- me desculpa.
Ela respondeu ao homem
Corpulento que saia
Do banheiro ao lado
Do banheiro feminino.
Ela olhou e viu
Que se tratava
Do banheiro masculino.
Contudo,
Ele não respondeu,
Passou prepotente
Batendo com seu ombro
No ombro dela,
Quase a derrubou.
Ao se desiquilibrar
Teve a impressão
De que ele fechou a mão
Em punho em sua direção.
- você vai me soquear?
Ela indagou.
De repente,
Ele virou-se e saiu.
Rápido e feroz,
Feito uma patrola
Levando o que via
Com suas pernas,
Corpo e ombros.
Bateu em uma lixeira
Derrubou o conteúdo
E não disse nada,
Simplesmente, seguiu.
Ela sentiu medo extremo,
Chorou sem notar,
Quando suas lágrimas
Molharam o vestido
Foi que viu que chorava.
Sentiu mais medo.
Entrou no banheiro
De volta trocar a maquiagem,
Nisto derrubou o batom
No lavabo e o quebrou.
Ficou mais chateada.
Ligou a torneira de água
Para retirar o excesso
De maquiagem
Que escorreu com suas lágrimas.
A torneira jorrou forte,
Molhou seu vestido,
Ela buscou papel,
Havia pouco.
Precisou de muito mais.
Então, bateu na porta
Ao lado,
Ninguém respondeu
Do banheiro masculino.
Bateu de volta.
- Olá, alguém me ajuda?
Sem resposta,
Ela abriu temerosa a porta,
Aos poucos e lenta.
Ninguém falou nada,
Contudo, a porta estava pesada.
Ela forçou um pouco.
Então, encontrou uma mulher lá,
Caída e de vestido,
Seu salto enroscou na porta,
E quebrou-se
Quando ela abriu.
Joana, abriu, então,
Toda a porta e entrou.
Pegou o papel limpou
O vestido e pôs-se a falar.
- oi, se divertiu bastante?
Perguntou.
- você está embriagada?
Indagou.
- ah, me desculpa,
Se ofendo...
Virou-se e encontrou
Uma mulher inconsciente.
- o quê você tem?
Ela perguntou.
A mulher não falava
Ou mexia-se.
- moça, me diz o que houve?
Ela perguntou
Pegando o pulso
Da mulher e vendo
Se notava alguma pulsação.
Não havia nada.
- moça, alguém te feriu?
Ela indagou,
Pegando o corpo da mulher
E o tocando até chegar no rosto
E dar-lhe pequenos tapas.
Um leve rubor percorreu
Aquela pele maquiada.
Ela estava quente,
Usava um vestido verde,
Tinha os olhos fechados,
Linda maquiagem em tons frágeis.
- moça, fala comigo!
Havia arranhões no pescoço,
O vestido estava molhado...
Olhou com mais atenção
E encontrou um alfinete
Na altura do coração
Que estava fincado para dentro
Dela.
Ela assustou-se,
Não se conteve
E puxou o vestido.
Encontrou uma calcinha rasgada,
E sugestões de sujeira
Na cor amarela dela.
Puxou meus o vestido
E viu o alfinete levemente dobrado,
O que significava
Que ele não perfurou o peito
Por inteiro.
Ela o retirou,
Tratava-se de uma espécie
De alfinete de cabelos,
Mas nada sugeria
Que a mulher o estivesse usando,
Nem teria desfeito a ideia,
Não fosse o fato
De ela estar com os cabelos
Loiros soltos até a altura dos ombros.
Ela retirou o alfinete rápida,
Olhou para a parede
E lembrou do estranho
Que saiu dali apressado
E raivoso.
Lembrou de não ter gostado
Do rosto dele,
Sentiu um tremor de pânico,
Chamou o guarda do metrô.
Sem alarde e em passadas rápidas,
Nisto procurou por aquele
Homem corpulento
E não o encontrou.
Olhou o relógio
Eram oito da noite,
Lá fora já estava escuro,
As poucas luzes da cidade
Foram acesas.
As vitrines iniciavam
A se fechar,
Aos poucos o mundo
Mercantil desfalecia.
Com as ruas pouco movimentadas,
A cidade parecia morrer,
Todas as janelas se fechavam,
As empresas trancavam
Suas portas,
Alguns veículos somente
Ainda percorriam o local.
Mas, era seu horário de trabalho,
Ela vendia jornais e revista
Na banca do metrô,
Voltou-se para o seu local de trabalho,
Amedrontada.
Não havia nada incomum lá,
Apenas a sua companheira de escala
Faltou no seu terceiro dia,
Não avisou,
Então, a cada vez que saia
Era obrigada a trancar a porta
Para evitar incômodos.
Virou-se para o guarda.
- guarda,
Seu guarda.
Me ajude!
O pegou pelo braço.
Puxou até o corredor.
Ele usava uniforme de trabalho
Azul e telefone de orelha.
- encontrei no banheiro masculino
Uma moça caída e inerte...
Ela iniciou a contar a história.
- não sei o que houve com ela...
Eles chegaram ao banheiro,
Ele assustou-se.
- precisamos chamar a polícia,
Ou uma ambulância.
Ele disse.
- sim. Ela não parece bem.
Joana respondeu.
- deve estar drogada,
Com certeza trata-se
De alguma prostituta.
Ele disse,
Chamando no rádio amador
Por auxílio
E pedindo carro de emergência
Para conduzir a moça ao hospital.
Joana voltou ao trabalho,
A polícia demorou quatro horas
Para chegar ao local.
Não quis saber de detalhes,
Não pareceu preocupar-se.
Apenas quinze dias depois,
Desejaram saber
Se havia imagens do incidente.
Antes, disso, no entanto,
Joana as oito horas
Foi buscar café,
Novamente encontrou
Aquele homem corpulento,
Desta vez,
Prestou mais atenção,
Ele usava calça jeans roxa,
E camiseta preta.
Parecia muito normal,
Ela acenou para ele,
Ele não respondeu,
Nem parecia ver ela.
Ela sentiu medo,
Demorou-se no corredor,
Ele saiu apressado.
Ela foi até lá
E encontrou a moça do café
Caída,
O uniforme estava mexido.
Ela olhou um aspecto
Azul no uniforme que conhecia,
Um pequeno ponto
Na altura do peito,
Aquele ponto azul lhe era desconhecido.
Então, levantou a blusa amarela
De cima da jardineira rosa,
E encontrou um alfinete.
Outra vez, um alfinete
Enfiado no peito de uma mulher
E aquele homem.
Ela retirou o alfinete.
O alfinete perfurou o peito
Da mulher
E aparentemente,
A levou a morte.
Joana correu chamar o guarda.
Novamente foi acionado
A polícia
E também a ambulância
De emergência.
De imediato,
A identificaram morta.
Então, o corpo foi levado
Para procedimentos.
Ela costumava usar uma aliança
No dedo,
E a aliança não estava mais ali.
No mais, estes foram os indícios.
Ela tentou falar,
A polícia se recusava a ouvir,
Ela não entendeu porquê,
Mas, estás ocorrências
Dificultavam o exercício
Do seu trabalho.
Cada vez mais sentia medo,
E as garotas que iniciavam com ela,
Logo desistiam sem dar notícias.
Assustada ela costurou
Uma medalha na roupa de trabalho,
Passou a usar uma espécie uniforme
Com um bordado na frente.
Não tardou, um mês,
Ao se deslocar para casa
Uma viatura com sirene ligada
Chegou até ela,
As luzes ligadas.
Chegou perto dela
E um homem abriu a porta.
- entre dentro do carro.
É assunto policial.
Ela sorriu,
Então, finalmente iriam ouvir ela
Para verificar as mortes
E os sumiços das novas
Garotas que apenas
Aceitavam a oferta de trabalho
Depois não apareciam mais.
- bom dia, senhores policiais.
De que se trata?
Ela indagou,
Procurou nas vestes deles
E havia nomes nelas.
Então, eles eram policiais mesmo
- assunto de segurança pública!
O policial da direita falou.
- sinto muito,
Mas preciso te algemar.
Ele continuou.
Ela sentiu medo.
Olhou devagar o trinco da porta
E estava fechado.
- está certo.
Ela disse.
- juntei as mãos
E me ofereça!
Ele disse grave.
Ela juntou as mãos fechadas
E a estendeu.
Ele pegou as algemas
E passou por suas mãos
Apertando fortemente,
E causando dor.
- faça apenas o que
Lhe dor mandado.
Ele disse,
E então, esbofeteou seu rosto.
Sem motivo algum.
De repente o rádio
No painel do carro
Começou a falar.
- ouçam, os dois!
A matem.
Ela é testemunha de um crime
Que não é para ser descoberto!
Ouviu-se ruídos estranhos.
-matem!
É o oficial de polícia chefe
Quem está mandando!
Sem dizer nada,
O policial simplesmente
Sacou sua arma
E destravou a trava,
Organizando o pente de balas.
Imediatamente,
Ela juntou as mãos
E os pés e se jogou contra a porta.
- nós temos um sistema de escuta
Eletrônica e vigilância,
Você não vai escapar
Não importa onde for.
O policial falou
Ao ouvir o barulho.
Porém, ela não desistiu
Forçou de volta,
Abriu a porta e se jogou.
Rolando no asfalto
O mais rápido que pode,
Foi até a calçada,
Se escondeu atrás de um carro.
Forçou a entrada,
Abriu a porta,
Entrou pelo banco
Do passageiro,
E foi até o volante,
Ligou o carro com uns ramona
De cabelo,
E dirigiu.
Os policiais atiraram atrás dela,
Mas nenhum tiro a feriu.
Ela foi até um namorado antigo,
Chegou em sua casa.
Pediu ajuda.
Entrou.
Cortou as algemas com uma faca
E um alicate de pressão.
-caramba, cara.
A polícia quer me matar.
Ela disse a ele.
Tremendo de medo.
- não se preocupe,
Você terá que fugir para outro país.
É a solução.
Ele disse.
- você me empresta seu carro?
Ela indagou.
- claro.
Ele respondeu.
Com um beijo em sua testa.
Ela imediatamente pegou
O carro e partiu,
Porém, na esquina da rua
Passou por uma câmera
De vigilância particular
De uma loja de artigos femininos.
Foi vista e filmada.
Três quadras depois,
Oito viaturas cercaram seu carro,
E atiraram contra ela
Sem dizer nada.
Mataram-na no volante.
Juntaram seu corpo morto,
Jogaram na vala
Abaixo da calçada
E atearam fogo no carro.
- sem vestígios.
Disse o policial
Do seu rádio de polícia.
Ouviu-se da linha
Três batidas de palma,
Mais nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário