A lágrima que tinha sobre a mão,
Secou a instantes do coração,
A luz do sol que ofuscava o horizonte,
Foi o bastante para conter sua existência,
Mas, não o bastante para apaga-la,
Restou sobre a mão a marca,
E nela um gosto,
Este gosto não buscou os lábios dela,
Mas chegou ao olfato,
E lembrou da dor que queria esquecer,
Sem perceber a fez notar: chorei...
Nem é preciso dizer,
Senti e vivi tanto que cheguei até aqui,
Algo anunciava-se para o dia seguinte,
Um novo sonho, um sorriso no rosto,
Que neste momento apagava a face,
O rosa da flor que um dia foi afeto,
Agora enrubescia do seu olhar ao resto,
Dor e outras coisas mais,
Sem delicadeza alguma,
A lágrima caiu e repousou em sua pele,
Já se acostumava a chorar todo dia,
Da secura que vinha aos lábios – nem sentia,
Então, quando estava neste pensamento doloroso,
Virou o rosto e andou um passo,
Teria caído ao abismo,
Mas, uma borboleta foi como refúgio,
Saiu da flor onde estava e chegou nela:
Pousou sobre sua mão e afagou-a,
De beijo a beijo a eternidade se faz,
De sonho e um adeus o encanto se desfaz,
Faz dos beijos um retorno ao pó,
Como se nunca tivesse existido,
Ou se quisesse apagar da memória o sabor,
O amor a quem se confia se divide em metades,
A que esteve inteira não está mais,
Mil sonhos se avistam no horizonte,
Outros tantos ficaram para trás,
Mas, não há como negar a verdade:
De que amor que é amor, não se desfaz.
Você simplesmente olhar e o vê:
No horizonte, nos lábios dos outros, em sua face,
Quem faz do amor um doce abrigo,
Não sente medo de dor ou do que a lembrança traz,
O esquecimento nunca chega,
O Adeus nunca marca,
Porque o coração dita as ordens a respeito,
E a alma se contenta por ser capaz,
Projetam-se sonhos e lembranças no caminho,
Aquele em que seguiram juntos agora é de espera,
Na mão que o afagou resta as marcas,
Os pés que andaram apoiados sabem caminhar,
Não há pedra ou outra coisa que fira ou impeça,
Na lagrima brota a lembrança,
O sol anuncia a noite e ela o dia,
O coração é a rocha e nele não há injustiça.
Veste a lembrança,
Evita descrer e arma-se de afeto,
O amor que foi um dia não se abala com a ausência,
O coração que amou não é capaz de deixar sozinho.