De repente, ele virou-se de costas e começou a se afastar,
Por um instante, ela o esperou se voltar,
Foi quando percebeu sua sombra sumir a sua frente,
Logo depois o prédio desapareceu com ele,
Parecia um aviso de que beijos não são eternos,
E que juras de amor no outono nem sempre alcançam o inverno,
Tudo o que havia imaginado para os dois até então,
Foi desaparecendo no descompasso do coração,
Conforme o coração se acalmava,
As coisas pareciam ser esquecidas – abandonadas,
Deixavam ambos, lembranças como rastros,
Amores que existiram não podem ser apagados,
Haviam conversas inacabadas e coisas silenciadas,
Mas, nesta altura: quem se importaria?
Talvez em algum tempo ela refletisse melhor
E quem sabe encontrasse algo que pudesse ter feito,
Mas, naquele instante gritou com toda a voz:
-Eu te odeio, e certificou-se de encher de ódio cada
palavra,
Que este adeus se certificasse de que fosse único,
Engoliria sua partida e com ela seu orgulho,
Não procuraria um retorno – nunca,
Ergueu e abaixou o pé contra a calçada endurecida,
Teve sim vontade de lutar por ele não poderia negar,
Chutou o chão até sentir-se machucar,
Mas em seu olhar não havia nenhuma lágrima,
Ergueu os olhos para o horizonte com certo triunfo,
As lágrimas têm o dom de constranger mais que ajudar,
Folhas de outono caiam na calçada quente
E desfaleciam-se queimadas com o calor,
Por vezes, contatos que inflamam a pele
Não se bastam para manter dois corpos unidos,
Em vez de correr atrás dele, ou jogar-se na calçada,
Virou-se e pegou direção oposta,
Deu as costas para ele e para tudo que houve,
Tratou de não decorar a conversa que tiveram,
Queria esquecer ele e com ele cada instante,
Sentimentos nascem e morrem da mesma forma,
Silenciosos, sorrateiros e transgressores,
Embora não se admita há com eles sempre um tempo de luta,
Em que se reflete tudo que houve,
E ainda se espera um novo toque, uma nova chama,
Mas, este não, este sem dúvida seria diferente,
Por isso, prometeu a si mesma: esquecer simplesmente,
Pelas juras de suas bocas e os beijos entregues,
Não iria morrer, tudo menos isso,
Tentou engolir o orgulho e com ele o fim de tudo,
O gosto do beijo percorre a garganta e fica no peito,
Agora, em seco engoliria o adeus e pronto.
Pelo ato de ter-lhe dado as costas e ter partido,
Apenas por isso;
Que seu peito trate de consumir em esquecimento,
O peito que arfou por amor agora o fara de outro modo,
Que consuma cada instante até que não mais exista,
Então, saberei que vivi um amor mas não o perdi,
Apenas o troquei por um outro sentimento,
Lá no alto pairava o cair da tarde,
O sol partia arredio fugindo da cidade,
Parecia rosnar, eu não quis saber se ele sentia,
E se sentia se teria algo a dizer,
Me virei de costas e passei a andar com força,
Passos seguros e ritmados me levavam para longe,
Cronometrei em pensamento cada passo,
Temi uma recaída e não poder seguir por nada,
Pela manhã, nem um segundo mais que isso,
E tudo se perderia no passado,
O coração que ama é o mesmo que esquece,
O peito que faz um alguém de refúgio,
É o mesmo que diz adeus sem choro no rosto,
Pássaros sobrevoavam pareciam prever tempos difíceis,
Um bando cantava no alto uma música triste,
O peito que o abrigou em refúgio agora trataria de esquecer.
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