- tá bom.
Você está contratada.
Inicia segunda o trabalho.
Assinei estes documentos.
Disse a psicóloga da empresa.
A garota feliz
Por finalmente conseguir
Um contrato de trabalho,
Iniciou a assinatura
Dos documentos.
- mas, senhora!?
Estou em dúvida,
Por quê eu preciso assinar
Este contrato de seguro de vida?
A moça indagou
Com a folha em mãos,
Mostrando a psicóloga.
- porquê faz parte
Da relação empresarial.
Ela respondeu.
- tá bom,
Eu não preciso
Colocar o nome
De quem irá receber
O seguro caso eu morra
Ou fique inválida?
Ela indagou, despretensiosa.
- não. A seguradora entra em contato
Com quem for parente próximo.
Ela respondeu.
Apontando com o dedo indicador
No local para assinar.
A garota assinou.
Saiu feliz da sala.
Foi obrigada a abrir uma conta,
Agora tinha contrato de serviço
Com o banco.
Já não saída
Recebeu um panfleto
Com inúmeras possibilidades
De contratar financiamentos.
Chegou em casa,
Não tinha gás de cozinha,
Sentia fome,
Logo os pais chegarem cansados,
E não teriam comida
Para alimento.
Ficou triste e indisposta,
Sentou-se no chão
Escorada no sofá
Com aquele panfleto
Em mãos.
Desesperada,
Acionou o banco através do site,
Depositou sua senha
E credenciais e adquiriu
Um seguro no valor de
R$ 2.000, 00 (dois mil reais).
Com juros e correções,
Caso ela pagasse certinho
As parcelas de cada mês,
Iria pagar o valor de R$ 10.000,00 dez mil reais,
Ao final do contrato de prestação.
O dinheiro rapidamente
Foi depositado em sua conta,
Ela correu ao mercado,
Comprou comida,
Gás de cozinha
E até xampu para os cabelos,
E esmaltes para as unhas.
Foi de ônibus,
Comprou valor alto,
Então, o mercado enviou
Um carro próprio
Para conduzir ela até sua casa
E levou as mercadorias,
Com isto, ela chegou rápida.
Fez frango assado com arroz.
Organizou a mesa,
Tomou banho,
Trocou de roupa.
Não tardou,
Ouviu um barulho estranho
Sobre o teto,
Não entendeu o que havia,
Assustou-se,
Mas parecia não haver nada.
Contudo, a lâmpada
Ficou escurecida ao redor,
Mas, ainda acendia.
Naquele instante,
Sua avó de 90 anos
Foi banhar-se,
Encontrando o chuveiro
Na água fria,
Ela ergueu-se para trocar
Para a água morna,
Ao encostar no chuveiro
Levou um choque
E caiu desacordada.
Patrícia notando
A demora da avó,
Bateu na porta
E chamou por ela.
- vó, vó, vó?
A avó não respondeu.
Amedrontada,
Ligou para a mãe.
- mãe, a vó entrou no banheiro
E não responde.
A mãe assustou-se.
- abra a porta,
Empurre com força e abra.
Patrícia, soltou o celular
Ainda ligado,
Com medo,
Correu para a porta,
Empurrou,
Esmurrou e escoiceou,
Então, a porta se abriu.
O chuveiro estava ligado,
E avó estava caída
Embaixo dele desacordada.
Morte imediata.
Foi uma terrível perda.
O velório foi demorado,
A funerária demorou para trazer
O corpo,
O velório ocorreu por doze horas,
Ao final chegou o momento
Do adeus.
A sepultura já estava preparada,
Foi só soltar o caixão,
Jogar flores sobre o cadáver,
E cobrir com terra,
Porquê a morte é simples,
Num instante e tudo acontece.
O pranto escorreu ao redor
Daquela terra feito chuva,
Empoçou-se no chão,
Feito lama que gruda no sapato.
Mas a pessoa não houve.
- é a idade.
Era velha.
Comentaram
Para tentar acalmar a dor.
- até os 90 anos hoje
Em dia ninguém resiste.
Comentou outra voz.
O pai de Patrícia,
Kersin, desmaiou.
Teve que ser levado
De volta amparado
Por dois outros irmãos.
A roupa ensopou-se,
Verteu lágrimas
Como a chuva corre,
Contudo, a dor ficou.
Em casa, foi trocado
O chuveiro,
Olhado a fiação do banheiro,
Tudo organizado.
O trabalho de Patrícia
Não esperou,
Não importou o luto,
O sorriso foi cobrado
Em seus lábios
E a maquiagem no rosto.
Sua colega de trabalho,
Angel contou que conseguiu
Alugar um apartamento,
Fez financiamento para pagar
O aval de adiantar três meses,
Conforme pede o contrato,
Pagaria o financiamento facilmente
Pois estava trabalhando.
Mostrou fotos do apartamento
Organizado, limpo
E com os móveis.
O teto, ao redor da lâmpada
Estava escuro.
Ela disse que a mãe,
Retirou a lâmpada,
Trocou por outra
E já estava tudo limpo.
- Uau, que linda sala.
Patrícia disse.
- obrigada.
Vou convidar meu namorado
Para ir me visitar.
Ela falou aos sorrisos.
- você mora sozinha?
Patrícia indagou.
- sim.
Na verdade, com ele.
Ela disse.
- como assim?
Patrícia indagou.
- depois que iniciamos
O namoro
Ele para mais comigo
Que em casa.
Angel continuou.
- que legal.
Patrícia respondeu,
Pensando no quanto
Seria bom ter um alguém
Com quem dividir a vida,
A dor e a solidão.
- ele trabalha próximo daqui.
Então, ele me trás e leva para casa.
Angel disse esperançosa.
Patrícia abraçou a amiga,
Sorriu seu primeiro sorriso,
Cheio de dor,
Como se isto lhe custasse
Arrancar a pele,
De tão doloroso que foi
Abrir os lábios
E tentar expressar algo.
Beijou a amiga
No rosto,
Embora tudo estivesse
Destruído dentro dela,
Foi bom entregar
Um beijo de carinho
A alguém.
Logo, lembrou da perda da avó,
E chorou silenciosa,
Abrindo uma sacola plástica
E colocando compras dentro,
Ela trabalhava de caixa
De supermercado.
Junto com Angel que tinha
A mesma função.
Baixou o rosto para seu peito,
Procurando pelo cheiro do avó,
Que pela última vez
Estaria naquela roupa.
Depois deste dia,
Usada e suja,
Seria lavada,
Nunca mais teria
As mãos da avó a passa-la,
E guardar no roupeiro.
Tudo se foi,
O abraço apertado
De despedida antes de sair,
O beijo de boa sorte,
A organização do uniforme.
Tudo se foi.
O custo da troca de chuveiro,
E organização dos fios
Custou outro financiamento
Dos pais,
Também a conta do velório.
Custou uma vida.
200 meses no valor de
R$330,00 trezentos e trinta reais.
O velório e o cemitério.
O lugar onde deixaram o corpo.
Só aquele lugar.
Um consórcio.
O empregador vendi a dor
De Patrícia a chamou.
- você está confundindo
Sua vida particular com
O trabalho.
Lhe disse,
Apontando o dedo indicador
Contra seu rosto.
- ou para o choro
Ou será demitida.
Lhe disse.
- você não merece o cargo,
Hoje mesmo,
Chegaram dez currículos
Buscando sua vaga.
Ela pediu perdão.
Ele foi intransigente.
- vai pra casa.
Chore hoje toda a dor,
Amanhã volte restabelecida.
Ela saiu triste,
Aos tropeços,
Com o desconto do financiamento,
Não podia ter descontado
Hora alguma do salário,
Isto iria lhe fazer falta.
Mas foi,
Se controlando para chorar
Nestas horas descontadas
De seu trabalho,
Toda a dor de uns perda irreparável.
Na saída do mercado,
Dois jovens numa Motocicleta
A abordaram de imediato,
Sem dar tempo para reagir,
Lhe roubaram a bolsa
Com seus documentos,
Talão de cheques,
E senhas de contas.
Ela sentou na calçada
E chorou.
- ótimo,
Com saldo na conta negativo,
Pois não tinha nenhum dinheiro
E toda possibilidade
De financiar ela o fez,
Não tem o que me tirar mais.
Não tardou,
Noticiaram no rádio
Que encontraram seus documentos jogados
Na calçada.
Seu pai estava trocando
O óleo de um carro,
Ele trabalhava de mecânico,
Ao ouvir a notícia,
Desesperou-se, desmaiou e chorou
Feito criança,
Pensou que a tinham matado.
Seu irmão,
Trabalhava com ele
Pegou o próprio carro,
Colocou o irmão desmaiando
Ao seu lado no banco carona
E rumou até o endereço.
Chegando lá,
Encontraram apenas os documentos,
Não havia a bolsa,
O celular,
Ou talão de cheques.
O pai dela esmoreceu,
Chegaram em casa,
E a encontraram fora de casa,
Sentada na área,
Pois não tinha a chave
Para abrir a porta.
Ele abriu a porta do carro
Trôpego, amedrontado ,
Correu até ela,
A abraçou e beijou seu rosto.
O tio dela, Leocken
Abriu a porta com a chave do irmão.
Entraram dentro de casa,
Sentados no sofá
Ele viu a lâmpada escurecida,
E notou que ali
Acontecia um curto circuito,
Assim, que ele pôs a mão
Para acender o interruptor.
- caramba, deu choque aqui!
Ele disse.
- é normal isto acontecer.
Respondeu Patrícia.
Ele desligou a caixa
De energia elétrica,
Trocou a lâmpada,
Ligou de volta e ela apagou,
Trocou outra vez,
Ocorreu o mesmo.
Então, retirou o molde
De pôr a lâmpada
E ali estava o mal contato,
Ele estava com um fio encostando
No outro.
Providenciado o café
Para todos,
O pai de Patrícia recebeu
Uma ligação do trabalho dela,
Já era noite escura.
O apartamento de Angel
Pegou fogo,
Conseguiram impedir
Que se alastrasse porém,
Ela morreu queimada
Junto com seu namorado.
Os corpos carbonizados
Foram retirados e seriam velados
Ainda a noite.
No dia seguinte
O trabalho seguiu a rotina,
Nada mudou mesmo
Ba ausência de Angel,
Já as dez da manhã
Uma garota foi contratada
Para substitui-la em sua função.
No entanto,
O banco passou a ligar
Para o trabalho de Patrícia,
Estavam entrando cheques
Em seu nome
Em valores altíssimos,
De lugares diferentes
De onde estava.
Todos com sua assinatura,
Ela esmoreceu ao telefone
Pendurada no balcão do mercado.
- é uma fraude, eu juro!
Ela gritou.
- você precisa provar.
Aqui no banco está tudo correto.
Porém, não tem saldo positivo
Então, os valores acrescentam muito.
A bancária disse.
- conforme seu salário entrar
Será debitado a dívida.
Ela informou e desligou.
Ela nunca soube
Se algum parente de Angel
Debitou o tal valor
Do seguro de vida,
Ela apenas pagou aquele valor
Mensal com seu salário,
E sofreu nas mãos
Do tal talão de cheques.
Sua assinatura fraudada.
O talão roubado.
A amiga queimada.
A avó eletrocutada.
Foi assunto demais,
Para o seu único dia de folga
Da semana
Que ela usufruiu
Indo visitar a avó
No cemitério para
Contar sobre sua vida.
Foi tempo demais,
Logo acima da lápide da avó,
Encontrou o coveiro
Abrindo os caixões
E cortando os cabelos dos mortos,
Recolhendo roupas
E objetos de valor.
Não resistiu ao ódio,
Juntou a própria pá
De serviço dele,
Deu com ela sobre sua cabeça,
Derrubou dentro do buraco
E o enterrou ensanguentado
Lá dentro.
A cada pá,
Ela o amaldiçoou.
Gritou e chorou.
Nisto andou o caminho
Que percorreu anteriormente
De ônibus a pé,
Chegou numa vizinha próxima
E encontrou as flores
Que havia jogado para a avó.
Não bastou,
Viu a aliança de casamento,
Presente de seu avô.
Se indignou.
Gritou feito louca.
Invadiu o portão baixo daquela área,
Juntou a mão daquela velha
E arrancou a aliança.
- aonde você achou isto?
Ela gritou,
Estapeou a cara enrugada
Da velha.
- diga?
Maldita.
Olhou dentro da aliança
Encontrou o nome do avô
E a data de casamento.
- eu... Eu... Eu comprei do coveiro.
A velha disse.
Tremendo e com medo.
Patrícia saiu atordoada,
Sentindo tanta dor
Quanto ódio.
Olhou da calçada para aquela velha
Ela não parecia ter agido
De má índole.
Então, não fez mais que voltar
Para casa,
Colocou a aliança
Na própria mão
E foi embora.
No caminho,
Com calos nos pés,
Sentiu vontade de peidar,
Forcejou para sair o peido,
E cagou nas calças.
Chorou de vergonha,
Teve de pegar o ônibus
Com a calça pesada,
E fedorenta.
Com o novo celular,
Ficou feliz
Por recuperar o número anterior
Aos rapazes da moto,
Todavia, começou a receber
Ligações estranhas
E cobranças de toda forma.
Cobranças de onde nunca foi,
De ter feito o que nunca fez.
Até de uma esposa
Alegando que a encontrou
Com o marido saindo
De um motel.
- senhora, senhora,
Há um engano nisto!
Ela disse.
Em contrapartida,
Recebeu a foto de
Uma motocicleta,
Nela um homem
Atrás do homem
Uma bunda de calça Capri branca.
Desligou o celular.
Beijou a aliança
No próprio dedo,
Chorou.
Chegou o tempo
De receber o salário,
Com talão de cheques bloqueado,
Em razão de ter sido furtado
Pelos rapazes na moto,
E o cartão de crédito,
Débito bloqueados,
Ela foi sacar o salário
Dentro da própria agência.
Porém, ao chegar na porta giratória,
A porta bloqueava a sua entrada,
Alegava que ela tinha metal,
Que poderia se tratar de uma arma,
Por isso, ela precisou ser revistada.
Passado a revista,
Nada encontrado,
A porta continuou a travar,
Nisto, ela passou por revista íntima,
Retiraram suas roupas,
E introduziram dedos
Em sua genitália...
Nada encontrado,
Ela tentou entrar outra vez,
A porta giratória
Novamente alegou metal.
Ela irritou-se,
Começou a chorar
E tentou forçar sua entrada,
Pois sentia medo,
Precisava ver o saldo,
Conversar com o gerente,
Organizar o que pudesse
De sua vida.
Neste diapasão,
Ela recebeu um tiro fatal
Pelas costas.
Caiu morta,
Tremendo involuntariamente
No chão do banco.
No hospital,
A mãe encontrou
Um bracelete no braço da filha,
Um bracelete de ouro
Que a mãe a presenteou
No aniversário de 15 anos,
E que a filha nunca tirou.
No passar dos anos
O bracelete escondeu-se
Por debaixo da pele,
Ficando imperceptível.
Isto levou ela quinze anos depois
A morte.
Suas contas ficaram todas bloqueadas,
Negativadas...
- coitadinha da minha filha.
Nunca vai poder casar
Ou ter uma família.
A mãe disse
Chorando sobre o corpo dela
segurando sua mão.
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