Naquela noite não consegui dormir,
Momento mais sofrido jamais divisado pelo tempo,
O que posso fazer com as lembranças que teimam em lhe
trazer aqui?
Reflito em mais um dia insone nestas horas de amor desértico,
Sem o néctar dos seus lábios para saciar minha sede,
Sem suas promessas de amor para alimentar minha alma,
Apenas as memorias do seu calor aquecem minha pele,
Embebidas pelas lágrimas que regam minha vida,
Estar sofrendo é suficiente para lhe trazer de volta?
Admitir o erro é o bastante para que possas me perdoar?
O que posso fazer pelo amor o qual tenho o prazer de
honrar,
Para garantia do meu amor lhe entrego os meus sonhos,
Pondo em você a possibilidade de os realizar,
Por um segundo a mais do seu doce afago,
Que em carícias repletas do mais suave amor,
Percorreu meu rosto coberto,
Extraindo o véu que escondia meu carinho,
Deixando meu amor exposto, me abrindo para a vida,
Me entregando seu apreço em carícias desconhecidas,
Como se estivesse livre para voar,
Sem ter o céu como limite,
Até acreditei que o amor tivesse asas,
No mesmo instante em que me viste,
Conforme foi me descobrindo entre afagos e desejos de pura emoção,
Alcançou o lugar mais profundo do meu coração,
Como se todos os meus pecados fossem vendidos para
destruição,
Com o carinho com que me libertou ainda me retribuiu em
paixão,
Inseguro eu preferi ficar em silêncio, errei me perdoe,
Acreditei que meu medo não justificasse atormentar sua
face,
Apesar de que o pranto que choro por ter lhe perdido,
Não se compara ao bem que alcancei por ter lhe conhecido,
Assim, naquele dia, meu receio morreu na forca do
inseguro que lhe originou,
Pois meu amor se consolidou assim que com um beijo lhe
afagou,
Hoje é um outro dia, convencido pela alegria,
Que em seu amor ainda me contagia,
Saí da inércia e fui lhe procurar,
Ao lhe encontrar senti o amor me felicitar,
Como um cetro de ouro meu olhar puxou o seu,
Como se tivesse um brilho magnetizador,
Denunciando a saudade que com lembranças me acolheu,
Não resisti, me aproximei e relatei meu sofrimento,
Você, amavelmente, levantou se pondo diante de mim e disse:
Como eu poderia suportar ver o infinito amor com que lhe
afaguei
Cair em desgraça sobre a pessoa com que tanto sonhei?
Como suportaria ver a destruição dos meus próprios sonhos?
Abandonar à solidão o amor com que sonhei formar uma
família?
Como sujeitar meu anjo ao destino cruel do desamor,
Quando em seus braços conheci o prazer de viver a vida?
Que Deus escreva nas estrelas um decreto sobre nosso
amor,
Da forma mais linda e divina que lhes parecer,
E que o sele em meu próprio nome,
Pois nada que for expresso com a tinta do amor poderá ser
revogado,
Que seja escrito no céu entre os astros,
Para que todas as pessoas do mundo tomem conhecimento,
De forma mais segura do que se fosse enviado por
mensageiros,
Para que não restem dúvidas quanto a este amor profundo,
Para que o sol seja visto como uma coroa de ouro,
Que brinda aos apaixonados com um pouco do calor do nosso
amor,
E que as estrelas sejam tecidas em um manto de linho
fino,
Para que todos os apaixonados tenham onde guardar seus
sonhos,
Para que todos que se encontrarem em solidão tornem-se sonhadores,
Porque o amor que estará escrito no céu contará o sonho que vale por mil amores.
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