domingo, 5 de junho de 2022

Faísca de Solidão


Os olhos que me olhavam queimavam,

Lá onde um dia esteve o meu sorriso,

Agora, já não havia mais que chamas – flamejavam,

Era como se ele quisesse queimar amor,


Deus tirasse da sua mente

Apagar tudo que houve,

Mas, cada vez que aqueles lábios trêmulos

Deixavam de pensar para falar,


O que eu ouvi, posso jurar:

Nunca esperei ouvir de quem entreguei amor,

Era como se todas as promessas fossem as cinzas,

Cada jura, mero sarcasmo de quem nunca sentiu nada,


Essa coisa doentia que definimos alma,

Torna-se nula, quis nunca tê-la tido,

Antes de responder a raiva que era extravasada,

Quis apenas nunca tê-lo amado,


Mas, quem é que pode controlar o que se sente?

Os homens, ninguém mais – apenas eles,

O beijo bom cedeu espaço para o gosto amargo,

Daquela vez foi um pouco mais fácil,


Mas agora, não parecia haver formas de retorno,

Tocá-lo, sentir seus lábios tensos se acalmar nos meus,

Não seria mais possível,

O que era gritado já era mais forte que eu,


A que não resistiu ao amor agora cedia à rejeição,

O amor abrindo um espaço no coração,

Um vazio que não poderia ser remediado,

Falas descompassadas e faíscas no diálogo,


Sim, havia uma conversação ali,

Ele falava contra tudo o que eu sentia,

Para a ira nem sempre é necessária resposta,

Creio que meu rosto contraído dizia tudo,


Subimos as nossas mãos ao mesmo tempo,

Ele para se expressar eu por medo,

Cruzaram-se os pensamentos o dele repulsava,

O meu obedecia, cedia e se afastava,


As palavras eram jogadas com efeito granada,

Não haveria coração que permanecesse inteiro,

Virei-me sem dar resposta e desferi um muro contra a parede,

Feri a mão, o braço, mas fiquei em silêncio,


Confesso o medo de ter sido atacada pelas costas,

E que diante de tanta raiva, talvez eu não fosse sentir a dor,

Dentro de mim, tudo se amortecia,

Até mesmo as promessas que nunca seriam esquecidas,


Que acalma-se a raiva ou caísse o teto,

Nada mais naquela sala permaneceria da mesma forma,

Quão temível é o efeito do ódio,

O sentia em meu peito; queimava por dentro,


Tão grande foi nosso amor, agora por ele rejeitado,

Tanto o pedi para ficar, agora quase pedia o contrário,

Mordi os lábios mas não ousei falar, ainda,

Penso que homens acham que provas de amor


Não passam de algum tipo de rastejar

Ou submissão,

Eles amam o poder e sua atração,

Pois bem, me pediu amor o amei com tudo,


Agora me atrai para a ira,

Renega o que houve e joga ao fogo do ódio,

Toda a terra vangloria essa atitude masculina,

Se reprimir tanto por cada promessa


E jogar tudo fora com facilidade que lhes é própria,

Mulheres cantariam louvores soubesse amar desta forma,

Outra mulher, porque eu apenas sentia raiva,

Culpa nenhuma,


Não sei porquê é sempre a culpa que fica,

Aquele que parte e fecha a porta,

Sai sem nada – culpa alguma,

Mas, neste instante, não seria dessa forma,


Escoicei a porta e segui para outro cômodo,

Não disse aonde iria, apenas parti,

Controlei um tremor ao passar por ele,

Por medo, amor ou outra coisa – não vi,


Ele transformou um mar de amor em terra seca,

Mais fácil de trafegar,

Difícil semear algo,

Atravessei o caminho a pé e sem contemplá-lo,


No homem em que me alegrei

Achei melhor não contemplar mais do que antes,

O homem controlador não governava a si mesmo,

Seus olhos viam longe, mas desviaram-se de nós bem cedo,


Já não há mais o que salvar ou esperar,

Mas caso, ele deseje tracejar pelo caminho que fez,

Que a poeira árida ou o fogo sobre a terra não o consuma...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...