Ela era uma moça do interior, sempre acreditou no amor,
Rezava todas as noites, seguia sua vida da melhor forma,
Buscando ajudar, cuidar de quem fosse preciso,
Esforços era o que ela não poupava no que tange ao amor,
Há quem diga que palavras repetidas soam pela tangente,
Porém, no caso da palavra amor, ela sentia prazer e até
Necessidade de repeti-la, mil vezes mais se preciso fosse,
Até que todo o seu conteúdo pudesse ser absorvido
E queira Deus fosse espalhado pelo mundo, feito o polem,
De maneira que fizesse florescer coisas boas nos corações,
Por amar demais, ela chegava a confundir-se, ver amor onde
não existia,
Mas ela nunca cansou de procurar, de insistir nas coisas em
que acreditava,
Um belo dia, ela decidiu beijar um belo rapaz, triste conto
de fadas de terror,
De príncipe ele virou sapo, cansou-se dela, preferiu outra,
Disse que ela não cumpria com suas expectativas, fez exigências
As quais, ela não estava preparada, como boa menina,
Ela recusou de uma a uma, seu coração amava de forma
desmedida,
Porém havia nele uma espécie de vazio que o rapaz não
correspondia,
Parecia não interpretar seus sentimentos, não respeitá-la,
de certa forma,
Isso a deixava insegura, arredia, então ela fugia,
escondia-se dele,
E com o tempo, a história repetia-se e repetia-se sem parar,
Então ela decidiu fugir de si mesma, não sabia mais o que
fazer,
De repente aos olhos de todos ela soava tão diferente, a
definiam: ausente,
Mas ela sabia que o amor ressoava alto em seu peito, gritava
em sua alma,
Ensurdecido aos desacreditados, mas muito sensato aos seus
ouvidos,
Ela então, adaptou-se a terapia do abraço, abraçando a todos
que podia,
Se houvesse uma barreira entre um coração e o outro, ela
poria a ruinas,
A dilaceraria em pedaços, porque apenas o amor é capaz
de edificar,
Seus alicerces fazem histórias inesquecíveis, que ninguém pode
apagar,
Muitos recusaram-se aos abraços, mas aos poucos foram
conquistados,
Enquanto alguns vislumbravam-se pelo dinheiro, ela reerguia
um coração,
Aquele em que muitos acreditaram e fizeram o que puderam
para apregoar,
Indiferente das palavras, da religião ou do Deus em que se
apegar,
Amor sempre fora amor e assim seria definido em qualquer
lugar,
Mas as pessoas aproveitaram seus abraços para tentar
segura-la,
Pareciam desvirtuar seus atos e palavras, ela então aprendeu
a se esquivar,
Hora em lágrimas, hora em palavras cuspidas, precisava
cuidar de si mesma,
As pessoas queriam tanto o amor que pareciam cegas a todo o
seu redor?
Isso a feria de morte, tentar possuí-la sem conquista-la,
que covardia,
Saiu de lá, precisava viver, diziam-na, e se quisesse
reconstruir o amor,
Realmente, fugir não bastaria, passou a beijar, beijou um,
dois, três ou mais,
Mas, percebeu que a saliva a feria, chegava a consumir seus
lábios,
Como um ácido que corrói, queima ao redor, torna ruspico?
Era como se quisessem que ela fosse outra, tudo que era
nunca bastava,
Com o tempo ela aprendeu a abraçar da mesma forma,
Passou a ferir, a devolver na mesma moeda, já aprendera a
beijar,
Mas, o amor ainda pulsava firme e forte dentro dela,
Implorava, dilacerava suas entranhas até sair dela,
Amor, ela repetia, procurava e o via, ela feria e era
ferida,
Assim é o desenlace da vida, diziam-na, ela pouco sabia,
Provou o amor em várias formas e em variadas medidas,
Era triste acreditar tanto em algo e não encontrar, mas o
mais triste era descrer,
Passar a perambular de forma vazia pelas ruas da cidade,
Sim ela mudou, de lugar, de vida, mudou tudo nela,
Mas o amor permaneceu pulsante no mesmo lugar,
Havia feito ela, e dela não se retiraria, nela ele era sua
maior medida,
Inclusive passou a defender-se do veneno que jogavam nela,
Seguindo, um pouco, o exemplo das outras pessoas,
Via os corpos bonitos se transformarem e ferirem,
Agora, o amor tinha outro nome, o denominavam sexo,
Havia entrega de corpos, sem haver amor nos gestos,
Futuro incerto para os tolos, e os vazios iam
exteriorizando-se,
Os beijos jorravam ácidos uns nos outros, consumindo-os a si
mesmos?
Tristes pagãos condenados ao veneno de si próprios,
Denominavam doenças, os médicos, ela, porém, perecia em seu
tormento,
Pois para ela, aquilo tudo era mesmo ausência de amor,
De que outra forma poderia definir aquilo que faziam uns
para os outros,
Agarrando-se a uma falsa sensação de superioridade, apenas
para verem-se cair
Em seus próprios vazios, falsos amores abraçavam-se,
cegados,
E o amor, de lado parecendo inerte, mas ela nunca acreditou
nisso,
Corpos envelheciam a olhos vistos por beijos destituídos de
carinho,
Se definhavam, como se gritassem ao mundo: amor, ao menos um
pouquinho,
Nesta feita, ela passou a analisa-los, de longe outrora de
perto,
E percebeu que estes ácidos diluíam cérebros, corpos insanos
Perambulavam por toda a parte, ela não se sentia segura,
Queria se refugiar, as coisas não eram fáceis para ela, nem
para ninguém,
Os sorrisos bonitos se fecharam, os dentes foram abandonados
ao acaso,
E na hora do beijo, até as presas desciam e faziam um
estrago,
Uns ousavam morder-se, como se dissessem: sim, eu sei disso,
Da própria boca em que provavam beijos, tiravam um
pedacinho,
Será que gostariam de guardar consigo? Era mesmo tão falso o
amor?
Talvez, o amor também tivesse necessidade de criar roupagens,
Até ver-se despido, desnudo para que o mundo todo o visse?
Não faltava quem desejasse lucrar com isso, de várias
formas,
Mas amar era preciso, ela acreditava nisso, então se
camuflava
E seguia o aparente ritmo, buscava o amor, mas isso foi em
1999,
Data de hoje que se trata do dia 13 de janeiro de 2021, será
que valera a pena?