quinta-feira, 23 de junho de 2022

Um Caminho

 

E parei neste ponto para secar o suor,

Poderia ter andado mais alguns passos,

Ter contemplado o crepúsculo,

Ter feito a ligação que sentia – deveria ter feito-,


O amor e suas contenções,

Repetia em voz alta sem ninguém para ouvir,

Isso é verdade,

O amor não coloca apenas sonhos, sim,


Põe um pouco mais que isso,

Coloca obstáculos sem motivos,

Havia um amor no fundo do meu peito,

Lá onde ele se encontrava,


Plantava sonhos e colhia-os em beijos,

Ofertava mil abraços,

Com sonhos que iam muito além de mim,

Várias vezes vi meu amor tocar os céus azuis e límpidos,


As estrelas jogavam-se por todos os lados,

Como se a incendiarem-se por um caminho,

Era como se onde ele estivesse não houvesse lugar para outro,

Quisessem elas tocar a terra, não sei,


Dizem que era para se fazer pedidos,

Nisso eu nunca apostei,

Com suas garras incandescentes poderia derreter o gelo,

Eu gostava de ver tudo mudar de forma,


Sempre acreditei que a mesmice não me convencia,

Chego pouco a pouco a me admirar,

Como elas me entendiam?

Será que sentiam o mesmo que eu sentia?


Já mudei tantas vezes e por tantas pessoas,

Penso que sim, deixaria de mim mesma por alguém,

Em outra forma mas não menos valiosa,

Mas, hoje ainda não tinham estrelas,


No entanto, eu não iria me entristecer,

Me encontro sozinha e com muitos sonhos,

A procura por alguém ou ninguém em especial,

Se chego a pensar nele, ainda?


Muito raramente, uma ou duas vezes,

Por mês, quem sabe...

Algum dia nem isso.

Suor escorria de minha mão


E pingava sob o chão empoeirado,

Fazia um barulho ensurdecido,

Que eu ouvia e entendia, um pouco,

Um cheiro vinha até o nariz e embebia a boca,


Não te emudeças, parecia falar,

Não ainda, é chegada a hora...

Não faça silêncio ou se detenha,

Se fores ao menos feito folhas secas,


Saberás que nem elas permanecem no mesmo lugar,

Ao contrário, costumam partir para longe,

Levadas pelo vento ou brisa ou outra coisa,

Mas, não se empenhe tanto,


Palha ao vento queima e some do nada,

Assim, o fogo consome-as e ainda incendeia montes,

Sonhos, beijos, abraços e amores se encontram,

O coração e a razão se cruzam e se beijam,


Se a folha percorre a terra e as estrelas descem dos céus,

Por que é que você não fará coisa alguma?

Inclina teus ouvidos,

Ouça, bem abaixo,


Amor que salva é um homem repleto de forças,

O dia que te cerca já está indo embora,

Que terás por companhia?

São seus os sonhos, os beijos e tudo que viveste...


Inclina seus ouvidos e ouça-me...

Eu, disso não ouvi muito, apenas segui adiante. 


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