segunda-feira, 8 de setembro de 2025

A Vida Assassina de Dubby

Jovem e marginalizado
Da periferia de uma pequena
Metrópole,
Dubby era fanático
Por controle e buscava poder.
Ele via em seus vizinhos
Um rosto perfeito
Para a diversão,
Filho de mãe prostituta
E pai alcoólatra,
Logo cedo aprendeu a beber
E conseguir dinheiro fácil
Por meio da venda
De seu próprio corpo.
Contudo, seu ganhou maior
Provinha de velhinhas solitárias,
Elas se contentaram
Com poucas horas de prazer
Não exigiam muito dele
E sabiam pagar,
Ou então,
Aprendiam fácil.
Para diversão
Ele aprendeu a pular muros,
Abrir fechaduras se tornou
Símbolo de heroísmo,
Invadia casas de mulheres
Sozinhas
E passava a noite com elas.
Por pretexto,
Levava com ele
Seu material escolar,
Ele nunca quis
Aprender a ler,
Porém, usava suas canetas,
Corretivos, pincéis
E canetinhas para colorir
O rosto delas.
No início da manhã
Elas acordavam
Sem nenhuma companhia,
Conforme dormiam
E para surpresa
Seus rostos estavam desenhados,
Com tais objetos.
Como se fossem bonecas
De papel,
A mercê de suas habilidades
Artísticas:
Algumas, ele descia até o tronco
E desenhava em seus corpos,
Estas eram poucas.
Além da maquiagem gratuita
Acordavam também
Com a carteira vazia,
E alguns pequenos objetos
De valor eram levados
Por ele.
Passavam por uma noite
Tórrida de prazer
Com um estranho
Que não mostrava o rosto
Ou deixava vestígios,
Nota-se que algumas
E não poucas
Não acordavam após receber
Sua visita.
Sádico,
Ele sentia prazer
Por proporcionar dor,
Gostava de exercer controle
Sobre suas vítimas,
Até escolher o seu momento fatal,
Instante em que eram mortas.
Adorava demonstrar poder
E controle absoluto
Sobre cada uma delas
E muito mais
Que uma por vez,
Amava desenhar sobre
Sua pele,
Contornar o desenho de seus ossos,
E então, finalmente,
Perfura-las através de seu
Melhor amigo:
Um canivete que ganhou
Muito cedo de presente
De um padrinho
Que comia seu cu
Quando ele era muito menino.
Mesmo após a morte
De suas vítimas,
Dubby sentia fascínio
Por controlar cada movimento,
Cada modificação
Que lhe fosse feita.
Ele próprio era tudo
De que tinha interesse
E poder.
Pobre de nascimento
E vivência,
Nunca se apegou a culpas,
Nunca aprendeu a diferenciar
Seus atos e amplitudes
De suas atitudes,
Tinha por objetivo
O prazer máximo,
E nisto,
O exercício de controle absoluto,
Ele nunca confessou seus crimes,
Nem os considerou desta forma,
Não aprendeu a ter limites.
Dubby era assim
Feito de prazer e controle.

domingo, 7 de setembro de 2025

Já Sou Capaz de Me Defender

Agora eu atraso as horas,
Durmo tarde
E me acordo próximo
Ao meio dia,
Mas, não há nisto
Um problema
Eu cozinho o almoço,
E nos alimentamos
Quando ficar pronto,
Depois a louça é limpa,
E o dia segue conforme seguiria.
Por muito tempo
Fui vigiada por ‘bodes expiatório’
Pois é,
A intensão era vigiar
E lucrar,
Agora, tudo muda,
E eu preciso ouvir,
Entender o que é,
E me despedir.
Sim.
Já me despeço
Destes que me usaram
Para fins lucrativos,
Opino sobre suas narrativas
E dou vida as histórias
Que eles forjaram
Com relação a minha pessoa.
Mas isto me cansa,
Estar a mercê
Para poder reconhecer
De quem se trata.
Então, vem a punição.
É tardia.
É válida.
Mas, cansa.
Correm-se anos
E nunca para
De vir tantas pessoas,
Me juram de morte,
Ofendem de todas as formas
Possíveis,
Eu penso:
“Como sobrevivi a eles?”
“Como fui tão forte?”
Mas, tudo está se encaixando,
Minha vida deu uma guinada,
E agora, está tudo as claras:
Eu, vigiada, enganada e roubada
Agora busco, encontro e destruo.
Mas, isto cansa minha cabeça,
É muita gente ruim,
É um entrevero de fofocas,
Só falam de dinheiro,
Mortes e ganhos.
Tudo isto as custas
Do meu cérebro,
Eu, por eu própria
Não me considero
Tão inteligente,
Mas, gente,
Como é difícil,
Como me ferem,
As frases que dizem,
As coisas que fazem,
Não,
Vocês não são capazes
De entender,
Como vocês sabem
Eu nunca desejei mal
A vocês ou a eles,
Digo isto
Porque imagino
Que alguns se salvam disto,
Não desejando o mal
Também não o fiz
Contra ninguém,
E o que obtive de ser assim
Não veio na mesma moeda,
Não,
Doeu e enfim....
Qual de nós sobrou assim?
Meu eu vigiado,
Enganado e ferido,
Cansou-se e aprendeu
A defender-se.
Você consegue recordar?
Recorda?
A doce época
Em que você me vigiava,
Forjava situações e lucrava?
Acabou isto e agora?
Você percebeu o quanto
Eu nunca precisei
Vigiar, enganar e tirar proveito
De você?
Sim,
É certo que isto se tornou evidente,
Mas, você admite,
Com certeza admite
O quanto eu lucro
Através do meu trabalho
Sem precisar jamais
Fazer uso das manipulações
Que você foi capaz de fazer,
Somos diferentes,
Eu bem sucedida,
Você bem ladra.

Droga do Ouro

Passou do meu horário
De dormir
Duas horas,
Minha razão é você,
Não encontro o sono,
E lá fora
A chuva cai fina,
Não me atrapalha,
Mas, faz neblina,
Se você fosse vir
Seria ruim.
Bem, muito ouro
Eu acho que confunde,
Embaça de alguma maneira
A visão,
E você já não enxerga
Mais nada.
Não escrevo agora
Para me despedir,
Cansei de perder,
De ver você partir,
E ficar a imaginar
Será a última vez?
Veja, nossos amigos
Se foram todos cedo,
Cedo demais para dizer adeus,
Mesmo quando tardei a dormir,
Quando busquei suas mensagens
Ou tentei um olhar,
Eles se foram,
E nunca irão voltar,
Porquê... Bem,
Para onde eles foram
Não há retorno.
Eu me iludo:
“Foi a droga”,
Contudo, você responde:
“Droga do ouro”,
Eu me faço de desentendida,
Você continua:
“Não é a bebida
Ou o cigarro”.
Eu continuo emudecida,
Você completa:
“Foi a cobiça mesmo”.
Eu confirmo com um acenar
De cabeça,
Você diz pouco e some de novo.
Eu penso
Quando irá ficar,
Eu temo
E se nunca mais voltar?
Minha razão de viver
Nunca foi o ouro
E quanto a você?

Vista Cansada

Há duas opções
Que levam o coração
De um homem
A prender-se no de uma mulher:
Amor e dinheiro.
Bem, num vilarejo
De um lugar remoto de Devonshire,
Um cavalheiro responsável
Já em longa data de vida,
Deu-se a buscar a afortunada
Que lhe prendesse a alma
Sem que isso lhe custasse
Mais que a liberdade,
Deus sabe,
Prender-se por opressões
É mesmo o pior dos horrores.
Mas, não houve emboscada
Que lhe tomasse a honra,
Não houve invasões
Que lhe tirassem a dignidade,
Contudo, o amor também
Não lhe chegou,
Nem o dinheiro o tomou.
Há gente suficiente no mundo
Para tudo que se possa imaginar,
Este senhor passou longo tempo,
Até que o sol veio,
Fez calor e se foi,
A população era escassa,
Poucos foram os falatórios,
Então, algo o tirou as oportunidades...
Teve de se agarrar no que teve,
Não em sonhos,
Abandonou desejos,
Satisfazer-se bastou.
Na multidão
Não encontrou rosto amigo,
A esposa que lhe coube
Não lhe trouxe fortuna
Ou mesmo amor,
Lhe doou afeição,
E dentro do lar
Trouxe todo tipo de comoção.
O casal não dispensou oportunidade
De fazer de seus braços
Dois canhões a atirarem
Um no outro,
Fosse a casa um ringue,
Não seriam considerados
Melhores boxeadores.
Antiga paixão,
Casaram-se para acomodar
O desejo de ser casal,
Constituírem-se em família,
Viam um no outro
Um rival pelo prazer de lutar,
Baldes de água eram jogados
Pelas suas janelas
Como se fossem talheres
As suas costas.
Logo, um perdia completamente
A vergonha,
Abria a porta e ia até a calçada
Recuperar o que sobrou
Do que jogaram um no outro
E foi parar na rua de casa.
Contavam com a sorte
Em suas vidas financeira,
Ganharam adeptos a tal modo
De vida,
Seu Josealdo abriu um bar
Logo em frente aa três de suas janelas
E cobra pela vista.
Quem quer que queira
Assistir as novas brigas
Ganha um copo de vinho,
Mas paga por todo o resto,
A diversão diária é garantida.
O senhor Nickleby
Olhou até seus olhos cansarem,
É extraordinário o quanto
Um homem pode passar
Olhando a multidão em busca
De um olhar amigo
Sem encontrar uma única pessoa,
Um sujeito sequer
Que lhe queira bem
Ou lhe deseje auxiliar.
Ele olhou até seus olhos
Ficarem tão doloridos
Quanto seu coração,
E olhou mais:
Olhou logo depois de atirar
O rádio nos ombros de Dona
Dira,
E ele tastaviar até alcançar
A janela e cair feito um pano
De chão naquela rua,
Com a vista cansada,
Olhou da vista do bar,
Até ter de correr atrás
De um passante para impedi-lo
De levar seu único rádio,
Continuou a olhar
Até ver Dona Dira ir buscar
O desafortunado rádio,
Já quebrado de um lado
Em sua lateral amarela.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A Desaparecida

Senhora Mariane
Cansou-se,
Esperar ao lado
Do telefone
Não bastava.
Pegou as chaves
Do carro,
Nem avisou o esposo
Que estava no trabalho,
Nem empertigou-se
Com o fato
De nunca ter dirigido sozinha,
Abriu a garagem,
E entrou no carro.
De início,
Ele apagou três vezes,
Depois disso, ela encaixou
Na primeira marcha,
Andou um pouco rápida
E bateu contra a parede
De casa.
Depois disso parou,
Secou o suor,
Desligou o aparelho de música
E encontrou a marcha ré,
Engatou e andou um metro,
O carro apagou.
Depois disso,
Ela ligou outra vez,
Saiu bastante rápida,
Encontrou o lado da garagem,
Raspou a lateral do carro,
Esqueceu de ligar os faróis,
E estagnou no meio da rua.
Na sua direção vinha
Um caminhão de mudança,
E parou a centímetros
De se acidentar contra ela.
Ela simplesmente olhou
Para o motorista incrédula,
Não parecia que estar ali
A quarenta minutos
Fossem tempo demais,
Porém, para o motorista
Que pôs a cabeça fora da janela,
Fechou o braço em forma de figa,
Chacoalhou e gritou
Pareceu um tempo enorme,
Depois disso,
Ela buzinou:
“Estou trabalhando,
O que você está fazendo
Aí parada no meio da rua?”.
Ela conseguiu
Ligar o carro outra vez,
Continuou a marcha e seguiu
Estrada a fora.
Estava a três dias
Sem notícias da filha,
Tentou ligar mais o telefone
Parou de chamar,
Buscou os vizinhos,
Ninguém tinha notícias,
Procurou as amigas dela
E as reconhecidas não
Sabiam de nada.
Inconformada,
Ela vestiu o vestido
Da menina para se aproximar,
Sentir o cheiro,
Precisava encontrá-la,
Ambas nunca se afastaram,
Nunca discutiram,
Três dias era intolerável.
Mariane estava a beira da loucura,
Dirigiu até o final do bairro,
Percorreu de rua a rua,
Olhou de casa em casa,
De pessoa a pessoa,
Retornou.
Ao chegar o jornal da tarde
Havia chegado,
Trazia notícias novas,
Ela conseguiu estacionar
Muito bem.
Percebeu que esqueceu
A garagem aberta
Mas não achou que
Alguém tivesse invadido
Ou feito qualquer maldade.
Na entrada da garagem,
Logo ao lado da garagem,
Do lado de fora
Havia uma bolsa marrom avermelhado,
Parecia ser a da filha
Com certeza.
Senhora Mariane
Imediatamente abriu a porta,
Saiu correndo para fora do carro,
Esqueceu de desligar
E ele se chocou contra o lado
De cima do portão
Imprensando a porta do carro...
No entanto, a bolsa
Era mesmo a da filha,
Ela notou ao abrir,
Dentro já não havia
O dinheiro que a Senhora Mariane
Havia entregue a filha Marjan
Para sair três dias atrás.
No entanto, havia os documentos
Da própria,
Um batom, um esmalte,
Algodão embebido em acetona,
E um lenço.
Só isto.
Não estava ali
O dinheiro ou o telefone,
Cadê Marjan?
A senhora Mariane
Retirou os olhos da bolsa,
Correu para o carro
Que desligou sozinho
Ao colidir.
Entrou nele
E conseguiu fazer a ré,
Então, fechou a porta
E dirigiu até o trabalho
De seu esposo,
Está notícia não podia
Ser dada através de telefone,
Precisava abraçar ele,
Entender o que houve,
Se amparar nele,
Cadê Marjan, cadê?
Ao dobrar a esquina 
Lembrou de ter ouvido
Que o corpo de uma moça 
Foi encontrado próximo 
A igreja uma quadra
Para baixo de onde ela estava.
No entanto, seu coração de mãe,
Num impulso disse
Não se tratar de sua própria filha,
Além de que,
A moça havia sido identificada
Pela família,
Era uma moça de dezoito anos,
Isto era tudo de que Mariane sabia,
Marjan tinha 22 anos,
Não tinha 18,
Era Alta e esbelta,
Não iria passar despercebida
Ou ser confundida
Desta forma tão simples,
Não era ela,
De alguma forma Mariane
Quis ter certeza,
E se apegou a este sentimento,
Não importava o que houvesse,
Por Deus,
Não seria sua única filha
Está que foi encontrada 
E enterrada com outra identidade.

De repente,
Um frio lhe estremeceu
O corpo inteiro,
Por se tratar de uma desconhecida,
Mariane não foi ao velório,
Mas, talvez, Romirsin,
O esposo tenha ido.

Ela sabia,
Dentro dela,
Ela sabia disso,
Não era sua filha,
Não precisaria ver,
No entanto, 
Cadê Marjan?

Logo, três quadras adiante 
Um rosto jovem 
Lhe chamou a atenção,
Ela desviou a rota,
Seguiu até lá,
E viu se tratar de outra moça,
Também não era a sua filha,
Depois disso,
O carro apagou,
Ficou sem gasolina.

Ela foi obrigada
A chegar nas casas
Para pedir ajuda,
No segundo vizinho
Que assistia a um jogo
De futebol na televisão 
Ela encontrou ajuda,
Ele usou uma manga
E litro descartável 
Retirou gasolina 
Do próprio carro
E pôs no dela.

Ela o pagou,
E seguiu.
Cadê Marjan?
Seu coração se apertava
No peito,
A sensação era estranha,
Mas lhe dizia 
Que conforme seguia
Se distanciava da filha:
Por quê?
Ela quis saber,
Cadê Marjan?

Ranaj É Atrasada

A verdade sobre Ranaj
Nunca foi mais nítida:
“Ranaj nunca beijou”.
Alguém escreveu sobre
Sua carteira da sala escolar.
Ranaj chegou,
Pendurou sua mochila
Na cadeira,
Segurou-a com a mão,
E sentou-se,
Baixou a cabeça e leu a frase.
Com os olhos marejados
De lágrimas ela levantou
O rosto para o teto,
Então, encontrou o quadro negro
Com uma frase escrita a giz amarelo:
“Ranaj nunca fez sexo.”
Seu peito arfou,
Ela não conseguiu impedir
O choro,
Levantou da cadeira e correu
Até o banheiro soluçando.
Sim. Ela era a virgem,
Ela era atrasada neste quesito
Com relação as garotas da escola.
Pensando assim,
Ela lavou o rosto na pia,
Olhando seu rosto vermelho
No espelho se acalmou
Com a ideia de que
Com certeza
Ela não seria a única.
Isto de escreverem
Seu nome e as frases
Só poderia provir de algum idiota.
Contudo, ao percorrer
O espelho do banheiro
Até o final encontrou
Uma frase escrita a batom vermelho.
“Ranaj não usa batom vermelho,
Ela tem medo de ser puta.”
Ela levantou os dedos
De dentro da pia,
Se agarrou com a mão esquerda,
E se viu trêmulas
Com suas unhas rosa fraco.
Tremeu de corpo inteiro
De medo desta obsessão,
Depois soltou os cabelos,
Molhou o rosto,
A nuca e o pescoço
E percorreu os dedos molhados
Pelos cabelos
Depois os amarrou para o alto.
Ela notou que tinha poucos amigos,
Sabia que suas amigas tinham
Namoradinhos e alguns outros
Garotos que gostavam dela,
Ela não tinha ninguém
Que a gostasse.
Mas, não parecia que aos
11 anos isto lhe era adequado
Ou preocupante,
Porém, acima da mesa do lanche,
No quadro negro
Do lado da cantina escolar
Havia uma serie de
“Eduardo e Ricarda se
Amam para sempre “.
“Renata e Iselto se
Amam para sempre “,
“Josiane e Fabiano
Se amam para sempre...”
“Ninguém ama Ranaj
Para sempre.”
Ela tomou um choque
Devido ao susto,
Sentou-se na escada
Que ligava o piso
Ao sobre piso da escola
E ficou ali olhando
O quadro.
Quando percebeu
A sineta do início das aulas
Havia tocado,
Todos estavam em suas salas,.
E ela estava ali
Do lado de fora.
Na segunda aula,
A diretora saiu
Da sala de direção
E a inquiriu sobre sua motivação
Para faltar a aula.
Ela entendeu que nenhuma
Motivação era compatível,
A levou até sua sala,
Lhe serviu um chá
De camomila com erva doce,
E a fez assinar o caderno negro.
- Sim, Ranaj,
Está é uma advertência verbal
Sobre você ter fugido da aula,
Na próxima vez,
Será mandada para casa
De castigo pelo excesso.
Ela ergueu os olhos
Para a diretora,
Sentada na cadeira a sua frente
Pegou o lápis de escrever
E assinou seu nome:
- me perdoe diretora.
Não quis agir mal.
Ela disse.
- mas agiu,
Está perdendo conteúdo.
Muitas pessoas não querem
Agir mal e agem,
Isto deve ser evitado,
É sempre bom não querer
E unir isto ao não fazer.
Ela olhou para a sua prima,
Ficou calada,
E encerrou o seu nome
Naquela linha
Do caderno de alunos maus.
Depois disso,
A diretora a acompanhou
Até a sala de aula,
Já estavam na terceira aula.
Com três batidas na porta
A diretora pôs seu rosto
Para dentro
E a apresentou como faltante,
Aluna que chegou em atraso.
Ranaj sentiu-se em morte,
A diretora fez exatamente
Como fazia com alunos brigões,
Ladrões ou usuários de droga,
Agora seu nome foi espalhado
Para cada aluno
Como alguna má,
Logo outros alunos
Que seriam obrigados
A assinar aquele livro
Leriam seu nome
E a considerariam como os demais,
Os alunos maus,
Evitados e mau exemplos.
Ela pediu licença
Para entrar,
Baixou a cabeça e foi
Até sua carteira
Que era a segunda
Da primeira fila
Em frente a porta.
No intervalo notou
Os alunos saindo com
As mochilas nas costas,
Pediu a eles aonde iriam,
Se acabou a aula,
E eles falavam em uníssono
Coisas que ela não entendeu,
“Vamos para o ginásio,
Agora tem que ir para o ginásio,
Tem aula no ginásio.”
Sem compreender
Ela leu no quadro negro
Que haveria teatro escolar
E era para todos se reunirem
No ginásio para assistir.
O tema era sexo.
Ela sentiu-se pesada
Sobre a cadeira,
Juntou as mais na cabeça,
Olhou para a carteira e chorou
Outra vez,
“Meu Deus,
Se tocarem no meu nome
Outra vez eu morro”.
Desta vez,
Ela não lanchou,
Ficou 15 minutos ali
E lhe pareceram horas,
Ouviu o barulho
De todos partindo para o ginásio
E ainda não teve forças
Para se levantar.
Trinta minutos depois
Ela conseguiu se erguer,
Fechou o caderno
Com o lápis entre as páginas,
Guardou na mochila
E levantou-se.
Chegando ao ginásio
Não foi capaz de sentar-se,
Se posicionou em pé,
Encostada ao lado
Das arquibancadas
Na entrada.
O teatro já havia iniciado,
Era composto por cinco homens
E três mulheres,
Retratava uma moça
Que entrou num baile
Usando identidade falsa,
Ela beijou três garotos,
Fez sexo com dois,
Três meses após
Se notou grávida,
Não soube identificar o pai,
Ela era menor de idade,
E teria que explicar ao pai
Como engravidou
Se havia saído de casa
Para dormir na casa
De uma colega para reforço escolar.
Agora ela era uma menor grávida
E isto era de responsabilidade dos pais
Que responderiam legalmente.
Por ela ter doze anos
A justiça considerava estupro,
Seus pais negligenciaram
Sua educação.
Houve no teatro
Aquele que ofertou a identidade falsa,
O que não a reconheceu
Como criança e permitiu
Sua entrada no baile,
Aqueles com quem dançou,
Os que beijou
E aqueles com quem transou.
Ela fez uso de bebida
No local
Por isso não sabia identificar
Com quem transou,
Nem lembrava muitos detalhes,
Tinha sido dentro do carro,
Com dois rapazes lá de dentro.
Os pais ficaram furiosos,
A menina aos doze anos grávida?
Os rapazes, homens velhos,
Não assumiram o ato
De sexo com uma garota?
Eles pensaram e marcar
Uma reunião pública
E passar de rosto a rosto
Até encontrar os malditos safados.
O teatro encerra-se
Com a menina com a barriga
Enorme,
Os pais abraçados
E ela chorando ao lado deles.
Ranaj sentiu-se
Mais triste,
Principalmente, quando
Ao final do teatro
Alguns alunos levantaram
Uma faixa com a escrita
“Ranaj nunca irá engravidar,
Ou beijar, ninguém a ama”.
Ela segurou-se na grade
Do lado das arquibancadas,
Chorou outra vez,
Correu para fora
Com a mochila nas costas
E ficou na saída parada.
Ao passar os integrantes
Do teatro,
Ela aproximou-se de um rapaz,
Moreno, de camiseta,
Olhos castanhos, cabelo preto,
De estatura baixa
E fez o pedido comum
Entre seus amigos
Do qual ela fugiu
Até aquela data,
Maldito 05 de setembro
De 2025,
16:30 horas da tarde de quarta-feira,
-“Oi, quer ficar comigo?”
O rapaz se espantou.
Deu um passo para trás,
Olhou para o rosto dela,
Ele deveria ter uns 30 anos,
Mandou a cabeça
Em sinal positivo
E se aproximou dela,
Pegou em seu pescoço,
Levou seus lábios até os dela
E a beijou.
Todos olharam para os dois,
Uns aplaudiram,
Outros vaiaram,
Uns garotos correram
Até o ônibus escolar
E escreveram na lataria
“Ranaj beijou um otário,
Agora vai engravidar”
Escreveram de canetão escolar,
E puseram data.
O rapaz foi exigente
No beijo que deu,
Logo Ranaj sentiu-se inibida
E se afastou,
Limpando a boca
Com a traseira da mão,
E chorando.
Em pé no início da escada,
Pôde ler o que estava escrito
No ônibus escolar a sua frente,
Escondeu as mãos
No bolso da calça jeans
E chorou sem se conter.
O rapaz sorriu para
Os integrantes do teatro,
Entraram todos numa vam
E partiram.
Ela, também, não soube
Seu nome,
Paradeiro ou sentimentos,
Porque até ali
Ela pensou que para beijar
Precisava haver paixão,
Depois daquele instante,
Amaldiçoou aquele lugar,
E não soube mais
Em que acreditar.

Cadê Meu Filho?

Senhor Artêmir
Se encontra de humor instável
Caminhando sem parar
Dentro dos cômodos de sua casa,
Ele abriu e fechou a porta
Do quarto de Gilvan
Provavelmente umas dez vezes
Nos últimos dois minutos.
Contudo, três minutos após,
Ele passou a chamar o nome
Do filho por entre os corredores,
“Gilvan, filho.
Levanta tomar o café.”
Sem obter resposta,
Ele foi até a porta de saída,
Olhou por todo o quintal,
Enfrentou a chuva fina
Da manhã gelada
E foi até a calçada,
Depois disso,
Retornou para dentro
De sua residência,
Foi ao quarto do garoto
E insistiu em chamá-lo:
“Gilvan, seu café vai esfriar.”
Não obteve resposta,
O filho não estava,
Saiu e já fazia 24 horas,
Não deu notícias,
Seu pai se preocupava,
O coração ansiava
E palpitava sem parar.
Depois de 24 horas
Que um pai sente falta
Do filho
Ele passa a falar sozinho
E ignorar distâncias
E acredita fielmente
Que esteja aonde estiver
O filho possa ouvi-lo
E de alguma forma
Que somente os pais entendem
Ele possa responder.
Passou o menino do jornal,
“Jornal chegou”.
O menino gritou da bicicleta,
Jogou o jornal na escada,
E continuou como se não chovesse.
O senhor Artêmir
Correu até a janela,
Abriu a trança de maneira rápida
E conseguiu por o rosto
Para fora a tempo
De ver o jornaleiro partir,
Seu coração palpitou profundo
E lhe respondeu:
“não, este menino
Não viu Gilvan.”
A chuva fria veio contra
Seu rosto e o afogou
Por uma fração de tempo,
Senhor Artêmir fechou a janela
E tossiu,
Depois fechou o casaco
Usando as duas mãos
Em forma de xis.
Depois de algum tempo
Desceu os dedos até os botões
E fechou o casaco de inverno.
Então, ele andou até a porta,
Juntou o jornal,
Fechou a porta,
Retirou o jornal da embalagem,
Sentiu em sua cadeira de descanso
E leu a notícia de primeira página:
Notícia da cidade de Pinhalzinho, 04 de setembro
De 2025
Granizo intenso
Identificava a escrita
Que informavam sobre
Uma chuva de pedra
Que caiu sobre a cidade
Destelhando casas,
Derrubando galpões,
Com o auxílio de ventos fortes,
Derrubou árvores,
Deixou desabrigadas algumas famílias,
E levou os motoristas
Que trafegam a sofrerem acidentes,
Não informou sobre vítimas
De morte,
Nem assegurou que não existissem,
Apenas descreveu que ocorreram
Na tarde passada,
Muitas famílias estavam
Buscando autoridades locais
Para conseguir abrigo
Da tempestade intensa,
Ninguém foi entrevistado
Para comentar os fatos,
Contudo, fotos foram postadas
Ao lado da manchete.
A notícia se encerra informando
O risco de inundação,
E pede aos munícipes
E vizinhos próximos
Que optem por ficarem
Abrigados em suas moradias.
O senhor Artêmir fechou
O jornal contra seu peito,
Tombou a cabeça para trás
No encosto da poltrona
E abriu a boca inseguro.

Laços de Afeto

Depois de tantos anos Doando sangue, Chega o dia em que Encontrou um rapaz recebendo, Ver com seus olhos Que você realmente...