Amor, não me veja agora,
Te peço apenas isso nada mais,
Olhe para o outro lado, lá atrás,
Qualquer coisa que te impeça de me ver,
Sim, você olhou, eu disse amor, não,
Estou de joelhos o que irá fazer?
Quedar-se ao meu lado esquerdo?
Ou então, irá por acaso me dar a mão,
Mesmo tendo passado por tudo que me culpo
De tê-la feito passar em vão,
Querida, não significa que seja pouco o que sinto,
Não por favor, não me olhe agora,
Também não seja dessa forma tão compreensiva,
Se me cansei de lutar sozinho por nós?
Sim, estou de joelhos cabeça inclinada,
Perdoe-me por não poder olhar em seus olhos,
Me deixaram dessa forma, ora veja –jogado,
Estendo uma mão ou devo escondê-la?
Se desejo vê-la entrelaçada a sua,
Oh, por Deus, o quanto desejo, então você imagina?
O rubor de sua face escorria por entre os dedos,
Vermelhos e trêmulos como o medo que sentia,
Que, pouco a pouco se esvaia,
Mas, nem por isso o erguia – inclinado,
Impassível? Não, isso não o definiria,
Voltou a si, parado e incontido,
Tinha uma chance agora, diria tudo,
Sem esconder vírgula ou ponto,
Mas, ousar erguer-se e encará-la,
Será que teria forças para tanto?
De mãos vazias, porém, cheias,
Cheias do tanto que andaram escondidas,
Sem ter as dela entre as suas – desprotegidas,
Havia um grito a ecoar por entre os seus lábios,
Mas, este grito seria guardado – última alternativa,
Suado e trêmulo, talvez, um tanto gélido,
Disse para si, com um pequeno sussurro – amo-a,
Repetiu outra vez, então, ergueu o olhar,
Ela o olhava de frente agora – parada,
Como se não soubesse como reagir,
Ou apenas não esperasse por tudo isso,
- Sim, meu amor eu a amo e nunca a esqueci,
Não ouviu o tremor na voz que saiu junto,
Nem mesmo se o sonido ficou bom,
Mas, falou tudo o que mantinha guardado,
A mão ainda estendida e sozinha,
Agora tinha a dela solta feito uma carícia,
Segurou-a firma, de joelhos e arrependido,
Algum tempo depois do longo beijo,
Foi que percebeu que juntou forças para se levantar,
E que a tinha por entre os seus braços,
Enquanto todos os sentidos estavam inquietos,
Sussurros diziam o quanto a amavam,
Depois que voltou a si,
Despediu-se sem saber porquê,
Apenas não estava preparado,
O medo havia se dissipado,
O amor voltou à tona como nunca imaginou,
Mas, havia algo que o distanciava,
Algo que o levava para um outro lugar,
Pelo menos, por aquele momento,
Limpou um resquício de poeira dos olhos,
Agachado por tempo demais naquele chão,
Não cuidara quando o sol se pôs,
Mas tinha certeza sobre o quanto amava seu coração.