sexta-feira, 18 de abril de 2025

Empregada

- tá bom.
Você está contratada.
Inicia segunda o trabalho.
Assinei estes documentos.
Disse a psicóloga da empresa.
A garota feliz
Por finalmente conseguir
Um contrato de trabalho,
Iniciou a assinatura
Dos documentos.
- mas, senhora!?
Estou em dúvida,
Por quê eu preciso assinar
Este contrato de seguro de vida?
A moça indagou
Com a folha em mãos,
Mostrando a psicóloga.
- porquê faz parte
Da relação empresarial.
Ela respondeu.
- tá bom,
Eu não preciso
Colocar o nome
De quem irá receber
O seguro caso eu morra
Ou fique inválida?
Ela indagou, despretensiosa.
- não. A seguradora entra em contato
Com quem for parente próximo.
Ela respondeu.
Apontando com o dedo indicador
No local para assinar.
A garota assinou.
Saiu feliz da sala.
Foi obrigada a abrir uma conta,
Agora tinha contrato de serviço
Com o banco.
Já não saída
Recebeu um panfleto
Com inúmeras possibilidades
De contratar financiamentos.
Chegou em casa,
Não tinha gás de cozinha,
Sentia fome,
Logo os pais chegarem cansados,
E não teriam comida
Para alimento.
Ficou triste e indisposta,
Sentou-se no chão
Escorada no sofá
Com aquele panfleto
Em mãos.
Desesperada,
Acionou o banco através do site,
Depositou sua senha
E credenciais e adquiriu
Um seguro no valor de
R$ 2.000, 00 (dois mil reais).
Com juros e correções,
Caso ela pagasse certinho
As parcelas de cada mês,
Iria pagar o valor de R$ 10.000,00 dez mil reais,
Ao final do contrato de prestação.
O dinheiro rapidamente
Foi depositado em sua conta,
Ela correu ao mercado,
Comprou comida,
Gás de cozinha
E até xampu para os cabelos,
E esmaltes para as unhas.
Foi de ônibus,
Comprou valor alto,
Então, o mercado enviou
Um carro próprio
Para conduzir ela até sua casa
E levou as mercadorias,
Com isto, ela chegou rápida.
Fez frango assado com arroz.
Organizou a mesa,
Tomou banho,
Trocou de roupa.
Não tardou,
Ouviu um barulho estranho
Sobre o teto,
Não entendeu o que havia,
Assustou-se,
Mas parecia não haver nada.
Contudo, a lâmpada
Ficou escurecida ao redor,
Mas, ainda acendia.
Naquele instante,
Sua avó de 90 anos
Foi banhar-se,
Encontrando o chuveiro
Na água fria,
Ela ergueu-se para trocar
Para a água morna,
Ao encostar no chuveiro
Levou um choque
E caiu desacordada.
Patrícia notando
A demora da avó,
Bateu na porta
E chamou por ela.
- vó, vó, vó?
A avó não respondeu.
Amedrontada,
Ligou para a mãe.
- mãe, a vó entrou no banheiro
E não responde.
A mãe assustou-se.
- abra a porta,
Empurre com força e abra.
Patrícia, soltou o celular
Ainda ligado,
Com medo,
Correu para a porta,
Empurrou,
Esmurrou e escoiceou,
Então, a porta se abriu.
O chuveiro estava ligado,
E avó estava caída
Embaixo dele desacordada.
Morte imediata.
Foi uma terrível perda.
O velório foi demorado,
A funerária demorou para trazer
O corpo,
O velório ocorreu por doze horas,
Ao final chegou o momento
Do adeus.
A sepultura já estava preparada,
Foi só soltar o caixão,
Jogar flores sobre o cadáver,
E cobrir com terra,
Porquê a morte é simples,
Num instante e tudo acontece.
O pranto escorreu ao redor
Daquela terra feito chuva,
Empoçou-se no chão,
Feito lama que gruda no sapato.
Mas a pessoa não houve.
- é a idade.
Era velha.
Comentaram
Para tentar acalmar a dor.
- até os 90 anos hoje
Em dia ninguém resiste.
Comentou outra voz.
O pai de Patrícia,
Kersin, desmaiou.
Teve que ser levado
De volta amparado
Por dois outros irmãos.
A roupa ensopou-se,
Verteu lágrimas
Como a chuva corre,
Contudo, a dor ficou.
Em casa, foi trocado
O chuveiro,
Olhado a fiação do banheiro,
Tudo organizado.
O trabalho de Patrícia
Não esperou,
Não importou o luto,
O sorriso foi cobrado
Em seus lábios
E a maquiagem no rosto.
Sua colega de trabalho,
Angel contou que conseguiu
Alugar um apartamento,
Fez financiamento para pagar
O aval de adiantar três meses,
Conforme pede o contrato,
Pagaria o financiamento facilmente
Pois estava trabalhando.
Mostrou fotos do apartamento
Organizado, limpo
E com os móveis.
O teto, ao redor da lâmpada
Estava escuro.
Ela disse que a mãe,
Retirou a lâmpada,
Trocou por outra
E já estava tudo limpo.
- Uau, que linda sala.
Patrícia disse.
- obrigada.
Vou convidar meu namorado
Para ir me visitar.
Ela falou aos sorrisos.
- você mora sozinha?
Patrícia indagou.
- sim.
Na verdade, com ele.
Ela disse.
- como assim?
Patrícia indagou.
- depois que iniciamos
O namoro
Ele para mais comigo
Que em casa.
Angel continuou.
- que legal.
Patrícia respondeu,
Pensando no quanto
Seria bom ter um alguém
Com quem dividir a vida,
A dor e a solidão.
- ele trabalha próximo daqui.
Então, ele me trás e leva para casa.
Angel disse esperançosa.
Patrícia abraçou a amiga,
Sorriu seu primeiro sorriso,
Cheio de dor,
Como se isto lhe custasse
Arrancar a pele,
De tão doloroso que foi
Abrir os lábios
E tentar expressar algo.
Beijou a amiga
No rosto,
Embora tudo estivesse
Destruído dentro dela,
Foi bom entregar
Um beijo de carinho
A alguém.
Logo, lembrou da perda da avó,
E chorou silenciosa,
Abrindo uma sacola plástica
E colocando compras dentro,
Ela trabalhava de caixa
De supermercado.
Junto com Angel que tinha
A mesma função.
Baixou o rosto para seu peito,
Procurando pelo cheiro do avó,
Que pela última vez
Estaria naquela roupa.
Depois deste dia,
Usada e suja,
Seria lavada,
Nunca mais teria
As mãos da avó a passa-la,
E guardar no roupeiro.
Tudo se foi,
O abraço apertado
De despedida antes de sair,
O beijo de boa sorte,
A organização do uniforme.
Tudo se foi.
O custo da troca de chuveiro,
E organização dos fios
Custou outro financiamento
Dos pais,
Também a conta do velório.
Custou uma vida.
200 meses no valor de
R$330,00 trezentos e trinta reais.
O velório e o cemitério.
O lugar onde deixaram o corpo.
Só aquele lugar.
Um consórcio.
O empregador vendi a dor
De Patrícia a chamou.
- você está confundindo
Sua vida particular com
O trabalho.
Lhe disse,
Apontando o dedo indicador
Contra seu rosto.
- ou para o choro
Ou será demitida.
Lhe disse.
- você não merece o cargo,
Hoje mesmo,
Chegaram dez currículos
Buscando sua vaga.
Ela pediu perdão.
Ele foi intransigente.
- vai pra casa.
Chore hoje toda a dor,
Amanhã volte restabelecida.
Ela saiu triste,
Aos tropeços,
Com o desconto do financiamento,
Não podia ter descontado
Hora alguma do salário,
Isto iria lhe fazer falta.
Mas foi,
Se controlando para chorar
Nestas horas descontadas
De seu trabalho,
Toda a dor de uns perda irreparável.
Na saída do mercado,
Dois jovens numa Motocicleta
A abordaram de imediato,
Sem dar tempo para reagir,
Lhe roubaram a bolsa
Com seus documentos,
Talão de cheques,
E senhas de contas.
Ela sentou na calçada
E chorou.
- ótimo,
Com saldo na conta negativo,
Pois não tinha nenhum dinheiro
E toda possibilidade
De financiar ela o fez,
Não tem o que me tirar mais.
Não tardou,
Noticiaram no rádio
Que encontraram seus documentos jogados
Na calçada.
Seu pai estava trocando
O óleo de um carro,
Ele trabalhava de mecânico,
Ao ouvir a notícia,
Desesperou-se, desmaiou e chorou
Feito criança,
Pensou que a tinham matado.
Seu irmão,
Trabalhava com ele
Pegou o próprio carro,
Colocou o irmão desmaiando
Ao seu lado no banco carona
E rumou até o endereço.
Chegando lá,
Encontraram apenas os documentos,
Não havia a bolsa,
O celular,
Ou talão de cheques.
O pai dela esmoreceu,
Chegaram em casa,
E a encontraram fora de casa,
Sentada na área,
Pois não tinha a chave
Para abrir a porta.
Ele abriu a porta do carro
Trôpego, amedrontado ,
Correu até ela,
A abraçou e beijou seu rosto.
O tio dela, Leocken
Abriu a porta com a chave do irmão.
Entraram dentro de casa,
Sentados no sofá
Ele viu a lâmpada escurecida,
E notou que ali
Acontecia um curto circuito,
Assim, que ele pôs a mão
Para acender o interruptor.
- caramba, deu choque aqui!
Ele disse.
- é normal isto acontecer.
Respondeu Patrícia.
Ele desligou a caixa
De energia elétrica,
Trocou a lâmpada,
Ligou de volta e ela apagou,
Trocou outra vez,
Ocorreu o mesmo.
Então, retirou o molde
De pôr a lâmpada
E ali estava o mal contato,
Ele estava com um fio encostando
No outro.
Providenciado o café
Para todos,
O pai de Patrícia recebeu
Uma ligação do trabalho dela,
Já era noite escura.
O apartamento de Angel
Pegou fogo,
Conseguiram impedir
Que se alastrasse porém,
Ela morreu queimada
Junto com seu namorado.
Os corpos carbonizados
Foram retirados e seriam velados
Ainda a noite.
No dia seguinte
O trabalho seguiu a rotina,
Nada mudou mesmo
Ba ausência de Angel,
Já as dez da manhã
Uma garota foi contratada
Para substitui-la em sua função.
No entanto,
O banco passou a ligar
Para o trabalho de Patrícia,
Estavam entrando cheques
Em seu nome
Em valores altíssimos,
De lugares diferentes
De onde estava.
Todos com sua assinatura,
Ela esmoreceu ao telefone
Pendurada no balcão do mercado.
- é uma fraude, eu juro!
Ela gritou.
- você precisa provar.
Aqui no banco está tudo correto.
Porém, não tem saldo positivo
Então, os valores acrescentam muito.
A bancária disse.
- conforme seu salário entrar
Será debitado a dívida.
Ela informou e desligou.
Ela nunca soube
Se algum parente de Angel
Debitou o tal valor
Do seguro de vida,
Ela apenas pagou aquele valor
Mensal com seu salário,
E sofreu nas mãos
Do tal talão de cheques.
Sua assinatura fraudada.
O talão roubado.
A amiga queimada.
A avó eletrocutada.
Foi assunto demais,
Para o seu único dia de folga
Da semana
Que ela usufruiu
Indo visitar a avó
No cemitério para
Contar sobre sua vida.
Foi tempo demais,
Logo acima da lápide da avó,
Encontrou o coveiro
Abrindo os caixões
E cortando os cabelos dos mortos,
Recolhendo roupas
E objetos de valor.
Não resistiu ao ódio,
Juntou a própria pá
De serviço dele,
Deu com ela sobre sua cabeça,
Derrubou dentro do buraco
E o enterrou ensanguentado
Lá dentro.
A cada pá,
Ela o amaldiçoou.
Gritou e chorou.
Nisto andou o caminho
Que percorreu anteriormente
De ônibus a pé,
Chegou numa vizinha próxima
E encontrou as flores
Que havia jogado para a avó.
Não bastou,
Viu a aliança de casamento,
Presente de seu avô.
Se indignou.
Gritou feito louca.
Invadiu o portão baixo daquela área,
Juntou a mão daquela velha
E arrancou a aliança.
- aonde você achou isto?
Ela gritou,
Estapeou a cara enrugada
Da velha.
- diga?
Maldita.
Olhou dentro da aliança
Encontrou o nome do avô
E a data de casamento.
- eu... Eu... Eu comprei do coveiro.
A velha disse.
Tremendo e com medo.
Patrícia saiu atordoada,
Sentindo tanta dor
Quanto ódio.
Olhou da calçada para aquela velha
Ela não parecia ter agido
De má índole.
Então, não fez mais que voltar
Para casa,
Colocou a aliança
Na própria mão
E foi embora.
No caminho,
Com calos nos pés,
Sentiu vontade de peidar,
Forcejou para sair o peido,
E cagou nas calças.
Chorou de vergonha,
Teve de pegar o ônibus
Com a calça pesada,
E fedorenta.
Com o novo celular,
Ficou feliz
Por recuperar o número anterior
Aos rapazes da moto,
Todavia, começou a receber
Ligações estranhas
E cobranças de toda forma.
Cobranças de onde nunca foi,
De ter feito o que nunca fez.
Até de uma esposa
Alegando que a encontrou
Com o marido saindo
De um motel.
- senhora, senhora,
Há um engano nisto!
Ela disse.
Em contrapartida,
Recebeu a foto de
Uma motocicleta,
Nela um homem
Atrás do homem
Uma bunda de calça Capri branca.
Desligou o celular.
Beijou a aliança
No próprio dedo,
Chorou.

Chegou o tempo 
De receber o salário,
Com talão de cheques bloqueado,
Em razão de ter sido furtado 
Pelos rapazes na moto,

E o cartão de crédito,
Débito bloqueados,
Ela foi sacar o salário 
Dentro da própria agência.

Porém, ao chegar na porta giratória,
A porta bloqueava a sua entrada,
Alegava que ela tinha metal,
Que poderia se tratar de uma arma,
Por isso, ela precisou ser revistada.

Passado a revista,
Nada encontrado,
A porta continuou a travar,
Nisto, ela passou por revista íntima,
Retiraram suas roupas,
E introduziram dedos 
Em sua genitália...

Nada encontrado,
Ela tentou entrar outra vez,
A porta giratória
Novamente alegou metal.

Ela irritou-se,
Começou a chorar
E tentou forçar sua entrada,
Pois sentia medo,
Precisava ver o saldo,
Conversar com o gerente,
Organizar o que pudesse
De sua vida.

Neste diapasão,
Ela recebeu um tiro fatal
Pelas costas.
Caiu morta,
Tremendo involuntariamente 
No chão do banco.

No hospital,
A mãe encontrou 
Um bracelete no braço da filha,
Um bracelete de ouro 
Que a mãe a presenteou 
No aniversário de 15 anos,
E que a filha nunca tirou.

No passar dos anos
O bracelete escondeu-se 
Por debaixo da pele,
Ficando imperceptível.

Isto levou ela quinze anos depois 
A morte.
Suas contas ficaram todas bloqueadas,
Negativadas...
- coitadinha da minha filha.
Nunca vai poder casar
Ou ter uma família.

A mãe disse
Chorando sobre o corpo dela
segurando sua mão.

Sua Imagem

Ela observou o garoto
Não de frente,
Através do celular,
Por intermédio de sua imagem,
Uma fotografia
Que ele publicou na rede.

Ela fez suco de abacaxi,
Colocou gelos,
Juntou o pote de Nutella
E por muito tempo
Olhou aquela foto.

Viu nela um rapaz lindo,
Belos detalhes para ser desejado,
Uma boca carnuda,
Que desperta desejos.

Ela colocou um canudinho
No suco com gelos,
E bebeu um gole,
Depois outro,
Depois pegou a Nutella,
Sem entender o que fazia...

Não achou que obedecia alguém,
Mas quem sabe
A alguma força interior,
Bem, a definir-se desejo.

Passou o canudinho
No chocolate
E depois o colocou na boca,
Olhou a foto outra vez,
Juntou os joelhos,
Colocou o celular entre o meio,
E continuou a olha-lo.

Há imagens lindas
As quais se passa
Uma vida a admirar,
E há coisas boas de se sentir.

Desejo é bom,
Vontade de beijar também,
Suco com gelo,
E chocolate também.

Ela passou o canudinho
Por seus lábios,
Desenhou cada contorno,
Depois aumentou suas linhas,
Numa espécie de calor,
A efeito do chocolate,
E pôde sentir os lábios
Do garoto em sua boca,
Com a Nutella desenhando
Cada detalhe dela.

Grossos, ávidos de desejo,
Cheios de impetuosos carinhos,
Quentes a derreterem-se,
Deslizando sobre sua pele 
Sem esmorecer.

Então, colocou o suco
Em sua língua,
E pode sentir um gosto interno.

Depois passou a língua
No chocolate 
Que havia nos lábios 
E tudo misturou-se,
Desejos, sonhos, carinhos.

Então, o celular estremeceu,
Vibrou mediante uma ligação,
Era o garoto.

A foto estremeceu na telinha 
Avisando,
O lindo garoto da imagem
Estava chamando.

E tudo poderia ser real,
O beijo,
O chocolate entre ambos os lábios,
O suco a descer na garganta,
As carícias sobre a pele,
O calor de lábios sedentos.

Me Beija

Olá,
Como você está?
É difícil te encontrar...
Confesso,
Que queria te buscar mais,
E te achar sempre.

Mas, as vezes, você some,
E eu fico triste,
Porquê sinto sua falta.

Estamos a grande distância,
Queria levar você para
Sentar na areia
E pôr os pés no mar.

Gostaria de ver os peixes,
As gaivotas a revoar,
Queria, ainda,
Colher uma flor com você,
E te entregar.

Nisto,
Eu o veria contra o céu azul,
Dentre nuvens esbranquiçadas,
Em um céu iluminado
Por um sol lindo.

Eu pegaria suas mãos,
Colocaria cada uma delas
Em minha cintura,
Só então eu o beijaria.

Ali, naquela parte alta
De onde se vê o mar,
Mas acima dele o céu,
E antes de tudo você.

Sua feição árabe
É perfeita,
Seus olhos escuros
São como duas nebulosas,
Buscando o seu redor
A preencher-se,
Sendo eles tão completos.

Contudo é como se o redor
Te pertencesse.

Cílios perfeitos ondulados,
Sobrancelhas escuras definidas,
Maxilar imaculado,
Lábios carnudos e cheios,
Cabelos escuros da noite,
Rosto perfeito.

Você é um lindo homem,
Me honra ser sua,
Poder te ver,
Estar entre suas carícias.

Sinto que seu beijo
Sobre minha pele,
É feito um núcleo de fogo,
Que percorre deste muito profundo
Até emergir e engolir
Cada afago,
Cada beijo,
Cada carinho,
Cada sonho.

Garoto,
Eu adoraria ser engolida
Por seus beijos,
Tragada por suas carícias,
Possuída por suas mãos seguras.
Me beija
E não me deixa?

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Querido

Querido,
Obrigada por me dar coragem,
Lhe contar minha história
Não foi simples.
Eu encarei com medo
Cada parte,
Me arrastei nas frases.

Me demorei em sua cara,
Me desculpa
Por ter decorado seu rosto antes,
Eu quis reconhecer cada reação,
Para contar na medida exata,
E não correr o risco de te perder.

Foi difícil me despir
Na sua frente,
Eu senti medo de sua reação,
Eu preferi a embriaguez,
Mas eu cuidei casa detalhe.

Você me viu ferida e nua,
Exposta as suas mãos,
E seus desejos,
Então, você gostou de mim,
Eu não reconheci isto,
De início.

Você parecia não ver minhas marcas,
Por quê, me perdoa,
Antes de você
Tive outro,
E este outro
Me feriu muito.

Tá certo,
Encurtamos os números,
E falamos de seus atos,
Ou seja,
Todos iguais.

Nenhum valeu
Um único momento que seja,
Mas você é forte e corajoso,
Então, eu posso contar
E contando eu resolvo isso,
Em meu íntimo,
Depois vemos lá fora.

Querido, eu sofri violência,
Meu corpo foi ferido,
E este maldito estuprador
Está a solta,
Agora mesmo ele fere outra,
Então, por isso,
Eu preciso falar.

Você me abraça,
Eu fico mais forte,
Você me ajuda,
E outras deixam de ser vítimas,
Uma mulher não merece isto,
Ser ferida,
Por sexo,
Sexo é para ser bom,
Então, não deveria doer nem um pouco.

Estuprada

Garoto
Com nome masculino,
Você forçou aproximação,
Não bastasse tanto,
Feriu minha emoção.

Você me iludiu
Com conversas novas,
Promessas sem sentido,
Desonrou minha imagem,
Depois de tudo isso,
Você tirou minha roupa,
Então, tirou minha feminilidade.

Sim,
Rapaz idiota,
Você tirou minha autoestima,
Minha roupa,
Minha vagina.

Fez tudo isso,
Quando forçou sua chegada,
Meteu seu pênis insensível,
E nele pôs seus dedos,
Pois é, garoto,
Você usou nas minhas
Partes íntimas
As suas unhas.

Depois me definiu lá fora,
A rasgada!
Foi duro ser obrigada
A olhar para o seu rosto,
Terrível ter seu pênis em meu corpo.
Me enoja.

Me enjoa a maneira
Como você usou meus sentimentos,
Me prometeu segurança,
Para meter em mim sua força.
Eu guardo as marcas
Mas de sua memória,
Eu não quero nem o cadáver,
Prefiro que a imundície o devore!

Você pensou que me desonrando,
Com suas mentiras estúpidas
Eu iria calar minha voz,
Enganou-se eu me defino
Estuprada
E grito o mal que você
me fez de toda forma.

Seu tipo perverso
Não me engana mais,
Eu não compro vaginas,
Não invento pregas
Onde um monstro rasgou,
Querido,
Nada de costuras,
Eu me assumo,
A pequena menina
Que você estuprou
E que usa de suas forças
E sensibilidade
Para recuperar-me.

Quanto a você,
Maldita a mão que teve medo,
Que não o rasgou ao meio,
Estrucidou sua existência
De estuprador,
Você me definiu a vadia,
Eu o defino monstro
Devorador de garotas fracas.

A Letaria

- me desculpa.
Ela respondeu ao homem
Corpulento que saia
Do banheiro ao lado
Do banheiro feminino.
Ela olhou e viu
Que se tratava
Do banheiro masculino.

Contudo,
Ele não respondeu,
Passou prepotente
Batendo com seu ombro
No ombro dela,
Quase a derrubou.

Ao se desiquilibrar
Teve a impressão
De que ele fechou a mão
Em punho em sua direção.
- você vai me soquear?

Ela indagou.
De repente,
Ele virou-se e saiu.
Rápido e feroz,
Feito uma patrola
Levando o que via
Com suas pernas,
Corpo e ombros.

Bateu em uma lixeira
Derrubou o conteúdo
E não disse nada,
Simplesmente, seguiu.
Ela sentiu medo extremo,
Chorou sem notar,
Quando suas lágrimas
Molharam o vestido
Foi que viu que chorava.

Sentiu mais medo.
Entrou no banheiro
De volta trocar a maquiagem,
Nisto derrubou o batom
No lavabo e o quebrou.
Ficou mais chateada.

Ligou a torneira de água
Para retirar o excesso
De maquiagem
Que escorreu com suas lágrimas.
A torneira jorrou forte,
Molhou seu vestido,
Ela buscou papel,
Havia pouco.

Precisou de muito mais.
Então, bateu na porta
Ao lado,
Ninguém respondeu
Do banheiro masculino.
Bateu de volta.

- Olá, alguém me ajuda?
Sem resposta,
Ela abriu temerosa a porta,
Aos poucos e lenta.
Ninguém falou nada,
Contudo, a porta estava pesada.
Ela forçou um pouco.

Então, encontrou uma mulher lá,
Caída e de vestido,
Seu salto enroscou na porta,
E quebrou-se
Quando ela abriu.
Joana, abriu, então,
Toda a porta e entrou.

Pegou o papel limpou
O vestido e pôs-se a falar.
- oi, se divertiu bastante?
Perguntou.
- você está embriagada?
Indagou.
- ah, me desculpa,
Se ofendo...
Virou-se e encontrou
Uma mulher inconsciente.

- o quê você tem?
Ela perguntou.
A mulher não falava
Ou mexia-se.
- moça, me diz o que houve?
Ela perguntou
Pegando o pulso
Da mulher e vendo
Se notava alguma pulsação.
Não havia nada.

- moça, alguém te feriu?
Ela indagou,
Pegando o corpo da mulher
E o tocando até chegar no rosto
E dar-lhe pequenos tapas.
Um leve rubor percorreu
Aquela pele maquiada.

Ela estava quente,
Usava um vestido verde,
Tinha os olhos fechados,
Linda maquiagem em tons frágeis.
- moça, fala comigo!
Havia arranhões no pescoço,
O vestido estava molhado...

Olhou com mais atenção
E encontrou um alfinete
Na altura do coração
Que estava fincado para dentro
Dela.
Ela assustou-se,
Não se conteve
E puxou o vestido.
Encontrou uma calcinha rasgada,
E sugestões de sujeira
Na cor amarela dela.

Puxou meus o vestido
E viu o alfinete levemente dobrado,
O que significava
Que ele não perfurou o peito
Por inteiro.
Ela o retirou,
Tratava-se de uma espécie
De alfinete de cabelos,
Mas nada sugeria
Que a mulher o estivesse usando,
Nem teria desfeito a ideia,
Não fosse o fato
De ela estar com os cabelos
Loiros soltos até a altura dos ombros.

Ela retirou o alfinete rápida,
Olhou para a parede
E lembrou do estranho
Que saiu dali apressado
E raivoso.
Lembrou de não ter gostado
Do rosto dele,
Sentiu um tremor de pânico,
Chamou o guarda do metrô.

Sem alarde e em passadas rápidas,
Nisto procurou por aquele
Homem corpulento
E não o encontrou.
Olhou o relógio
Eram oito da noite,
Lá fora já estava escuro,
As poucas luzes da cidade
Foram acesas.

As vitrines iniciavam
A se fechar,
Aos poucos o mundo
Mercantil desfalecia.
Com as ruas pouco movimentadas,
A cidade parecia morrer,
Todas as janelas se fechavam,
As empresas trancavam
Suas portas,
Alguns veículos somente
Ainda percorriam o local.

Mas, era seu horário de trabalho,
Ela vendia jornais e revista
Na banca do metrô,
Voltou-se para o seu local de trabalho,
Amedrontada.

Não havia nada incomum lá,
Apenas a sua companheira de escala
Faltou no seu terceiro dia,
Não avisou,
Então, a cada vez que saia
Era obrigada a trancar a porta
Para evitar incômodos.
Virou-se para o guarda.

- guarda,
Seu guarda.
Me ajude!
O pegou pelo braço.
Puxou até o corredor.
Ele usava uniforme de trabalho
Azul e telefone de orelha.
- encontrei no banheiro masculino
Uma moça caída e inerte...
Ela iniciou a contar a história.

- não sei o que houve com ela...
Eles chegaram ao banheiro,
Ele assustou-se.
- precisamos chamar a polícia,
Ou uma ambulância.
Ele disse.
- sim. Ela não parece bem.
Joana respondeu.
- deve estar drogada,
Com certeza trata-se
De alguma prostituta.

Ele disse,
Chamando no rádio amador
Por auxílio
E pedindo carro de emergência
Para conduzir a moça ao hospital.
Joana voltou ao trabalho,
A polícia demorou quatro horas
Para chegar ao local.
Não quis saber de detalhes,
Não pareceu preocupar-se.

Apenas quinze dias depois,
Desejaram saber
Se havia imagens do incidente.
Antes, disso, no entanto,
Joana as oito horas
Foi buscar café,
Novamente encontrou
Aquele homem corpulento,
Desta vez,
Prestou mais atenção,
Ele usava calça jeans roxa,
E camiseta preta.

Parecia muito normal,
Ela acenou para ele,
Ele não respondeu,
Nem parecia ver ela.
Ela sentiu medo,
Demorou-se no corredor,
Ele saiu apressado.

Ela foi até lá
E encontrou a moça do café
Caída,
O uniforme estava mexido.
Ela olhou um aspecto
Azul no uniforme que conhecia,
Um pequeno ponto
Na altura do peito,
Aquele ponto azul lhe era desconhecido.

Então, levantou a blusa amarela
De cima da jardineira rosa,
E encontrou um alfinete.
Outra vez, um alfinete
Enfiado no peito de uma mulher
E aquele homem.
Ela retirou o alfinete.

O alfinete perfurou o peito
Da mulher
E aparentemente,
A levou a morte.
Joana correu chamar o guarda.
Novamente foi acionado
A polícia
E também a ambulância
De emergência.

De imediato,
A identificaram morta.
Então, o corpo foi levado
Para procedimentos.
Ela costumava usar uma aliança
No dedo,
E a aliança não estava mais ali.

No mais, estes foram os indícios.
Ela tentou falar,
A polícia se recusava a ouvir,
Ela não entendeu porquê,
Mas, estás ocorrências
Dificultavam o exercício
Do seu trabalho.

Cada vez mais sentia medo,
E as garotas que iniciavam com ela,
Logo desistiam sem dar notícias.
Assustada ela costurou
Uma medalha na roupa de trabalho,
Passou a usar uma espécie uniforme
Com um bordado na frente.

Não tardou, um mês,
Ao se deslocar para casa
Uma viatura com sirene ligada
Chegou até ela,
As luzes ligadas.
Chegou perto dela
E um homem abriu a porta.
- entre dentro do carro.
É assunto policial.

Ela sorriu,
Então, finalmente iriam ouvir ela
Para verificar as mortes
E os sumiços das novas
Garotas que apenas
Aceitavam a oferta de trabalho
Depois não apareciam mais.
- bom dia, senhores policiais.
De que se trata?

Ela indagou,
Procurou nas vestes deles
E havia nomes nelas.
Então, eles eram policiais mesmo
- assunto de segurança pública!
O policial da direita falou.
- sinto muito,
Mas preciso te algemar.
Ele continuou.
Ela sentiu medo.

Olhou devagar o trinco da porta
E estava fechado.
- está certo.
Ela disse.
- juntei as mãos
E me ofereça!
Ele disse grave.
Ela juntou as mãos fechadas
E a estendeu.

Ele pegou as algemas
E passou por suas mãos
Apertando fortemente,
E causando dor.
- faça apenas o que
Lhe dor mandado.
Ele disse,
E então, esbofeteou seu rosto.
Sem motivo algum.

De repente o rádio
No painel do carro
Começou a falar.
- ouçam, os dois!
A matem.
Ela é testemunha de um crime
Que não é para ser descoberto!
Ouviu-se ruídos estranhos.

-matem!
É o oficial de polícia chefe
Quem está mandando!
Sem dizer nada,
O policial simplesmente
Sacou sua arma
E destravou a trava,
Organizando o pente de balas.

Imediatamente,
Ela juntou as mãos
E os pés e se jogou contra a porta.
- nós temos um sistema de escuta
Eletrônica e vigilância,
Você não vai escapar
Não importa onde for.
O policial falou
Ao ouvir o barulho.

Porém, ela não desistiu
Forçou de volta,
Abriu a porta e se jogou.
Rolando no asfalto
O mais rápido que pode,
Foi até a calçada,
Se escondeu atrás de um carro.

Forçou a entrada,
Abriu a porta,
Entrou pelo banco
Do passageiro,
E foi até o volante,
Ligou o carro com uns ramona
De cabelo,
E dirigiu.

Os policiais atiraram atrás dela,
Mas nenhum tiro a feriu.
Ela foi até um namorado antigo,
Chegou em sua casa.
Pediu ajuda.
Entrou.
Cortou as algemas com uma faca
E um alicate de pressão.
-caramba, cara.
A polícia quer me matar.

Ela disse a ele.
Tremendo de medo.
- não se preocupe,
Você terá que fugir para outro país.
É a solução.
Ele disse.
- você me empresta seu carro?
Ela indagou.
- claro.
Ele respondeu.

Com um beijo em sua testa.
Ela imediatamente pegou
O carro e partiu,
Porém, na esquina da rua
Passou por uma câmera
De vigilância particular
De uma loja de artigos femininos.
Foi vista e filmada.
Três quadras depois,
Oito viaturas cercaram seu carro,
E atiraram contra ela
Sem dizer nada.

Mataram-na no volante.
Juntaram seu corpo morto,
Jogaram na vala
Abaixo da calçada
E atearam fogo no carro.
- sem vestígios.
Disse o policial
Do seu rádio de polícia.
Ouviu-se da linha
Três batidas de palma,
Mais nada.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Beijo

- o senhor não me mete medo.
Ela disse desafiadora,
Com seu tom de coragem
Ensaiado mil vezes,
E por isso, perfeito.

Metade dela na penumbra,
Outra metade a mostra,
Com sua minissaia rodada,
Pés descalços,
Meia lilás transparente.

Ele baixou os papéis
Sobre a mesa de madeira branca,
Levantou o dedo indicador
Para o alto e disse:
- e é medo que eu quero lhe meter?

Seu tom alto e eloquente
Ecoou por todo o lugar,
Depois pareceu ecoar
Dentro dela,
Ela estremeceu
Desaforada e atrevida.

Foi com toda a culpa
Buscar briga
Por alguma razão absurda
Que decidiu elucidar.

Como sempre,
Aqueles lindos olhos escuros
Sempre que podiam
Buscavam escândalos,
Atrevidos,
Não suportavam vê-lo
Compassivo.

Ela abriu as pernas,
Jogou uma perna para a frente,
Brincando com as luzes.
- este dedo seu,
Só me faz cócegas.
Respondeu
Com o queixo levantado
Naquele seu ar inocente.

Fora as acusações
Mais absurdas,
Ela gritava de maneira
Alucinada,
Não poucas vezes,
Fez seu pai surgir
Aturdido aonde estavam
Em razão de brigas mais corriqueiras.

Ele levantou-se da cadeira,
Encostou-se na mesa,
Mexeu um ombro
E sua camisa com os botões
Abertos escorregou
Por seu peito,
Deixando seus pelos a mostra.
- você confia em sua beleza inatacável?
Indagou ele.

Com um dedo levantado,
Depois, juntando outro dedo
Ao lado daquele,
Após isso,
Ele baixou a mão
Com os dedos para o alto,
Como se acariciasse o ar.

Ela deu um passo a frente
Em desdém.
- faria melhor se saísse
Detrás desta mesa.
Respondeu com os lábios
Trêmulos e vermelhos
No batom aveludado.

Ele simplesmente
Baixou um dedo
Sobre a mesa
E o balançou de um lado
Ao outro.
- mentira.
Ela gritou.
Atirando o dedo desafiadora
Para o seu rosto.
- você mente.

Ela falou,
Indo até ele
E encostando o dedo
Em seus lábios.
O peito de ambos arfava.
Ela deu de ombros
Enquanto dizia:
- você não me dá medo.

Ele saiu detrás da mesa
Rápido,
Juntou seus ombros eretos,
Manteve-os comprimidos
E a retirou da sala,
Fechando a porta atrás dela.

Depois de fechar,
Abriu-a apenas para rir dela.
Encontrou ela ainda lá,
Estagnada e implacável
De costas.

Então, a juntou pelos ombros
E a virou
Trazendo-a para um beijo
Sôfrega e fogoso.
Depois a empurrou.
- me deixe trabalhar.
Fechou a porta.

Deixando ela plantada lá,
A esperar suas mudanças
De humor repentinas.
Contudo,
Esperado algum tempo,
Virou-se beijou a porta,
Mil vezes,
Quando não teve mais
Cor nos lábios saiu de lá.

Amor Pro-fun-do

Ellah tinha dezesseis anos, Rob tinha dezessete, Na noite de festa Quando todos comemoravam, Ambos decidiram beber champanhe...