Aterrada,
Infeliz,
Destruída,
Sonhos a ruir.
Promessas obscuras.
Lábios trêmulos
Como se estivessem
Sempre a rezar.
Já não se tratava de juras.
Seus olhos estavam adiante,
Subiam aos céus,
Não havia promessa alguma.
Foi quando ele contou a multidão,
Aproximou-se de seu ouvido
E falou com sofrega paixão,
Como se única alternativa:
- você me quer?
Eu ainda posso ser seu homem.
-O que pensa que sou?
Ela respondeu.
É como se a ideia de mulher
Fosse afixada a um alicerce,
E que este fosse o homem,
Sem o qual ela não poderia ser.
Mulher dependente.
Mulher amparada.
Mulher escorada.
Apenas é mulher
Se tiver um homem.
- Só desejo o amor.
- então, no que depender
De mim,
Não será de ninguém.
Ele respondeu
Cuspiu em seu rosto
E gritou: vagabunda.
Ela sai por dinheiro!
Os olhos de todos
Se jogaram contra seu rosto,
Era como se ela fosse acorrentada,
E que cada olhar
Contasse suas horas de vida.
Morte.
Morte por se entregar
A quem não merecia.
Morte.
Por ter feito sexo por prazer.
Ergueu os olhos aos céus,
Falou baixo o nome
Do homem por quem nutria sentimento,
Ele estava distante,
Não era capaz de ouvir,
Talvez,
Não tivesse disposição
Para ajudar.
Lhe lançar uma palavra amiga,
Fazer uma aproximação de conforto.
Nada além de desprezo.
O céu azul parecia fazer
Recortes nas nuvens claras,
Era como se produzisse impulso
Para que baixassem,
Ela não queria permanecer,
Desejou com todo o seu ser,
Uma saída
Daqueles olhares punitivos.
Duro é o amor,
Tão frágil, belo e delicado,
Que as vezes,
Não parece querer
Pertencer a mãos humanas,
Ela apertou seu próprio
Corpo com os braços,
Quis dar-se carinho e amor próprio.
Rejeitada,
Devido a boatos e murmúrios,
Especulações de esposas fracassadas,
Banida por homens
Que não a queriam
Se não fosse apenas por prazer,
De repente,
Ela correu a praça
Abraçada a si feito uma louca,
Caindo e levantando,
Limpando a sujeira da roupa
E gritando:
- amor! Amor! Amor!
Amor ou um soco na cara!
Foi até o fim da praça,
Retornou e correu a avenida
Abraçada a si mesma
E gritando:
- Amor! Amor! Amor!
Amor ou um soco na cara?!
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