Ela prendeu a respiração,
Beijou o chão
Que ela pisava,
Ajoelhada,
Pos-se a chorar,
Não se atrevia a tocar seus sapatos,
Sujos pela terra
E um pouco corroídos pela dor.
Chegar até ali foi difícil,
E ela conhecia o caminho,
Compreendia agora.
Chorou por ele e por ela,
O motivo já não sabia precisar.
Rezou por ele em baixa e alta voz,
Manteve sua prece em silêncio,
Difíceis foram as noites mal dormidas,
Aquelas em que mantinha os olhos firmes,
A procura-lo pela noite.
Sem se atrever a sair do quarto.
Espera-lo, espera-lo.
Esperaria-o por mais tempo.
Mas o tempo machuca,
Tinha desabotoado o corpete,
Deixado o colo dos seios a mostra,
Seria uma noite quente.
Inclinava o corpo
Para derramar o fino fio de saliva
Sobre seus dedos,
Tocar seus pés excitava,
Não continha a vontade entre os dedos,
Queria toca-lo com sua boca e língua.
Morder, lamber, provar...
Saciar-se.
Curtos cabelos escuros
Lhe faziam as primeiras carícias,
Olhos chorosos contemplavam
Sem conter tantas promessas
De amor, esperança e desejo.
Havia tanto amor nela
Que ele sentia medo de mover-se,
De sentir, ouvir e viver.
Ele poderia afogar-se em qualquer dos carinhos,
E nunca mais sair dele.
Haviam nela todos os carinhos,
Gestos medidos,
Abraços guardados.
Fazia tanto tempo...
Lembrar-se disso lhe deu forças
Para encara-lo,
-Idiota, por que demorou tanto?
Ela disse entre soluços.
Ele a pegou pelas costelas,
Gentilmente e firme,
E a trouxe Para os seus braços.
-tempo o bastante!
Ele disse ao repousar o beijo.