sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O Amor!

 


O governante sem discernimento aumenta as repressões,

O amor no distanciamento oprime também,

Um governa enquanto o outro se perde,

A solidão atormentada pela culpa busca a fuga,


-Amo-o e o amarei até a morte!

Assim diz ela e bate o pé,

Haverá quem duvide?

Não, não dela!


Quanto ao coração que governava?

Neste instante, que ninguém o proteja!

O amor que é integro assim há de ficar,

A solidão que aparece nas horas vagas,


Esta ninguém deseja, mas ela vem...

Busca aquele que é amado,

Recorda dele a todo e qualquer instante,

Após isso, busca refúgio e clama pelo destino,


Apega-se a todos,

Distância segura, repousou dos inseguros,

O coração permanece a espreita e pulsa,

Neste tormento ele é quem não sabe repousar,


A solidão perversa ou prisioneira,

De repente cai e pede guarida,

Não sabe se ama nem entende o que quer,

Agir com parcialidade parece a saída,


Quer o ser amado ao seu lado – grudado,

Manda e desmanda,

Vê sempre com único olhar,

Até a distância o amor que ama aceita suportar,


A solidão gosta da proximidade,

Não se dispõe a maleabilidade,

A solidão é inimiga da distância,

E por ser desta forma não percebe o que a aguarda...


O amor que bajula sabe como repreender,

A solidão que rouba o tempo e a liberdade

Sopra no ouvido: não entenda, está errado;

É próxima mas é inimiga daquele que vem,


Talvez ela goste de manipular,

Quem sabe apenas ainda não tenha entendido,

O quê?

O coração que pulsa ou a lágrima que foge?


O olhar que se fecha e depois de tudo,

Simplesmente, finge não ver.

Mas, enfim, a boca não gritou,

A voz que imploraria que ficasse,


Apenas desta vez, não falou,

Melhor desta forma que da outra vez,

Meus agradecimentos,

Quis ela dizer ao levantar a mão,


Encerrou por um aceno,

Um aperto profundo no coração,

E se calou, outra vez,

Concluiu que o amava logo que chorou,


Sem ninguém para ver,

Apenas a promessa que ficou,

Bom, quando o coração grita,

Quem é que aparece?


Uma neblina e um olhar que se fecha,

Dentro de si o coração que não entende,

O amor. Ele repete. O amor,

E depois tenta dar alguns passos,


Imagina se ainda tem forças para correr,

Agora, ele para e mede a distância,

Não pulsa tão rápido mas retorna,

Já não consegue alcançar,


Que o amor chegue e tome-o por justiça!

E que – a solidão tem algum interesse em esconder-se? –

Sem resposta, nem ela ou aquele,

Da minha parte, não objeto,


Apenas guardo uma restrição: esquecer,

Este amor não, se a intenção for esquecimento,

Que seja o outro.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Eu e o Tempo

Mas, enfim a voz não saiu,

E o grito ficou mudo,

Permaneceu na garganta,

A seco;


Melhor assim,

Virou as costas ao vê-lo partir,

Quando se grita, o que parece?

Há algo que o faça arrepender-se?


Isso não parecia provável,

Nem um pouco,

Eu posso dizer como concluí isso,

Meu caro coração,


Peço não tente olhar em meus olhos,

Você não gostaria de ver o que ficou,

Daquele brilho jovial e encantador,

Dos mil sonhos de amor,


Todos aqueles em que você acreditou,

Todos estão estraçalhados,

Não queira ver,

O abraço,


O beijo de despedida,

Não, apenas não queira ver,

Muito bem, não soube o que dizer,

A voz ficou calada,


Parecia não ter alternativa,

Havia alguma falha no meu abraço,

E este amor escapou por ela,

De alguma forma,


Talvez, eu não devesse ter dormido aquela noite,

Quem sabe devesse ter feito algo diferente,

Eu tive tanta vontade de sentir aquele abraço,

Tive tanto apreço ao ganhar seu beijo,


Não soube como reagir,

Simplesmente não soube o que fazer,

É que – houve tanto tempo de espera,

A expectativa não ajudou em nada,


Talvez ele tivesse algum interesse em se esconder,

Pode ser que tudo isso ainda tenha explicação,

Que poderia fazer ao vê-lo retornar

E me oferecer a mão?


Mentir, fugir, me esforçar para resistir...

Por que quando alguém vai sempre se espera pela volta?

O que há de tão bom no sabor do retorno?

Desconfio disso,


Da minha parte,

Confesso este interesse...

Portanto,

Vou esperar passar o tempo...


Ver o que o futuro pode dizer,

Talvez, aja alguma forma de acordo...

(Eu e o tempo...)


 

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

É Frio o Final

 

Já não era a carta que eu buscava,

Coloquei a mão a esmo,

E vasculhei a caixa,

Buscava a que mais gostava,


Mas desta vez não foi como era,

Puxei outra,

Não a sua,

Um vazio ali se entreabria,


Palavras pediam para ser esquecidas,

Um amor se distanciava,

Dali se levantaria um fantasma,

Com palavras descritas,


Que já não serviam como outrora,

Seriam apenas versos,

Juras que não ganhariam voz,

Mas, eu ainda assim podia ouvir meu coração,


Quisesse ele ou não,

Ainda clamava por seu nome,

Ouvi-o chamar e agora reclamar por você,

Por mais que eu fugisse,


Havia sempre algo em que me apegar,

Tinha seus sussurros ao ouvido,

As juras voltavam de uma a uma,

Era quase como se o tempo não tivesse passado,


Seus lábios vagamente avermelhados,

Seu rosto: um reflexo do luar,

E no olhar,

Ah, o olhar contava muitas coisas,


Confesso que quis fugir disso,

Mas algumas vezes mergulhei neles,

E o que vi lá,

Não me deixou surpresa...


Pintado naquele rosto bonito

Havia algo que assustava,

Ele fugia do amor,

Nada mais que isso,


Mas falava outra coisa,

E isso, naquela hora,

Não me pareceu tão apropriado,

Parecia que seu rosto era disforme ao olhar,


O que vi naquele instante,

Não levaria ninguém a um tribunal,

Apenas quis ter percebido antes,

Antes do beijo, do abraço, deste ponto final,


Pois o que faria você?

Se o coração diz que ama,

Mas aquele por quem é apaixonado,

O olha e indaga: a quem?


 

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Um Beijo e o Adeus

 


Se a cilada não existisse,

Naquele beijo ela seria inventada,

Ou, um pouco antes, por ele,

Não, em nenhuma outra boca,


Pela sua apenas,

Seu abraço, seu cheiro, seu sabor,

Com aqueles toques de palavras macias,

Parecia enaltecer qualquer coração sonhador,


Oh, belo é o beijo de um sedutor,

O seu não, é mais que isso,

Encanto, fascínio, amor,

Não toleraria menos,


Nenhuma parte sua,

Tive essa certeza...

Nós dois, juntos?

Nosso enlace encerrou antes do fim do beijo,


Mesmo tendo havido promessas,

E do meu lado, alguns sonhos,

Encerrou-se na forma em que começou,

Eu a contemplá-lo e ele,


Penso que sem me ver realmente.

Não, não precisamos ir até o cais da praia,

Amantes que se amam não precisam repetir nada,

O lugar, a areia quente,


Sua jaqueta caída ao longe...

Nada disso, nada é necessário,

Na esquina de onde estou,

Um relógio conta as horas,


Eu não me preocupo,

Fico aqui, não sei se a esperar,

Ou apenas por estar,

O frio desce até o chão,


O calor foge, eu permaneço,

Sentimentos fazem sangue correr no coração,

Um destes, talvez, o amor,

O gelo começa a tocar a pele,


Parece que já não sinto tanto,

O amor, será que ainda existe?

Nem fecho os olhos vejo o beijo,

Sinto como se fosse comigo,


É você e outra no mesmo lugar,

Na minha frente?

Não me despeço: permaneço,

Os olhos do amor protegem,


Sinto isso no meu coração que ama,

De alguma forma eu estava no lugar certo,

Quando se tenta apagar um beijo,

A verdade não se desvia,


O desespero parece se acalmar,

Vê-lo, ainda me faz melhor,

Suas palavras ressoam infiéis,

As ouço, calada e a esperar,


Não desejo ver o final entre os dois,

Mas, algo me prende no mesmo lugar,

O coração parece sussurrar:

Há um amor a espera lá fora,


Serei açoitada em meio a rua,

Pela verdade de promessas desfeitas,

A realidade ainda parece distante,

É como se não me pertencesse,


A conversa do homem que mente

É uma cova profunda,

Nela cabe ele,

E parece que ele sempre se joga,


O homem que sabe ouvir falará para sempre,

Mas e aquele que apenas joga conversa fora?

Talvez o amor exista,

Mas, este não, este não me pertence.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Caso a Caso


Ele fala com voz destemida e honesta,

Parece falar com propriedade,

Quase convence que ama,

A um instante da sua pele,


Aproximo o rosto, mas desisto,

Não sei por quê,

Simplesmente não insisto,

O amor não teme,


Sei disso,

E a honestidade é válida,

Mas, ainda assim não tento,

Porém, a meia noite ou mais ainda,


Me sento na cama com as mãos no rosto,

Me sinto pálida e indisposta,

Procuro pelo sono...

Podia bem ser próximo da uma,


Apenas algumas horas me separam do amanhecer,

Contei cada segundo pela noite,

Mas, não queria estar onde estou,

Preferia, bem acho que sim,


Preferia estar ao seu lado,

E ter provado o beijo,

Então, não entendo o meu desistir,

A boa conduta gera a redenção,


O amor verdadeiro é capaz de riquezas,

Talvez, por ter ganhado um não,

Ele ainda não desista,

Desfrutar da auto estima vale muito,


Não queria me ver chorar depois,

Apenas isto,

Não sei se ele poderia entender,

Nem ao menos quero me abrir tanto,


O que ama e o que busca o amor

No fundo tem algo em comum,

O obscuro, um passo no inseguro,

O amor é quem dá força a ambos,


O prudente percebe o risco e busca refúgio,

O que já ama nem pensa mais nisto,

Procura o beijo, o abraço, os carinhos,

Acho que quem ama aceita as consequências,


A recompensa do que não ama é a insônia?

É abraçar o travesseiro para buscar o sono?

Que pena, o lado da solidão também é perverso,

No caminho do amor há espinhos,


E também armadilhas,

Ele ouvia as pulsações das suas artérias,

Era o bastante para dizer que vivia?

Houve o passar das horas,


Mesmo sem estar próximo ao relógio,

Sente como se contasse o tempo,

Imagina que poderia estar com ela,

Que a noite poderia ter sido de outra forma,


Quando ela se aproximou de um lado,

Ele apenas pensou em desviar o rosto,

Não tinha medo,

Mas, não podia conter o estremecimento,


Das outras pessoas ele não era diferente,

Algumas vezes, algumas aventuras são diferentes,

Essa parecia ter pedido mais algumas horas,

Não que beijá-la fosse fazer parte do seu sonho,


Ainda não havia se programado a tanto,

E julgar que agora era vítima de um pesadelo,

Sentia o frio da pistola de aço no bolso,

O cheiro que exalava e a intimidade,


Abre a janela e mira,

A moça levanta sobressaltada,

Parecia também não ter dormido ainda.


domingo, 21 de agosto de 2022

Um Olhar


 

Quanto ao zombador é castigado,

Sim, não correspondo a amor traiçoeiro,

Seus olhos me enganaram única vez,

Mas a sabedoria também chaga ao inexperiente,


Já não o amo como antes,

Não, não pense que sou aquela que conheceste,

Quando o coração recebe instrução,

Ele obtêm mais que conhecimento,


O sangue não pulsa apenas por paixão,

Também requer reconhecimento,

O coração justo é aquele que observa,

Que se entrega ao máximo e não se cansa,


Não me dou pelo amor que me leva a desgraça,

Se me conduz a desesperança,

É por única vez e não outra,

Quem fecha aos ouvidos as juras expressas,


Aquele que vê a boca e dela tira proveito,

Fecha-se não apenas à voz que há nela,

Mas, ainda ao amor que derrama em seu peito,

Um dia há de chamar e não ter resposta,


Apenas para saber o quanto é doída,

A lágrima que sai do olhar que ama,

E que um dia cessou sua busca,

Por ver-se correspondido,


E por pouca coisa, ou nada,

Perder-se por não encontrar mais o destino,

Sim, neste dia irá de saber,

Também os que amam sabem perder-se,


O amor que queda em segredo sofre calado,

Mas nele também cabe a angústia por não ter falado,

Já aquele que nem tentou se apaixonar...

Creio que para ele não há mais que desgraça,


Sim, estou aprendendo com você,

É difícil chamar e não obter resposta,

Nem por isso irá ser fácil o dia que irei vê-lo sofrer,

Mas, no amor também há a força,


Hei de passar, também, por isto...

O suborno dos seus beijos apaziguou as queixas,

Sim, as professas que não fez em alta voz,

Você soube como contornar,


Há neste coração que te busca, hoje mais que fúria,

Quando o amor faz justiça,

O bom coração se alegra,

Mas, no coração que feriu há apenas o pavor,


O amor que afastou-se em insensatez,

Há para ele a queda dos mortos,

Esquecimento e um pouco de saudade... (apenas),

Ela andou até a janela,


Buscou lá fora por alguma coisa,

Com o coração apertado,

Já nem sabia o que traria contento,

A chuva tornava a cair,


Riscando o céu em pontos desfeitos,

Sozinhos, por mais de um dia,

Estiveram em lugar afastado e juntos,

Fizeram tudo o que não se pedia,


Hoje ela se ajoelha e reza o Pai Nosso.

Um olhar capaz de revirar do avesso,

Podia-se dizer daquele olhar,

Não que duraria...

Tudo menos isso.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Basta...

 

Basta,

Bastar, até que não basta,

Mas, foi o suficiente naquela hora,

Recordo de algumas palavras,


Sim, sei nome me lembro bem,

Das juras é que quero distância,

E dele, acho que também,

Se me apego a tal esperança?


Lembro seu nome,

Falei mais do que queria falar,

Disse até mesmo o que não queria dizer,

Doces juras pronunciadas ao pé da orelha,


Vem até eu e se definem saudade,

Para aquela mulher que ficou lá atrás,

Isso seria o bastante,

Mas, para esta que sou agora?


Bem...

De repulsiva acho sua voz medonha,

Sim, lembro, lembro muito bem...

O amor obtido por língua mentirosa,


É feio e não merece ficar para sempre,

A violência da solidão a arrastará,

Acredito nisso e sei que posso esquecer,

O amor culpado é tortuoso,


Não sobrevive,

Mas a conduta daquele que ama é reta,

Recordo que te vi olhar para trás,

Não dei ouvidos ou dediquei palavra,


Apenas segui o meu destino,

Como se nem ao menos o tivesse visto,

Melhor é viver num canto as sós,

Do que conviver com alguém que não sabe amar,


Sim, o que vem através da mentira,

Parte antes que a verdade possa chegar,

Já lhe disse uma vez,

Eu não consigo mais olhar em seus olhos,


Tudo que possas dizer,

Parece que ressoa em falso,

O desejo do perverso é fazer o mal,

Você desejava me ferir ao se aproximar?


É que eu provei dos seus lábios,

E aceitei algum dos seus afagos,

De fato que nem todos,

Mas, nem tão poucos,


Bem, para a situação em que nos encontramos,

O melhor é trocar o assunto,

Dizem que o perverso não tem dó do próximo,

Eu e você, nós dois juntos,


Até que ponto estamos próximos?

Quando a mentira é descoberta,

A cortina cai e com ela a beleza,

Tudo as claras e me sinto cega,


Quando o amor fala ele provêm do conhecimento,

Sim, está certo não sei bem o que digo...

Joana abriu um armário próximo,

Tirou dali uma velha echarpe,


Fez dela uma espécie de vestido,

Limpou os lábios,

E saiu sem olhar-se... 


Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...