Ergueu-se até o seu ouvido
Então, disse a meia voz essas palavras:
- Meu amor, eu te amo, fica comigo.
Porém, o sentiu estremecer sem falar,
E por efeito sentiu aquele frio percorre-la por dentro,
Era uma espécie de medo pela certeza,
Ele não a amava e não queria isso,
Quando abandona-se as opiniões do coração
Pelas da certeza algo chama a razão,
E passa a ideia de desvelo perdido,
Orgulho ferido em um misto de dor,
Acreditou fixar-se nelas,
Então, reuniu todas as suas forças,
Abaixou os pés e foi em direção a sua boca,
Ali o beijou sôfrega e tremula pela descoberta,
Beijou-o como se nunca mais fosse beijar,
Aproveitou cada gosto, cada parte sua,
Agora, já suspeitava de todas as suas atitudes,
Dentro dela apenas o que crescia era a inquietude,
E sem ousar dizer mais nada,
Afastou-se abrupta e tremula,
Levou um tempo para ele cair em si mesmo,
E entender que aquele beijo nunca mais seria seu,
Não duvidava de seus motivos,
Mas, quem sabe o que o futuro o diria ou a ela?
Fechou os olhos distante dele,
Tentou acreditar que nada disso aconteceu,
As súplicas, a declaração ou a despedida,
Imaginou que nem o beijo teria existido,
Mas os lábios ardentes e avermelhados desmentiam,
Rosto baixo, a centímetros do peito,
Lugar onde tudo acontece e onde a razão perde espaço,
Segundos em que a alma não entende,
Ao levantar o rosto para os céus e abrir os olhos,
Viu tudo deslocar-se e ficar distante,
As certezas, as dúvidas e... ele,
Uma oscilação abalava por dentro,
Se demonstrava isso? Acreditou que não,
Ao menos ele não parecia ver nada disso,
Estranho desenlaçar interior que deixa sem razão,
Não admitiria ainda, mas já sofria com isso.
Dor dolorosa que faz os lábios sorrirem ainda,
Choro dilacerante que tenta enganar sem poder,
Por mais que tudo esteja guardado nela,
Não ousava encará-lo de frente,
Pensar que não o teria mais já era o bastante,
Renegou a razão e agora se apegava a ela,
Seus lábios surpreendiam-se vagamente,
Talvez, já estivesse previsto o fim, desde antes,
Os medos e coragens interiores se tumultuam,
Jogo do amor em que nenhum ganha ou perde,
É o que se tenta acreditar para seguir depois,
Mesmo que o depois fosse o agora e a olhasse de frente,
E ela, ainda não tinha forças para encarar seus olhos,
Jogou aquele beijo em sua boca,
E desejava mesmo sem perceber que o queria,
Num impulso, ergueu os pés apenas para voltar a baixá-los,
Queria apanhar o beijo no ar,
Sabia que nunca mais o teria,
Sentiria a falta dele em cada parte do seu corpo,
Porém, nunca mais confessaria,
Este dia, não iria se repetir agora ou depois.
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