quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Saudade

Sua presença
É um anjo que acaricia,
Sua ausência,
Um demônio que belisca.
Certa manha de outubro,
O céu se levantava
Num dia escuro,
Algo desperta,
Um barulho.
Me vejo agitar,
Não entendo.
A anos abraço este casaco,
Meu amor,
Antes de ir embora,
Esqueceu-o,
Deixou-o para trás,
Também deixou nosso amor.
Meu pensamento ficou nele,
Assim será até minha morte.
Abraço este casaco,
Meu consolo e desespero,
Pelos próximos anos,
Até que um dia eu possa encontra-lo.
Eu não vou desistir.
Me desmanchou em dores,
Mas o amo,
Como amei desde o primeiro dia.
Assim será.
Até sempre.
Para a saudade,
O último beijo
Possui o mesmo gosto
Do primeiro.
Essa saudade não envelhece,
A espera não desgasta,
A roupa é que desbota,
Mas o coração permanece.
Feito este casaco.
Ele não é uma roupa qualquer.
Nos viu juntos.
O céu é que sabe
Dos meus desejos tocantes,
Das minhas saudades,
É Ele quem acolhe minhas preces,
Conhece dos meus soluços,
Nunca maior desespero
Se derramou sobre um casaco.
Mesmo que não o veja mais.
O amo.
Sempre acho que foi ontem.
O último beijo.
O primeiro beijo.
Deus não poderia tê-lo levado,
Oh, foi tão cedo.
Melhor seria nunca ter conhecido.
Ter sido aquecida por este casaco.
Por quê o deixei ir aquele dia?
O que houve de errado,
Será que terei respostas?
Aguardo, aguardo e aguardo.
Quem foi capaz de tira-lo
De mim,
Não se importou
Nenhum pouco
De me ver infeliz.
Maldita.
Maldita seja.
Saudade de seus beijos,
De seu cheiro tão perto,
Me sentir segura,
Poder amar com toda alma.
Quem o levou
Não provou o amor.
Oh, querido,
Esqueceu seu casaco,
Será que sente frio?
Será que me entende
Daí onde você está?
O que fizeram de nós?
Foi tão bonito
Cada instante juntos.
Levaram-no.
Roubaram-nos.
Meus joelhos
Estão esfolados em prece,
Dias parecem minutos,
De tanto que a saudade não entende
Chamo seu nome.
Sim.
Ainda lembro.
De cada beijo.
Cada abraço.
Se o pudesse ter,
Por um minuto poder ver,
Após isso,
Que eu fosse atirada ao inferno,
Gemesse por uma eternidade,
Sofresse a pior dor,
Porém,
Que tivesse notícias suas,
Pudesse ver que está bem,
Não sente frio,
Nem precisa deste casaco.
Seu formoso casaquinho,
Quem levou meu amor
Não tem piedade.
Oh, será que está que o roubou
Seria capaz de devolver,
Tamanho remorso,
Ódio deve sondar em seu coração.
Não o amor
Eu sei disso.
Que ele seja aquecido pelo sol.
Como eu iria fazer.
Como poderia fazer
Com este lindo casaquinho.
Quem o tirou de mim
Quis me ver na ruína,
Me fez pecadora.
Só por ele fui devota.
Quis uma família,
Sonhei anos futuros.
Pobre amor,
Onde estará agora.
Pego este casaquinho
E o vejo.
Quase o sinto.
Tão perfeito ficava,
Tão lindo o tornava.
Meiga criatura.
Que miséria,
Seu casaquinho
E mais nada,
Seus beijos
Em lembranças
Para consolo
E mais nada.
Quem o roubou
Não teve sentimentos.
Não será capaz de ama-lo.
Não sabe deste casaco.
Saudade.
Saudade é dor que não envelhece.
Saudade é amor que não desgasta,
São lágrimas que não pedem,
Sentimento que não desbota.
Saudade é amor que permanece.

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