sol,

Não há nada que se oculte ou se desvie de suas mãos,

Será tarde quando encontrardes a Deus face a face,

Talvez, lá se depare com outras vidas que fez perder-se,

 

O amor é imenso, Deus sabe disso, alguém se encarregará

De apresentar seus atos, vez que não terá como questionar

Que espécie de envolvimento era imperativo com relação

Aos seres humanos de sua volta, e o que incitava sua emoção,

Felicidade e frustração acompanham a todos sem distinção,

Em que desculpa se apegará quando estiver ausente a paixão,

 

E não restar nada em que você se apegar, por tudo estar explícito,

Buscará inventar uma crise sem nenhum fundamento?

Quis possuir o amor do mundo aquele que não cuidou do amor de casa,

Depois da promessa feita, os adultos fogem aos seus objetivos,

Vale mais o sabor da novidade do que valorizar o que se conquista,

A realidade é oposta aos sonhos de criança, se acostume a isso,

 

Um sorriso não conheceu a luz do dia, outro morre diante dela,

Um terceiro, está absorto em doses de tequila nos lábios de uma estranha,

Os medos foram intensos demais para que ela os pudesse controlar,

Alguns espasmos de dor e seu filho decidiu que não era a hora certa,

A raiva em sua alma tomou proporções avassaladoras,

Não precisou pisar em falso, caíram suas lágrimas e com elas: a criança,

 

A razão desse descompasso é que sua mente estava ocupada,

O abandono foi nocivo com o teor de veneno em sua boca,

Embora o esforço em tentar evitar ver, as fotos ganharam a tela,

Percorriam sozinhas sob suas vistas, precisas e frias,

Mesmo quando jogou o celular fora, não pararam ainda,

Viu cada momento como se estivesse presente, em carne viva,

 

Foram tantas as desculpas esquecidas por entre os cômodos,

Que seus vazios buscaram se preencher de outra forma,

A beira da morte havia tanta dor em seus olhos vítreos,

Que parecia não haver cura para tanta mágoa acumulada,

Todavia, não era tarde demais para curar e ser curada,

Pegou a rosa mais bonita, beijou por entre os espinhos,

 

Juntou-a do seu jardim, o que cultivaram juntos,

Ainda sangrava uma dor profunda e vazia,

Buscou cruzar a diferença daquele momento

Em que arruinar ou superar um erro em sua vida,

Se torna imperativo a ponto de pôr em equívoco

A sua capacidade de decidir por si própria,

 

Dominada pela raiva, cegada pelo ódio,

Uma família se destrói pelas mãos de um carrasco,

Instante em que vidas tornam-se números,

A aparência é mais importante que fazer o necessário,

Os efeitos do ódio se evidenciam em um rosto sombrio,

A vontade era usar a rosa para perfurá-lo ao meio, contudo,

Conteve as lágrimas, fechou a porta do escritório e saiu.

A Importância do Respeito em que Lugar?


Sentada no seu colo, tocando o seu rosto,

Enquanto admirava seus belos traços,

Percebi que a maioria dos medos que carregamos,

Não pertencem somente a nós mesmos,

No instante em que você decide conviver com outro,

Mesmo que você os guarde em segredo,

 

O cérebro os envia em sinais manifestos,

Através de palavras afoitas, gestos imprecisos

Ou mesmo meticulosos, e somente quem quer

Consegue se eximir de ver ou fazer algo,

É como se houvesse um gatilho contra você,

Que mesmo sem você querer o denuncia e pronto,

 

Tolos são aqueles que se recusam a acreditar no fato,

E permanecem em erros pelos cantos com um desejo

Incontido de que o outro o adivinhe, por evita-los,

Quando sorri e me aproximei dos seus lábios

Repousando um beijo suave sentindo o seu frescor,

Fazendo com que minha mão acariciasse a nós dois,

 

Senti que o que eu era se misturava a ele de forma intrínseca,

Será que cada vez que se constrói um pacto algum deles desiste?

Não sei por qual motivo me veio esta pergunta a cabeça

E uma lágrima tornou meus olhos molhados, estávamos face a face,

Ele que estava com suas mãos sobre as minhas costas,

Me envolveu ainda mais forte e senti tudo se afastar de repente,

 

Percebi que em nossa troca de segredos havia, ainda,

Uma troca maior que isso, vez que, sem querer esbarro

Em meu vaso predileto e o vejo ir ao chão – quebrado,

Com minha flor preferida jogada no assoalho – perda,

Quando, devagar me afasto do abraço e a vejo caída no piso,

Solto um espasmo de dor, mas antes que eu diga qualquer coisa,

 

O vejo ligando para a floricultura e providenciando o vaso mais bonito,

Suas mãos estavam tremulas quase derrubam o telefone,

Seus olhos marejados de lágrimas faziam da minha dor a dele,

Uma comoção profunda me invade, o abraço com toda a força,

E desejo que nada nunca nos afaste, sussurro que o amo,

Entre mil beijos no seu rosto, com ele ainda no telefone – sem importância,

 

Se alguém desejasse nos julgar pela ligação fora de hora,

Que fosse sabendo que ele era o maior e melhor homem do mundo,

Soltei alguns gritos desajeitados, acho que fui ouvida por toda a loja,

Essa era a minha intenção, que todos tomassem conhecimento – o amor,

A maior parte teme acreditar no amor, poucos se entregam de alma pura,

Mas este não nunca foi meu caso, o amei desde o primeiro olhar – primeira vista,

 

Era bom e engraçado o quanto nos conhecíamos bem,

Nossa entrega favorecia o diálogo, tal como ainda ocorre,

Tem aqueles que descreem e com isso, alimentam seus medos,

Quando estes nunca foram descrentes ou fracos em suas atitudes,

Quando percebem seus medos estão maiores que o amor- dominados,

O diálogo se escapou pelas janelas que agora estão fechadas – pressionados,

 

O ar já não guarda aquele cheiro de aconchego, as bocas não se procuram,

Um deita num sofá o outro no outro – a distância,

Por que preço fajuto venderam tudo que sentiam,

Se soubessem teriam evitado a encruzilhada – sem alternativa,

Um escolhe um caminho o outro prefere o contrário,

A rua que trafegavam quando estavam unidos está perdida – abandonados,

 

O vejo desligar o telefone, me abraçar forte e beijar minha boca,

Sinto algo salgado e quente percorrer por entre nossos lábios,

Acredito estar chorando, sorrio me esquivo e peço desculpas,

Quando olho em seu rosto, percebo que quem chora é quem amo,

Acho interessante que não distingo a minha dor da que ele sente – unidade,

Recompensa maior que essa creio que não exista, o amo muito – intensidade,

 

Se tentar separar pedaços das nossas preocupações ou medos,

Veem que um se confunde no outro, trabalhamos juntos nisso,

Não reprimimos o que sentimos, não nos escondemos um do outro,

É claro, que temos nossas próprias ideias, que nos pegam ao acaso,

Mas construímos um caminho que se baseia no bem-estar conjunto,

Assim, não há traições, ninguém termina ferido – a dor represada por amor,

 

Marca-se os pensamentos em que se acredita,

Põe eles um pouco de lado e testa sua valia,

Se forem interessantes o bastante: se comunga,

E com isso decide-se qual atitude tomar- família,

Não existe teste de força ou de maior importância,

Se anda junto, um ao lado do outro, por que se ama,

 

Há ninguém deveria ser permitido ver o ódio nos olhos

Daquele de quem recebeu e entregou amor – a fuga,

Ouvir dos lábios de onde já ouviu palavras de carinho,

Frases cuspidas contra sua cara a açoitar sua dor – a raiva,

Mãos que te acariciaram uma vez nunca deveriam bater,

Não importa o que ab-rogam ou desprezam – a descrença,

 

Se substitui uma alma como se ela fosse um simples objeto,

Abandona o amor sem saber seu poder sobre tudo – a importância,

Há de reconhecer em algum carinho um defensor ou protetor?

Prefere retroceder ao passado quando a verdade fica evidente – o respeito,

Se desapega do que sente vitimando a si mesmo preso as desculpas,

Há sempre uma resposta pronta (n)a qual você não sente ou crê – em que lugar?

A Importância do Respeito em que Lugar?

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Renegas a Saudade, Querido!

 


E quando eu enviei pelo correio aquela carta,

Embora não aguardasse ansiosa por uma resposta,

Eu coloquei em cada linha todo o meu coração nela,

Foi como se a escrevesse com as palavras da alma,

Tivesse em mim uma forma de ser exata com o que sentia,

Não teria me expressado melhor, no entanto, não sabia

 

Que mesmo todas as frases do mundo lhe confidenciariam

O quanto eu me vi perdida com esta distância,

O tanto que pedi a Deus que lhe trouxesse de volta,

Uma chance a mais de ser sua, buscava em ti um sinal,

Qualquer coisa que me desse uma alternativa,

Uma maneira de trazê-lo para mim ou de esquecer,

 

Desmentindo minhas lembranças rebuscadas naquelas linhas,

Renegando tudo o que sente meu coração à outra face,

A maldição da promessa do amor eterno pendia em minha vida,

Poderia defini-la de outra forma tivesse de ti ao menos a chance,

Vil foi o preço pelo qual lhe entreguei minha alma,

Um beijo, uma promessa, um sorriso e um rubor de instantes,

 

Agora, se faz distante, nega tudo que um dia prometeu,

Com o mesmo sorriso com que usou para cativar meu amor,

Revoltado a ideia de cumprir com seus deveres de homem,

Aqueles em que me fez acreditar ao conquistar-me,

Merece do meu coração nada mais que mágoa,

Mas minha lembrança se revolta, insiste que o ama,

 

Um castigo aviltante espera aqueles que se entregam dessa forma,

Leviano e traiçoeiro com o sentimento alheio,

Nega o que vem depois, esquece tudo que sentiu naquela hora,

Amor de instantes não preenche nada além do mundo que o cerca,

De momento a momento, todos se afastarão, até não restar nada,

O nada a que você condena, pode, se tornar prisão perpétua,

 

E o ter por prisioneiro, se hoje meu coração chora por te amar,

Talvez um dia sorria por ter conhecido você e tê-lo perdido,

Bem, iniciei a carta com uma declaração e dou continuidade

Com um derramamento de lágrimas em linhas tortuosas,

Verdadeiro desabafo de quem você nunca quis dar ouvidos,

Pergunto-lhe: porque conquista corações se depois os renegas?

 

Lhe apresento frases, lembranças, e nossas juras como provas,

Assim mesmo, não tardou em se ausentar, sem dar notícias,

Cheguei a rezar por sua alma, pedir uma missa ao padre por sua vida,

Fui procurar nos bancos de dados, em hospitais, delegacias...

Exagero de atitude? Exagero o seu em me conquistar e fugir,

Se tornaste um prevaricador que se recusa a sentir,

 

Aceitai esta carta que o envio de coração aberto e a lê,

Por favor, não leia muito alto, basta que chegue aos seus olhos,

Não preciso de plateia para aplaudir o meu sofrer,

Escutai nossas promessas sobre o tempo em que nos amávamos,

Não tenho necessidade alguma em lhe parafrasear as frases,

Mas o amo de forma pura, gostaria que soubesse disso,

 

Responda-me: “recebi, a li e concordo com o que dizes,

Ou discordo”, mas diga ao menos que recorda de nós,

Se já me trocou por outro alguém, tudo bem,

Não diga que já nos esqueceu de maneira tão mesquinha,

Rasgue a carta ao meio, queime seus restos, jogue as cinzas fora,

Mas não negue o que vivemos de forma insensata,

 

Seu coração herético está embriagado de mentiras,

Espero que minhas palavras possam salvaguardá-lo um pouco,

Deixar-lhe sóbrio sobre os sonhos das nossas almas,

Aqueles quais buscávamos juntos até ver você desistir e ir embora,

Digo-lhe: o amo da mesma forma intensa de tempos atrás,

Condenável é o que seu coração ordena para nos afastar,

 

Ora, nunca rejeitei o afago que suas mãos perpetraram,

Se teu coração nos afasta posso ao menos conhecer o motivo?

Eu o senti se afastar tarde demais, quase não pude fazer nada,

Me desculpa se foi insatisfatória minha maneira de busca-lo,

Mas, lhe juro fiz tudo que estava ao meu alcance, minha vida,

Verificarás, ao contrário, que quedei ao grito surdo dos seus olhos,

 

Seu olhar de ira me revoltou, me deixou vazia por dentro,

Apenas não soube o que fazer, acho que sou muito agarrada a promessas,

Relembro cada uma delas e acredito com o mesmo entusiasmo,

Se contasse com a segurança do seu abraço, mil anos não bastariam,

Mil e um beijos não demonstrariam o quanto é grande o meu amor,

Mas ainda que vivesse tanto, não bastaria para amá-lo uma só vida,

 

Meu coração lhe busca e é como se eu o pudesse ver,

Sinto que não esqueceu de nós, é como se ele soubesse o que fazes,

Foi ele que revelou a minha mão cada palavra da minha alma,

Acredita no que meu coração fala, ele o recorda em cada dia,

Um beijo de paixão apenas e boas-novas a uma outra história,

Uma em que fossemos felizes juntos, sem ver tudo se acabar,

 

Como é estar longe de tudo que vivemos e fingir não se importar,

Sente-se como se estivesse chorando uma tristeza que não acaba,

Nota essa intensidade refletir em seus atos e embriagar sua fala?

Repele este pensamento e busca por nós em sua alma,

Estas lágrimas são mais frágeis do que o amor de uma vida,

Não importa quais foras as circunstâncias, há sempre uma alternativa.

Um Amor Sem Distâncias

 

Um sopro brincou com meus cabelos, me trazendo um sorriso,

Não precisei de muito esforço para recordar seu rosto,

Com aqueles conhecidos olhos irradiando luz em minha vida,

Deixando o semblante alegre e um sorriso belo em sua boca,

Tentei tocar o vento, segurá-lo por entre os dedos,

Meu sorriso saiu ainda mais seguro, embora não pudesse tocá-lo,

 

Não havia nada além de algo suave a me afagar os cabelos,

O bastante para trazer sua lembrança e me deixar feliz,

Tentei brincar comigo mesma como se você estivesse ali,

Fechei a janela, puxei as cortinas, me escondi atrás dela,

Com um gritinho como se dissesse: amor onde estou agora?

Tivesse deixado a janela aberta teria a certeza de tê-lo visto,

 

Mas estavam fechadas, as cortinas que me teriam escondido,

Agora, acariciavam minhas costas em um leve balanço,

Percebi satisfeita, ao sentir aquele cheiro de rosas nos lábios,

Que meu amor não tinha saído daquele apartamento,

Ao contrário, enquanto ele tentava me fazer estar do outro lado,

Estava ali dentro, por entre os cômodos, as fotos e em cada canto,

 

O que senti com a janela aberta foi apenas um lampejo do que vivemos,

Uma lembrança boa do quanto é bom amar por inteiro,

Pedisse pormenores ao amor teria me respondido que ele é sempre igual,

Todavia, não posso falar sobre os outros, mas o meu é único,

O melhor dos amantes, o homem mais bonito, o sorriso que causa encanto,

O sonho de uma menina apaixonada que o reconheceu no sereno da noite,

 

Aproximada pelo destino, com um beijo selou aquele primeiro instante,

E assim se fez, todos os outros dias, com o mesmo prazer,

E a mesma sensação de o estar reconhecendo em cada vez,

Como se todo o beijo fosse mais saboroso e mais inebriante,

Em seus braços amparada, por seu amor guiada em cada passo,

Deus revelou com seus sinais o que ela precisava descobrir,

 

O homem que buscava desde sempre, que os dias buscaram encobrir,

Não tardou até que as mãos do destino se encarregaram de agir,

Tocou o seu rosto com um olhar encantador, e o amor se fez do nada,

Assim, um beijo faz emergir o verdadeiro amor, e dura a vida inteira,

“Possais compreender”, ela parecia ouvir, como se ele estivesse a sussurrar,

Com isso seu coração se revelou ainda mais cortês e amável que antes,

 

Tal aquela brisa suave ou mais leve ainda, feito a carícia de uma pluma,

Pois enquanto ela o sentia se acalmar dentro dela,

Sua mão se contorcia em carícias, o queria ali para afagar,

Enquanto a lembrança já o tinha abraçado nela,

Seu coração, porém, estava atento ao que ela sentia,

Sem se permitir ser enganado, pegou o telefone e discou um número,

 

“Esperais que acredite que uma brisa ressoa o sabor de um beijo,

Quando há entre vossos seios este coração que pulsa e pode trazer ele para perto,

Após compreender que o ama, quer enganar-se a esperar inerte?

Ora moça bonita, não seja tola, nem me faça de bobo, pegue o telefone,

Ande depressa disque um número, aquele que está em seus dedos,

Que você não precisa ressoar alto para discar de modo automático”,

 

Quando se reuniram todos aqueles números e uma voz chamou do outro lado,

Ela nem acreditou no que fez, em verdade, não sabia se ligou ou atendeu,

Tão forte foi o salto em seu peito e a alegria que irradiou em seu rosto,

Se ela acreditava estar feliz antes disso, percebeu que poderia ser mais que isso,

Uma voz magnética, forte, suave e doce atendeu: - alô querida,

Estou com saudade, você viu que deixei o café pronto, ao lado das flores? -

 

- Oi amor, também estou com saudade, querido reúne todo o amor do mundo,

Nem assim alcaçaria tudo o que sinto - ; “acredito”, ela ouviu do outro lado,

- Mas quando estou a sós, tranquila com seu abraço, me sinto completa;

“Também sinto isso meu amor, quando estamos juntos não falta mais nada;”

- Poderei dizer a você algo que o surpreenda e alcance a definição do que sinto?;

“Claro que não querida, eu tenho bom-senso, nosso amor é o maior do mundo,”

 

Ambos dialogavam sorrindo, como se não houvesse mais nada a ser feito,

Como se os segundos estivessem parados ao seu dispor no tempo,

Eles sabiam que quanto mais falavam mais sentiam o amor,

E menos conseguiam demonstrar o quanto era intenso o sentimento,

Ignoravam que havia um Deus que sabia o que ocultavam e o que revelavam,

Pois, os que amam gostam de parafrasear o que sentem e não podem explicar,

 

Abençoados pelo que suas mãos seguravam, um celular que encurtava distâncias,

Santificados pelo sentimento que nutriam, mal sabiam os quão sortudos eram,

O fogo que queima a carne, não os atingia senão para avivá-los,

O amor que era de instantes, chegou e preferiu ficar por mais alguns dias,

Pergunta-lhes: há quanto tempo se conhecem, vocês se amam tanto,

Ou apenas convivem um com o outro para o transcorrer das horas?

 

Eles viram as costas e se afastam, nem todas as perguntas merecem respostas,

Mas quando afagam-se, um ao outro, sem tentar esconder o que sentem,

Veem os anos percorrer por seus rostos sem que os percebam mais que dias,

Não fazem um ao outro poucas promessas, não refreiam seus prazeres,

Fazem suas juras e as cumprem seja em noite de lua ou em noite escura,

O que recordam ao olhar um nos olhos do outro é que o amor que se fez neles

 

Nunca disse tudo que sentia e nunca sentiu menos que o dia seguinte,

Prometeram-se e foram suas próprias testemunhas,

Acreditaram, acaso que o amor se constrói sem base alguma?

Construíram-se em cada dia, e por amarem tanto foram reconhecidos na rua,

Existiram os que caíram incrédulos no suplício e os que conspiraram contra,

E o mesmo amor que a tudo esteve atento, não quedou de forma alguma,

 

Agora com seus telefones de mensageiros, avançavam um outro dia de promessas,

Vinham os sinais de todos os lados, o dia encurtava a distância,

Como se concordasse com a inclinação de vossas almas,

Que se buscavam incessantes por entre as lembranças e prédios da rua,

Tornavam o amor um álibi para construírem juntos cada sonho,

O destino os abençoou por acreditarem-se, o quão sentem um pelo outro!

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Um Adeus Com Marcas de Silêncio


Troquei a cor do batom vil vezes em minha boca,

Mas nada conseguia apagar o seu gosto amargo dela,

Por mais que inventasse um sorriso em meu rosto,

Não sei se eram as lágrimas ou outro algo qualquer,

Contudo, alguém sempre parecia reconhecer a dor,

Talvez, fossem as fissuras que denunciavam seu nome,

 

Não sei, fiz dos lábios que enlaçaram nossas promessas,

O rompimento sobre o qual nunca mais voltaria a falar,

A sepultura de nós dois, recordo tentar apagar os vestígios,

Viveria por tudo o mais, se com isso nunca regressasse ao passado,

Se cada um dos nossos sonhos não compusesse mais que letra morta

Condenada ao vazio daqueles que tentaram amar, sem êxito final,

 

Os lábios que tremularam amor, agora regurgitam seus beijos -  o ódio,

Pedaços de sonhos que você empurrou em mim com seus afagos,

Estilhaçados em efeito sangue derramado, a isca mudou o pensamento,

Não servirei mais de cobaia para os seus experimentos – caçada a esmo,

Ponteiro de relógio para servir de transgressão ao tempo desejado ou

O beijo em que você projeta o ideal que você busca em outro rosto?

 

A diferença entre a mulher fatal objeto que fui e a que está reescrevendo,

Falo de mim ou de você mesmo? Fui tão sua quanto você me definiu,

Hoje já não machuco meus dedos a tentar manter o amor que se partiu,

De passatempo a veneno? Amor, de mim só recebeu o sabor que me ofertou,

Aquele que não tinha certeza do seu redor acreditava em nosso amor?

Eu entendo que quando me encontrou meu coração já não estava inteiro,

 

Mas, em que você se apoiou para abusar do que restava dos meus escombros?

Você é aquele que faz promessas sobre um futuro bom, mas nunca realiza seus sonhos,

Querido, nós não habitamos o mesmo mundo, as estrelas que brilham no seu universo,

Já estão mortas quando as avisto com os meus olhos daqui de onde estou,

Eu sozinha e tão apegada ao brilho e você com elas ao seu dispor?

Querido, desculpa, mas eu não faço o tipo: mulher objeto!

 

Querido quando suas estrelas sofrem e você está em seu sono profundo,

Eu vejo a névoa cair sobre os meus olhos, me inundo em sua dor e sofro junto,

Quando até as promessas apaixonadas começam a dilacerar o peito,

Resta algo em que se apegar para manter-se juntos? Verdade e desafio em meu corpo,

Prepare-se para o impacto eu posso aprender a recusar seus beijos,

Acreditei em suas promessas falseadas, querido, comigo não tem fingimento,

 

Quando eu digo que amo, é porque sinto, mas quando meus olhos ardem em ódio,

Querido, não busque em mim nada além disso, a menininha se perdeu no caminho,

Aquela garota que você vencia com qualquer carícia e uma jura ao ouvido,

Quedou ao sono profundo e a que acordou aprendeu a jogar o seu jogo,

Mas ao invés de cuspir mentiras sobre o seu rosto, disse adeus e foi embora,

Nem as verdades você mereceu ouvir, se as de outrora não bastaram, nem as de agora...

 

A que está adormecida sobre os lençóis macios que você nunca ajudou a comprar,

Levou para o túmulo todas as mentiras com as quais conquistou o carinho dela,

Ela acreditou em tudo que ouviu e sentiu até vós destituí-la de si mesma,

Por esperança ou ingenuidade a chave com que trancou a porta,

Ela lhe fez uma cópia, a mesma que ela usou para trancar-se e jogou fora,

Você nunca pôs nada dentro dela com o que valer-se para acha-la, morta agora,

 

Você teve a vítima perfeita, agora ela é a protagonista da própria história,

O desperdício de promessas falsas, fez dos sonhos seu agasalho além-túmulo,

Apesar do custo dela em tentar esconder a dor, ela está em chagas,

Seu rosto e o que você fez com ela está espelhado nos estilhaços do seu rosto,

Autoria delitiva comprovada em cada passo do seu caminho, que fará com ela?

Tentará apagar os vestígios como fez em cada vez que fingiu ama-la?

 

Para alguém que falou tanto em destino, você se desviou nos momentos certos,

Porém, não contava que me perderia ou já cria nisso desde o início?

Para compensar o fato de você nunca ter sido verdadeiro ela chora, e agora?

Se gritasse minha dor em cada rua isso o comoveria? Teve tudo que quis, não se satisfez,

Você saboreia o resultado de suas mentiras, isso te faz mais homem que antes?

Esse seu amor deixou os meus lábios embebidos em lágrimas, ácido foi o sabor do beijo,

 

Eu te odeio, eu poderia ter dito ao invés de fugir em silêncio,

Que alternativa restava para aquela que não foi mais que sua escrava?

A serva dos seus desejos se esquivou dos seus comandos e caprichos,

Não esperou ouvir da sua boca a frase que já estava pronta: nunca a amei na vida,

A lua feita de mel foi derretida, azeda o bastante para me afastar de você,

Doce e profunda o suficiente para me fazer nunca desejar voltar atrás,

 

Esquecido foi aquele que esqueceu de si mesmo, abandonado foi o que abusou,

Tivesse posto qualquer outra coisa em meus lábios teria sido melhor que seu sabor,

O beijo com que me conquistou escorre pelos cantos da boca feito veneno,

Começou com o afagar e a promessinha, terminou pondo um final a história,

Aquela que começou errônea e não tinha como ter outro resultado,

As desculpas eram tão frequentes que no final ficaram ausentes, a meu exemplo,

 

Absolvição ao pecado de abandonar a esmo um traidor,

Deve haver alguma diferença que separa o que mente daquela que acredita,

Uma que pelo menos dê justificativa a alguns pontos desta história de desamor,

Ela já engoliu palavras cortantes, seria fácil mastigar as promessas,

Sem direito a perdão ou regressão para eu, você ou o que definiu: nosso amor,

Ele me feriu de morte, nem ao menos conseguiu disfarçar,

 

Acho que reagi bem aos estímulos, soube reconhecer a verdade do falso,

Destruiu eu e a outras, nunca houve uma preferida,

Quem iria desejar ser a sua especial? Poderia explicar o porquê dos sonhos,

A dimensão e o esforço em empenhar as promessas? Me esforço, mas não entendo,

A porta em que você foi convidado está selada, você não conseguiria abri-la,

Como nunca sentiu nada por mim, mesmo que procurasse: não me encontraria.

 


 

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Um Olhar


Ao contrário de muitas das nossas promessas de amor,

Esta destinou-se a acolher para sempre nossos destinos,

E temei o dia em que cada alma se apresentará sozinha,

Disse ele, em um sussurro que surgiu com o efeito carícia,

Dela se esquivará, pois estarei ao seu lado em intercessão,

Ela respondeu com um sorriso a pulsar acelerado o coração,

 

Juntarei toda a água da fonte para saciar sua sede de amor,

Ele acrescentou saindo de suas costas e posicionando-se,

Altivo e elegante, ao seu lado, como se contemplar seu rosto

Fosse desnecessário, por algum motivo desconhecido;

A devolverei em dobro para que possa resguardar sua beleza,

Eis que, em cada dia que eu te olhar, me apaixonarei como agora,

 

Ela retornou, com um olhar de lado, mantendo o sorriso,

Existem dias em que tudo dá certo e outros que surpreendem,

Ao contrário do que prescrevem histórias de fantasias,

Esta procurava desvendar emoções sem reprimi-las,

Sem a famosa fuga um do outro, a perseguição até o reencontro,

A descoberta nas últimas páginas sobre o amor à primeira vista,

 

Eis uma história que possui um início e um fim nada monótono,

Mas sem aquela busca e fuga incompreensível,

Em que o roteiro é perceber que se gostam e tentar prever

Quando finalmente será o famoso beijo,

O esperado instante em que se descobrem e ficam juntos,

Depois de muito sofrer por causa do roteiro esperado,

 

Quando você sente medo, quem você chama em suas noites?

Ele indagou, retirando-a daquele transe em que ela estava,

Absorta em um mergulho profundo em seus olhos da noite,

Antes eu fazia uma prece, agora poderei chamar um homem?

Ele sorriu em afirmativo, ela continuou: sendo desta forma,

Quando agradecer por minhas dádivas por que nome irei reconhecê-lo?

 

Ele se apressou em fazer as apresentações, pondo-se de frente,

Estendendo a mão direita, acolhendo a dela, por entre as suas,

Me sinto agradecido, reconheci o amor assim que vi sua face,

Sinto como se você tivesse penetrado tão profunda em minha alma,

Que mesmo que eu percorresse uma vida, não a tiraria de lá,

Seus lábios são feitos dardos envenenados, a uma prova; vicia,

 

Sentimento momentâneo embora não faça mal aos outros,

Nunca soube me conquistar a ponto de agradar meu peito...;

Não acreditava no amor antes de vê-lo face a face,

Agora sob suas vistas sinto que não sou a mesma de antes,

Ela o interrompeu, sobrepondo sua outra mão sobre a dele,

Ele coloriu com um sorriso iluminado a seriedade do semblante,

 

O peito dela arfou ofegante, o amor aumentava a cada instante,

Era como se o ar dela estivesse em falta, implorando a ele que se aproximasse,

O amor, apanhou a ambos em cheio através do primeiro olhar,

Era como se o céu estivesse sido encoberto por um véu de nuvens densas,

Tudo o mais se apagou ao seu redor, só restando seu olhar,

Se alguém, lhes indagassem sobre em que local estavam naquela hora,

 

Dentro um do outro responderiam ambos, sem pestanejar,

Naquele instante manterem-se presos a brevidade de um olhar,

Era o bastante, ela trouxe suas mãos para o seu peito quente,

Entrai em meu coração, tomai minha alma e fazei de mim sua cidade,

Já lhe mostrei a entrada através do meu olhar, entra sem bater,

Quem lhe convida é esta que sou, o amor e o que há de mais forte,

 

Algo que implora para que eu me aproxime de você, que o cuide,

Que lhe pede para aceitar eu me abrigar em seu peito,

Este algo me pede que não me desvie da luz dos seus olhos,

Sob pena de profundo flagelo, a castigar-me em todos os meus passos,

Emoções perturbadoras fingem não alterar os fatos sob sua vista,

Mas a um virar de costas, elas ferem, você ou alguém a quem ama,

 

Me sinto como se estivesse em um momento crucial do destino,

Em que, ou declaro tudo que sinto, ou me perderei para sempre,

Agora, que cruzei com este amor intenso em seus olhos escuros,

Sinto que não serei capaz de enfrentar sozinha o que virá adiante,

Creia em meu coração e abrace a minha alma, como eu a sua,

Nada teremos a recear, e nossos sorrisos não se entristecerão,

 

Quando senti que você andava no mesmo caminho que eu,

Não tentei me esquivar, apenas reduzi minhas passadas,

Senti você por entre os demais, algo me pedia que o visse,

Foi como se eu o reconhecesse a percorrer o invisível,

Um sentimento passageiro me fez acreditar em sorte,

Como se minha alma fosse atiçada por uma carta atraente,

 

Afastei-me, porém, da ideia, você era diferente de tudo,

Parecia ler meus pensamentos, adivinhar o que eu sentia,

Foi perfeito em cada fala, minucioso em cada gesto seguro,

Se deseja me conquistar por algum tempo, ganhou toda uma vida,

Ouviste falar daqueles que se amam por todo o sempre?

Pois bem, o infinito não é mais bonito do que contemplo em sua face,

 

O amor que nos dirige e as decisões que deixamos de tomar,

Um dia se voltam, não pensei que os veria em seu olhar,

Essa unicidade que vejo em você me faz única também,

O escuro dos seus olhos possui uma luz que alegra a vista,

Pedi pormenores aos céus, contei-lhes que existe entre os iguais um alguém diferente,

Que desejo ficar segura em seu abraço, guiada pela luz do seu olhar,

 

Por pouco eu teria desistido, ele interferiu com um sorriso tremulo,

Deus me revelou de forma simples o que eu buscava a muito tempo,

Estendi minha mão para tocar a sua, sentia medo de estar brincando,

Você me respondeu sôfrega, pensei: será que estou em algum sonho?

O Deus que ressuscita os mortos me enviou um sinal, seus olhos,

Compreendi que viver, só se vive, quando se encontra o amor.

 

A Plantação de Pêra e Maracujá

Os pais de Pitelmario Fizeram uma linda plantação, Araram o campo, Jogaram adubo, Molharam a terra, Então, plantaram pêras...