quarta-feira, 29 de junho de 2022

Apaixonar-se


E parou neste ponto para limpar os olhos,

Por surpresa, identificou-os secos,

Em seu íntimo sofria mas por fora...

As vezes, dizia mas sem amargura,


O amor age sem deixar alternativas,

Mesmo num chão enlameado,

Ele encontra a sua presa e a leva,

Do coração que se apaixona não resta muito,


No abraço se acolhe quem se ama,

No quarto, apenas aquele sujeito especial,

Para que se abrace alguém pouco se pede,

Um sorriso, uma palavra, ou gesto,


O que obteve dele ao final?

Um beijo...

O coração pulsa a alma fraqueja,

Não, o caminho não estava enlameado,


Havia um gramado verde e espesso,

Algumas flores a enfeitar o balanço ao lado,

Após, um instante de olhá-lo,

Apenas isso, e logo estava ao seu lado,


Alguns galhos balançavam ao vento,

Já não contemplava senão o horizonte,

Um espaço sem fim se abria adiante,

E nele parecia abrigar um nome,


Tudo que lhe era humano tornava-se grande,

Ela supunha, sem muito pensar:

Irremediavelmente apaixonada,

Chegando, por fim, a olhá-lo sem intimidação,


Sim, arriscou-se a encará-lo e piscar,

Sem aquele risinho de mistério ou paixão,

Apenas um gesto acalorado,

Um olhar lançado a ele,


E todo o redor se maravilhava,

Sua alma era tão perfeita quanto sua face,

Este contemplar o horizonte de sonho,

Costumava ser benigno para muitas coisas,


Mas, não naquele estado em que estava,

Apaixonar-se assim e dessa forma...

Derrubou todos os seus muros,

E afastou suas defesas,


Tirou o mistério do olhar e abriu a alma,

Não deixou no rosto véu de coisa alguma:

Desnuda, parecia dizer que o amava,

Assim mesmo, a primeira vista!


Os mistérios e outras coisas queimado em fogo,

Numa espécie de fogueira que destruía,

Não haveria retorno para aquela que era antes,

Aquele homem era como uma espécie de refúgio,


Havia algo nele de que ela tinha necessidade,

De eternidade em eternidade vive o horizonte,

De sonho a sonho quedam-se estrelas do alto,

Com seus mistérios e medo reduzidos a pó,


Tinha-o de forma breve como ao sono,

Tão inusitado quanto a relva que brota ao amanhecer,

Mas, a exemplo do sono, era seu por defini-lo,

Porém, escolhia quando chegar e quando retornar,


Era sabido, como a todos sabem,

Há o dia, ou a noite que não se esquece:

Nesta hora e depois sono algum vem.


 

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