terça-feira, 1 de outubro de 2024

Sua

Mas o gesto dele foi o bastante,
Com voz serena,
Fez as promessas,
Seus carinhos seguros
Foram o bastante,
De alfinete a alfinete,
Deixou-a: ombros e peitos nus.
A mostra.
A seu dispor.
Num único movimento
Perdeu a inocência,
Não se via mais menina,
O rubor e vergonha impediam-na.
Não.
Em tudo que ensaiou,
Em tudo que aprendeu
Não foi capaz...
Reconhecer,
Afastar,
Proteger-se.
Estar segura.
-Eu te amo, diz como voz rouca.
Ele ri, seguro de si.
Poucas horas.
E outra puritana,
Linda moça em sua cama.
Mais um nome a desonra!
-Marta, é isso?
-Não, querido. Márcia...
Ela diz doce e serena.
Toca seu rosto com amor.
-que fascínio, tê-lo.
Tanto esperei por este momento!
-Ah, querida.
Que importa um nome?
Eu tanto a busquei,
A segui, procurei.
Enfim, a sós.
Finalmente, um do outro.
Nisto um nome pouco importa.
Ele fala afastando
Seu cabelo comprido
Dos ombros
E repousando um beijo.
Gélido e quente.
Desejante e dilacerante.
- beija-me,
Seja mais insistente.
Ele diz,
Puxando-a pelo canto do rosto,
Próximo a boca
E buscando seus lábios
Com maliciosa segurança.
Ela estremece,
Leva as mãos para cobrir os seios,
Sente o corpo quente dele
Busca-la,
Exceto a isso: medo!
-Eu não te amo?
Estou contigo agora!
Ela segurou-o através de um gesto,
Fazendo-o sentar-se ao seu lado.
-Mas o que está dizendo amado?
O que você deseja,
Dilacerar meu coração?
É certo que o amor
Com toda certeza e precisão.
Por isso, me entregou, busco.
Ah, você quer mais que isso?
Deseja me tocar inteira?
Sentir cada parte,
Remover toda a roupa?
Eu sou sua,
Que importa o tirar a roupa?
Faz de mim o que deseja,
Me ensina a dar prazer,
Que me importa outra coisa,
Se o amor
E a nenhum outro!
Olha-me,
Sustenta seus olhos
Em meu olhar,
Você me vê?
Eu sou aquela que te amava,
E promete ser sua,
E será.
Sou eu,
A garota que você não quer rejeitar,
Sou a que você busca,
Precisa e anseia.
Veja-me agora.
Então, casa-se,
Meu amor.
Nos casemos!
Eu me casar com um
Grande homem feito você,
Seguro,
Cavalheiro,
Com mais hábeis,
Justo eu?
Que tanto o amor!
-ora, querida.
Não nos fale em casamento.
Ela retira a mão dele
Que buscava seu ombro
Esquerdo
E a puxava de frente
E para ele,
Com um gesto forte,
Quase um tapa.
-ora, eu a menina.
A que te ama e espera.
Não fui feita para isso.
Ser sua.
Certo que não.
Mereço ser desprezada.
Não sou digna de sua afeição.
Quanto eu importa?
Sua amada,
E sou a mais orgulhosa das mulheres,
Estar em sua cama,
Remover sua roupa,
E assim, o será.
Para sempre.
E o tempo irá passar
E eu ficar feia,
E ainda sua.
Quando não servir mais para prazer
Ainda serei mulher
E poderei lhe proteger,
Amparar,
Cuidar de você.
Tenha de mim piedade,
Seja meu homem.
Não sou o bastante para outro,
Um instante de volúpia
E pele exposta,
Pega-me!
Toca meus seios
Isto te pertence.
Apenas me ama.
Que me importa
Que não seja ar e amor?
Sua.
De graça.
Por nada.
Aceita.
Sua desgraçada.
Não posso ser de outro.
Sua agora.
E por todo o tempo.

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