quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Calcula!

Então, chegou mensagem,

Meses hein?

Você voltou,

De saudade a saudade,

Retornou.

Não me contou o que fez,

Eu não pedi ambages.

 

Quanto tempo,

Eu nem lembro!

Eu segui o trabalho,

Vivo de beijo a beijo,

Esqueci de você por completo.

Então, abro a mensagem e o vejo.

 

Respondo.

Claro,

No começo sou raivosa,

Não escondo,

Não é por rancor,

É efúgio.

Você chega todo educado.

Tudo certo.

Perdoado.

 

Em outubro,

Dia 01,

Eu acho.

A noite chega cedo.

As ruas estão escuras

Quando você se despe

De príncipe

E abandona o Palácio.

 

Fico feliz por a noite ter caído,

Imaginar você tirar o sapato,

Calçar botas de barro,

Mas logo inicia mesmo papo,

Conversa antiga,

Teor melodioso,

Dispendioso,

Amparativo.

 

O que você me pede

Está além do meu alcance,

Já foi repetido tanto

O desenlace

Do que você fala,

Eu escuto e lhe respondo,

Que imagino que você sabia

Ou então descobriu,

Eu não tinha mesmo

Tal poderio.

E você,

De repente,

Não tinha outra desculpa

Para usar de conversa.

 

Ok.

Podíamos falar da lua,

Do sol, da terra e outras coisas,

Mas você prefere falar de emprego,

Da dificuldade de encontra-lo,

Do prazer de exercer função,

Receber salário,

Ser independente,

Me diz que é bom com os números,

A cada salário,

Sabe bem o que fazer,

Nisto combinamos.

Ok.

As vezes, eu extrapolo gastos,

Preciso realmente de um amparo,

Você entra e resolve,

Cálculo e cálculo.

Ok.

 

Cidades distantes,

Coisa chata de se viver,

Vamos calcular quilômetros,

Números considerados em gastos,

Perfeito.

De repente, a parcela de um terreno,

O sonho de ter nosso filho.

Ótimo.

Você é lindo.

Perfeito.

Bom nos números.

Então, calcula nossa chance juntos.


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