Ela andava triste, contando os passos pelo caminho,
Sabia cada detalhe de cor e salteado,
Mas nada a comovia, sentia-se deprimida,
De alguma maneira entediada, as coisas eram monótonas,
Então, se retirou para um lugar no interior,
Desejava como nunca ficar sozinha, em paz consigo mesma,
Sentia, dentro dela, que uma voz amiga a acompanhava,
Pensava que se conseguisse se absorver por um momento,
Poderia encontrar essa fala, entende-la e com isso: encontrar
a si mesma,
Por mais que parecesse egoísmo, ela sentia no fundo do peito,
De forma inexplicável, mas de alguma maneira compreensível,
Que se identificando com esta voz que a refletia,
tornar-se-ia completa,
Nessa voz haviam muitas coisas de que ela precisava,
Carinho, compreensão com pitadas incalculáveis de loucura,
Distribuídas pelos lugares por onde andava,
Mas em algum lugar estas pitadas se uniam, se reconstruíam,
E lá, ela sabia: encontraria a felicidade plena,
Não esta, passageira, a qual já havia se acostumado,
Por mais que pareça estranho, as pessoas se acostumam com o
que recebem,
E ficando estagnadas, sem fazer nada, não reconhecem o
diferente,
Com isso, também, nunca sentem nada; pessoas vazias de si
mesmas
Apenas ocupam espaços, preenchem lugares, mas não sabem
acrescentar,
Ao permanecerem inertes, acomodadas, servem apenas como
adornos,
Objetos desnecessários condenados a substituição premente,
Enfeites que podem ser trocados conforme dera-lhes vontade,
É certo que a ninguém é dado viver em torno de si mesma,
Mas encontrar-se é um bom caminho para ter em si um
objetivo,
Contudo, seguir mero instinto qualquer estrada que seja,
Não leva a nada, não edifica nada além do próprio ego,
Não importa o quão bom você seja ou em que você acreditar,
Com estes pensamentos ela seguia a sua estrada,
Rumo ao interior de um município que conhecia,
Nem viu o caminho passar, correndo ao seu lado,
Como se ficasse para trás, ao chegar, ela armou sua barraca,
Decidiu dar uma volta de barquinho, tentou remar, sem êxito,
Um rapaz cortês, se aproximou dela e ofereceu ajuda,
Ela nem pediu o preço, pois queria muito sentir a brisa
fresca
Que parecia mais encantadora no meio do rio,
E quem sabe, com um pouco de sorte, mesmo sem querer
admitir,
Poderia dar um mergulho, olhou para o vestido solto que a
adornava feito carícia,
Sorriu para si mesma, havia esquecido seus trajes de
banho...
O rapaz parecia dominar bem o barco, com um sorriso honesto,
Ele subiu, sem esforço, ficando parado, diante dos seus
olhos,
A centímetros um do outro ele indagou com voz rouca e forte,
- Olá, moça, como você está? – Apesar de sentir-se de certa
forma atraída,
Ela respondeu em voz monótona, - olá, tudo bem;
O rapaz, sem camisa, levou-a para bem longe, lá tudo se
acalmou,
O sol quente e brilhante, parecia nada diante de tanto
esplendor
Que irradiava do corpo dele, ela chegava a sentir seu calor
em si mesma,
Os olhos dele eram profundos como o infinito, porém,
Mesmo o azul profundo do céu parecia translúcido diante
dele,
Ele era mais parecido com aquela água esverdeada ao entorno
do barco,
Tinha a quentura necessária que ela precisava sentir naquela
hora,
Porém, guardava uma obscuridade em que ela desejava
mergulhar,
No entanto, mesmo sendo tão palpável guardava algo de
misterioso,
Ela sentia que coisas se acumulavam nele, as quais ele se
negava a aceitar,
Mas que por mais que se sentisse forte, não sabia ao certo
se poderia ajudar,
Ao seu ver, tudo na vida aparenta conter uma linha tênue limitativa,
E ultrapassar esta linha é um caminho inseguro que poderia
não ter volta,
Mas, ela sentia dentro dela que gostaria de vencer seus
medos,
Quebrar esta distância que a limitava, fazendo-a sentir-se
egoísta,
É certo que seus sentimentos se confundiam, às vezes,
entregava-se a amargura,
Sentia coisas que não conseguia conter, e isso poderia ser
danoso para ele,
Então, ela mergulhou a mão na água e ficou a senti-la,
Poderia parecer insegurança em relação a ele, mas não era
bem isso,
Tão de repente quanto encontrou tudo que procurava,
Também, não sabia agir pois não sentia-se preparada,
Ele pareceu ler seus pensamentos, com aquele mesmo sorriso
honesto,
Porém, agora um tanto indagador, lhe pediu: - quer dar um
mergulho? –
Ela sentiu o vento percorrer sua espinha e um tom de frio
passou por ela,
Mas ficou longe, muito longe deles, - você se sente bem
moça? – disse-a,
Seu coração deu um salto, então ele se preocupava com ela?
Então, de repente ela era importante para alguém? Ousou
fita-lo,
Não por que duvidasse dele, mas porque parecia surreal
realmente,
- Sim, me sinto bem, gostaria sim de mergulhar- disse ela,
embasbacada,
As palavras saiam de sua boca, com a mesma expressão que a
brisa na água,
Incertas, desmedidas, mas superficiais, formando pequenas
ondas convidativas,
Ela cedeu ao impulso de não pensar muito, foi logo tirando
a roupa,
Estava com uma lingerie branca, que ganhou a cor
transparente,
A mesma água que a fez temer, agora a deixava límpida,
lúcida,
- Venha, vamos nadar juntos? – disse ela segura, como uma
menina,
Mesmo ele sendo lindo, hum..., admiravelmente lindo, naquela
hora,
Ela só queria compartilhar o que sentia, ele mergulhou
perfeitamente,
As roupas coladas no corpo, eram realmente sugestivas,
Ele passou a alguns metros dela submerso, ela contemplava
aos risos,
Em um instante, ele se colocou atrás dela, ela mergulhou,
imitando-o,
No entanto, ao retornar se posicionou na sua frente,
encarando-o,
- Então – ela falava em pausas- já beijei algumas vezes,
Mas confesso que nunca senti muita coisa, - o rubor do sol
tomou seu rosto -
Porém, com você, as coisas soam muito diferente, cara que
voz que você tem! –
Ela mergulhou de novo, se colocou atrás dele, abraçou-o –
ele era mu-i-to quente,
Ela o enlaçou com as pernas, prendendo-se a ele meia de
lado,
Arriscou olhar em seus olhos, ele acariciou seu rosto, ela
sorriu, mordeu o lábio,
Então, o beijo aconteceu, ela não se ateve para o detalhe se
beijou ou foi beijada,
Apenas aproveitou o momento, quando cessaram os beijos, ele
a segurou com força,
- Então, você se sente bem agora? – Ela o perguntou,
sentia-se aberta para o novo,
Importava-se com ele, fez com que ele soubesse.
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