Condenado a bastilha,
Grades de ferro
Pesam a sua frente
E ao redor,
Cadeados por chaves
Que não pretendem abrir.
Esquecido.
Até virar carne podre,
Perdido lá embaixo,
Num subterrâneo,
Onde nada entra,
Ou sai.
Esquecido.
Sobre sua cabeça pedras,
As vezes,
Sorte grande.
Pior é o esquecer.
Silêncio triste
De paz profunda,
Você dentre os vivos
Não iria querer,
A movimentada e ruidosa vida
Vê -se abandonada
Até o apodrecer.
Ali formigas gritam de dor,
Mas a alma aguenta,
E geme seu silêncio,
Pedras ferem,
E morte silenciosa
Parece mais honrosa,
Bem,
Some-se a isto,
Que o tempo,
A dor,
E o abandono
Roubam as forças.
Dor ou penitência,
Querer de si próprio
Ou simples condena,
Um recluso,
Esquecido,
Atormentado pelo silêncio,
Sozinho,
Num buraco obscuro,
Olhos fracos,
Lábios vazios.
De joelhos
Neste espaço frio
Qualquer ser humano reza,
Me recuso.
Prefiro ser diferente,
Mas lá de cima
Não consigo saber
Se eles sabem disso,
Mas com certeza,
Num futuro
Me verão,
E não estarei de joelhos
Ou mãos juntas.
O esquecido
Aprende a ignorar.
Devoto a lamentação
Enquanto houver vida,
Lamento.
Horrível cela,
Intermédio de cova fresca,
Falta aqui o lugar em que deitar
E a terra para cobertura,
Nem direito a céu,
Apenas o escuro.
Esquecido.
Uma lamparina é consumida
Aos poucos,
Um sopro de voz nela,
Nenhum em meus lábios,
Sua luz logo se apagara,
Não haverá esforço,
Desfalecera sozinha,
Não me importo.
Não sou mais que uma alma
Presa a um corpo
Este corpo sofre
A alma está livre,
Aqui não sou tocado,
Apenas o abandono,
Nenhum esforço,
Poucos medos.
Nada que santifique o sacrifício.
Só o ódio.
Pelo buraco do teto
Posso sentir o cheiro,
A comida é servida.
Novo dia se aproxima.
Não me sinto refém de vontades,
Não cedo a fome.
Esquecido.
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