quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Abraço de Amor

 

Ela era uma moça do interior, sempre acreditou no amor,

Rezava todas as noites, seguia sua vida da melhor forma,

Buscando ajudar, cuidar de quem fosse preciso,

Esforços era o que ela não poupava no que tange ao amor,

Há quem diga que palavras repetidas soam pela tangente,

Porém, no caso da palavra amor, ela sentia prazer e até

 

Necessidade de repeti-la, mil vezes mais se preciso fosse,

Até que todo o seu conteúdo pudesse ser absorvido

E queira Deus fosse espalhado pelo mundo, feito o polem,

De maneira que fizesse florescer coisas boas nos corações,

Por amar demais, ela chegava a confundir-se, ver amor onde não existia,

Mas ela nunca cansou de procurar, de insistir nas coisas em que acreditava,

 

Um belo dia, ela decidiu beijar um belo rapaz, triste conto de fadas de terror,

De príncipe ele virou sapo, cansou-se dela, preferiu outra,

Disse que ela não cumpria com suas expectativas, fez exigências

As quais, ela não estava preparada, como boa menina,

Ela recusou de uma a uma, seu coração amava de forma desmedida,

Porém havia nele uma espécie de vazio que o rapaz não correspondia,

 

Parecia não interpretar seus sentimentos, não respeitá-la, de certa forma,

Isso a deixava insegura, arredia, então ela fugia, escondia-se dele,

E com o tempo, a história repetia-se e repetia-se sem parar,

Então ela decidiu fugir de si mesma, não sabia mais o que fazer,

De repente aos olhos de todos ela soava tão diferente, a definiam: ausente,

Mas ela sabia que o amor ressoava alto em seu peito, gritava em sua alma,

 

Ensurdecido aos desacreditados, mas muito sensato aos seus ouvidos,

Ela então, adaptou-se a terapia do abraço, abraçando a todos que podia,

Se houvesse uma barreira entre um coração e o outro, ela poria a ruinas,

A dilaceraria em pedaços, porque apenas o amor é capaz de edificar,

Seus alicerces fazem histórias inesquecíveis, que ninguém pode apagar,

Muitos recusaram-se aos abraços, mas aos poucos foram conquistados,

 

Enquanto alguns vislumbravam-se pelo dinheiro, ela reerguia um coração,

Aquele em que muitos acreditaram e fizeram o que puderam para apregoar,

Indiferente das palavras, da religião ou do Deus em que se apegar,

Amor sempre fora amor e assim seria definido em qualquer lugar,

Mas as pessoas aproveitaram seus abraços para tentar segura-la,

Pareciam desvirtuar seus atos e palavras, ela então aprendeu a se esquivar,

 

Hora em lágrimas, hora em palavras cuspidas, precisava cuidar de si mesma,

As pessoas queriam tanto o amor que pareciam cegas a todo o seu redor?

Isso a feria de morte, tentar possuí-la sem conquista-la, que covardia,

Saiu de lá, precisava viver, diziam-na, e se quisesse reconstruir o amor,

Realmente, fugir não bastaria, passou a beijar, beijou um, dois, três ou mais,

Mas, percebeu que a saliva a feria, chegava a consumir seus lábios,

 

Como um ácido que corrói, queima ao redor, torna ruspico?

Era como se quisessem que ela fosse outra, tudo que era nunca bastava,

Com o tempo ela aprendeu a abraçar da mesma forma,

Passou a ferir, a devolver na mesma moeda, já aprendera a beijar,

Mas, o amor ainda pulsava firme e forte dentro dela,

Implorava, dilacerava suas entranhas até sair dela,

 

Amor, ela repetia, procurava e o via, ela feria e era ferida,

Assim é o desenlace da vida, diziam-na, ela pouco sabia,

Provou o amor em várias formas e em variadas medidas,

Era triste acreditar tanto em algo e não encontrar, mas o mais triste era descrer,

Passar a perambular de forma vazia pelas ruas da cidade,

Sim ela mudou, de lugar, de vida, mudou tudo nela,

 

Mas o amor permaneceu pulsante no mesmo lugar,

Havia feito ela, e dela não se retiraria, nela ele era sua maior medida,

Inclusive passou a defender-se do veneno que jogavam nela,

Seguindo, um pouco, o exemplo das outras pessoas,

Via os corpos bonitos se transformarem e ferirem,

Agora, o amor tinha outro nome, o denominavam sexo,

 

Havia entrega de corpos, sem haver amor nos gestos,

Futuro incerto para os tolos, e os vazios iam exteriorizando-se,

Os beijos jorravam ácidos uns nos outros, consumindo-os a si mesmos?

Tristes pagãos condenados ao veneno de si próprios,

Denominavam doenças, os médicos, ela, porém, perecia em seu tormento,

Pois para ela, aquilo tudo era mesmo ausência de amor,

 

De que outra forma poderia definir aquilo que faziam uns para os outros,

Agarrando-se a uma falsa sensação de superioridade, apenas para verem-se cair

Em seus próprios vazios, falsos amores abraçavam-se, cegados,

E o amor, de lado parecendo inerte, mas ela nunca acreditou nisso,

Corpos envelheciam a olhos vistos por beijos destituídos de carinho,

Se definhavam, como se gritassem ao mundo: amor, ao menos um pouquinho,

 

Nesta feita, ela passou a analisa-los, de longe outrora de perto,

E percebeu que estes ácidos diluíam cérebros, corpos insanos

Perambulavam por toda a parte, ela não se sentia segura,

Queria se refugiar, as coisas não eram fáceis para ela, nem para ninguém,

Os sorrisos bonitos se fecharam, os dentes foram abandonados ao acaso,

E na hora do beijo, até as presas desciam e faziam um estrago,

 

Uns ousavam morder-se, como se dissessem: sim, eu sei disso,

Da própria boca em que provavam beijos, tiravam um pedacinho,

Será que gostariam de guardar consigo? Era mesmo tão falso o amor?

Talvez, o amor também tivesse necessidade de criar roupagens,

Até ver-se despido, desnudo para que o mundo todo o visse?

 

Não faltava quem desejasse lucrar com isso, de várias formas,

Mas amar era preciso, ela acreditava nisso, então se camuflava

E seguia o aparente ritmo, buscava o amor, mas isso foi em 1999,

Data de hoje que se trata do dia 13 de janeiro de 2021, será que valera a pena?

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Uma Mensagem

 

Ela ouviu um bip no celular, deixou para lá,

Seja qual fosse o assunto pertencia ao seu marido,

Ela não iria se intrometer, poderiam ser assuntos do trabalho,

Com certeza era, qual outro motivo seria?

Claro que já era tarde, mas trabalho é trabalho...

Porém, de longe avistou um nome brilhar na tela,

 

Meio nome na verdade, era um apelido,

As letras pulsavam sobre os seus olhos, atraindo-os,

Que celular insistente pensou ela, não para de vibrar,

Mas seu esposo estava ausente, preso a televisão,

Nem parecia escutar aquele som ensurdecedor,

Que chamaria a atenção até mesmo dos vizinhos lá fora,

Instantes após, uma ligação não atendida, um toque apenas,

 

Seria um sobreaviso sobre horas-extras? Ela havia notado

Suas chegadas cada vez mais tardias, mas ele estava sempre tão exausto,

Por que ela iria importuná-lo com assuntos desnecessários,

Decidiu deixar de lado, foi até a cozinha lavar a louça do jantar,

Após lava-la se dirigiu ao fogão para limpar,

Eis que a torneira começa a pingar, de início jorrava água,

 

Depois disso, alguns pingos esparsos, como se calculados,

- Amor, você já arrumou a torneira, a tanto tempo venho lhe pedindo –

Na falta da resposta ela olhou para trás, procurando-o,

Ele quedou no sofá, inerte, descuidada ela queimou um dedo,

Sentindo sua pele fria frigir em ferro quente, levou-o aos lábios,

Como se sua boca macia pudesse sugar a dor, afastando-a,

 

Mas, dessa vez ela errou, os lábios quentes apenas amortizaram-na,

Passando uma sensação de dor maior ainda, como se espalhasse-a,

Em poucos passos ela pousou o dedo embaixo da torneira,

Sentindo sua dor passar com o cair dos pingos de água,

Não abriu-a, nem fechou, apenas deixou que escorresse sobre ela,

Da forma que lhe convinha, cada pingo parecia alivia-la,

 

Ou atormentá-la, ela já não sabia precisar, recostou-se na pia,

Como se lhe faltassem forças, seus esforços no decorrer dos anos de casada

Pareciam nulos agora, foi o que ela sentiu quando foi extraída dos seus pensamentos

De forma abrupta pelos roncos irônicos do marido, nem acreditou que ele havia dormido,

E o celular insistente a vibrar, parecia que ia cair no chão, quebrando-se em estilhaços,

Pegou-o, ele havia mudado a senha, por quê? Talvez em decorrência dos colegas,

 

Eles sempre souberam as senhas um do outro, ele havia esquecido de avisar,

Apenas isso, nada mais seria cabível de se pensar diante de tudo que viveram juntos,

Ela lembrou-se de vê-lo esfregar o dedo na tela, com uma tentativa encontrou a senha,

- Oi, gostei do café que tomamos hoje a tarde, me sinto bem depois disso – leu ela,

E ainda havia um emoji de sorriso, o nome estipulado não dizia muito,

Poderia ser masculino ou feminino, porém, o apelido era o mesmo de sua prima,

Aquela que havia lhe presenteado com a saia rosa, que a olhava encantada sempre que a via,

 

Presente o qual nem havia se destinado a ela, tinha sido para sua tia, que recusou-a,

Que esta mensagem não signifique nada, é claro que não significava, repetia para si mesma,

Trêmula, um casamento duradouro não se renderia por nada,

Ela soltou um argh de pura ironia, não conseguia evitar, odiava mentiras,

Sua prima era casada, talvez fosse o esposo dela, mas o que iria querer com seu marido,

É certo que a hora era inclusiva, embora nada sugestiva,

 

Nada mais natural que conversarem um com o outro, talvez até...

Trocarem confidencias íntimas? Conversas de família deveriam ser tratadas a luz do dia,

Preferencialmente, aos olhos de todos, do contrário seria ingênua lamúria?

Quem é que havia definido hora para tratar de assuntos familiares?

Ela notou que seu esposo andava esparso, distante, e até diferente,

Aquela mensagem soou como um tapa em sua cara, aquele que ela nunca ganhou,

 

Definindo-se no grunhido que saiu da sua boca, dissipando-se no ar,

Porém, pairando em seus ouvidos, a repetir-se sem parar, ou seria o ronco dele?

Ele dormia como se estivesse em outro lugar, ausente de suas vidas,

Ela precisava manter-se calma, havia uma explicação plausível que ela logo

Tomaria conhecimento, era melhor não tocar no assunto, permitir que as coisas

Se desenrolassem, agora que estava com o fio da meada em mãos,

 

Em algum ponto se desenrolaria e ela estaria lá para testemunhar tudo,

Era comum as mulheres reclamarem entre si sobre seus casamentos,

Mas ela nunca teve muito o que comentar sobre o assunto,

Só conhecia o seu próprio, como poderia opinar sobre outros?

Lembrava de que muitas sentiam-se traídas, mas ela sempre julgou-as exageradas,

Faltava confiança na relação, ela dizia para elas, e repetia para si mesma, repetia...

 

Mas neste instante, sentia o coração oscilar, parecia não lhe dar ouvidos,

Suas mãos tremiam, e aquele maldito grunhido que não parava de ecoar?

Ela desejou recostar-se em algo, mas as coisas estavam disformes,

Nada mais era visível aos seus olhos, passou a mão sobre eles e percebeu o motivo,

Estavam marejados em lágrimas, deixou o celular onde estava, não deu resposta,

Ela precisava pensar, é certo que estava segura sobre tudo que sentia,

O fato de sua prima manter conversas as escondidas, com seu marido não faria diferença,

 

Se o outro casal passava por dificuldades, seu casamento não passaria,

Ela o amava, o amor que nutriam um pelo outro carecia do benefício da dúvida,

Não havia escolha, o amor sempre vence no final das contas,

A torneira ainda pingava, mas a dor havia sumido, ela estaria amortizada?

Quando a dor da alma ultrapassa a dor física? Ela sempre enfrentou as crises sem questionar,

Havia feito o seu melhor, não havia? Pegou o celular de volta,

 

Como recusaria responder sua própria prima, - olá, que bom que gostou- respondeu

Colocando o celular ao lado dele, depois andando com passadas mecânicas

Até sentir-se colar na parede, apoiando-se com as duas mãos,

E de forma desolada, bateu de leve a cabeça na parede, sem ferir-se,

Ela queria apenas sentir-se, eu te amo, repetiam seus lábios e também

 

Seu coração, é claro, era isso que ele dizia, não era? Então, o amor é isso,

Repetia ela, um sorriso estreitava em seus lábios, seguro,

No entanto, sua cabeça parecia não funcionar, ela falhava, mas o amor não,

Ainda assim, ouviu um soluço sair dos seus lábios, 

Vertendo lágrimas sobre o seu sorriso desavisado.

Barquinho no Rio

 

Ela andava triste, contando os passos pelo caminho,

Sabia cada detalhe de cor e salteado,

Mas nada a comovia, sentia-se deprimida,

De alguma maneira entediada, as coisas eram monótonas,

Então, se retirou para um lugar no interior,

Desejava como nunca ficar sozinha, em paz consigo mesma,

 

Sentia, dentro dela, que uma voz amiga a acompanhava,

Pensava que se conseguisse se absorver por um momento,

Poderia encontrar essa fala, entende-la e com isso: encontrar a si mesma,

Por mais que parecesse egoísmo, ela sentia no fundo do peito,

De forma inexplicável, mas de alguma maneira compreensível,

Que se identificando com esta voz que a refletia, tornar-se-ia completa,

 

Nessa voz haviam muitas coisas de que ela precisava,

Carinho, compreensão com pitadas incalculáveis de loucura,

Distribuídas pelos lugares por onde andava,

Mas em algum lugar estas pitadas se uniam, se reconstruíam,

E lá, ela sabia: encontraria a felicidade plena,

Não esta, passageira, a qual já havia se acostumado,

 

Por mais que pareça estranho, as pessoas se acostumam com o que recebem,

E ficando estagnadas, sem fazer nada, não reconhecem o diferente,

Com isso, também, nunca sentem nada; pessoas vazias de si mesmas

Apenas ocupam espaços, preenchem lugares, mas não sabem acrescentar,

Ao permanecerem inertes, acomodadas, servem apenas como adornos,

Objetos desnecessários condenados a substituição premente,

Enfeites que podem ser trocados conforme dera-lhes vontade,

 

É certo que a ninguém é dado viver em torno de si mesma,

Mas encontrar-se é um bom caminho para ter em si um objetivo,

Contudo, seguir mero instinto qualquer estrada que seja,

Não leva a nada, não edifica nada além do próprio ego,

Não importa o quão bom você seja ou em que você acreditar,

Com estes pensamentos ela seguia a sua estrada,

Rumo ao interior de um município que conhecia,

 

Nem viu o caminho passar, correndo ao seu lado,

Como se ficasse para trás, ao chegar, ela armou sua barraca,

Decidiu dar uma volta de barquinho, tentou remar, sem êxito,

Um rapaz cortês, se aproximou dela e ofereceu ajuda,

Ela nem pediu o preço, pois queria muito sentir a brisa fresca

Que parecia mais encantadora no meio do rio,

E quem sabe, com um pouco de sorte, mesmo sem querer admitir,

Poderia dar um mergulho, olhou para o vestido solto que a adornava feito carícia,

 

Sorriu para si mesma, havia esquecido seus trajes de banho...

O rapaz parecia dominar bem o barco, com um sorriso honesto,

Ele subiu, sem esforço, ficando parado, diante dos seus olhos,

A centímetros um do outro ele indagou com voz rouca e forte,

- Olá, moça, como você está? – Apesar de sentir-se de certa forma atraída,

Ela respondeu em voz monótona, - olá, tudo bem;

 

O rapaz, sem camisa, levou-a para bem longe, lá tudo se acalmou,

O sol quente e brilhante, parecia nada diante de tanto esplendor

Que irradiava do corpo dele, ela chegava a sentir seu calor em si mesma,

Os olhos dele eram profundos como o infinito, porém,

Mesmo o azul profundo do céu parecia translúcido diante dele,

Ele era mais parecido com aquela água esverdeada ao entorno do barco,

 

Tinha a quentura necessária que ela precisava sentir naquela hora,

Porém, guardava uma obscuridade em que ela desejava mergulhar,

No entanto, mesmo sendo tão palpável guardava algo de misterioso,

Ela sentia que coisas se acumulavam nele, as quais ele se negava a aceitar,

Mas que por mais que se sentisse forte, não sabia ao certo se poderia ajudar,

Ao seu ver, tudo na vida aparenta conter uma linha tênue limitativa,

 

E ultrapassar esta linha é um caminho inseguro que poderia não ter volta,

Mas, ela sentia dentro dela que gostaria de vencer seus medos,

Quebrar esta distância que a limitava, fazendo-a sentir-se egoísta,

É certo que seus sentimentos se confundiam, às vezes, entregava-se a amargura,

Sentia coisas que não conseguia conter, e isso poderia ser danoso para ele,

Então, ela mergulhou a mão na água e ficou a senti-la,

 

Poderia parecer insegurança em relação a ele, mas não era bem isso,

Tão de repente quanto encontrou tudo que procurava,

Também, não sabia agir pois não sentia-se preparada,

Ele pareceu ler seus pensamentos, com aquele mesmo sorriso honesto,

Porém, agora um tanto indagador, lhe pediu: - quer dar um mergulho? –

Ela sentiu o vento percorrer sua espinha e um tom de frio passou por ela,

 

Mas ficou longe, muito longe deles, - você se sente bem moça? – disse-a,

Seu coração deu um salto, então ele se preocupava com ela?

Então, de repente ela era importante para alguém? Ousou fita-lo,

Não por que duvidasse dele, mas porque parecia surreal realmente,

- Sim, me sinto bem, gostaria sim de mergulhar- disse ela, embasbacada,

As palavras saiam de sua boca, com a mesma expressão que a brisa na água,

 

Incertas, desmedidas, mas superficiais, formando pequenas ondas convidativas,

Ela cedeu ao impulso de não pensar muito, foi logo tirando a roupa,

Estava com uma lingerie branca, que ganhou a cor transparente,

A mesma água que a fez temer, agora a deixava límpida, lúcida,

- Venha, vamos nadar juntos? – disse ela segura, como uma menina,

Mesmo ele sendo lindo, hum..., admiravelmente lindo, naquela hora,

Ela só queria compartilhar o que sentia, ele mergulhou perfeitamente,

 

As roupas coladas no corpo, eram realmente sugestivas,

Ele passou a alguns metros dela submerso, ela contemplava aos risos,

Em um instante, ele se colocou atrás dela, ela mergulhou, imitando-o,

No entanto, ao retornar se posicionou na sua frente, encarando-o,

- Então – ela falava em pausas-  já beijei algumas vezes,

Mas confesso que nunca senti muita coisa, - o rubor do sol tomou seu rosto -

 

Porém, com você, as coisas soam muito diferente, cara que voz que você tem! –

Ela mergulhou de novo, se colocou atrás dele, abraçou-o – ele era mu-i-to quente,

Ela o enlaçou com as pernas, prendendo-se a ele meia de lado,

Arriscou olhar em seus olhos, ele acariciou seu rosto, ela sorriu, mordeu o lábio,

Então, o beijo aconteceu, ela não se ateve para o detalhe se beijou ou foi beijada,

Apenas aproveitou o momento, quando cessaram os beijos, ele a segurou com força,

 

- Então, você se sente bem agora? – Ela o perguntou, sentia-se aberta para o novo,

Importava-se com ele, fez com que ele soubesse.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Meia Hora

 

O fim de tarde se apresentou nublado,

A chuva estava prevista para daqui a pouco,

Não esperaria, deixei o trabalho um pouco mais cedo,

Peguei o carro e segui a direção do vento,

Àquela hora o sol estaria no horizonte,

Assim, dirigi um pouco mais rápido, como as nuvens estavam vagarosas,

Eu chegaria até ele com tempo suficiente para um banho de chuva

 

Enquanto colheríamos as frutas saborosas do final do verão,

Eu ansiava por vê-lo, tinham sido apenas horas de distância,

Mas sentia em meu coração como se o peso da morte me tocasse,

Engraçado como a distância mexe de forma estranha os corações apaixonados,

Mesmo a menor fagulha, quando chega explode em momentos que pedem,

Imploram para serem revistos, de segundo a segundo e revividos sempre,

 

Estes momentos em que a saudade nos pega desprevenidos,

Nos dão a falsa sensação de que poderíamos resistir ao sentimento,

Nos permitem abrir aquele sorriso largo, de um jeito desajeitado e bobo,

Nos afastando de tudo o que estamos fazendo e nos levando para perto,

Perto de alguém que mesmo não estando conosco, se faz presente,

A vontade de ligar é incontrolável, deseja-se ouvir a voz, mas no fundo sabemos:

 

Que o que nos prende mesmo, são aqueles momentos fortuitos de sorrisos despretensiosos,

Com aquele Q de “o desejo muito, quero abraça-lo, quero beijá-lo, mas não sei como agir”,

Há quem defina isso timidez, eu, porém, acho que é amor em demasia,

Aquele em que se teme errar por medo de perder, perder?

Seria possível perder o que se guarda dentro da gente,

Gestos de carinho e saudade se confundem, no que meu coração define: amor;

Me vejo tocar meus lábios e imaginar um beijo, o calor, o cheiro...

 

Já nos conhecíamos a tanto tempo, havíamos vivido tantas coisas juntos,

Eu ousei imaginar nosso beijo por milhares de vezes, mas me sinto vacilar,

Como se dá o primeiro passo em direção a algo que se deseja tanto,

Quando se ama em sobremaneira, qual seria o meio exato para se demonstrar?

O amor deveria vir com manual de instruções,

Do tipo que não se admite erros, que não se prende a vacilos,

 

De preferência daqueles que se ensina até mesmo a forma de beijar,

Beijo de língua, sem língua, onde pôr a mão, quando tirar,

Aqueles que ensina a conquistar a alma,

A alcançar tudo que vejo e sinto com ele, mas que não sei demonstrar,

Como agir nos instantes em que as palavras se confundem na cabeça,

Nos momentos em que tudo falha e apenas busca-se o reencontro, o estar perto,

 

Por Deus que moveria mundos apenas para contemplar o brilho dos seus olhos,

Parei o carro, pedi ao vento que também esperasse,

Queria pegar o início da chuva junto com ele,

O noticiário já estava prevendo a chuva a algum tempo,

Mas, de última hora denunciou a possibilidade de vento forte,

Eu sabia que ele sentia medo, embora não quisesse admitir,

 

Então, seria minha deixa para me aproximar, quem sabe,

Pegar sua mão, entregar-lhe um abraço, em tom confidencial

Eu posso admitir que sempre me admiro com as belezas da natureza,

Mas confesso que a magia que vem com a chuva me deixa extasiada,

E a melhor parte é o começo, o jeito como as nuvens vem e tomam conta de tudo,

A forma como o vento brinca com os pingos, como tudo ao redor reage,

 

Então, com um sorriso de cumplicidade, do tipo que diz mais do que quer dizer,

Comprei duas árvores frutíferas de espécie desconhecida,

Na agropecuária em que estacionei,

Apenas para plantarmos juntos e aproveitarmos o mistério de colher os frutos,

Sem saber quais seriam, nossa paixão são as frutas, então não haveria erro,

Pensei que poderia numerar este como o primeiro acerto entre nós,

Mas não, no decorrer dos anos em que nos conhecemos já vivemos tanta coisa...

 

Olhei ao redor, peguei também umas mudas de flores e veneno contra formigas,

Fui até o caixa, cumprimentei a menina que me sorriu enquanto passava as coisas,

Ajudei-a a coloca-las no pacote, paguei e rumei com destino: o amor,

Eu sabia que ele estaria me esperando, eu havia feito suspense,

Pela primeira vez, em anos, eu não liguei e quando ele mandou uma mensagem,

Eu nem conferi, fui forte e consegui resistir, ele deveria estar ansioso,

 

Seria maravilhoso contemplá-lo, quem não gostava tanto de surpresas era eu,

Sorri diante disso, achei engraçado que meus medos fechavam com os dele,

Conforme eu temia, ele sorria gentil, conforme ele temia, eu resistia,

A vida monopolizada era boa, mas quando se abre uma brecha para o improviso,

Tudo se transforma e o resultado muda no mesmo instante,

As nuvens já se aproximavam de forma mais densa, nebulosa,

 

Teria que seguir, meu destino estava em meia hora...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Um Gole

 

Ela bebeu um copo de uísque de uma vez,

Deliciando-se com o gosto metálico na boca,

Sentiu-se desinibida, feliz, como nunca antes,

Engraçado como a bebida de forma moderada,

Faz um bem danado para as pessoas sagazes,

Ela pensou isso, tocando de leve a beirada do seu copo

 

Na do seu pai, estavam sentados em um bar da cidade,

Logo, em frente a praça, aos olhos do sol a iluminá-los

Com seu brilho espelhado, contraste genuíno, ao azul do céu poente,

Entre graças e trapaças, gargalhadas vinham a boca,

De uma forma quase inusitada, em instantes

Tudo ao redor se transformava e o povo a comentar:

 

Engraçado, o quanto a menina de seus 20 anos ainda

Bebia na companhia do pai, e andava pelas calçadas

De braços dados com ele, despedindo-se sempre

Com um abraço apertado e aquele eu te amo refletido nos olhos,

Sem temor ao público ou ao que os outros pudessem falar,

Pois o amor havia a muito tempo se tornado algo escasso,

 

Ela sentia que as pessoas tinham medo de abraços,

De simples demonstrações de carinho, tudo era calculado em números,

Números de flores a se receber ou dar, preço a se presentar ou ganhar,

Até mesmo o tradicional amigo-secreto de Natal, vinha

Estabelecido de um valor no presente a se dar,

Já não era mais a amizade que importava, o carinho que sentiam,

 

Coitado do bom-velhinho que a cada ano mais empobrecia o seu saquinho,

Sorte das renas que possuíam sua charretinha cada vez mais leve,

Não bastou definirem datas para se lembrar de quem se ama,

Agora botavam preços aos sentimentos,

O dezembro estava perdendo seu encanto,

Mesmo os fogos se tornaram escassos,

Os abraços muito mais distantes e o amor a família algo pitoresco,

 

Mesmo os sorrisos largos e encorajadores agora estavam meados,

Meio de canto da boca, estilo falseado, os cumprimentos dos amigos,

Também, do mesmo modo, mas isso não intimidava a menina dos 20 anos,

Ela abraçava seus pais, amigos, parentes e até pedia a benção,

Sabia dar valor a tradição milenar que recebera ainda no berço,

E levaria isso consigo por toda a vida, eu te amo repetia a eles em público,

 

E, também, em espaço privado, porque o amor só é amor quando é demonstrado,

Mesmo que, perante a olhos assustados e céticos, talvez desconhecidos,

Desconhecidos de carinho, de amor, de cumplicidade familiar;

Havia muito respeito entre eles, mesmo nas discussões ou em tudo o mais,

Ela sempre gostou de se despedir com um abraço, um beijo e um eu te amo

Isso era a sua marca registrada, tentaram lhe tirar isso, mas não conseguiram,

 

Só Deus sabe o quanto o diabo tem suas trapaças, porém, não era questão

De religiosidade, mas simples respeito, ato de boa vontade, vontade de demonstrar

Sentimentos, mesmo que aos gritos ou aos prantos, pois o amor também

Comete erros, desde que se saiba manter a linha tênue entre o respeito

E a liberdade exagerada, está tudo certo.


No amor há brigas, encontros e desencontros,

Mas onde há exagero no uso da força, necessidade de se impor,

Desconfio que haja falta de amor.

Uma Saudade

Em parte, porque chegara o início de janeiro, celebração do Novo Ano,

Em parte, porque não conseguira esquecer seu abraço,

Ela estava em férias no trabalho, pegou as chaves do carro,

Aproveitou a brisa fresca do sol poente, olhos no futuro

E dirigiu-se até ele, é certo que a três dias haviam brigado,

Mas a dois dias, ela estava irreparável e irremediavelmente,

 

Tomada por algo que a fez arrepender-se, saudade,

Ela definira no final daquela tarde, mas pouco importava o nome,

Isso é que era o fato, havia bloqueado o seu número,

Então chegaria sem avisar, no auge da discussão também

Apagara as conversas, mas o que importava agora, era estar de volta,

De volta a cidade de onde não deveria ter saído, de volta a quem amava,

 

Comemorar o início de algo de não deveria ter acabado,

E atrasar o relógio para dar início a um ano que havia começado para todos,

Menos para eles, dizem que a cor da roupa reflete os desejos,

Ela preferiu usar a cor branca, sozinha, pois tudo de que precisava

Já havia alcançado e queira Deus, não tivesse perdido, pois no calor da hora,

Eles disseram tudo um ao outro, menos o eu te amo que quis, em um ímpeto

 

De ousadia e dor profunda refletir em seus olhos, mas ela soube fecha-los

Na hora certa, soube baixar a cabeça em sua frente, virar-se de costas

E sair, sem esquecer de bater a porta atrás de si, não forte o suficiente

Que demonstrasse um resquício de raiva, mas nem tão fraca como se

Simplesmente a encostasse, em indiferença forçada, soletrando: tudo bem,

Nem me importo, ela se importava sim, de forma simplória a tudo que sentia,

 

Mas eficiente para sair em evasiva, para esquivar-se de tudo que havia,

Sem entender bem por quê, ela precisou disso, certo, tudo bem, ela entendia sim,

Ele havia sido grotesco, gritou, xingou, ainda a pegou pelo braço

Forçando um abraço que naquele instante, ela não queria, detestava sua mania

De manipular, de forjar situações, por Deus: será que ele achava que iria dominá-la?

Parou o carro na estrada, saiu para fora, olhou a tardinha cair a sua frente,

 

Logo a noite chegaria com seu manto e tudo o mais ficaria diferente,

As pessoas passavam por ela, inertes a tudo que se passava com ela,

Tudo acontecia lá fora, mas não havia nada dentro dela?

Rostos sem vida, outros felizes e ela ali, sozinha... só ela sabia o encanto do seu sorriso,

Mas também tinha consciência do quanto seus dentes eram afiados,

O quanto sua voz melodiosa sabia conquistar, mas as vezes, preferia a distância,

 

Pensou nele, ligou o celular, desbloqueou o seu número,

Que ela não havia apagado, pensou que pudesse ter sido furtiva com ele,

O celular que encurtava distâncias também criava espaços

E talvez, ela pudesse ter caído em um desses vãos e agora não conseguisse sair,

O tráfego estava intenso, mas ela estava inerte a isso,

Intenso mesmos estavam os sentimentos a explodir dentro dela,

 

Tudo que ela não podia controlar agora a fitava de frente,

E ela poderia resumir a imagem refletida na tela do seu celular,

A primeira vista, era o rosto dela, em segunda ordem seus cães,

Em terceira vista, eles dois, abraçados, unidos e felizes,

Talvez, a ordem das coisas estivesse invertida,

Talvez ela nem devesse ter saído daquela forma que agora

 

Se apresentava insensata, mas quem poderia controlar ou controlar-se?

Sabia que o amava a cada acorde que ouvia da sua voz,

Em conversas familiares aos seus ouvidos, sentia que ele fazia pouco,

Sentia que precisava de mais esforços por parte dele,

Mas também, tinha certeza que o amava, ele era desejoso,

Deixava tudo para depois, abandonava as coisas ao acaso,

 

Gostava de acumular coisas, mas enquanto isso se desfazia do mais importante,

O mato cresce rápido em caminhos que não são percorridos,

Mas nos arredores das casas dos vadios, também,

E isso abre espaço para que estranhos adentrem e tomem partida,

Meio que a contragosto, ela clicou em seu número,

“Alô, eu te amo, eu estava errada”, ela disse, com voz monótona,

 

“Eu errei em algum momento, sei disso, gostaria de me desculpar,

Será que aí onde você mora ainda há um lugar para mim ficar,

Eu estou de chegada e não tenho aonde pernoitar,

Ainda é cedo, então pensei que estivesse em tempo para ficar”,

Ele sorriu e disse: “Você? Não esperava que me ligasse,

Estou com amigos aqui em casa, mas há um quarto vago,

 

Está um pouco sujo, desajeitado, muito diferente daquele

Em que um dia você fez morada, mas sim filha, pode ficar”. 

Olhos Impetuosos

 

Ela estava assistindo a um filme de ação,

O mocinho passava o filme todo salvando a mocinha,

Isso trazia algum conforto ao seu coração,

Pelo menos em algum lugar havia amor ainda,

Ela havia preparado a pipoca no micro-ondas,

Estava com o achocolatado em mãos,

 

Nada de melhor poderia lhe acontecer naquele momento,

Com um sobressalto sem emoção,

Ela ouviu alguém tocar a campainha,

Deixou que tocassem, acreditou que desistiriam,

Mas ao terceiro toque decidiu verificar,

Poderia ser algo importante de alguém que não tivesse

 

Contato com ela através de seu telefone...

Soltou a pipoca e o chocolate de lado, e foi até o interfone,

Ao verificar através da câmara notou que era seu ex,

Depois de tudo que ele fez, decidiria voltar, sem mais nem menos,

Até carregava um belo buque de flores,

Com certeza, deveria estar acreditando que iria apagar os erros,

 

E ainda ofertar-lhe sonhos de um provável para sempre,

Cujo qual, ela sabia, já havia desistido, desde aquele fatídico dia,

Em que ele a deixou na escada e partiu sem dizer nada,

Avançando sinal de trânsito, pondo em risco a própria vida e o bem-estar

Psicológico dela, aquilo foi demasiado imaturo para perdoar,

Levou a mão a testa, saturada por tantas desculpas,

 

Tantas situações mal resolvidas, havia sempre um empecilho

Entre eles, esporte, academia, até basquete, não que fosse problema,

Mas lembrar de ele partindo daquela forma,

Sem falar que dentro do carro na vinda da festa,

Falava em monossílabos como se algo o tivesse importunado,

E a culpa fosse dela, ela pedia o que era ele se esquivava,

 

Ela o pressionava e ele metia o pé no pedal, a mil por hora,

Se ela tivesse que morrer, gostaria de no mínimo escolher a forma,

Se ele queria fugir de algo, que não fosse dela,

Ele ainda guardava aquele sorriso e o brilho no olhar que ela amava,

E a cada vez que fitava a câmera aflito seu coração pulsava alto,

Como se desejasse tocá-lo, alcança-lo e traze-lo para dentro,

Traição desmedida de si própria e de tudo que sentia,

 

Amava-o sem entender o porquê, olhando agora para a sua boca,

Ela entendia que sentia saudade do seu beijo, dos seus carinhos,

Deu dois passos para trás, desanimada, cambaleando para o lado,

Sem querer, tocou no interfone, atendeu, ele disse, “oi, você está ai? Te amo”,

Ela não acreditou no que havia feito, traída por seus próprios dedos,

Trêmulos, ansiosos... serrou os lábios, jurou para si mesma,

 

Nenhuma palavra sairia da sua boca, ele havia exagerado,

E acreditava que flores pudessem concertar os erros,

O pior de tudo é que ela sentia-se concordar, as flores, uma conversa,

Traída por suas emoções, pelo carinho desmedido que sentia,

Dizia para si mesma: carinho, pois amor era o que ele não merecia,

Não depois de tudo que fez na noite passada,

 

É certo que, vendo-a magoada, ele lhe pediu um beijo de despedida,

Também é certo que aquela era a sua forma de pedir desculpas,

Mas isso era demasiado pouco para o quanto ela era capaz de amar,

Amar em códigos, viver de coisas imaginadas, isso não era sensato,

Produzia sensações passageiras, fosse tudo, nunca seria amor,

E o sexo... sim, ela precisava disso, eles se completavam bem,

Sentou-se na bancada, ali onde tantas vezes haviam se acomodado,

Até em sua casa ele parecia estar mais do que ela,

 

Mesmo a pipoca que havia feito era a predileta dele,

Retornou, minutos haviam se passado, e ele estava lá em pé,

De olhos chorosos, “oi”, disse ela, “estou sim, o que você quer?”

Ele sorriu, “gostaria de te ver conversar, eu errei admito,

Mas preciso acertar as coisas contigo, sem você eu não vivo”,

Ela suspirou, olhou para as mãos tremulas, tentou controlar a voz,

 

Mas quando falou, foi traída, ela saiu sôfrega, “você bebeu muito, o que houve?

Não me senti bem com aquilo”, ao dizer isso, ela recostou-se na parede,

Incapaz de controlar as lágrimas, liberou a entrada, em um ímpeto,

Dando voz ao coração que pulsava por seu abraço, mais por impulso

Ou incapacidade de resistir que qualquer outra coisa,

Pelo menos tentou acreditar nisso, até ver ele entrar redimido,

Ele lhe deu um abraço, ela recusou, pegou as flores pôs num vaso,

 

Enquanto as arrumava, ele chegou por trás, abraçando-a,

Ela lembrou do quanto ele era alto, forte, e segurando-a,

Fazia dela a criatura mais frágil no mundo, ele falou ao seu ouvido,

Algo que ela não guardou na memória, mas não se virou,

Nem poderia pois, ele a mantinha presa em suas garras,

As mesmas mãos macias que tanto a acariciaram,

 

Agora a boca dela que tanto disse eu te amo, parecia dizer chega,

Basta, quero um tempo disso tudo, ao menos uma distância segura,

Mas antes que ela organizasse os pensamentos, ele puxou-a,

Levando sua boca de encontro a sua, em um beijo que ela tanto conhecia,

Mas não sabia mais se ainda queria, ele foi removendo suas roupas,

Ela continuou inerte, sôfrega, insegura, trêmula de corpo inteiro,

Os olhos dele, impossíveis de se esquecer eram de um azul gélido,

E as mãos quentes, tal qual antes, eram impetuosas...

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...