quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Fim Da Leitura

Vultos no ar,
Efeito sonho,
Pesadelo,
Difícil descrever,
O imaginável se misturava ao real,
E estava difícil distinguir,
Não havia limites para a mente
Que prestes a explodir,
Falava, gritava e expunha,
Colocava a público.
Eu não quis segredos.
Abri a página do livro,
E disse em voz alta: leitura.
Iniciei a história fictícia,
Romance e aventura,
Então, minha avó
Esticou sua mão enrugada,
Frágil e magra
Até tocar minha perna,
E disse com voz trêmula,
A denunciar a chapa mal colocada
Que usava devido
A ausência de seus dentes,
Como medida de beleza,
Formosura,
Último ato de uma idosa,
Que tenta a todo custo
Manter a feminilidade
Lá atrás perdida pelo pó da terra
Em que cruzam as horas
E anos do tempo.
- não morro antes de você
Terminar a última página,
Eu gosto muito
De te ouvir ler.
Mas ela sofria de muitos males,
Entre eles, o alzheimer,
Uma lágrima rompeu
Sobre minha face,
Pegou -se a descer,
Li até ficar rouca,
Passei o máximo de páginas que pude.
Então, fechei o livro,
Com um estalo
Como se quisesse acorda-la,
Os remédios muito fortes
A faziam dormir muito.
- infelizmente, terei que continuar
Outro dia.
Me sinto muito cansada, agora.
Olhei para a frente e ela ainda
Não se movia,
E assim, ficou, onde estava
Imóvel e desfalecida,
Ela não pode me ouvir,
Ou ouvir o continuar da história,
Ficou ali onde estava
E como estava: morta.

Esperar

Barulhos ensurdecedores,
Dia e noite,
Olhos abertos no escuro,
Sem ambição de futuro,
Algo me sonda,
Não é remédio,
Talvez seja veneno,
Ou algo preso e apregoado.
Este algo me deixa enfermo.
Escolhe minha dor,
Sabe meu veneno.
Tento contar minha história,
Ninguém parece querer ouvir,
Eu tento escrever a rotina,
Eles quebram a letra o do teclado,
Substituo pelo zero,
Quando a vida lhe joga numa esquina,
E a melhor escapatória é o beco,
Você não se direciona,
Se joga de bruços e pronto.
Oh!
Zero substitui o maldito o.
-Ac0rdo aturdida.
Med0 d0mina minha vida.
Meu café está m0rn0.
Nã0 tenh0 c0mpanhia.
Nunca est0u s0zinha.
Um idiota ri lá fora.
De quê ele sabe?
Por quê faz fará?
Escarnece da minha carne que se dilata,
Se diverte do cheiro podre
Que logo sairá dela,
Presa dentro de casa,
Como se estivesse numa jaula.
Logo alguém se irrita com o que escrevo,
Me pergunta se eu acho
Que não tenho limites,
Que sou mais que os outros,
Por quê eu teimo em querer contar tudo...
 Então, some a letra a,
E ela grita: ahhhh!
Penso que de algum lugar
Ela quer me esganar,
Me indago se irá atirar
Contra eu,
Me destruir,
Já está matando minha alma.
Agora falta o a,
Eu insisto escrevo mais,
Relato,
Conto a quem se importa,
A quem não se importa,
Eu falo e falo,
Na ausência da letra,
Eu copio e colo da frase anterior,
Colar letra o,
Letra a
Se torna cansativo,
Mas eu prossigo,
Então, ela desliga o computador,
Eu perdo o conteúdo,
Religo, insisto.
Ela exclui minhas linhas,
Passa a escolher o que digo,
O que leio,
O que acredito.
O que ouço.
O que vejo.
O que sinto.
Presa,
Presa e desacreditada.
Ela envia alguém
Para tirar minha vida.
Eu espero.
Já nem sei se luto.
Fugir para onde?
Que método é este,
Qual o intuito?
Me vigiar para quê?
Um corpo a deriva,
Movido por ondas fortes,
Chuva sobre a cara
Para ter o que beber,
Perigo ao redor,
Comida em escassez,
Afogada,
Afogueada,
Sem poder falar,
Sem ser ouvida,
Perto da areia,
Longe de tudo.
- há defesa?
Eu tento,
Como última tentativa,
- vamos negociar isto?
Teclo forte e intensa,
Busco o pedido de socorro,
Espero a bala perdida
Achar minha porta
E perfurar meu crânio.

Seus Olhos

Um estuprador.
Um estuprador.
O que sentir quando
Se depara com um?
Frente a frente.
Próximo,
Próximo demais.
Saber que ele gosta de crianças,
Que sente prazer com a fragilidade,
Com a impotência da criança,
A inocência em suas atitudes,
A incoerência de seus entendimentos,
Sua pouca força
E pouco conhecimento
Para entender de quê se trata,
Defender-se.
Ok.
Eu já sou uma moça,
Tenho quatorze anos,
Uma adulta resolvida,
Porém, não fui estuprada.
Meu corpo não conhece isto.
Como me defendo agora?
Eu ainda não entendo
Do assunto que ele fala,
Quando percebi
Me encontrei aqui,
E olho para seu rosto,
Impassível e conhecedor,
Mas, eu não sei o que fazer,
Parece que não posso me defender.
-meu Deus, ele sente prazer com crianças!
Allah, me defenda.
O assunto me enoja,
O medo me domina.
Ele encostou suas mãos sujas
Em meus braços,
Eu não sei disfarçar,
Limpo-os.
Decido por em terra todo o orgulho,
Salvar-me a muito custo.
Quando o vejo
Só penso que ele beija crianças,
Toca em suas intimidades,
Engana meninas,
Quase desisto de salvar-me.
Mas não,
Preciso ser mais forte
Encarar o céus atrás de suas costas.
- eu gostaria de beija-lo.
Levo a mão na boca
Mal acredito no que sai de mim.
Ele acredita em seu potencial
Perfil masculino poderoso,
Então, se afasta de mim,
Penso que ele acredita
Demais em seu domínio,
Sinto medo,
Corro e conto pra minha mãe.
Acho que ela sabe agir melhor que eu.
Tomar uma providência.
Limpar meus lábios.
Lavar o ar que ronda meu corpo.
Situação horrível.
Ser obrigada a envelhecer
Em suas proximidades,
Quantos são além destes?
Existem tantos apoiadores?
O medo não pode apiedar,
Estou em perigo,
Me enoja o simples ver.

A Louca

Ameaçador,
Outra noite insone,
Olhos arregalados
Olhando o teto,
Em busca,
De quê?
Que havia?
Parecia não haver nada.
E nada era tão estranho quanto isto
Vozes,
Barulhos ameaçadores,
Alguém invadindo o pátio,
Algo quebrando o telhado,
Meu Deus, estou em perigo?
Então, por quê não consigo
Dizer única palavra?
Que há aqui que lê meus pensamentos?
Deus, estou louca?
Medo, medo e imagens,
Por Deus, estou num sonho,
Então, por quê não consigo acordar?
Remédios não sustentam.
Estou sendo envenenada?
Que são estes barulhos,
Estás vozes sobre outras?
Minha tevê fala,
Mas isto não parece estar no filme?
Por Deus, estou sendo o roteiro
Desta novela?
Mas nunca escrevi isto.
O quê?
Minha vida passa na tevê,
Que medo,
Que medo.
Quero me esconder.
Olho as pessoas
E ninguém me reconhece,
Passam rindo alto,
Riem de mim, por quê?
Eu não fiz nada errado,
Me odeiam sem motivos,
Eu nunca os fiz nada,
Nada de errado,
Será que devo ajuda-los?
Mas como viver minha vida
E viver para os outros
Num ato de entrega desmedida
Sem receber nada de bom
Apenas reprimendas,
Eles pensam que sabem de mim,
Mas eu nunca os vi.
Vou para o banho,
E o vizinho ri alto,
Faz barulhos horríveis,
Me enrolo na toalha,
Crio coragem e saio na área,
O que é?
O que há?
Não parece ser ele ou é?
O quê iria querer comigo?
Abusar de mim,
Ferir meu corpo?
Corro para o banho,
Uso trancas e grades nas janelas,
Uso trancas por tudo
E grandes onde posso,
A água acabou,
Estaria envenenada,
Roubaram minha água
Enquanto eu não estava
Ou estava e há sempre tanto barulho
Que o medo me impede de averiguar?
Me sinto trancada nesta vida,
Como se eu não tivesse alternativa,
É como se eu fosse obrigada
A seguir um roteiro,
Ser aquela que alguém deseja,
Quem é este alguém?
Por quê minhas paredes falam?
As luzes estão ligando sozinhas
Ou fiquei louca?
Minha tevê está estranha,
Parece que ela fala comigo.
O celular não toca,
E quando toca parece
Apenas seguir comandos,
Estou dominada,
Trancafiada,
Morta em vida?
Eles me ditam frases
E regulam minhas atitudes,
O que é isso?
Eu sinto medo.
De repente,
Há alguém
E este alguém fala de amor
Me reproduz sonhos bons,
Então, saio para fora
E não há nada,
Não há ninguém.
Meu Deus,
Ninguém me espera?
Então, de quê se trata
Este trancar de portas,
A chave,
Eles possuem cópias,
As grades são frágeis,
O que querem?
Eu devo ter um atestado pronto
No psiquiatra,
A louca das vozes,
Aquela que casou-se consigo mesma,
A que desistiu da humanidade,
Entregou-se a anjos,
Queimou a casa e si própria
Para afastar seus demônios.

Te amo

Obrigada, amor
Obrigada por não me deixar sozinha,
Por me perdoar
Os momentos de desconforto
Sobre os quais,
Eu queria apresentar data
Ou período,
Mas você já sabe,
Pode ser a qualquer momento,
Eu desejaria,
Logo após o estrondo,
Que fosse nunca,
Mas você me perdoa tão lindo,
Que sou capaz de me sentir bem,
Mesmo quando disse o que não queria,
E fiz além.
As vezes,
Eu entro em desgoverno,
Sinto dores,
E com elas vem os gritos,
Por vezes,
Eu queria deixar tudo mais bonito,
Uso todo o meu esforço,
E parece que vejo pouco retorno,
Então, olho seu rosto,
E você merecia tanto mais que isso,
Que eu me sinto mal
E penso que faço muito pouco,
Daí vem as frases feias,
O mal comportamento,
Me perdoa.
Eu o amo.
Eu cobro tanto,
E você me desculpa,
E minha dor passa,
E me sinto melhor,
Obrigada,
Você me ama
Eu vejo isso em você,
Como nos tecidos lindos
Que você transforma com tanto empenho
Pra você tudo parece simples,
Pegar algo usual e fazer arte,
Fazer de um emaranhado de fios
Algo único,
Que encanta,
Você faz isso comigo.
Eu te amo.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Te Amo

Querido, Rahat.
Como você soube o que fazer?
Eu confesso que nunca soube,
E nisso,
Agi errado,
Chorei muito,
Sofri por não saber.
Mas Allah me enviou você,
Ele se compadeceu de minha dor,
Ouviu minhas preces,
E o trouxe, meu amor.
Eu te amo.
Eu estava cheia de ideias erradas,
Minhas condições demoravam
A obter respostas,
Havia sempre uma voz no travesseiro
E eu senti medo.
Eu desejei agir certo,
Quis a todo custo te proteger,
Mas a voz não me fez bem.
E não fosse você,
Nada restaria de mim.
Como eu saberia que não estava doente?
Que tudo não era resultado de estressse,
Tempo exagerado de estudos,
Trabalho árduo a valor injusto?
Eu jamais saberia.
Você me protegeu,
Me ensinou a ir adiante,
Se compadeceu.
Me protegeu.
Me apresentou um mundo de cores,
E nas cores a vida,
Além de tudo serem flores,
Com formatos vieram os sabores,
Doces frutos feito seus lábios,
Então, a luz dos vagalumes
E a grama resplandecente,
A lua gosta de brilhar sobre ela,
E eu de ver a lua ao seu lado,
Vieram os patinhos,
E tantos outros bichinhos,
Meu amor obrigada.
Eu te amo baby boy.
Tanto se esclareceu,
Tanto vimos e descobrimos,
Muito mais nos amamos.
Te amo Rahat.

12 Patinhos

Um,
Dois,
Três patinhos.
Quatro,
Cinco,
Seis patinhos lindos.
Nasceram muitos patinhos.
Pequeninos,
De pelinhos fininhos,
Oh, não tem ainda peninhas.
Apenas os bicos grossinhos,
Adoram água fresquinha,
Água limpa no pratinho,
Bebem,
Bebem lindos patinhos.
São de cores diferentes,
Marronzinhos,
Pretinhos,
Amarelinhos,
Oh, como são danadinhos,
Não nascem nenhum branquinho,
Mudam com o tempo
Estes lindos amadinhos.
São sete,
Oito,
Nove e vem outro vindo,
Espera aí queridinho,
Por quê não sai do ovinho?
- Oh mamãe patinha,
Eu estou presinho,
Não tenho forcinha,
Vou ficar aqui mais um tempinho.
- não fica não, meu menininho,
Eu te ajudo com carinho.
Então vem dona mamãe patinha
E com seu bico
Bica bica o ovinho,
Ele se rompe redondinho,
Sai dali o seu último patinho.
São dez patinhos!
Oh, que lindos!
Conta de novo mamãe patinha,
Dez,
Onze,
Doze patinhos peludinhos.
Fofos, redondinhos,
Agachadinhos no chão de terra,
Querer comida,
Mamãe cisca cisca no chão de comida,
Dá aos patinhos quirela
Pronta com abóbora e bananas,
Espera aí mamãe patinha,
Tem mamão na comidinha também,
Linda,
Linda a mamãezinha
Se perdeu na continha,
Se animou na comidinha.
Linda ninhada da patinha Efruziva.
Parabéns linda menina,
É mamãe de ninhada linda.
Anda um patinho,
Anda dois patinhos,
Todos correm seus passinhos,
Falam e falam sem parar,
-Bebe água seus lindinhos,
Tem comida no chãozinho.
Fazem cara de safadinhos,
Se agacham todos juntinhos,
Embaixo da mamãe patinha,
Estão aquecidos,
Estão acolhidos.
Viva a vida dos doze novos patinhos!
Recebem de Rahat 12 abracinhos.
- Viva ao Pitelmario nosso paisinho!

Maldito destino

Dias e dias de tormentas, E logo após, Um sol escaldante. Representava que nunca Houve chuva, E nem mais haveria. Havia r...