Em vez de falar algo,
Apenas aproximou-se e tocou seu
rosto,
Chegou até a distância dos seus
lábios,
Mas, conteve o beijo,
Olhou para baixo com o rosto
tenso,
O maxilar endurecido – esforço-,
Ele permaneceu neutro,
Parecia não saber o que queria-
incerto-,
Amava-o e sabia o quanto,
Mas, não o bastante para
render-se ao desejo,
Acaso uma mulher merece
relacionamento de momentos?
Um beijo, um adeus e talvez
outro dia a vejo?
Ela não saberia responder se
estava preparada para isso,
Esperar não era de todo errado,
Claro que não, mas a incerteza
seria ferina em cada segundo,
Fechou o zíper da jaqueta quase
até o pescoço,
Teria saído pelo corredor escuro,
Se ele não a contivesse segurando
seu braço,
Com a mão fechada sobre a sua pele
macia,
Toque sutil, mas, o bastante para
descompassá-la,
O coração foi a mil, a alma saiu
dela e foi para outra órbita,
Chegou no olhar dele e chamou-a,
Tempo perdido, já não se
pertencia,
Naquele instante teria aceitado
qualquer coisa,
Mas o que se seguiu foi melhor
que esperado,
Puxou-a, com gesto firme até o seu
peito másculo,
Segurou-a ali como se dissesse
para si mesmo: minha,
Passou o outro braço por sua
cintura,
A manteve parada, ela baixou o
olhar,
E recostou-se no seu peito,
sentiu seu cheiro,
Sorveu-o como se necessitasse
deste gesto,
Como se a distância percorrida
valesse a pena,
Como se todos os erros recebessem
o perdão,
Mas, uma lágrima tocou seu cabelo
quente e tristonha,
E o coração acelerou e
respondeu-a: não,
Precisava mais do que isso:
Então, levantou o olhar e
procurou seus lábios.